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Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -1 02.06.21 Trauma torácico ANATOMIA - TÓRAX A posição do oco axilar e as linhas axilares (anterior, média e posterior), a posição do apêndice xifoide, a correta identificação do manúbrio esternal. O apêndice xifoide marca o ápice da cúpula diafragmática, não se pode inserir nada dentro do tórax abaixo desse limite, sob o risco de lesar o fígado ou o baço. O mamilo marca o quinto espaço intercostal. A ponta da escápula também marca o quinto espaço intercostal. Linha axilar anterior: inicia na borda lateral do peitoral maior e desce até a crista ilíaca. Linha axilar média: do oco axilar até a crista ilíaca. Linha axilar posterior: margeia a borda lateral da escápula. Isso é importante, pois o ATLS determina as intervenções de tórax entre a linha axilar anterior e média, na altura do mamilo (5º EIE) → ponto de maior segurança. Visão do tórax sem a remoção do pericárdio. Nervo frênico: entre o pulmão e o coração. O hilo pulmonar é o nosso punho, a nossa mão fechada é o pulmão, a parte do balão que está em contato com a nossa mão é a pleura visceral, a pleura parietal não entra em contato com a nossa mão. O conteúdo de dentro da bexiga é o espaço pleural. Pleura parietal: inervada. Ela é dividida em 3: costal, diafragmática e mediastinal. Pleura visceral: recobre o pulmão, veda o parênquima pulmonar. O espaço pleural é virtual. Há uma quantidade de líquido pequena que serve exclusivamente para que as pleuras deslizem. Esse líquido permite uma mecânica ventilatória mais facilitada. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -2 FISIOLOGIA Existem diferentes pressões atuando sobre a caixa torácica, pulmões e vias aéreas, que gera um pulmão expandido. Na linha vermelha há variação do volume pulmonar. Linha vermelha: na inspiração o volume do pulmão aumenta até que na transição da inspiração para expiração, o volume vai diminuindo à medida que se expira. Linhas azuis: há as variações de pressão. A linha de cima é a pressão alveolar (dentro da árvore respiratória) e embaixo a pressão do espaço pleural. Na maior parte há pressão positiva dentro do alvéolo, isso mantém ele aberto. Com a pressão pleural o mecanismo é totalmente distinto, ela fica mais negativa durante a inspiração, vai até quase -8 e durante a expiração ela fica menos negativa; mas ela não chega a positivar. Isso talvez seja um fator primordial para a manutenção da expansão pulmonar. A diferença entre a pressão alveolar e do espaço pleural: pressão transpulmonar. A resultante da diferença de pressão mantém o pulmão expandido. RX DE TÓRAX O raio-x é um bom exame para investigação inicial. PRIMEIRA COISA: Verificar o nome do paciente, lateralidade, qualidade do raio-x. A: a coluna traqueal deve estar centrada nos processos espinhosos das vértebras cervicais. Qualquer alteração, desvio, ou se não for possível enxergar os processos espinhosos dentro da sobra traqueal. OU O RAIO X ESTÁ RODADO ou HÁ UM DESVIO DE MEDIASTINO. Nesse raio-x há uma leve rotação para direta. A articulação esternoclavicular está assimétrica em relação ao lado esquerdo. O raio-x precisa ser realizado em inspiração. B (breathing): avaliação da expansão pulmonar (presença de trama vascular até a periferia), se há coleções, consolidações... Aqui se encontra pneumotórax, derrame pleural... C: tamanho do coração e mediastino. D: verificação do diafragma. Seios costofrênicos livres? Verificar as cúpulas diafragmáticas. − Quando a cúpula diafragmática direita está inferior a cúpula esquerda há um mecanismo de pressão aumentado do tórax empurrando o tórax para baixo. E: exposição – esqueleto. Olhar tudo o que o raio-x está mostrando. Articulação acromioclavicular, clavícula escápula e todas as costelas. A maior parte das costelas que a gente enxerga no raio-x é a região posterior. Fraturas na porção anterior do arco costal são subdiagnosticadas. F: avaliar subcutâneo: buscar por enfisema subcutânea (sinal de pneumotórax oculto). G: ver se o paciente está entubado. Com sonda nasogástrica ou nasoenteral. Acesso venoso central. Dreno de tórax. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -3 Opacidade ocupando 2/3 do pulmão direito. Pelo formato sugere ser líquido pleural ou derrame pleural. Avaliar a história. Provavelmente é um hemotórax: Não há presença de trama vascular periférica em hemitórax direito: Hemicúpula frênica direita rebaixada. Alargamento do espaço intercostal (pode ser sinal indireto de pneumotórax). EPIDEMIOLOGIA Toracotomia: necessária em menos 10% dos traumas fechados e 15%- 30% dos penetrantes. − Na maior parte das vezes se resolve o problema com drenagem de tórax, toracocentese de alívio. Hipóxia: Multifatorial - hipovolemia, alteração V/Q (contusão / hematoma) e alteração nas relações pressóricas intratorácicas (pneumotórax). . ATENDIMENTO INICIAL • Avaliação primária (A, B, C). • Estabilização sinais vitais. • Avaliação secundária. • Tratamento definitivo. Exemplo: paciente chega com pneumotórax hipertensivo, hipotenso, taquicárdico. Realiza- se a toracocentese de alívio, estabiliza-se os sinais vitais do paciente e então se segue as avaliações secundárias (RX de pelve, tórax) e então instituição do tratamento definitivo → toracostomia com drenagem fechada. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA • Via aérea • Ventilação • Circulação. Ausência de trama vascular à direita. Alargamento do espaço intercostal. Rebaixamento da hemicúpula frênica direita. Desvio do coração para esquerda. Traqueia levemente desviada para direita. Sinais indiretos de doença crônica (falso rebaixamento das hemicúpulas). Ausência de trama vascular a esquerda (pneumotórax). Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -4 PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO • Pneumotórax + instabilidade hemodinâmica. • Válvula unidirecional (o ar entra entrando, mas não está saindo). • Desvio do mediastino. Faz com que os vasos da base (veia cava superior e inferior) dobrem, isso impede o retorno venoso, e o paciente choca. O paciente não perde sangue, mas o sangue não chega até o coração. • Comprometimento do retorno venoso. • Direita x esquerda. Geralmente o pneumotórax a direita evolui um pouco mais rápido do que o pneumotórax hipertensivo a esquerda. Isso acontece, pois, a esquerda, a posição extrapleural da aorta segura o mediastino. • Causa mais comum: barotrauma (paciente em ventilação mecânica, tem um súbito de pressão nessa ventilação e rompe o alvéolo). • Diagnóstico clínico. Não precisa de raio-x, tomografia, ressonância... • “Meio hipertensivo”. NÃO EXISTE. • Pneumotórax hipertensivo x tamponamento cardíaco. São os dois principais diagnósticos diferenciais. Sinais e sintomas se assemelham. A tríade de Beck pode estar presente no pneumotórax hipertensivo. o Sons cardíacos abafados; o Diminuição da pressão arterial; o Dilatação das veias do pescoço; • Tratamento imediato e definitivo. − Imediato: Toracocentese de alívio (5º EIE entre a linha axilar anterior e média, altura do mamilo). − Definitivo: toracostomia com drenagem pleural fechada. Se há sinais no exame físico de pneumotórax com sinais de instabilidade hemodinâmica (paciente taquicárdico e hipotenso) → Autorização para o profissional intervir nesse paciente. Não se faz exame de imagem em paciente instável, exceto o FAST. Não existe pneumotórax hipertensivo no raio-X, existe pneumotórax e sinais de hipertensão intracavitária (rebaixamento da hemicúpula frênica, desvio do eixo contralateral, alargamento do espaço intercostal...). Se o paciente não tem instabilidade hemodinâmica, não é um pneumotórax hipertensivo. PNEUMOTÓRAX ABERTO • Abertura superior 2/3 da traqueia. • Menos resistência. • Hipóxia e hipercapnia. • Tratamentoimediato: curativo em 3 pontas. • Tratamento definitivo: toracostomia com drenagem pleural fechada. Drena o tórax e depois faz a sutura. Quando inspira o curativo fecha, quando expira o curativo abre e deixa o ar sair. Responder: A decisão de realizar a intubação endotraqueal e instituir ventilação mecânica no paciente com tórax instável é determinada por: a) Presença ou grau de hipóxia; b) Número de costelas fraturadas; c) Localização do segmento com fraturas; d) Achados radiológicos no RX de tórax. TÓRAX INSTÁVEL “FLAIL CHEST” • Íntima associação com contusão pulmonar. • Conceito: 2 ou mais fraturas em 2 ou mais lugares. • Hipóxia: multifatorial. − Instabilidade da parede; tórax instável grande, segmento fraturado grande; − Contusão pulmonar; sangue dentro do alvéolo; − Dor; paciente com dor não ventila de forma adequada. • Critério na reposição volêmica. Existe uma transferência de energia cinética para a parede torácica que não suporta essa energia e fratura. Geralmente o grau de hipóxia é diretamente proporcional a área de segmento fraturado. Quanto maior a aérea, maior a chance de ter mais alvéolos acometidos. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -5 Figura A: 4 costelas envolvidas, com 2 fraturas em cada. Figura B: movimento paradoxal. Os alvéolos não participam da mecânica ventilatória. Figura C: o segmento está abaulando. Fora da mecânica respiratória. Respiração paradoxal (sinal de tórax instável). • Tratamento definitivo: − O2, analgesia EV. − Bloqueio intercostal. • Intubar?? − Em caso de deterioração da função respiratória. O tórax instável na prática é fácil de se resolver, dificilmente o paciente vai para ventilação mecânica. Responder: A respeito do trauma torácico contuso, com fratura de duas ou mais costelas adjacentes em pelo menos dois locais é correto afirmar, exceto: a) A contusão pulmonar adjacente ao segmento de parede torácica acometido é fortemente sugerida frente a esse tipo de lesão. b) Ocorre uma diminuição da capacidade vital proporcional ao tamanho do segmento instável. c) A intubação orotraqueal deve ser prontamente realizada de modo a evitar deterioração do quadro respiratório, uma vez que se trata de um tórax instável. d) Determina um aumento no trabalho de respiração. e) A dor produzida pela fratura proporciona limitação na capacidade de expansão da caixa torácica hemotórax maciço. HEMOTÓRAX MACIÇO • Conceito: − Acúmulo intrapleural de 1500 ml de sangue. − Mais de 1/3 de volemia. • Diagnóstico: − Choque + ausência de murmúrio vesicular e/ou macicez à percussão de um dos hemitórax. • Toracotomia sempre que: − 1500 ml. − Drenagem nas primeiras horas x estado fisiológico do paciente. • Ferimentos mediais ao mamilo e linhas escapulares. • Toracotomia não indicada, a não ser que esteja presente um cirurgião qualificado por seu treinamento e experiência. Paciente politraumatizado. Sinal radiográfico de efusão pleural. Parede torácica cheia de hematoma. Pulmão submerso em um “mar de sangue. TAMPONAMENTO CARDÍACO • Ferimentos penetrantes. • Pequenas quantidades são suficientes para restringir a atividade cardíaca. • Tríade de Beck: − Elevação PVC, redução PA, abafamento das bulhas. • FAST – acurácia 90%. • Pericardiocentese: paciente deitado, monitorizado, se realiza uma punção subxifoide progredindo a agulha em direção ao ombro esquerdo até aspirar o conteúdo. • Janela pericárdica. Pode ser por vídeo ou aberta. Os 3 sinais da tríade de Beck estão presentes na menor parte das vezes. Pneumotórax hipertensivo pode causar regurgitamento de jugular. Pode haver hipotensão e falso abafamento das bulhas no pneumotórax hipertensivo também. Como diferenciar o tamponamento do Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -6 pneumotórax hipertensivo? REALIZAR O EXAME FÍSICO, buscar sinais de comprometimento pulmonar. Conteúdo gasoso dentro do pericárdio. Parede pericárdica espessa. Responder: Um jovem com uma ferida feita por faca, no 6º EI esquerdo, deu entrada no setor de emergência. O exame físico é evidenciado por dispneia, cianose e turgência de veias cervicais. Havia hipertimpanismo e diminuição acentuada do MV do hemitórax traumatizado. As bulhas cardíacas estavam desviadas para o lado oposto. A melhor conduta para esses pacientes será: a) Punção imediata do pericárdio; b) Intubação orotraqueal; c) Descompressão imediata das vias aéreas; d) Descompressão imediata do espaço pleural – pneumotórax. e) Dissecção imediata da veia axilar direita. Responder: Após punção de subclávia a paciente apresentou dificuldade respiratória e choque. O diagnóstico provável é: a) Trombose venosa; b) Pneumotórax hipertensivo – principal complicação do acesso venoso central; c) Hematoma intrapulmonar; d) Sepse por cateter; e) Toracotomia de reanimação. TORACOTOMIA DE REANIMAÇÃO • Lesão torácica fechada + AESP? • Lesão torácica penetrante + AESP (atividade elétrica sem pulso)? Principal hipótese – paciente sangrando para dentro do tórax. É necessário conter o sangramento. INDICAÇÃO DE REANIMAÇÃO. • Manobras: − Evacuação de sangue do saco pericárdico; − Controle direto da hemorragia; − Massagem cardíaca aberta; − Clampeamento da aorta descendente. Controle distal da artéria torácica interna e controle proximal. Responder: Paciente sofreu agressão por arma branca, com ferida de mais ou menos 2 cm na parede torácica anterior esquerda, a nível do 6º espaço intercostal, na linha hemiclavicular. Encontra-se agitado, hipotenso, taquicárdico e taquipneico com turgência jugular. São os diagnósticos mais prováveis: a) Tamponamento cardíaco e pneumotórax hipertensivo; b) Hemotórax maciço e pneumotórax hipertensivo; c) Tamponamento cardíaco e hemotórax maciço; d) Hemotórax maciço e pneumotórax aberto. Turgência jugular (hipolêmico) – descarta hemotórax. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA HEMOTÓRAX • Drenar ou não drenar? • 300 mL. • Suficiente para a detecção em Rx PA (obliteração do seio costofrênico) → DRENAR. − Quando observa obliteração do seio costofrênico. Tratamento: toracostomia com drenagem pleural fechada. CONTUSÃO PULMONAR • Lesão potencialmente fatal mais comum. • IOT? − PaO2 < 65 mmHg; − SpO2 < 90%; − Intubados e ventilados na primeira hora após a lesão. Sangue dentro do alvéolo. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -7 Consolidação do espaço alveolar. LESÃO DA ÁRVORE TRAUOBRÔNQUICA • Incomum e potencialmente fatal. • Hemoptise, enfisema subcutâneo (em rápida progressão), pneumotórax hipertensivo e desvio do mediastino. • Broncoscopia (indica o local da lesão e confirmar). • Drenagem de tórax. • Intubação seletiva. − Lesão de árvore traqueobrônquica direita: realiza- se intubação da árvore traqueobrônquica esquerda e então se faz a ventilação. DRENAGEM TORÁCICA 1. Entre a linha axilar anterior e média na altura do mamilo. 2. Confecciona-se uma incisão que seja possível entrar o dedo. 3. Com uma pinça realiza-se a divulsão, até encontrar o espaço intercostal/costela. 4. Entra com a pinça na parte de cima da costela. 5. Realiza-se a exploração digital – entrar com o dedo alargamento o orifício e conferir se está dentro do tórax. 6. Introdução do dreno e fixação na pele. Segunda imagem: apoia-se o dedo daquela forma para a pinça não entrar subitamente e perfurar o pulmão.
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