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ERGONOMIA EERGONOMIA E ACESSIBILIDADEACESSIBILIDADE Me. Thais Kawamoto Amarães I N I C I A R introdução Introdução Iniciamos esta unidade destacando que o papel do arquiteto, do engenheiro civil e do designer é criar espaços adequados ao ser humano. Para melhor adequar os ambientes às condições �siológicas e motoras do homem, nas últimas décadas ampliou-se a preocupação com a documentação de dados antropométricos, o que consolidou a ergonomia como campo de estudo. Esta discussão é extremamente signi�cativa, porém é importante lembrarmos que não basta estudar e analisar dados de tabelas, é necessário também compreendermos como aplicá-los em projetos. Nesse sentido, iremos direcionar os estudos à aplicação direta de conceitos importantes. Para isso, iremos analisar tanto a criação de espaços residenciais, quanto ambientes de uso comercial, como clínicas, lojas e escritórios. A ergonomia é amplamente associada ao ambiente de trabalho e está ligada aos modos de produção. No entanto, é um erro pensarmos que ela pode bene�ciar o ser humano apenas em tais atividades. No projeto de residências, é possível prevermos soluções para adequar todos os cômodos às dimensões humanas, tornando os espaços mais confortáveis e seguros. Tendo isso em mente, iremos agora analisar o projeto de dois ambientes, os espaços de jantar e os dormitórios. Espaços de Jantar Para o projeto de áreas de refeições, segundo Panero e Zelnik (2002), empregaremos como dados antropométricos: Altura dos olhos, sentado; Espaço livre para as coxas; Altura do joelho; Altura do sulco poplíteo; Comprimento nádega-joelho; Alcance frontal de apreensão; Profundidade corporal máxima; Largura corporal máxima. Através da análise destes dados, é possível dimensionar, corretamente, as áreas destinadas às refeições, considerando os espaços, circulações e serviços. Para o Ergonomia EspaçosErgonomia Espaços Residenciais IResidenciais I projeto de tais ambientes, o projetista deve compreender a interface entre corpo humano e mesa durante a realização da refeição. Para execução de tal tarefa, é necessário prever um espaço livre ao redor da mesa, que não deve apresentar obstáculos em suas proximidades. Além de garantir o acesso livre até a mesa, é importante lembrar que o espaço ocupado pela cadeira pode variar. Quando uma pessoa está realizando a refeição, a cadeira se encontra mais próxima à mesa. Assim que ela �naliza a tarefa, essa distância aumenta, permitindo que o usuário adote uma posição mais confortável para manter uma conversa informal. Por �m, para que a pessoa se levante e deixe a mesa, a cadeira �ca ainda mais afastada (PANERO; ZELNIK, 2002). O espaço mantido entre os ocupantes é determinado pelo posicionamento das cadeiras. Este não deve ser nem muito próximo, pois di�culta o acesso à mesa e torna desconfortável a realização da refeição, e nem muito distante, pois neste caso restringe a interação entre os usuários. Além dos dados antropométricos, para o projeto de mesas de refeições, é necessário considerarmos as dimensões dos objetos que estarão sobre ela, tais como pratos, copos e bebidas servidas. As superfícies de refeições devem prever as zonas individuais, que são as áreas diretamente à frente de cada ocupante, e a zona de acesso comum, que corresponde à área útil ao centro da mesa, permitindo que todos os ocupantes tenham acesso à refeição que está sendo servida (PANERO; ZELNIK, 2002). Vejamos, na Figura 3.1 e na Tabela 3.1, as dimensões mínimas e ótimas para a zona individual. Tabela 3.1 – Dimensões zona individual ótima e mínima Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.140). No entanto, é importante lembrarmos que as mesas podem admitir diversas dimensões e formatos. Desta forma, uma vez estabelecida a quantidade de pessoas que se deseja acomodar, o projetista deve realizar os testes e avaliações com base nos parâmetros mínimos e ideais de zona individual, conforme o apresentado. Figura 3.1 – Dimensões zona individual ótima e mínima Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 140). Dado antropométrico Dimensão em cm A 68,6 B 45,7 C 22,9 D 76,2 E 53,3 F 40,6 G 12,7 H 61,0 24 Largura corporal máxima A relação cadeira-mesa é outro aspecto ao qual o projetista deve estar atento. A altura da cadeira deve permitir que o usuário apoie os pés no chão e a distância entre ela e a mesa precisa ser o su�ciente para acomodar as coxas de modo confortável, sem obstrução. Na Figura 3.2 e na Tabela 3.2, é possível observarmos as dimensões mínimas para o posicionamento de mesa e cadeira em uma área de refeições. Figura 3.2 – Dimensões mínimas para o posicionamento de mesa e cadeira Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 146). Tabela 3.2 – Dimensões mínimas para o posicionamento de mesa e cadeira Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.146). Para a adição de elementos decorativos, como por exemplo, luminária do tipo pendente, é necessário prever uma altura de instalação que não prejudique a linha de visão do usuário. Segundo Panero e Zelnik (2002), o ideal é que o elemento suspenso esteja entre 76,2 cm a 68,6 cm da superfície da mesa. Dormitórios Os dormitórios são espaços de múltiplo uso, onde uma pessoa pode estudar, escutar música, ler e descansar. Em nossos estudos, iremos focar o quarto como um espaço Dado antropométrico Dimensão em cm A 76,2 – 91,4 B 45,7 – 61,0 C 40,6 – 43,2 D 19,1 E 73,7 – 76,2 F 121,9 – 152,4 6 Altura dos olhos, sentado 12 Espaço livre para as coxas 13 Altura do joelho 14 Altura do sulco poplíteo 16 Comprimento nádega-joelho 24 Largura corporal máxima para dormir. Além das dimensões básicas dos objetos como a cama, o guarda-roupa e a cômoda, precisamos nos preocupar com o espaço ao redor de tal mobiliário. A área em volta da cama é o su�ciente para que uma pessoa consiga acessá-la? A área livre em torno da cômoda é o bastante para que o usuário consiga abrir as gavetas? Tais pontos devem ser considerados para o projeto de um dormitório. Segundo Panero e Zelnik (2002), para atender à atividade de sono, bem como circulações, guarda-roupas, penteadeiras, escrivaninhas e relações visuais estabelecidas, são considerados dados antropométricos como: Estatura; Altura dos olhos; Altura, sentado ereto; Altura dos olhos, sentado; Espaço livre para as coxas; Altura do joelho; Altura do sulco poplíteo; Comprimento nádega-joelho; Profundidade corporal máxima; Largura corporal máxima. Atualmente existem diversos tamanhos de camas comercializadas. A escolha do tamanho ideal irá variar, conforme o per�l do cliente e área disponibilizada para o móvel. Entre as opções mais tradicionais comercialmente, podemos apontar: Cama de solteiro: 188 cm (altura) x 88 cm (largura). Cama de solteiro king: 205 cm (altura) x 100 cm (largura). Cama de casal: 188 cm (altura) x 138 cm (largura). Cama Queen size: 198 cm (altura) x 158 cm (largura). Cama king size: 193 cm (altura) x 203 cm (largura). O espaço livre ao redor da cama, tanto de solteiro quanto de casal, deve ser o su�ciente para permitir o acesso à cama, além da limpeza e arrumação, como por exemplo, colocar o lençol. Ao posicionarmos cômodas ou guarda-roupas, a distância entre o móvel e a linha da cama ou qualquer outro obstáculo deve ser o su�ciente para que o usuário abra portas e gavetas. Desse modo, Panero e Zelnik (2002) indicam que a zona de atividade deve apresentar entre 106,7 cm e 121,9 cm. Isso signi�ca que devemos manter esta distância livre entre a cômoda (ou guarda-roupa) em seu sentido de abertura e qualquer obstáculo. O projeto de guarda-roupas e closets leva em consideração o tamanho dos objetos armazenados e o alcance do usuário. Para um máximo aproveitamento, recomenda- se que nas prateleiras mais distantes sejam alocados os objetos de menor uso. Homens e mulheres apresentam alturas distintas e, normalmente, a altura de alcance máximo é inferior para as mulheres. O dimensionamento de armários e prateleiras leva em consideração o percentil 5, desta forma, o projeto atende tanto às pessoasde menor estatura quanto as de maior altura. Para o projeto de uma área de refeições e de um dormitório, além dos parâmetros básicos elencados, devemos estar atentos às áreas de circulação. As dimensões mínimas devem ser seguidas para, desta forma, assegurar acessibilidade ao usuário. Neste sentido, precisamos esboçar sua proposta, analisar �uxos e veri�car se a proposta atende a tais parâmetros, antes mesmo de passar para a etapa de projeto executivo e detalhamentos. atividadeAtividade A área de refeições é um dos ambientes nos quais o projetista deve veri�car as condições de ergonomia. Considerando a interface entre cadeira, mesa e usuário, assinale a alternativa correta. a) A cadeira é afastada para permitir o acesso do usuário à mesa. b) A cadeira adota uma posição �xa, desta forma, a distância entre ela e a mesa não se altera. c) A mesa adota uma posição �xa, desta forma, a distância entre ela e a cadeira não se altera. d) A distância entre cadeiras não in�uencia no acesso do usuário à mesa. e) Cadeiras �xas ao piso são as soluções mais ergonômicas para a área de refeições. A ergonomia nos ambientes residenciais garante o conforto e principalmente segurança aos usuários. Por este motivo, não são apenas as áreas sociais, como a sala de estar e áreas de refeições, que demandam a atenção do projetista com relação a esse aspecto. Ambientes de apoio, como cozinha, área de serviço e sanitários, devem atender a requisitos mínimos para que o seu projeto seja adequado ao uso. Cozinhas A cozinha é um ambiente projetado priorizando a sua funcionalidade. Independente das dimensões gerais do local, o layout deve ser pensado de modo compatível com os �uxos estabelecidos para a realização das atividades. Segundo Panero e Zelnik (2002), para atender às necessidades de dispensa, preparo, refeição, pia, geladeira e forno de uma cozinha, são considerados dados antropométricos como: Estatura; Altura dos olhos; Altura dos cotovelos; Altura, sentado ereto; Altura dos olhos, sentado; Espaço livre para as coxas; Comprimento nádega-joelho; Alcance vertical de apreensão; Alcance frontal de apreensão; Ergonomia EspaçosErgonomia Espaços Residenciais IIResidenciais II Profundidade corporal máxima; Largura corporal máxima. Quando comparamos o tamanho das cozinhas de décadas atrás e as de hoje, iremos notar que há uma visível redução da área total de tais ambientes. Esta tendência de cozinhas cada vez mais compactas exige ainda mais cuidados na hora do projeto. Cabe ao projetista conciliar todas as funções e equipamentos de uma cozinha, de modo ergonômico e funcional. Para o projeto deste ambiente, iremos considerar as interfaces entre os usuários e as bancadas, armários e equipamentos, assim como as áreas de circulação. As bancadas devem prever uma altura confortável para a realização das tarefas. De modo geral, esta altura é padronizada em 91,4 cm acima do piso (PANERO;ZELNIK, 2002). Já ao criarmos armários, é necessário avaliarmos se as prateleiras são acessíveis ao usuário, tanto prateleiras muito altas quanto muito baixas são de difícil acesso. Vejamos, na Figura 3.3 e na Tabela 3.3, as distâncias horizontais e verticais mínimas para uma cozinha. Figura 3.3– Distâncias horizontais e verticais mínimas para uma cozinha Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 158). Tabela 3.3 – Distâncias horizontais e verticais mínimas para uma cozinha Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.158). Dado antropométrico Dimensão em cm A 152,4 – 167,6 B 121,9 C 61,0 – 76,2 D 91,4 E 121,9 F 30,5 – 33,0 G 193,0 H 182,9 I 149,9 J 64,8 K 61,0 – 66,0 L 38,1 M 45,7 N 88,9 – 91,4 O 175,3 2 Altura dos olhos 23 Profundidade corporal máxima 24 Largura corporal máxima Outro ponto importante a ser considerado no projeto de cozinhas é a projeção dos eletrodomésticos. O tamanho dos equipamentos, como geladeira, fogão, forno e lava- louças, deve ser avaliado e inserido em escala nos nossos desenhos de estudo preliminar. Atualmente é possível encontrar disponível no mercado geladeiras, por exemplo, de diversas dimensões. É essencial identi�car o espaço ocupado por cada um dos eletrodomésticos que será posicionado na proposta. Para a realização do ato de cozinhar, iremos trabalhar com o dimensionamento de quatro principais setores: centro de mistura e preparo, pia, geladeira e fogão. Segundo Panero e Zelnik (2002), o centro de mistura e preparo corresponde à bancada de trabalho da qual o perímetro é determinado pelo alcance frontal do usuário. Para este móvel, recomenda-se a profundidade de 45,7 cm, que corresponde ao dado antropométrico do percentil 5 do sexo feminino. Para o projeto da área da pia consideramos tanto as dimensões mínimas de zona de trabalho quanto as zonas de circulação. Vejamos, na Figura 3.4 e na Tabela 3.4, as dimensões para área da pia. Figura 3.4 – Dimensões para área da pia Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 160). Tabela 3.4 – Dimensões para área da pia Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.160). Para o projeto da área de geladeira, é necessário considerarmos, além do espaço mínimo para sua abertura, uma dimensão su�ciente para que o usuário possa se abaixar, alcançando assim os alimentos localizados na região inferior. Panero e Zelnik (2002) apontam que para isso é necessário reservarmos ao menos 91,4 cm, assegurando uma zona de trabalho confortável ao usuário. Já ao analisarmos os espaços livres relativos às áreas de forno e fogão, iremos nos deparar com relações um pouco mais complexas. Vejamos a Figura 3.5 e a Tabela 3.5, em que apontamos as dimensões para área de forno e fogão. Dado antropométrico Dimensão em cm A 177,8 – 193,0 B 101,6 C 76,2 – 91,4 D 45,7 E 61,0 F 71,1 – 106,7 G 45,7 24 Largura corporal máxima Tabela 3.5 – Dimensões para área de forno e fogão Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.162). As cozinhas podem admitir diversos layouts, porém é importante sempre avaliar se a distribuição proposta atende às necessidades do usuário. Uma cozinha em L, por exemplo, pode ser mais adequada para uma família; enquanto para outra, uma cozinha corredor seria mais conveniente. Figura 3.5 – Dimensões para área de forno e fogão Fonte: Adaptadas de Panero e Zelnik (2002, p. 162). Dado antropométrico Dimensão em cm A 121,9 B 101,6 C 38,1 D 53,3 – 76,2 E 2,5 – 7,6 F 38,1 G 49,5 – 116,8 H 30,5 Áreas de Serviço A área de serviço residencial pode assumir diversas con�gurações. Enquanto em casas esta região costuma apresentar uma ampla dimensão, em apartamentos a área de serviço muitas vezes é agregada à área da cozinha. Da mesma forma como o projeto de cozinha, iremos avaliar a interface entre o usuário e os equipamentos e bancadas com as quais ele irá trabalhar a �m de executar as atividades. As bancadas e prateleiras devem ser projetadas da mesma forma que as da cozinha, respeitando sempre o alcance máximo do usuário. Equipamentos, como tanque e máquinas de lavar, variam suas dimensões conforme o modelo. Para nós, enquanto projetistas, é importante considerarmos a área mínima para a zona de trabalho nestes equipamentos, que deve corresponder a 70 cm. O varal, quando suspenso, também precisa apresentar altura de alcance compatível com o usuário. Sanitários Os sanitários são exemplos clássicos que comprovam que não são apenas ambientes de grandes dimensões que demandam atenção para a criação de um projeto ergonômico. Seja na criação de um banheiro de uso público ou em um de uso privativo, como o que acontece nas residências, este ambiente deve ser projetado considerando as dimensões humanas. Segundo Panero e Zelnik (2002), para projetarmos lavatório, vaso sanitário, bidê, chuveiro, banheira e circulações de um sanitário, iremos considerar dados antropométricos como: Estatura; Altura dos olhos; Altura dos cotovelos; Largura do quadril; Comprimento nádega-joelho; Comprimento nádega-calcanhar; Altura de alcance vertical, sentado; Alcance vertical de apreensão; Alcance lateral do braço; Alcance frontal de apreensão;Profundidade corporal máxima; Largura corporal máxima. A bancada da pia e a altura do lavatório são os pontos mais críticos para o projeto ergonômico de um sanitário. Indivíduos de alturas distintas irão demandar diferentes alturas �nais de lavatório. Por convenção, utilizamos lavatórios com altura �nal a 90 cm do piso. Este ponto demanda muita atenção do projetista, pois esta altura refere- se à superfície superior do lavatório. O modelo de cuba adotado, de sobrepor, de coluna, de semi-encaixe, deve ser avaliado para que sua instalação seja feita corretamente. Para a área de banho, o box do chuveiro deve ser dimensionado conforme o nível de conforto desejado e a área disponível. Recomenda-se que esta região tenha no mínimo 90 cm por 90 cm. Panero e Zelnik (2002) apontam que um box com comprimento de 137,2 cm e largura equivalente a 91,4 cm é o su�ciente para um banho confortável e seguro, permitindo, inclusive, a utilização de um banco de 30 cm. A posição de instalação de mecanismos, como papeleira, saboneteira, porta-toalha e misturador do chuveiro, deve ser compatível com a estatura do usuário assim como a sua capacidade de alcance. A seguir, apresentamos uma Tabela 3.6 com as alturas indicadas para a instalação de tais componentes, considerando a sua distância em relação ao piso. Tabela 3.6 – Dimensões para instalação de acessórios Fonte: Elaborada pela autora. Vasos sanitários e bidês apresentam dimensões �xas determinadas pelo seu respectivo modelo. Ao posicionarmos tais peças no projeto de um sanitário, é necessário prever uma distância mínima livre de 61 cm sem obstruções. Embora o banheiro seja um ambiente de pequena área e que apresente uso individual, dimensões mínimas de circulação devem ser respeitadas. atividadeAtividade O projeto ergonômico de uma cozinha implica em cuidados com o dimensionamento de cada uma das estações de trabalho. Para a área de forno e fogão é necessário respeitar uma distância mínima de zona de trabalho do fogão equivalente a: a) 101,6 cm b) 20 cm c) 50 cm d) 180 cm e) 120 cm Trabalhar conceitos de ergonomia em lojas re�ete diretamente no bem-estar do vendedor e do cliente. O projeto de interiores, por meio do estudo de �uxos e layouts, assim como a criação de mobiliário adequado, in�uencia o modo como o cliente se relaciona com o ponto de venda. Outro benefício percebido, ao considerarmos as dimensões humanas no projeto de uma loja, é a possibilidade de direcionar as ações de Visual Merchandising. A partir dos dados antropométricos, é viável posicionar tais ações de modo a obter as melhores respostas por parte do consumidor. A seguir, analisaremos como os parâmetros de antropometria e ergonomia impactam na criação de lojas. Fluxos e Layouts Existem diversos tipos de layouts que são utilizados com freqüência em pontos de venda. Segundo Malhotra (2013), quatro tipologias são as mais empregadas, o layout: Loja de balcão é aquele no qual os produtos são disponibilizados ao cliente pelo balcão de atendimento; seu uso é indicado para a comercialização de produtos controlados, como remédios, ou em situações em que se deseja diminuir o risco de furto, como por exemplo, lojas de jóias. Trajeto obrigatório, como o próprio nome sugere, indica caminhos que o cliente deve seguir. Desta forma, o varejista pode selecionar quais produtos deseja que o consumidor tenha contato. Na prática, este tipo de layout reduz Ergonomia de EspaçosErgonomia de Espaços Comerciais - LojasComerciais - Lojas a liberdade do consumidor, o que pode ser desestimulante para algumas pessoas. Por este motivo, caso o layout de trajeto obrigatório seja adotado, recomenda-se a criação de “atalhos”, como rotas alternativas ao cliente mais apressado (MALHOTRA, 2013). Em grade, que trabalha criando séries de corredores a partir de um padrão repetitivo, gerando linhas e colunas. Embora não seja um layout esteticamente atraente, esta solução permite a criação de setores na loja, tornando o processo de compra mais ágil. Livre é aquele em que expositores e prateleiras são dispostos na loja de maneira livre, estimulando, assim, a experiência de compra do consumidor. Apesar de empregar o termo “livre”, a autora ressalta que neste tipo de layout os expositores não são dispostos arbitrariamente pelo espaço. É necessário estabelecermos critérios para que a composição do layout seja e�caz para o processo de compra e venda. O tipo de layout, o tamanho da loja e o tipo de consumidor irão determinar os �uxos realizados. Isso signi�ca que, em uma loja de roupas femininas, por exemplo, o �uxo será diferente daquele realizado em uma loja de sapatos masculinos. Embora cada loja tenha sua particularidade, existem alguns padrões gerais na circulação dos consumidores. O primeiro destes padrões é com relação à zona de transição, que corresponde à área, imediatamente, após a entrada da loja. Esta região é o local onde o consumidor sai de um meio (rua ou corredor de shopping) e entra em um novo ambiente. Para saiba mais Saiba mais O Visual Merchandising trabalha o Ponto de Venda para estimular o consumo e atrair a atenção do potencial cliente. Para saber mais sobre as relações entre vitrines e o processo de vendas, sugerimos a leitura do artigo “Visual Merchandising: a vitrine e a sua in�uência no comportamento do consumidor”. ACESSAR https://revistas.ufpi.br/index.php/gecont/article/view/5668 isso, a pessoa leva certo tempo até conseguir se orientar neste novo local, por isso o nome zona de transição. Isso signi�ca que a capacidade de processamento de informações contidas nesta região é bastante limitada, uma vez que a pessoa ainda está se adaptando à loja (MALHOTRA, 2013). Outro aspecto a observarmos no projeto de pontos de venda é a tendência que o ser humano tem para andar em sentido anti-horário. Embora ainda não exista uma razão evidente para esta preferência, este padrão foi percebido em diversos estudos de consumo. Da mesma forma, foi notado que os consumidores evitam corredores estreitos, dando preferência às circulações mais amplas (MALHOTRA, 2013). Segundo Panero e Zelnik (2002), as circulações principais devem apresentar largura mínima equivalente a 167,6 cm, livres de obstáculos. Desta forma, permitimos a passagem de um maior �uxo de clientes, atendendo inclusive a pessoas em cadeira de roda. É importante destacar que esta largura mínima não inclui as zonas de atividade, que correspondem à área de atendimento ao cliente posicionado em um balcão. Para a assistência ao cliente em pé, utilizamos a distância de 45,7 cm, enquanto que para o atendimento de clientes sentados consideramos entre 66,0 cm e 76,2 cm. Considerando o dimensionamento de circulações secundárias, Panero e Zelnik (2002) indicam que o valor mínimo entre elementos de obstrução, como por exemplo, uma estante e a parede, deve ser de 129,5 cm, valor que permite a livre circulação dos clientes, inclusive em cadeira de rodas. Balcões Para o projeto de balcões de lojas, iremos dividi-los em dois tipos: balcão de caixa e balcão de atendimento. Esta divisão é necessária, uma vez que cada um destes móveis tem funções distintas e, consequentemente, irão empregar dimensões antropométricas diferentes. O balcão de caixa, normalmente, apresenta duas alturas, uma para o cliente, que está em pé, e outra para o vendedor, que �ca sentado. O dimensionamento da zona de trabalho para o operador do caixa deve ser o su�ciente para acomodar os produtos que ele está registrando, além dos equipamentos necessários, como tela e teclado do computador, sacolas, entre outros. O projeto de um balcão de caixa é bastante semelhante ao balcão de atendimento de escritórios e consultórios, que iremos abordar no próximo tópico. Já os balcões de atendimento de loja, que são aqueles sobre os quais o vendedor coloca o produto que vai apresentar ao cliente, admitem uma única altura. Usualmente o espaço abaixo de tais balcões é utilizado como mostruário ou estoque, otimizando a área disponível. Vejamos, na Figura 3.6 e na Tabela 3.7, as principaisdimensões para o projeto da área de vendas. Tabela 3.7 – Dimensões para áreas de vendas Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 201). Figura 3.6 – Dimensões para área de vendas Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 201). Dado antropométrico Dimensão em cm E 213,4 – 284,5 F 45,7 G 45,7 – 61,0 H 76,2 – 121,9 I 45,7 – 55,9 J 88,9 – 96,5 Os balcões de atendimento podem assumir outras con�gurações, conforme o tipo de produto. Para a venda de joias, por exemplo, é possível criarmos balcões baixos nos quais o cliente é atendido sentado, enquanto prova as peças selecionadas. Para o projeto de balcões nos quais o cliente se encontra sentado, o procedimento é semelhante ao do cliente em pé, apenas iremos considerar outros dados antropométricos, como altura do joelho, comprimento nádega-joelho e altura dos olhos, sentado. Vitrines As vitrines são o cartão de visitas de uma loja, é por meio delas que o consumidor tem o primeiro contato com os produtos do ponto de venda. A profundidade da vitrine deve ser o su�ciente para acomodar os manequins, expositores e equipamentos de Visual Merchandising e, ainda, permitir que o vendedor entre na área para organizar sua apresentação. A altura na qual o produto é exposto varia conforme a sua dimensão e os ângulos da visão humana. Para alcançar a altura ideal de exposição de um produto na vitrine, podemos utilizar manequins e displays como nichos, balcões e mesas. O recomendado é que o produto nunca esteja diretamente no chão, mas sempre sobre uma superfície de apoio. Expositores No interior da loja, é possível trabalhar com uma grande variedade de modelos de expositores, inclusive mesclando mais de uma opção. Os expositores mais comuns são os do tipo: cremalheira, slatwall, painel de malha, arara �xa com cabides e o expositor personalizado. Para a disposição do produto no expositor, também devemos considerar as relações visuais estabelecidas. A mercadoria não pode ser exposta nem muito alta e nem muito baixa. Vejamos, na Figura 3.7 e na Tabela 3.8, a seguir, as relações visuais para a exposição de um produto. Tabela 3.8– Relações visuais- exposição produto. Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.198). Móveis, como araras e prateleiras, funcionam tanto como expositor quanto local de armazenamento de produtos. Devido a esta dupla função, o dimensionamento de tais mobiliários deve atender tanto às medidas de alcance quanto às relações visuais. O tato, além da visão, é um dos sentidos aos quais o consumidor recorre para a sua tomada de decisões. Por isso, os produtos devem ser tangíveis e de fácil acesso ao cliente. É importante também prevermos uma área livre mínima de 129,5 cm para assegurar a circulação de clientes, enquanto uma pessoa seleciona um produto na prateleira (PANERO;ZELNIK, 2002). Provadores Os provadores correspondem às regiões do projeto comercial que, normalmente, são negligenciadas. Erroneamente, muitos varejistas acreditam que esta área não ajuda na conversão de vendas e, por este motivo, criam provadores subdimensionados e em localizações menos “nobres”. Figura 3.7 – Relações visuais- exposição produto Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 198). Dado antropométrico Dimensão em cm T 121,9 U 91,4 X 213,4 Um provador deve apresentar dimensões compatíveis com as diversas posições adotadas por uma pessoa, enquanto ela experimenta as peças de roupas. Provavelmente, você já deve ter passado pela experiência de trocar de roupa em um provador apertado. Este tipo de situação é bastante incômodo e in�uencia na tomada de decisão do consumidor. Além do espaço mínimo para a troca de roupas, um provador bem projetado deve prever a criação de móveis de apoio, como prateleiras e bancos, para facilitar a organização dos itens provados assim como acomodar os itens pessoais do cliente, como bolsa e carteira. O acesso para a região dos provadores deve ser feito por meio de uma circulação que atenda às dimensões mínimas de passagem de uma pessoa. Ao menos uma das cabines de provadores da loja deve ser acessível à pessoa em cadeira de rodas, portanto a circulação até o provador também deve ser compatível com a passagem de uma cadeira de rodas, respeitando a largura mínima de 90 cm livre de obstáculos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). atividadeAtividade A análise do plano de visão ajuda o projetista, em conjunto com o varejista, a posicionar os produtos de modo estratégico para a sua comercialização. Neste contexto, os dados antropométricos dão assistência para o projeto de expositores de mercadorias, pois: a) Informam ao projetista qual a área de visão do cliente a partir de distâncias variadas. b) Informam ao projetista qual o per�l do cliente. c) Informam ao projetista qual o alcance máximo do cliente. d) Informam ao projetista qual a zona de atividade de um cliente em pé e sentado. e) Informam ao projetista qual o objetivo do negócio e como alcançar estes objetivos. Ambientes comerciais não se restringem apenas às lojas e shoppings. Espaços destinados à prestação de serviços, como clínicas e escritórios, também se con�guram como ambientes comerciais. Iremos, agora, analisar como a ergonomia in�uencia tais locais. Clínicas Espaços assistenciais à saúde apresentam diversas especi�cidades que devem ser contempladas no momento do projeto. A disposição do mobiliário, assim como o seu dimensionamento, deve considerar o uso do espaço e a dinâmica estabelecida com vistas à realização das atividades previstas para o local. Para a maioria das pessoas, a permanência em ambientes médicos é estressante e traz grande desgaste físico e emocional. Por meio da ergonomia, iremos buscar transmitir conforto aos pacientes e seus acompanhantes. Ergonomia de EspaçosErgonomia de Espaços Comerciais – Clínicas eComerciais – Clínicas e EscritóriosEscritórios flit Salas de Atendimento Médico Clínicas e consultórios apresentam variados graus de complexidade de projeto, que são determinados pelo tipo de procedimento realizado no local. Além de atendermos parâmetros de ergonomia, o projeto de ambientes assistenciais de saúde deve responder às normas e legislações vigentes. Para o dimensionamento de salas de atendimento médico, precisamos criar mesas e balcões com alturas compatíveis com as dimensões corpóreas do usuário, assim como a distância de alcance do usuário de menor dimensão. Segundo Panero e Zelnik (2002), os balcões devem apresentar altura de 91,4 cm para atender de modo e�ciente tanto pessoas de maiores quanto menores dimensões. Em situações em que existem balcões com profundidade de 61 cm, a altura máxima para alcance do usuário em pé é de 182,9 cm a partir do piso. Para usuários de menor altura, recomenda-se, neste caso, criar balcões com menor profundidade, adotando o valor 45,7 cm. Em conseqüência da grande variedade de tipos de procedimentos médicos realizados, cada situação deve ser analisada de modo particular. As interfaces entre o usuário e mesas, balcões, assentos e todos os equipamentos utilizados devem ser avaliadas caso a caso. É necessário, ainda, prever as zonas de atividade e de circulação conforme a natureza do atendimento realizado. reflita Re�ita Nas últimas décadas, a discussão sobre a humanização de ambientes hospitalares se tornou crescente. Estes espaços passaram a ser valorizados e o projeto de interiores de clínicas e hospitais atualmente se preocupa com qualidades estéticas e efeitos psicológicos do ambiente em seus usuários. Você acredita que, enquanto projetista, é possível trazer tais qualidades ao ambiente projetado? Como estas con�gurações podem melhorar o bem-estar do paciente? Vejamos, na Figura 3.8 e na Tabela 3.9, as dimensões de alcance e espaço livre para atendimento. Tabela 3.9 – Dimensões sala de atendimento médico Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 235). É importante destacar que, caso o procedimento realizado exija equipamentos, eles devem ser inseridos no projeto para que possamos avaliar a distância de alcance e a Figura 3.8 –Dimensões sala de atendimento médico Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 235). Dado antropométrico Dimensão em cm A 76,2 B 61,0 C 45,7 D 76,2 – 91,4 E 86,4 – 96,5 3 Altura do cotovelo 21 Alcance lateral do braço 24 Largura corporal máxima zona de atividade. Salas de Atendimento Odontológico Ao projetarmos uma sala de atendimento odontológico, iremos notar que a grande maioria dos equipamentos apresenta sistemas de regulagem. Esta possibilidade de personalizar a interface entre usuário e equipamento é extremamente importante, uma vez que a atividade realizada oferece riscos ao pro�ssional. Você já reparou que é comum dentistas se queixarem de dores nos ombros e nos braços? Isso ocorre por causa das posturas de trabalho assimétricas, da realização de tarefas repetitivas e da longa duração das atividades. A sala de atendimento odontológico deve, então, ser projetada de modo a minimizar tais desconfortos ao pro�ssional. Os equipamentos especí�cos do consultório, como banco do dentista e cadeira do paciente, não são projetados pelo designer ou arquiteto. Este mobiliário da clínica apresenta as possibilidades de con�guração de interface pelo próprio usuário e, portanto, não demandam nossa atenção. As relações analisadas para o projeto de uma sala de atendimento odontológico são aquelas estabelecidas entre o usuário e os balcões e os espaços livres para a circulação do dentista ao redor da cadeira do paciente. Vejamos, na Figura 3.9 e na Tabela 3.10, as dimensões de alcance e espaço livre para atendimento odontológico. Figura 3.9 – Dimensões sala de atendimento odontológico Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 238). Tabela 3.10 – Dimensões sala de atendimento odontológico Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 238). O projeto de balcões em consultórios odontológicos emprega as mesmas dimensões antropométricas utilizadas para a criação de balcões em clínicas de atendimento médico. O acesso do dentista ao paciente, aos equipamentos utilizados e às bancadas deve ser priorizado no layout desta sala. Áreas Hospitalares As áreas hospitalares podem ser divididas basicamente em dois setores: o posto de enfermagem e o quarto do paciente. O projeto do posto de enfermagem consiste em um balcão de atendimento, no qual o enfermeiro presta assistência aos pacientes e seus acompanhantes/visitantes. O dimensionamento deste posto de trabalho, é Dado antropométrico Dimensão em cm A 264,2 – 299,7 B 45,7 – 55,9 C 45,7 – 61,0 D 172,7 – 182,9 E 167,6 – 213,4 F 50,8 – 66,0 G 91,4 – 116,8 H 40,6 – 45,7 I 5,1 – 10,2 1 Estatura 16 Comprimento nádega-joelho 24 Largura corporal máxima bastante semelhante ao projeto de balcões de atendimento de escritórios, que iremos analisar mais adiante. O layout dos quartos dos pacientes deve prever área livre para manobras em cadeira de rodas, além de garantir espaço livre para a passagem de macas. Ao redor do leito do paciente, é recomendável manter uma distância livre entre 72,4 cm e 76,2 cm, permitindo o acesso de médicos e enfermeiros, além da utilização de eventuais equipamentos (PANERO; ZELNIK, 2002). Em áreas hospitalares, o emprego de conceitos ergonômicos tem como objetivo proporcionar segurança e bem-estar tanto para pacientes quanto para seus familiares e também para toda a equipe de pro�ssionais envolvida no tratamento. Escritórios Quando tratamos de ergonomia, uma das primeiras aplicações que nos vêm em mente é o ambiente corporativo. Em escritórios, é muito comum os funcionários passarem horas sentados na mesma posição. O projeto de interiores para uma empresa precisa, então, adequar o espaço às condições físicas e motoras do ser humano para reduzir os impactos negativos que a jornada de longas horas diárias causa no colaborador. A ergonomia, quando inserida no cenário corporativo, melhora a qualidade de vida e bem-estar de funcionários e clientes, além de aumentar a produtividade da equipe. Embora os ajustes para alcançar tais parâmetros ergonômicos possam representar um custo inicial relativamente alto, ele é totalmente justi�cado pelos benefícios a longo prazo. Áreas de Recepção A área de recepção é um dos primeiros pontos de contato do cliente com o escritório, além de se con�gurar como um local de espera. Por esse motivo, o projetista deve estar atento à imagem que este ambiente transmite, que deve estar alinhada à proposta da empresa. Do ponto de vista ergonômico, iremos trabalhar três principais áreas de interesse: a interface entre cadeira e visitante, a mesa de recepção e o posicionamento da identidade visual do escritório. Existem diversos modelos de assentos para recepção, o projetista pode optar desde cadeiras simples do tipo longarina até poltronas mais elaboradas. Independente do modelo adotado, é importante que os assentos sejam compatíveis com as dimensões corpóreas. A profundidade do assento deve levar em consideração o comprimento nádega-sulco poplíteo, enquanto a largura mínima precisa respeitar o dado antropométrico da largura do quadril (PANERO; ZELNIK, 2002). Para determinar o layout da organização dos assentos na recepção, iremos veri�car os �uxos e circulações necessários para que o visitante realize seus deslocamentos livres de obstáculos. Com relação ao projeto da mesa de recepção, é necessário lembrarmos da dupla função do assento. Ele irá atuar tanto como estação de trabalho para o recepcionista, que opera sentado, quanto local de atendimento ao cliente, que estará em pé. Por este motivo, o balcão de atendimento apresenta dois principais níveis, um mais baixo, para superfície de trabalho, e um mais alto, para atendimento. Vejamos, na Figura 3.10 e na Tabela 3.11, as dimensões ideais para altura de um balcão. Figura 3.10 – Dimensões balcão Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 189). Tabela 3.11 – Dimensões balcão Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.189). Dado antropométrico Dimensão em cm A 101,6 – 121,9 B 61,0 C 45,7 D 55,9 – 76,2 E 198,1 F 61,0 – 68,6 G 91,4 – 99,1 H 20,3 – 22,9 I 5,1 – 10,2 J 10,2 K 111,8 – 121,9 L 86,4 1 Estatura 2 Altura dos olhos 6 Altura dos olhos, sentado 12 Espaço para as coxas 16 Comprimento nádega-joelho 23 Profundidade corporal máxima A comunicação visual da empresa é o conjunto de elementos visuais, ou seja, signos não verbais, através dos quais o escritório irá “conversar” com o cliente. Para que ela transmita sua mensagem de forma e�ciente, além dos cuidados no momento de sua elaboração, é necessário que ela esteja localizada de modo estratégico. Um painel ou placa de identi�cação criativo, porém mal posicionado, não gera o impacto esperado. Para uma instalação e�caz dos elementos de comunicação visual da empresa, iremos analisar as relações visuais estabelecidas pelo visitante, considerando os dados antropométricos da altura dos olhos tanto com a pessoa em pé quanto sentada. Os ambientes corporativos são locais de grande dinamismo. Portanto, ao projetarmos a recepção de um escritório, precisamos representar a marca de modo apropriado, além de permitir possíveis recon�gurações do espaço, caso necessário. Salas de Reunião O projeto de uma sala de reuniões leva em conta a interface entre usuário e cadeira, e usuário e mesa. Os dados antropométricos para o dimensionamento deste ambiente são os mesmos empregados para o projeto de áreas de refeições. Na sala de jantar, a zona de trabalho da mesa é ocupada por pratos e talheres, já nas salas de reunião, esta área será preenchida por papéis, documentos e materiais de escritório. Os dados antropométricos de comprimento nádega-joelho e profundidade corporal máxima determinam o espaço ocupado por uma cadeira. Segundo Panero e Zelnik (2002), recomenda-se utilizar largura entre 50,8 cm e 61 cm, e profundidade entre 45,7 cm e 61 cm. As mesas de reunião variam o seu formato conforme o tipo de uso esperado. Mesas quadradas e redondas são as mais usuais, no entanto, mesas com con�guração em U ou mesas organizadas em �leiras também são utilizadas para reuniõesque demandam apresentação. Em todas estas con�gurações de mesas, é necessário prever a zona de circulação para que os funcionários consigam acessar seus lugares à mesa. Ao contrário do que ocorre no projeto de espaços de refeições, as salas de reunião demandam um cuidado especial no que diz respeito às linhas de visão. O posicionamento das cadeiras deve ser feito de modo a assegurar que todos os ocupantes tenham livre visão da apresentação. Vejamos, na Tabela 3.19, a análise das linhas de visibilidade. A qualidade dos móveis da sala de reuniões deve atender a sua expectativa de uso, garantindo, assim, resistência, durabilidade e segurança aos usuários. Para a realização das atividades de reunião, móveis como a mesa podem demandar especi�cidades, como por exemplo, saída para cabos e apoios para equipamentos. Escritórios Coletivos Segundo Hessel (1985), existem três principais tipos de layouts adotados nos ambientes corporativos; quais sejam: Layout do tipo corredor, que se con�gura como salas fechadas organizadas linearmente. Cada uma destas salas acomoda uma equipe ou setor da empresa, aumentando as relações estabelecidas entre os indivíduos da mesma equipe. Como aspecto negativo deste tipo de organização, podemos apontar o elevado custo de implantação e o espaço perdido com circulações e divisórias. Layout de espaço aberto, que trabalha em situação oposta à do layout corredor. Neste caso, todas as mesas são organizadas em um único ambiente, sem nenhuma divisória. Esta con�guração privilegia a comunicação, mas também, por este motivo, ela não é indicada em locais em que as tarefas realizadas demandem silêncio e elevado grau de concentração. Layout panorâmico, que é uma mescla das duas situações anteriores. Nesta opção, são criados compartimentos parciais, através de divisórias à meia altura, que não vão até o teto. Desta forma, temos privacidade e redução de ruídos, sem o comprometimento da comunicação entre setores. Para um projeto ergonômico, iremos analisar a interface entre o usuário sentado e a estação de trabalho. A estação de trabalho básica varia conforme o tipo de trabalho realizado. A zona de execução de tarefa deve ter dimensões su�cientes para acomodar todos os equipamentos necessários; as cadeiras devem permitir ajustes para que o usuário consiga con�gurá-la de acordo com suas dimensões. Vejamos, na Figura 3.11 e na Tabela 3.12, a seguir, as dimensões para o projeto de uma estação de trabalho. Figura 3.11 – Dimensões estação de trabalho Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p. 176). Dado antropométrico Dimensão em cm A 228,6 - 320,0 B 76,2 – 91,4 C 76,2 – 121,9 D 15,2 – 30,5 E 152,4 – 182,9 F 76,2 – 106,7 G 35,6 – 45,7 H 40,6 – 50,8 I 45,7 – 55,9 J 45,7 – 61,0 K 15,2 – 61,0 L 152,4 – 213,4 24 Largura corporal máxima Tabela 3.12 – Dimensões estação de trabalho Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2002, p.176). Os espaços de circulação de escritórios devem apresentar distância mínima equivalente à largura corporal máxima do usuário de maior dimensão. Para a área de arquivos e armários, é necessário prever uma dimensão livre su�ciente para a realização da operação de abrir a gaveta. Nesta situação, consideramos a soma das dimensões de zona de trabalho/circulação e gaveta aberta (PANERO; ZELNIK, 2002). A altura de prateleiras e gavetas de arquivos leva em consideração o alcance do usuário de menor dimensão sentado e em pé, respectivamente. Panero e Zelnik (2002) indicam que a altura �nal máxima para prateleiras na estação de trabalho deve ser 116,8 cm acima da superfície de trabalho. Já para o projeto de arquivos do tipo gaveteiro, recomenda-se altura �nal entre 137,2 cm e 147,3 cm. Para o projeto de escritórios com layout panorâmico, precisamos veri�car também a altura das divisórias a serem instaladas. Os dados antropométricos avaliados para este projeto são a altura dos olhos da pessoa em pé e sentada. O nível de privacidade desejado irá determinar a altura �nal da divisória. Em nossa proposta, desejamos que os funcionários tenham contato visual quando sentados ou não? Este tipo de questão deve ser respondida em conjunto com os gerentes e responsáveis por cada setor da empresa. atividadeAtividade O projeto de ambientes corporativos é uma das áreas que se bene�cia dos dados antropométricos para a criação de espaços ergonômicos. Uma das dimensões muito empregadas neste processo é a altura dos olhos da pessoa sentada. A partir do discutido, assinale a alternativa que apresente quais elementos consideram este parâmetro antropométrico em seu projeto. a) Instalação de comunicação visual, divisórias de ambientes, telas de projeção. b) Instalação de comunicação visual, mesa de trabalho, armário de arquivo. c) Armário de arquivo, divisórias de ambientes, telas de projeção. d) Balcão de atendimento, mesa de trabalho, prateleira. e) Armário de arquivo, mesa de trabalho, balcão de atendimento. indicações Material Complementar LIVRO Projetando Espaços: Guia de Arquitetura de Interiores para Áreas Comerciais. Editora: Senac Autora: Miriam Gurgel. ISBN: 9 7885396031 012 Comentário: Ambientes comerciais apresentam especi�cidades que não existem quando projetamos obras residenciais. A forma como o usuário se apropria de tais espaços também é distinto. Neste contexto, tanto o pro�ssional quanto o cliente do lugar projetado devem ser contemplados enquanto usuários. Por este motivo, é extremamente importante que, enquanto projetistas, possamos identi�car quais são as particularidades destes projetos. Na leitura indicada, a autora nos convida a aprofundar nossos conhecimentos sobre a dinâmica espacial de áreas comerciais assim como os principais condicionantes de projeto. FILME Steve Jobs Ano: 2015 Comentário: O �lme, adaptado de uma biogra�a, conta a história do grande executivo da Apple, Steve Jobs. Dividida em três principais momentos, a obra apresenta fragmentos em �ashback e passagem em tempo real. Embora este �lme não seja direcionado à arquitetura, a rica ambientação de cenários nos ilustra como eram os interiores dos ambientes corporativos nas décadas de 1980 e 1990. T R A I L E R conclusão Conclusão Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estudar sobre a antropometria e a ergonomia, que são campos de estudo que atuam de forma diretamente ligada ao projeto de espaços, móveis e produtos. No entanto, para a sua correta aplicação, é necessário compreender quais os dados são empregados para o dimensionamento e a criação de cada uma das interfaces do projeto. Espaços comerciais e residenciais apresentam dinâmicas distintas, o que consequentemente gera demandas variadas. Neste contexto, exploramos a multiplicidade de ambientes com os quais iremos nos deparar durante a vida pro�ssional. Desta forma, compreendemos como transferir os conceitos teóricos debatidos previamente, assim como os dados obtidos em tabelas antropométricas, ao projeto de espaços. referências Referências Bibliográ�cas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a edi�cações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. HESSEL, José Ribeiro. Organização e métodos. Porto Alegre: DC Luzzato, 1985. MALHOTRA, Naresh. Design de loja e Merchandising Visual. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. PANERO, Julius; ZELNIK, Martin. Dimensionamento humano para espaços interiores: um livro de consulta e referência para projetos. São Paulo: Gustavo Gili, 2002. IMPRIMIR
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