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Endometriose: Doença Ginecológica Crônica

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Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
Endometriose 
Endometriose é uma doença ginecológica crônica, 
benigna, estrogênio-dependente e de natureza multifatorial 
que acomete principalmente mulheres em idade 
reprodutiva. 
Obs: Como é estrogênio-dependente, ocorre uma 
regressão dos focos e diminuição dos sintomas na pós 
menopausa. 
Obs: Pode ter um caráter malignizante → Não tem 
transformação maligna, mas pode ter um impacto na 
paciente de uma doença maligna (impacto na qualidade 
de vida, na fertilidade). 
Definido como presença de glândulas endometriais e 
estroma em locais extrauterinos. Pode ser encontrada em 
qualquer lugar extrauterino, como na pele, olho, pele, 
pulmão, peritônio pélvico, septo retovaginal, ureter, bexiga, 
pericárdio, pleura, etc. 
Não se sabe ainda a causa que leva a essa localização 
extrauterina do endométrio, mas existem teorias e fatores de 
risco que são relacionados. Um dos fatores de risco/teoria é 
o hímen imperfurado, que o fluxo retrógrado da 
menstruação vai aumentar o risco para o desenvolvimento 
da endometriose. 
Geralmente está associado a sintomas angustiantes, como 
dor pélvica, dismenorreia grave, dispareunia e infertilidade, 
mas pode acontecer de ser assintomática e ser um achado 
incidental em cirurgia. 
Obs: Na endometriose, os sintomas não estão relacionados 
com a quantidade de doença → a extensão da doença 
não está relacionada com mais ou menos sintomas. 
Permanece controverso os dados sobre: Incidência, 
patogênese, história natural e melhor tratamento. 
A endometriose é uma afecção clínica e recorrente 
caracterizada pela presença de tecido endometrial 
funcional fora da cavidade uterina e do miométrio. 
Acredita-se que 6% a 10% das mulheres em idade 
reprodutiva, 50% a 60% de adolescentes e adultas com 
dores pélvicas e até 50% de mulheres com infertilidade 
sejam afetadas pela doença. Contudo, em seus estágios 
iniciais ou em mulheres inférteis assintomáticas e 
oligossintomáticas, pode ser subdiagnosticada. 
EPIDEMIOLOGIA: 
- É uma doença hormônio dependente, sendo uma doença 
de mulheres na idade reprodutiva (geralmente se manifesta 
entre 25 e 35 anos). 
- A prevalência é difícil de ser estimada. Está presente em 1 
a 7% da população, com sintomas variados e inespecíficos, 
podendo ser assintomática (por isso a dificuldade de estimar 
incidência). 
- 1% das pacientes são submetidas a cirurgia de grande 
porte para qualquer indicação ginecológica e descobrem 
a endometriose por essa forma. As cirurgias de 
endometriose geralmente são cirurgias extensas, 
precisando de um planejamento específico para 
programação cirúrgica. 
ETIOLOGIA: 
- A causa definitiva é desconhecida, mas existem as teorias. 
- As principais teorias estão relacionadas à menstruação 
retrógrada (teoria do transplante), em que ocorre a 
implantação de células endometriais por regurgitação 
transtubária durante a menstruação, o que justifica o fato 
de que a endometriose é mais frequente nas porções 
inferiores da pelve (ovários, fundo de saco). 
- Para explicar a endometriose em outras partes do corpo, 
existe a teoria da indução, onde alguns fatores hormonais 
ou biológicos induzem a diferenciação de células 
totipotentes (indiferenciadas) em um tecido endometrial. 
- Outra teoria é pelo papel do sistema imune, através de 
uma imunidade celular deficiente, incapaz de reconhecer 
o tecido endometrial em locais atípicos, e as próprias 
citocinas e interleucinas geral o quadro inflamatório da 
endometriose. 
Obs: Existem relatos de endometriose em homens, e as 
teorias da indução e do papel do sistema imune podem 
explicar essa ocorrência. 
Outras causas: 
• Grupos familiares, pelo padrão hereditário multifatorial. 
• Mutações genéticas → Alteração nos cromossomos 
10q26 e 20p13 e nos genes EMX2 e PTEN. 
• Defeitos anatômicos como por exemplo obstrução do 
trato reprodutivo. 
• Toxinas ambientais como 2,3,7,8 tetraclorodibenzo-p-
toxina (produtos do processamento industrial). 
A teoria mais aceita é a postulada por Sampson, em 1927, 
de que haveria aderência de tecido endometrial pós-
menstrual na cavidade peritoneal e demais órgãos, 
decorrente de fluxo tubário retrógrado. Praticamente 90% 
das mulheres com tubas uterinas pérvias apresentam fluxo 
retrógrado, no entanto somente 10% delas apresentariam 
endometriose. Portanto, outros fatores associados a tal fluxo 
seriam capazes de permitir a implantação de tecido 
endometrial fora da cavidade uterina. A metaplasia de 
células da linhagem peritoneal explica a endometriose em 
homens, em pré-púberes e em mulheres que nunca 
menstruaram e a presença de lesões em sítios atípicos, 
como cavidade pleural e meninges. 
A presença de células endometriais viáveis na luz de vasos 
sanguíneos e linfáticos sugere que focos endometrióticos 
distantes podem surgir, em decorrência da disseminação 
dessas células por via hematogênica e linfática, explicando, 
assim, lesões na pleura, cicatriz umbilical, espaço 
retroperitoneal, vagina e colo do útero. Os mecanismos 
envolvidos associando endometriose e infertilidade ainda 
não foram plenamente esclarecidos; as propostas 
compreendem: alterações no microambiente folicular ou 
no oócito, falência na implantação, disfunção ovulatória, 
defeitos imunológicos, hiperativação de macrófagos 
peritoniais, alteração das citocinas no fluido folicular e na 
circulação sanguínea, síndrome do folículo luteinizado não 
roto, alterações no desenvolvimento embrionário precoce, 
aumento da apoptose celular em células da granulosa, 
Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
além de alterações endócrinas como fase lútea 
inadequada e hiperprolactinemia. Há tendência à 
predisposição genética e constitucional à doença. Além 
das alterações citadas, é plausível que distorções 
anatômicas pélvicas estejam relacionadas à redução da 
fertilidade encontrada em pacientes portadoras de 
endometriose. Alguns estudos observacionais de fertilização 
in vitro, com ciclos naturais, demonstraram que a fase 
folicular é significativamente mais longa e a taxa de 
fertilização é menor em pacientes com endometriose 
mínima ou leve, quando comparadas àquelas com fator 
tubário e infertilidade sem causa aparente. 
DIVISÃO: 
Foi proposto um conceito que dividiu a endometriose em 
três doenças distintas: peritoneal, ovariana e endometriose 
profunda. 
• A peritoneal se caracteriza pela presença de implantes 
superficiais no peritônio; 
• A ovariana por implantes superficiais no ovário ou cistos 
(endometriomas) → geralmente é assintomática, 
principalmente relacionados com a infertilidade. 
• E endometriose profunda, definida como uma lesão 
que penetra no espaço retroperitoneal ou na parede 
dos órgãos pélvicos, com uma profundidade de 5mm 
ou mais → é caracterizada principalmente pela 
possibilidade dela aderir e penetrar em outros órgãos. 
Obs: Quando não é dentro da cavidade peritoneal, chama 
de endometriose extraperitoneal. 
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA ENDOMETRIOSE: 
Existem várias classificações diferentes. A da Sociedade 
Americana de Fertilidade utiliza o sistema de pontos para 
avaliar aparência, tamanho e profundidade desses 
implantes peritoneais e ovarianos; analisa também a 
presença, extensão e tipo de aderências e obliterações de 
fundo de saco. 
• Estágio I → Mínima 
• Estágio II → Leve 
• Estágio III → Moderada 
• Estágio IV → Grave 
Obs: Avalia de forma insatisfatória os sintomas, por isso hoje 
não está tão em uso. 
Uma outra classificação é a que divide em doença mínima, 
leve, moderada ou grave. Tem pouca avaliação dos 
sintomas, se referindo principalmente à localização e a 
quantidade dos implantes: 
• Doença mínima: Implantes isolados e sem aderências 
• Doença leve: Implantes superficiais com < 5 cm de 
agregados espalhados no peritônio e ovários, sem 
aderências significativas. 
• Doença moderada: Exibe vários implantes, tanto 
superficial e invasivo,com adesão peritubária e 
periovariana. 
• Doença grave: Caracterizada por múltiplos implantes 
superficiais e profundos, incluindo grandes 
endometriomas ovarianos, com aderências densas. 
Atualmente, o que mais vai ser utilizado é avaliar os sintomas 
da paciente, já que uma doença extensa não tem relação 
com a gravidade dos sintomas. 
Obs: Toda paciente com diagnóstico de endometriose 
deve ser abordada de uma forma a prevenir sintomas 
futuros, mas ela não necessariamente vai apresentar os 
sintomas. Não tem como prever a progressão da doença e 
evolução dos sintomas. 
 
Os locais mais acometidos são da região pélvica, como 
ovários, fundo de saco, apêndice, trompas, etc. De forma 
menos comum, pode ocorrer na vagina, colo uterino, septo 
retovaginal, umbigo, etc. É raro apresentar em locais 
extraperitoneais como mama, pâncreas, fígado, rim, ossos, 
pulmão, etc, mas pode acontecer. 
 
Na imagem, é um endometrioma de parede, localizado 
próximo à cicatriz da cesárea, e foi criado após a cesárea 
por conta da manipulação do endométrio, que permitiu o 
implante nessa região. 
Vai se apresentar como uma massa abdominal dolorosa, 
cíclica, mas que com o passar dos anos pode se tornar 
contínua, pela dificuldade de absorção de toda a 
hemossiderina. 
O diagnóstico é feito pela excisão ampla da lesão, mas 
pode ocorrer recidiva em até 4% das pacientes, após retirar 
o foco de endometriose. 
Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
 
Pode envolver um ou dois ovários, sendo que em 1/3 dos 
casos envolve ambos os ovários. A conduta do 
endometrioma é cirúrgica, para diminuir a possibilidade de 
implantes. Geralmente os endometriomas não estão 
associados a implantes em outros locais, mas é um fator de 
risco para câncer de ovário, por isso a conduta é cirúrgica. 
QUADRO CLÍNICO: 
A maioria se apresenta com uma dor pélvica, uma 
dismenorreia progressiva e as vezes outros sintomas 
associados como sangramentos e infertilidade. 
Infelizmente, ainda hoje, a média estimada do tempo entre 
o início dos sintomas referidos pelas pacientes até o 
diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos. 
Obs: O risco de infertilidade é principalmente pela 
deformação anatômica que a endometriose causa. As 
aderências deformam a anatomia das trompas e dos 
ovários. 
A endometriose pode se mostrar assintomática em 2% a 22% 
das mulheres, mas na maioria dos casos a sintomatologia 
envolve dismenorreia, dispaurenia, dor pélvica não cíclica, 
isquemia, disúria, alterações nos hábitos intestinais e, 
frequentemente, infertilidade. No entanto, a apresentação 
clínica é muito variável e nenhum desses sintomas é 
específico para a endometriose, dificultando o seu 
diagnóstico. 
SINTOMATOLOGIA: 
Pode ser assintomática ou se manifestar como dor pélvica, 
infertilidade e massa pélvica. 
Outras formas de apresentação, a depender da 
localização, podem causar dispareunia, fadiga crônica, 
sangramento uterino anormal, sangramento retal, 
constipação, diarreia, hematúria. 
Dor pélvica: O sintoma mais comum é a dor pélvica, 
presente em ¾ das pacientes sintomáticas. Inicialmente é 
uma dor cíclica, mas é progressiva, de modo que com o 
passar do tempo vai se tornar uma dor pélvica crônica. 
O mecanismo da dor pélvica vai se basear principalmente 
em citocinas pró-inflamatórias, levando a uma inflamação 
peritoneal local, infiltração profunda com lesão tecidual, 
formando então aderências. Essas aderências vão gerar um 
espessamento fibrótico, que vão acumular sangue no local, 
gerando uma tração dolorosa com a movimentação dos 
tecidos. 
Dismenorreia: É mais sugestiva quando surge após alguns 
anos de menstruação sem dor, inicia no período pré-
menstrual e geralmente a distribuição da dor é bilateral. 
Os sintomas vão depender da localização do 
acometimento, se vai ser retal, vesical, ureteral, mas a 
intensidade desses sintomas não se relaciona com a 
quantidade de focos endometriais ou profundidade da 
infiltração → Se a paciente for assintomática, não significa 
que ela não tem endometriose profunda ou que os focos 
são poucos, da mesma forma que podem ter poucos focos 
com sintomas intensos. 
Apesar disso, o sítio da dor pode ajudar a identificar a 
localização da lesão. 
Obs: Geralmente a paciente que apresenta dispareunia e 
dor ao defecar, apresenta sinais de doença profunda, e é 
uma paciente que tem principalmente acometimento de 
intestino. 
Endometriose extrapélvica: Geralmente a paciente 
apresenta dor e uma massa palpável com padrão cíclico, 
que aumenta durante o período menstrual. 
O local mais comum é o trato intestinal, principalmente 
cólon e reto, podendo apresentar um quadro de dor 
abdominal e/ou lombar, distensão abdominal, hemorragia 
retal cíclica, constipação, diarreia e obstrução. 
Quando o acometimento é pulmonar, pode ocorrer 
pneumotórax, hemotórax e hemoptise durante o período 
menstrual. 
No acometimento umbilical, ocorre principalmente a 
presença de massa palpável e dor cíclica. 
A endometriose de bexiga é o local mais comum do trato 
urinário, pode ter um quadro assintomático ou apresentar 
disúria, urgência miccional e tenesmo vesical no período 
menstrual. 
Na endometriose ureteral, a paciente pode apresentar dor 
no flanco, hematúria macroscópica, hidronefrose, até 
mesmo perda da função renal. 
INFERTILIDADE: Ocorre por uma distorção anatômica pelas 
aderências pélvicas que em um tempo se tornam fibróticas 
e geral dor à movimentação. 
A infertilidade também está associada aos endometriomas, 
que perde a capacidade funcional do ovário. 
Também se relaciona com a produção de substâncias 
como prostaglandinas, gerando um ambiente hostil, 
prejudicando a função ovariana, fertilização e implantação 
do embrião. 
DIAGNÓSTICO: 
A suspeita vai ser feita a partir da história clínica da 
paciente, que pode se apresentar como uma mulher com 
infertilidade, dismenorreia, dispareunia ou dor pélvica 
crônica. 
O exame físico pode não ter anormalidades, mas é 
importante inspecionar vulva, vagina, colo e cicatriz de 
episiotomia. São locais pouco comuns, mas é importante 
buscar por focos. 
Outros sinais que podem ser encontrados são nódulos em 
fundo de saco, edema doloroso do septo retovaginal e 
aumento ovariano unilateral. 
Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
O diagnóstico é clínico, mas utiliza exames de imagem 
específicos para confirmar. 
A USG transvaginal ou transretal consegue identificar focos 
mais fáceis de serem visualizados, como os cistos 
endometrióticos ovarianos, endometriose de bexiga, 
ureteral ou retovaginal. 
Se tiver a suspeita clínica de lesão profunda, como em 
pacientes com dispareunia ou dor ao defecar, deve solicitar 
exames mais adequados, como USG transretal com 
preparo, RNM para pesquisa de endometriose e USGTV com 
preparo intestinal. 
Na suspeita de implante em bexiga, solicita cistoscopia. 
Os exames de imagem mais utilizados para confirmação 
diagnóstica em pacientes com suspeita de endometriose 
são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância 
magnética da pelve, por sua sensibilidade e especificidade, 
que variam de 80% a 94%. Ambos os métodos têm suas 
indicações e limitações, não existindo até o momento 
superioridade de um método sobre outro. 
Pela fácil acessibilidade, inocuidade e baixo custo, a 
ultrassonografia é a primeira escolha em exames não 
invasivos para avaliação de pacientes com suspeita clínica 
de endometriose. Tanto ultrassonografia transvaginal 
quanto transretal são capazes de identificar lesões intestinais 
com precisão na descrição de suas características e 
localização, porém, a aplicabilidade da via transretal se 
torna limitada uma vez que é menos tolerada pelas 
pacientes e outros possíveis sítios de lesões pélvicas são mais 
facilmente identificados pela via transvaginal. A 
ultrassonografia transvaginal é capaz de identificar tanto 
lesões propriamente ditas, evidenciadascomo nodulações 
ou espessamentos em estruturas acometidas, como sinais 
indiretos de comprometimento pélvico, por meio da 
avaliação da mobilidade dos órgãos pélvicos. 
A ressonância magnética é usualmente realizada como 
forma adicional em casos complexos de endometriose e 
para programação cirúrgica mais precisa em determinados 
casos em que a ultrassonografia mantiver incertezas. As 
recomendações propostas propõem que seja realizada a 
manutenção da ultrassonografia transvaginal como 
primeira escolha para a investigação da paciente com 
suspeita clínica de endometriose e que a ressonância seja 
solicitada em casos de queixas típicas com resultados 
negativos na ultrassonografia ou em casos de lesões em 
andar superior de abdome ou de múltiplos sítios de lesões. 
 
Existem alguns marcadores ligados a endometriose, e um 
deles é o Ca 125. Em muitos casos vai ter o aumento desse 
marcador em pacientes que não possuem endometriose. 
Não deve ser solicitado como exame de rotina, pois o 
aumento dele pode levar ansiedade à paciente. Um 
aumento desse marcador sugere endometriose, mas não é 
diagnóstico → > 35 sugere endometriose. 
Ele pode ser solicitado para avaliar a eficácia do 
tratamento após o diagnóstico, mas não é solicitado para 
diagnosticar. É usado para avaliar a remissão dos focos de 
endometriose ou recorrência. 
O diagnóstico da endometriose pode ser fortemente 
sugerido por meio de ultrassonografia transvaginal e 
ressonância magnética. No entanto, esses exames não 
apresentam sensibilidade e especificidade adequadas. O 
único biomarcador sérico usado com certa frequência em 
pacientes com endometriose é o CA-125, que mostrou 
potencial diagnóstico para endometriose 
moderada/grave. No entanto, o CA-125 apresentou baixa 
sensibilidade, com valores de 24% a 94% na concentração 
de corte de 35 U/mL. 
Outra forma de diagnóstico, após a clínica e exames de 
imagem, é a laparoscopia. É uma técnica padrão para 
inspeção visual da pelve e estabelecimento de um 
diagnóstico definitivo → Retirada do implante e envio para 
a anatomia patológica. 
Com a laparoscopia, é possível registrar o tipo (se é 
peritoneal, ovariana ou profunda), extensão e localização 
de todas as lesões e aderências. 
Hoje em dia não é tão utilizado por não ter necessidade de 
submeter a paciente a um procedimento cirúrgico com 
internamento hospitalar sendo que existem outros meios de 
diagnóstico por exame de imagem. 
Obs: Não deve ser realizada dentro dos 3 meses de 
tratamento hormonal → Se a paciente estiver em 
tratamento hormonal, pode diminuir os focos de 
endometriose e não ser possível visualizar. 
 
A confirmação de todo diagnóstico é pela biópsia da lesão 
suspeita → Manda para a anatomia patológica para o 
diagnóstico histopatológico. 
Nos casos de endometriomas ovarianos (< 3 cm) com 
infiltração profunda também deve fazer biópsia para 
descartar malignidade. Deve remover o cisto e não precisa 
remover o ovário (em geral eles se localizam na superfície 
Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
anterior do ovário). Contém um líquido castanho escuro, 
espesso (como se fosse chocolate ou Nutella). 
Assim, até o momento, o padrão-ouro para o diagnóstico 
de endometriose consiste na laparoscopia e no diagnóstico 
histológico baseado nas lesões, sendo este último de 
importância controversa. O diagnóstico cirúrgico tem 
muitas desvantagens, quando comparado com um 
diagnóstico minimamente invasivo, tais como riscos 
inerentes ao próprio procedimento (dano ao órgão, 
hemorragia, infecções e formação de adesão), 
complicações anestésicas e alto custo financeiro associado 
ao paciente e ao sistema de saúde. Além disso, apenas um 
terço das mulheres que realizam um procedimento 
laparoscópico receberá diagnóstico de endometriose, 
portanto muitas mulheres livres de doenças são 
desnecessariamente expostas a esse risco. 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: 
• DIP 
• Abscesso tubo-ovariano 
• Salpingite 
• Endometrite 
• Cisto ovariano hemorrágico 
• Torção ovariana 
• Dismenorreia primária 
• Leiomioma em degeneração 
PREVENÇÃO: 
Muitos estudos têm relacionado com o estilo de vida da 
paciente. Pacientes com endometriose que fazem 
exercícios regularmente e tem uma alimentação 
balanceada tem muito menos sintomas do que as 
pacientes obesas, com dieta rica em carne vermelha, 
carboidratos, etc, e isso está relacionado principalmente à 
exposição hormonal. 
O ACO pode diminuir os focos de endometriose, mas ainda 
não é capaz de prevenir. 
TRATAMENTO: 
• Acompanhar o desenvolvimento das lesões 
• Controle da dor pélvica 
• Tratamento da infertilidade do casal 
O tratamento deve ser clínico ou cirúrgico. 
Tratamento da dor: O principal objetivo do tratamento 
clínico é o alívio dos sintomas álgicos e a melhora da 
qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões 
ou cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico. 
Realizar o tratamento da infertilidade. 
Embora nem toda mulher com endometriose seja infértil, 
50% delas recebem o diagnóstico da doença quando estão 
tentando engravidar. O processo inflamatório pélvico pode 
resultar em obstrução das trompas e interferir na ovulação, 
no transporte dos gametas e na implantação do embrião 
no útero. Os estudos, no entanto, ainda não estabeleceram 
o mecanismo exato pelo qual a endometriose provoca 
infertilidade. 
 
 
Na suspeita de endometriose, mesmo que o exame físico e 
de imagem estejam normais, deve fazer o tratamento 
clínico da paciente para alívio da dor. Caso não haja 
melhora, deve avaliar uma laparoscopia cirúrgica, com o 
objetivo de tentar identificar a causa. 
Se já tiver diagnostico de endometriose profunda ou 
endometrioma ovariano e a paciente apresentar 
endometrioma > 6 cm, lesão em ureter, íleo, apêndice ou 
retossigmoide com sinais de suboclusão, já deve ir direto 
para o tratamento cirúrgico. Se não, pode tratar a paciente 
clinicamente. 
 
Em caso de suspeita de infertilidade por endometriose, deve 
investigar se tem dor pélvica associada. Se sim, avaliar 
fatores prognósticos em relação a infertilidade (idade, 
tempo, reserva ovariana, etc). Se for um mau prognóstico, 
já deve partir para a fertilização in vitro, e se for um bom 
prognóstico, faz tratamento cirúrgico da endometriose. Se 
não houver gestação mesmo com a fertilização in vitro, 
deve fazer o tratamento cirúrgico. 
Se a paciente não tem dor pélvica, vai fazer a reprodução 
assistida, que pode ser uma inseminação (não precisa 
necessariamente ser uma fertilização in vitro). Se ela não 
engravidar, faz tratamento cirúrgico. 
TRATAMENTO CLÍNICO → VISÃO GERAL DAS OPÇÕES 
TERAPÊUTICAS: 
1. Progestágenos isolados 
2. Contraceptivos orais combinados (E + P) 
3. Anti-progestágenos 
4. Agonistas de GnRh 
Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
5. Inibidores da aromatase 
6. Danazol (esteroide sintético) 
Obs: Os três últimos são ultimas opções, por conta dos efeitos 
colaterais. 
O uso de terapias medicamentosas para endometriose é 
baseado no fato de que a endometriose é responsiva aos 
hormônios. Duas condições fisiológicas – gravidez e 
menopausa – estão frequentemente associadas à 
resolução da dor provocada pela endometriose. Os 
análogos farmacológicos dessas condições são os 
progestagênios e os contraceptivos orais combinados 
(COCs), que levam a condições hormonais semelhantes à 
observada durante a gravidez, e os androgênios e agonistas 
do GnRH (GNRHa), que promovem a supressão do 
estrogênio endógeno. 
Embora a progesterona cause alterações secretoras no 
endométrio durante a fase lútea do ciclo menstrual normal, 
os progestagênios sintéticos causam atrofia endometrial por 
diminuição da síntese de receptores de estrogênio. Kistner, 
em 1958, foi o primeiro a usar essa classe de medicamento 
para tratar a endometriose com altas doses de 
progestagênios, levando a um estado de pseudogravidez. 
Agonistas do GnRH: O grandeinconveniente do uso de 
GnRHa no tratamento da dor associada à endometriose é 
a ocorrência de efeitos adversos secundários ao 
hipoestrogenismo, sendo os principais as ondas de calor e o 
ressecamento vaginal, que podem estar presentes em até 
90% dos casos. Porém, esses não são os únicos efeitos 
colaterais; entre os menos frequentes, podemos citar 
cefaleia, tontura, labilidade emocional, acne, mialgia, 
edema, redução do volume mamário, ganho de peso, 
diminuição da libido e insônia. Outro grande problema é a 
perda de massa óssea decorrente do hipoestrogenismo 
induzido por seu uso, que pode variar de 3% a 6% em um 
período de seis meses de uso e até 12% em um ano. Para 
evitar essa perda óssea e minimizar os efeitos colaterais, 
pode-se utilizar a terapia add-back, que é a utilização de 
baixas doses de progestagênios isolados ou associados a 
estrogênios durante o uso de GnRHa. Todavia, 
considerações cautelosas devem ser feitas quando da 
análise da prescrição de agonistas do GnRH para mulheres 
jovens, antes da aquisição do pico de massa óssea. 
 
Os progestágenos vão ser a opção terapêutica inicial para 
a paciente. 
A hormonioterapia (anticoncepcional oral, injetável ou 
implante) associada ao uso de analgésicos é a primeira 
opção para tratar os efeitos da endometriose. Além do 
tratamento clínico, recomendam-se psicoterapia de apoio, 
fisioterapia e acompanhamento nutricional. 
INDICAÇÕES DE TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
 
Obs: Existe também a possibilidade de usar o DIU mirena, 
caso os implantes sejam apenas pélvicos, pois o mirena tem 
ação apenas local. 
- Como a endometriose é uma doença crônica, o 
tratamento é feito ao longo da vida da paciente, tentando 
maximizar o tratamento clínico e evitar ao máximo cirurgias 
repetidas. 
- O trabalho deve ser multidisciplinar, associando a clínica 
da dor e psicologia, dependendo do quadro da paciente. 
O tratamento deve ser individualizado, relacionado à 
gravidade dos sintomas, dimensão e localização da 
doença, se há desejo de gestação, idade da paciente, 
efeitos colaterais das medicações e complicações 
cirúrgicas. 
RESUMO: A suspeita clínica de endometriose geralmente 
envolve a história clínica da paciente e exame físico, 
abordando sua sintomatologia e história pessoal e familiar. 
Entretanto, a apresentação clínica da doença varia 
consideravelmente, sem características clínicas 
patognomônicas, fato que dificulta o seu diagnóstico. Um 
diagnóstico presuntivo de endometriose pode ser 
fortemente sugerido pela ultrassonografia transvaginal e 
pela ressonância magnética em casos de endometrioma 
ou endometriose infiltrativa profunda. No entanto, esses 
exames de imagem não possuem a sensibilidade e a 
especificidade necessárias quando se trata de 
endometriose peritoneal superficial. O biomarcador sérico 
mais utilizado na investigação da endometriose foi o CA-
125, que não apresenta sensibilidade (70%-75%) suficiente 
para sua indicação na prática clínica. Portanto, apesar de 
seu risco e alto custo, a videolaparoscopia e a análise 
anatomopatológica subsequente ainda se apresentam 
como o procedimento padrão-ouro para o diagnóstico 
definitivo de endometriose. 
 
REFERÊNCIAS: Endometriose (FEBRASGO 2021) e aula.

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