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Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 OS QUATRO As: • Os sintomas fundamentais (ou primários) específicos da esquizofrenia incluem distúrbios associativos do pensamento, especialmente frouxidão, distúrbios afetivos, autismo e ambivalência, podendo ser resumidos como os quatro As: associação, afeto, autismo e ambivalência; • Sintomas acessórios (secundários): alucinações e delírios. EPIDEMIOLOGIA: Gênero e idade: • É igualmente prevalente em homens e mulheres; • O início é mais precoce em homens; • As idades de pico do início são entre 10 e 25 anos para os homens e entre 25 e 35 para as mulheres. Diferentemente dos homens, as mulheres apresentam distribuição etária bimodal, com um segundo pico ocorrendo na meia-idade; • Estudos indicam que os homens têm maior probabilidade de sofrer sintomas negativos do que as mulheres, e que estas têm maior probabilidade de ter melhor funcionamento social antes do início da doença; • Em geral, o resultado para os pcts do sexo feminino é melhor do que para os do sexo masculino; • Quando o início ocorre após os 45 anos, o transtorno é caracterizado como esquizofrenia de início tardio. Fatores reprodutivos: Parentes biológicos em primeiro grau têm um risco 10 vezes maior de desenvolver a doença do que a população geral. Doenças clínicas: • Pessoas com esquizofrenia têm taxa de mortalidade mais alta em decorrência de acidentes e de causas naturais do que a população em geral. A mortalidade pode estar ligada ao fato de que o diagnóstico e o tratamento de condições clínicas e cirúrgicas em pcts com esquizofrenia possam representar desafio clínico; • Estudos demostraram que até 80% de todos os pcts com a condição têm doenças clínicas concomitantes significativas e que até 50% destas podem não ser diagnosticadas. Infecções e estação de nascimento: • Pessoas que desenvolvem esquizofrenia têm mais probabilidade de ter nascido no inverno e no início da primavera. Fatores de risco específicos da estação, como um vírus ou uma alteração sazonal da dieta, podem operar nesses casos. Outra hipótese é a de que pessoas com predisposição genética para esquizofrenia têm menos vantagem biológica de sobreviver a adversidades específicas da estação; • Estudos indicaram complicações gestacionais e do parto, exposição pré-natal a influenza durante várias epidemias da doença, inanição materna durante a gravidez, incompatibilidade do fator Rhesus e um excesso de nascimentos no inverno na etiologia do transtorno; • Outros dados que apoiam uma hipótese viral são aumento no número de anomalias físicas no nascimento, aumento da taxa de complicações da gravidez e do parto, sazonalidade do nascimento consistente com infecção viral, agrupamentos geográficos de casos adultos e sazonalidade das hospitalizações. Abuso de substâncias: • O abuso de substâncias é comum na esquizofrenia; • O abuso de álcool aumenta o risco de hospitalização e, em alguns pcts, pode aumentar os sintomas psicóticos; • O uso de anfetaminas, cocaína e drogas semelhantes é preocupante devido a sua capacidade de aumentar os sintomas psicóticos; • Nicotina: - Até 90% dos pcts com esquizofrenia podem ser dependentes de nicotina; - Diminui a concentração sanguínea de alguns antipsicóticos; - Sua administração parece melhoras alguns comprometimentos cognitivos e o parkinsonismo na esquizofrenia, possivelmente devido à ativação dependente de nicotina de neurônios de dopamina nicotino-dependentes; - Pode diminuir sintomas positivos, como alucinações, em pcts com esquizofrenia por seu efeito sobre os receptores de nicotina no cérebro que reduzem a percepção de estímulos externos, sobretudo ruídos. Densidade populacional: O efeito da densidade populacional é congruente com a observação de que a incidência de esquizofrenia em filhos de um ou dois genitores com o transtorno é duas vezes mais alta em cidades do que em comunidades rurais. Tais observações sugerem que estressores sociais do contexto urbano afetem o desenvolvimento da doença em pessoas em risco. Fatores socioeconômicos e culturais: • Economia: Alto custo financeiro, visto que a doença tem início precoce, causa prejuízos significativos e de longa Esquizofrenia Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 duração, exige tratamento hospitalar e requer tratamento clínico, reabilitação e serviços de apoio contínuos; • Hospitalização: Mesmo com a medicação antipsicótica, a probabilidade de uma nova internação é de cerca de 40 a 60%. Pcts com esquizofrenia ocupam cerca de 50% de todos os leitos de hospitais psiquiátricos e representam 16% de toda a população psiquiátrica que recebe algum tipo de tratamento. ETIOLOGIA: Fatores genéticos: • Existe uma contribuição genética a algumas, talvez todas, formas de esquizofrenia, e uma alta proporção da variação na suscetibilidade ao transtorno se deve a efeitos genéticos cumulativos; • A probabilidade de uma pessoa ter esquizofrenia está correlacionada com a proximidade da relação com um parente afetado (p. ex., parente de primeiro ou segundo graus); • No caso de gêmeos monozigóticos que têm carga genética idênticas, há uma taxa de concordância para esquizofrenia de aproximadamente 50%. Essa taxa é 4 a 5 vezes maior do que a encontrada em gêmeos dizigóticos ou do que a taxa de ocorrência encontrada em outros parentes de primeiro grau (i.e., irmãos, pais ou filhos); • Apesar disso, dados de gêmeos monozigóticos demonstram com clareza que não existe garantia de que indivíduos geneticamente vulneráveis à esquizofrenia desenvolvam a doença; outros fatores (p. ex., ambiente) devem estar envolvidos na determinação de um desfecho de esquizofrenia. Se um modelo de vulnerabilidade-tendência de esquizofrenia estiver correto em seu postulado de uma influência ambiental, então outros fatores biológicos ou psicossociais do ambiente podem prevenir ou causar esquizofrenia no indivíduo geneticamente vulnerável; • Alguns estudos indicam que a idade do pai tem uma correlação com o desenvolvimento da esquizofrenia. Presumivelmentem, a espermatogênese em homens mais velhos está sujeita a maior dano epigenético do que em homens mais jovens. Fatores bioquímicos: • Hipótese da dopamina: Postula que o transtorno resulta do excesso de atividade dopaminérgica. teoria básica não indica se a hiperatividade dopaminérgica decorre de liberação excessiva de dopamina, do excesso de receptores de dopamina, da hipersensibilidade destes à dopamina ou de uma combinação de tais mecanismos, tampouco especifica quais tratos dopaminérgicos estão envolvidos, embora os tratos mesocortical e mesolímbico sejam implicados com maior frequência. Porém, a liberação excessiva de dopamina em pacientes com esquizofrenia foi associada à gravidade de sintomas psicóticos positivos. • Serotonina: As hipóteses atuais postulam o excesso de serotonina como uma das causas de sintomas tanto positivos como negativos na esquizofrenia. A atividade antagonista de serotonina consistente da clozapina e de outros antipsicóticos de segunda geração, junto com a eficácia da clozapina para diminuir sintomas positivos em pacientes crônicos, contribuiu para a validade dessa proposição. • Norepinefrina: anedonia – o comprometimento da capacidade para gratificação emocional e a diminuição da capacidade de experimentar prazer – há muito tem sido observada como um aspecto proeminente da esquizofrenia. Uma degeneração neuronal seletiva no sistema neural de recompensa da norepinefrina poderia explicar esse aspecto da sintomatologia do transtorno. Entretanto, os dados bioquímicos e farmacológicos que apoiam essa proposição são inconclusivos. • GABA: Com base nos achados de que alguns pacientes têm uma perda de neurônios GABAérgicos no hipocampo. O GABA tem um efeito regulador sobre a atividadeda dopamina, e a perda de neurônios GABAérgicos inibidores poderia levar à hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos. • Neuropeptídeos: Neuropeptídeos, como a substância P e a neurotensina, estão localizados com os neurotransmissores de catecolamina e indolamina e influenciam a ação destes. A alteração nos mecanismos de neuropetídeo poderia facilitar, inibir ou, de outro modo, alterar o padrão de disparo desses sistemas neuronais. • Glutamato: O glutamato foi implicado porque a ingestão de fenciclidina, um antagonista do glutamato, produz uma síndrome aguda semelhante à esquizofrenia. A hipótese proposta sobre o glutamato inclui as de hiperatividade, hipoatividade e neurotoxicidade induzidas por ele. • Acetilcolina e nicotina: Estudos de necropsia na esquizofrenia demonstraram aumento dos receptores muscarínicos e nicotínicos no caudado-putame, no hipocampo e em regiões selecionadas do córtex pré-frontal. Esses receptores têm um papel na regulação dos sistemas Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 de neurotransmissores envolvidos na cognição, que é comprometida na esquizofrenia. Neuropatologia: • A perda de volume cerebral amplamente relatada em cérebros de indivíduos com esquizofrenia parece resultar da densidade reduzida de axônios, dendritos e sinapses que medeiam as funções associativas do cérebro; • A densidade sináptica é mais alta com 1 ano de idade e depois diminui para valores adultos no início da adolescência. Uma teoria, baseada, em parte, na observação de que os pacientes muitas vezes desenvolvem sintomas da esquizofrenia durante a adolescência, sustenta que o transtorno resulta da poda excessiva de sinapses durante essa fase do desenvolvimento. • Ventrículos cerebrais: - Alargamento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo e alguma redução no volume cortical; - Volumes reduzidos da substância cinzenta cortical → primeiros estágios da doença; - Ainda não se sabe se um processo patológico continua a se desenvolver em pcts. • Simetria reduzida: Há uma simetria reduzida em várias áreas do cérebro na esquizofrenia, incluindo os lobos temporal, frontal e occipital. Alguns pesquisadores acreditam que essa simetria reduzida se origine durante a vida fetal e seja indicativa de uma interrupção na lateralização cerebral durante o neurodesenvolvimento. • Córtex pré-frontal: - Anormalidades anatômicas no córtex pré-frontal; - Déficits funcionais na região pré-frontal; - Tem sido observado que vários sintomas de esquizofrenia imitam aqueles encontrados em pessoas com lobotomias pré-frontais ou síndromes do lobo frontal. • Tálamo: - Diminuição de volume ou perda neuronal, em subnúcleos específicos; - Número reduzido de neurônios no núcleo dorsomedial do tálamo, que tem conexões recíprocas com o córtex pré- frontal; - O número total de neurônios, oligodendrócitos e astrócitos é reduzido em 30 a 45% em pcts com o transtorno. • Gânglios da base e cerebelo: - Muitos pacientes exibem movimentos bizarros mesmo na ausência de transtornos do movimento induzidos por medicamentos (p. ex., discinesia tardia). Esses movimentos podem incluir marcha desajeitada, caretas e estereotipias. Uma vez que os gânglios da base e o cerebelo estão envolvidos no controle dos movimentos, doenças nessas áreas estão implicadas na fisiopatologia da esquizofrenia; - Os transtornos do movimento que envolvem os gânglios da base (p. ex., doença de Huntington, doença de Parkinson) são os mais comumente associados com psicose. Circuitos neurais (hipóteses): • Os gânglios da base e o cerebelo estão reciprocamente conectados aos lobos frontais, e as anormalidades na função do lobo frontal observadas em alguns estudos de imagem cerebral podem se dever a doença em qualquer uma dessas áreas além dos próprios lobos frontais; • Uma lesão no início do desenvolvimento dos tratos de dopamina para o córtex pré-frontal resulte no distúrbio da função do sistema pré-frontal e límbico e leve aos sintomas positivos e negativos e aos comprometimentos cognitivos observados em pacientes com esquizofrenia; • Circuito neural ligando o córtex pré-frontal e o sistema límbico: estudos demonstraram relação entre anormalidades morfológicas hipocampais e distúrbios no metabolismo ou na função do córtex pré-frontal (ou em ambos); • Dados de estudos de imagem funcional e estrutural em humanos sugerem que, enquanto a disfunção do circuito talamocortical dos gânglios da base cingulados está na base da produção de sintomas psicóticos positivos, a disfunção do circuito pré-frontal dorsolateral é subjacente à produção de sintomas primários, persistentes, negativos ou de déficit; • A observação da relação entre desempenho da memória de trabalho, integridade neuronal pré-frontal danificada, córtices parietal pré-frontal, cingulado e inferior alterados e fluxo sanguíneo hipocampal prejudicado fornece forte apoio à ruptura do circuito neural normal da memória de trabalho em pacientes com esquizofrenia. O envolvimento desse circuito, pelo menos para as alucinações auditivas, foi documentado em uma série de estudos de imagem funcional que comparam pacientes com e sem alucinação. Metabolismo cerebral: • Baixos níveis de fosfomonoésteres e de fosfato inorgânico; • Níveis mais altos de fosfodiésteres; Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Baixas concentrações de N-acetil aspartato, u maracdor de neurônios, no hipocampo e nos lobos frontais. Eletrofisiologia aplicada: • Estudos eletrencefalográficos indicam que muitos pacientes têm registros anormais, sensibilidade aumentada a procedimentos de ativação (p. ex., atividade de espícula frequente após privação do sono), atividade alfa diminuída, atividades teta e delta aumentadas, possibilidade de mais atividade epileptiforme do que o normal e, possivelmente, mais anormalidades do lado esquerdo; • Incapacidade de filtrar sons irrelevantes e têm extrema sensibilidade a ruídos de segundo plano. A inundação sonora resultante dificulta a concentração e pode ser um fator na produção de alucinações auditivas. Essa sensibilidade sonora pode estar associada a um defeito genético; • Epilepsia parcial complexa: - Psicoses semelhantes à esquizofrenia foram relatadas com mais frequência do que o esperado em pacientes com convulsões parciais complexas, especialmente envolvendo os lobos temporais. Os fatores associados com o desenvolvimento de psicose nesses pacientes incluem um foco convulsivo do lado esquerdo, localização da lesão na porção temporomedial e início precoce das convulsões; - Os sintomas de primeira linha descritos por Schneider podem ser semelhantes aos de indivíduos com epilepsia parcial complexa e refletir a presença de um transtorno do lobo temporal observado em pacientes com esquizofrenia. • Potenciais evocados: - P300: onda grande e positiva de potencial evocado que ocorre cerca de 300 milésimos de segundo após a detecção de um estímulo sensorial. A principal fonte da onda P300 pode estar localizada nas estruturas do sistema límbico dos lobos temporomediais. Foi relatado que, em pacientes com esquizofrenia, o P300 é estatisticamente menor do que em grupos de comparação, e suas anormalidades também são mais comuns em crianças com alto risco de esquizofrenia por terem pais afetados; - N100 e variação negativa contingente: O primeiro é uma onda negativa que ocorre cerca de 100 milésimos de segundo após o estímulo, e a segunda é uma mudança de voltagem negativa de desenvolvimento lento após a apresentação de um estímulo sensorial que alerta para outro estímulo iminente; - Embora os pacientes com esquizofrenia sejam incomumente sensíveis a estímulos sensoriais (potenciais evocados iniciais maiores), compensam essa maior sensibilidade embotando o processamento dainformação nos níveis corticais superiores (indicado por potenciais evocados posteriores menores). Disfunção dos movimentos oculares: A incapacidade de acompanhar um alvo visual em movimento com precisão é a base definidora dos transtornos do rastreamento visual contínuo e da desinibição dos movimentos oculares sacádicos vistos em pacientes com esquizofrenia. A disfunção dos movimentos oculares pode ser um marcador de traço para a doença, pois é independente do tratamento medicamentoso e do estado clínico e também é vista em parentes em primeiro grau de probandos afetados. Psiconeuroimunologia: • Diversas anormalidades imunológicas foram associadas a indivíduos com esquizofrenia, entre elas: - Diminuição da produção de interleucina-2 pelas células T; - Redução do número e da responsividade dos linfócitos periféricos; - Reatividade celular e humoral anormal a neurônios; - Presença de anticorpos direcionados ao cérebro (anticerebrais). • A possibilidade de anticorpos cerebrais autoimunes tem alguns dados confirmatórios, mas o processo fisiopatológico, se é que existe, provavelmente explica apenas um subconjunto da população com esquizofrenia. Psiconeuroendocrinologia: • Alguns dados sugerem diminuição nas concentrações do hormônio luteinizante e do hormônio folículo-estimulante (LH/FSH), talvez correlacionada com a idade de início e a duração da doença; • Duas anormalidades adicionais relatadas podem estar correlacionadas à presença de sintomas negativos: liberação embotada de prolactina e de hormônio do crescimento com estimulação do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) ou hormônio liberador da tireotrofina (TRH) e liberação embotada de hormônio do crescimento com estimulação de apomorfina. DIAGNÓSTICO: • A presença de alucinações ou delírios não é necessária para um diagnóstico de esquizofrenia. O transtorno é diagnosticado como esquizofrenia quando o pct exibe dois dos sintomas listados em 1 a 5 do critério A; Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • O critério B requer que o funcionamento comprometido, embora não as deteriorações, esteja presente durante a fase ativa da doença; • Os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, e não deve haver um diagnóstico de transtorno esquizoafetivo ou transtorno do humor. Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 SUBTIPOS: Obs.: Os subtipos não são mais usados pelo DSM-5, no entanto ainda estão presentes na CID-10, possui significância clínica e são bastante utilizados por médicos nos EUA e em outros países para descrever a fenomenologia da esquizofrenia. • Caracteriza-se pela preocupação com um ou mais delírios ou alucinações auditivas frequentes; • Classicamente, é marcado sobretudo pela presença de delírios de perseguição ou grandeza; • Esses pcts costumam ter seu primeiro episódio da doença em idade mais avançada do que aqueles com os tipos catatônico ou desorganizado; • Pacientes nos quais a esquizofrenia ocorre no fim da segunda ou terceira décadas de vida em geral já estabeleceram uma vida social que pode ajudá-los a enfrentar a doença, e seus recursos de ego tendem a ser maiores do que os de afetados por esquizofrenia catatônica e desorganizada. Além disso, demonstram menos regressão de suas faculdades mentais, de respostas emocionais e de comportamento do que em outros tipos do transtorno. • Esses pcts tendem a ser tensos, desconfiados, cautelosos, reservados e, às vezes, hostis ou agressivos, mas também ocasionalmente capazes de se comportar de forma adequada em algumas situações sociais; • Sua inteligência nas áreas que não são invadidas pela psicose tende a permanecer intacta. • Caracterizado por regressão acentuada para um comportamento primitivo, desinibido e desordenado e pela ausência de sintomas que satisfaçam os critérios para o tipo catatônico; • Seu início costuma ser precoce, ocorrendo antes dos 25 anos de idade; • Em geral, esses indivíduos são ativos, mas de uma forma não construtiva, sem objetivo; • O transtorno do pensamento é pronunciado, e o contato com a realidade é pobre; • A aparência pessoal é desleixada, e o comportamento social e as respostas emocionais são inadequados, com frequência explodindo em risos sem nenhuma razão aparente; • Sorrisos e caretas incongruentes também são comuns nesses pcts, cujo comportamento pode ser mais bem descrito como tolo ou insensato. • Sua característica clássica é um distúrbio acentuado da função motora, que pode envolver estupor, negativismo, rigidez, excitação ou posturas bizarras; • Por vezes, o pct exibe alternância rápida entre extremos de excitação e estupor; • Características associadas: estereotipias, maneirismos e flexibilidade cérea; • O mutismo é particularmente comum; • Durante a excitação catatônica, os pacientes necessitam de supervisão constante para impedir que machuquem a si mesmos ou outras pessoas; • Pode ser necessário atendimento médico devido a desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou autolesões. • Com frequência, pacientes que claramente têm esquizofrenia não podem ser enquadrados em um subtipo com tanta facilidade. Eles são classificados com esquizofrenia do tipo indiferenciado. • Caracteriza-se por evidências contínuas do transtorno na ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas suficientes para satisfazer o diagnóstico de outro tipo de esquizofrenia; • Embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico e frouxidão leve das associações são comuns nesse tipo; • Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são proeminentes nem acompanhados de reações afetivas significativas. Bouffée delirante (psicose delirante aguda): • Esse conceito diagnóstico francês difere do diagnóstico de esquizofrenia sobretudo com base na duração dos sintomas de menos de três meses. Ele é semelhante ao transtorno esquizofreniforme do DSM-5; • Os médicos franceses relatam que cerca de 40% dos pacientes com diagnóstico de bouffée délirante progridem na doença e acabam sendo classificados com esquizofrenia. Tipo Paranoide Tipo Desorganizado Tipo Catatônico Tipo Indiferenciado Tipo Residual Outros tipos Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 Latente: • O conceito de esquizofrenia latente foi desenvolvido em uma época na qual os teóricos concebiam o transtorno em termos diagnósticos amplos. Atualmente, os pacientes devem ter uma doença mental muito grave para justificar um diagnóstico de esquizofrenia; • Esquizofrenia latente, por exemplo, muitas vezes era o diagnóstico usado para o que agora é denominado transtorno da personalidade esquizoide, esquizotípica ou borderline. Esses pacientes, algumas vezes, podem exibir comportamentos peculiares ou transtornos do pensamento, mas não manifestam sintomas psicóticos de forma consistente; • No passado, a síndrome também era denominada esquizofrenia borderline. Oniroide: • Refere-se a um estado de sonho no qual os pacientes podem se encontrar em profunda perplexidade e não completamente orientados em termos de tempo e lugar; • O termo esquizofrenia oniroide tem sido usado para pacientes tão profundamente envolvidos em suas experiências alucinatórias a ponto de excluir qualquer envolvimento com o mundo real; • Na presença desse estado, os médicos devem ter o cuidado de investigar causas clínicas ou neurológicas para os sintomas. Parafrenia: • Esse termo é usado às vezes como sinônimo de esquizofrenia paranoide ou para indicar um curso progressivamente deteriorante da doença ou a presença de um sistema delirante bem-sistematizado; • Os múltiplos significados do termo o tornam ineficaz na comunicação de informações. Esquizofrenia pseudoneurótica: • Hoje é diagnosticada como personalidade borderline;• Pacientes que inicialmente apresentam sintomas de ansiedade, fobias, obsessões e compulsões, podem apresentar sintomas de transtorno do pensamento e psicose; • Esses pcts são caracterizados por pan-ansiedade, panfobia, pan-ambivalência e, às vezes, sexualidade caótica; • Apresentam ansiedade flutuante que dificilmente desaparece; • Raramente apresentam sintomas psicóticos explícitos e graves. Transtorno deteriorante simples (esquizofrenia simples): • Caracterizado por uma perda insidiosa e gradual do impulso e da ambição; • Em geral, não são francamente psicóticos e não vivenciam alucinações ou delírios persistentes; • Sintoma principal: retraimento das situações sociais e relacionadas ao trabalho; • Deve ser diferenciado da depressão, de uma fobia, de uma demência ou de uma exacerbação de traços de personalidade. Transtorno depressivo pós-psicótico da esquizofrenia: • Após um episódio agudo de esquizofrenia, alguns pcts se tornam deprimidos; • Os sintomas podem lembrar muito os da fase residual da esquizofrenia e os efeitos adversos de antipsicóticos de uso comum; • O diagnóstico não deve ser feito se os sintomas forem induzidos por substâncias ou se fizerem parte de um transtorno do humor devido a uma condição clínica geral; • Os estados depressivos ocorrem em até 25% dos pcts com esquizofrenia e estão associados com um risco maior de suicídio. Esquizofrenia de início precoce: • Pequeno número de pcts manifesta esquizofrenia na infância; • Há dificuldade para diagnosticar, principalmente devido à diferenciação de retardo mental e de transtorno autista; • O diagnóstico de esquizofrenia na infância pode se basear nos mesmos sintomas usados para avaliar adultos; • Se início é geralmente insidioso, o curso tende a ser crônico, e o prognóstico é, em grande parte, desfavorável. Esquizofrenia deficitária: • Caracterizada por sintomas negativos persistentes, idiopáticos; Obs.: Considera-se que os indivíduos apresentando esquizofrenia com sintomas positivos têm esquizofrenia não deficitária. • Curso da doença mais grave, com prevalência mais alta de movimentos involuntários anormais antes da administração de medicamentos antipsicóticos e funcionamento social mais pobre antes do início dos sintomas psicóticos; • O início do primeiro episódio psicótico é insidioso; • Menor taxa de recuperação das funções a longo prazo; • Menor probabilidade de casar-se; Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Apesar de seu nível mais pobre de funcionamento e de maior isolamento social, ambos os quais devem aumentar o estresse e, portanto, o risco de depressão grave, pacientes deficitários parecem ter risco menor de depressão maior e provavelmente também menor risco de suicídio; • Fatores de risco: excesso de nascimentos no verão, maior risco familiar de esquizofrenia e, de características deficitárias leves nos parentes não psicóticos; • Mais prevalente em homens; • A falta de motivação, a falta de interesse, o maior comprometimento cognitivo e a natureza antissocial enfraquecem a eficácia das intervenções psicossociais, bem como a adesão aos regimes medicamentosos. O comprometimento cognitivo, que é maior do que o de indivíduos não deficitários, também contribui para essa falta de eficácia. TESTAGEM PSICOLÓGICA: • Em geral, há desempenho deficiente em uma ampla variedade de testes neuropsicológicos; • Aspectos mais afetados: vigilância, memória e formação de conceitos; → envolvimento patológico do córtex frontotemporal • Podem ser achados: disfunção bilateral dos lobos frontal e temporal, incluindo comprometimentos da atenção, do tempo de retenção e da capacidade de resolução de problemas; • A capacidade motora também é comprometida, possivelmente devido à assimetria cerebral. TESTES DE INTELIGÊNCIA: • Tendem a apresentar pontuação mais baixa; • Estatisticamente, as evidências indicam que a baixa inteligência muitas vezes está presente desde o início do transtorno, podendo continuar a se deteriorar com a progressão da doença. TESTES PROJETIVOS E DE PERSONALIDADE: • Testes projetivos, como o teste de Rorschach e o Teste de Apercepção Temática (TAT), podem indicar ideação bizarra; • Inventários de personalidade, como o Inventário Multifásico da Personalidade de Minnesota (MMPI), têm resultados anormais na esquizofrenia, mas sua contribuição para o diagnóstico e o planejamento do tratamento é mínima. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: • Não há nenhum sinal patognomônico na esquizofrenia; • A história do paciente é essencial ao diagnóstico; • Os sintomas do pct mudam ao longo do tempo; • Os médicos devem levar em conta o nível de escolaridade do paciente, sua capacidade intelectual e sua identidade cultural e subcultural. SINAIS E SINTOMAS PRÉ-MÓRBIDOS: • Aparecem antes da fase prodrômica da doença; • Na história pré-mórbida típica, porém não invariável, da esquizofrenia, os pacientes tinham personalidade esquizoide ou esquizotípica; - Caracterizados como quietos, passivos e introvertidos; na infância, tinham poucos amigos; - Adolescentes pré-esquizofrênicos podem não ter amigos próximos, nem interesses românticos, e também evitar esportes de equipe. Muitas vezes, preferem assistir a filmes ou televisão, escutar música ou jogar games de computador a participar de atividades sociais. Alguns pacientes adolescentes podem exibir início súbito de comportamento obsessivo-compulsivo como parte do quadro prodrômico. • Os sinais podem ter iniciado com queixas de sintomas somáticos, tais como dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares, fraqueza e problemas digestivos, e o diagnóstico inicial pode ser simulação, síndrome da fadiga crônica ou transtorno de somatização; Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Durante esse estágio, um indivíduo pode começar a desenvolver um interesse por ideias abstratas, filosofia e por questões ocultas ou religiosas; • Outros sinais e sintomas prodrômicos incluem comportamento acentuadamente excêntrico, afeto anormal, discurso incomum, ideias bizarras e experiências perceptuais estranhas. EXAME DO ESTADO MENTAL: • Aparência: pode variar de uma pessoa completamente desleixada, aos gritos e agitada até alguém obsessivamente arrumado, silencioso e imóvel; • Entre esses dois polos, os pacientes podem ser falantes ou exibir posturas bizarras. Seu comportamento pode se tornar agitado ou violento sem motivo aparente, mas isso costuma ocorrer em resposta a alucinações; • Estupor catatônico/catatonia: - Eles parecem não dar sinal de vida e podem exibir indícios como mutismo, negativismo e obediência automática; - Um pct com um subtipo menos extremo da catatonia pode exibir retraimento social e egocentrismo acentuados, ausência de fala ou movimentos espontâneos e ausência de fala ou movimentos espontâneos e ausência de comportamento dirigido a um objetivo. • Jeito desengonçado ou rigidez dos movimentos corporais; → indicadores de processo patológico dos gânglios da base • Muitas vezes, são pessoas desleixadas, não tomam banho e se vestem com roupas quentes demais para as temperaturas do momento; • Tiques, estereotipias, maneirismos e, em alguns casos, ecopraxia, na qual imitam a postura ou os comportamentos do examinador. Humor, sentimentos e afeto: • Sintomas afetivos comuns: - Responsividade emocional reduzida, às vezes grave o bastante para justificar o rótulo de anedonia; - Emoções exageradamente ativas e impróprias, tais como extremos de raiva, felicidade e ansiedade; • O afeto plano ou embotado pode ser um sintoma da própria doença, dos efeitos adversos parkinsonianos de medicamentos antipsicóticos ou de depressão; • Pacientes emotivos em excesso podem descrever sentimentos exultantes de onipotência, êxtase religioso, terror devido à desintegração de suasalmas ou ansiedade paralisante em relação à destruição do universo; • Outras nuanças de sentimento incluem perplexidade, sensação de isolamento, ambivalência extrema e depressão. Distúrbios perceptuais: • Alucinações: - Pode afetar qualquer dos cinco sentidos, mas são mais comuns as alucinações auditivas, com vozes muitas vezes ameaçadoras, obscenas, acusatórias ou ofensivas. Duas ou mais vozes podem conversar entre si, ou uma voz pode comentar a vida ou o comportamento da pessoa; - A alucinações visuais também são comuns, enquanto as demais devem levar o médico a considerar a possibilidade de um problema clínico ou neurológico subjacente; - Alucinações cenestésicas: São sensações infundadas de estados alterados em órgãos do corpo. Os exemplos incluem sensação de queimação no cérebro, sensação de pressão nos vasos sanguíneos e sensação cortante na medula óssea. Distorções corporais também podem ocorrer. • Ilusões: - Podem ocorrer durante as fases ativas, mas também ao longo das fases prodrômicas e dos períodos de remissão; - Sempre que ocorrem ilusões ou alucinações, os médicos devem levar em conta a possibilidade de que a causa dos sintomas esteja relacionada a uma substância, mesmo quando o paciente já recebeu um diagnóstico de esquizofrenia. • Pensamento: - Os transtornos do pensamento podem ser sintomas centrais da esquizofrenia; - Conteúdo: Refletem as ideias, crenças e interpretações de estímulos do paciente. Os delírios, o exemplo mais óbvio de transtorno do conteúdo do pensamento, são variados na esquizofrenia e podem assumir formas persecutórias, grandiosas, religiosas ou somáticas. A expressão perda dos limites do ego descreve a ausência de noção clara de onde terminam o corpo, a mente e a influência do indivíduo e onde começam os limites de outros elementos animados e inanimados. Por exemplo, os pacientes podem pensar que outras pessoas, a televisão ou os jornais estão se referindo a eles (ideias de referência). Outros sintomas da perda dos limites do ego incluem a sensação de que a pessoa se fundiu fisicamente a um objeto externo (p. ex., uma árvore ou outra pessoa) ou que se desintegrou e se fundiu ao universo inteiro (identidade cósmica). Nesse estado mental, alguns indivíduos com Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 esquizofrenia têm dúvidas quanto a seu sexo ou sua orientação sexual. - Forma: Os transtornos da forma do pensamento são observáveis de modo objetivo na linguagem falada e escrita dos pacientes e incluem frouxidão de associações, descarrilamento, incoerência, tangencialidade, circunstancialidade, neologismos, ecolalia, verbigeração, salada de palavras e mutismo. Obs.: O pensamento de uma pessoa com esquizofrenia é caracterizado, simultaneamente, por uma concretude e simbolismo excessivos. - Processo de pensamento: Os transtornos no processo de pensamento dizem respeito ao modo como as ideias e a linguagem são formuladas. incluem fuga de ideias, bloqueio do pensamento, comprometimento da atenção, pobreza de conteúdo do pensamento, baixa capacidade de abstração, perseveração, associações idiossincrásicas (p. ex., predicados idênticos, associações por sons), inclusão excessiva e circunstancialidade. O controle dos pensamentos, no qual forças externas controlam o que o paciente pensa ou sente, é comum, bem como a irradiação de pensamentos, na qual ele acredita que outras pessoas podem ler sua mente ou que seus pensamentos são transmitidos pela televisão ou pelo rádio. Impulsividade, violência, suicídio e homicídio: • Pacientes com esquizofrenia podem ser agitados e ter pouco controle dos impulsos quando em surto; • Também podem ter menos sensibilidade social e aparentar impulsividade. Alguns comportamentos aparentemente impulsivos, incluindo tentativas de suicídio e homicídio, podem ocorrer em resposta a alucinações que comandam o paciente a agir; • Violência: - O comportamento violento (excluindo o homicídio) é comum entre indivíduos com esquizofrenia não tratados; - Delírios de natureza persecutória, episódios anteriores de violência e déficits neurológicos são fatores de risco para o comportamento violento ou impulsivo; - Tratamento: inclui medicamentos antipsicóticos apropriados, e o tratamento de emergência consiste em contenção e isolamento. A sedação aguda com lorazepam, 1 a 2 mg por via intramuscular, repetida a cada hora conforme o necessário, pode ser essencial para impedir que o paciente ataque outras pessoas. • Suicídio: - Principal causa de morte prematura entre pessoas com esquizofrenia; - Com frequência, o suicídio na esquizofrenia parece ocorrer “do nada”, sem avisos prévios ou expressões verbais de intenção. O fator mais importante é a presença de um episódio depressivo maior; - Alguns dados sugerem que aqueles com o melhor prognóstico (poucos sintomas negativos, preservação da capacidade de vivenciar afetos, melhor pensamento abstrato) podem paradoxalmente também ter um risco mais alto de suicídio; - O perfil do paciente com maior risco é um homem jovem que já teve altas expectativas, declinou de um nível superior de funcionamento, percebeu a probabilidade de seus sonhos nunca se realizarem e perdeu a fé na eficácia do tratamento. - Outras possíveis contribuições para a alta taxa de suicídio incluem alucinações de comando e abuso de drogas; - Um grande estudo farmacológico sugere que a clozapina possa ter particular eficácia na redução da ideação suicida em pacientes afetados pelo transtorno com hospitalizações anteriores por tentativa de suicídio. Foi demonstrado que medicamentos antidepressivos adjuvantes são eficazes para aliviar a depressão maior concomitante na esquizofrenia. • Homicídio: esses pacientes não têm mais probabilidade de cometer homicídios do que um membro da população em geral. O homicídio cometido por um indivíduo com esquizofrenia pode ter razões imprevisíveis ou bizarras, baseadas em alucinações ou delírios. Os possíveis preditores de atividade homicida são história de violência, comportamento perigoso durante a hospitalização e alucinações ou delírios envolvendo esse tipo de violência. Sensório e cognição: • Orientação: - Geralmente são orientados em relação a pessoa, tempo e lugar. A ausência dessa orientação deve levar o médico a investigar a possibilidade de um transtorno cerebral de causa médica geral ou neurológica; - Alguns desses pacientes podem dar respostas incorretas ou bizarras a perguntas sobre orientação, como, por exemplo: “Eu sou Jesus Cristo; isto é o Paraíso; e o ano é 35 d.C.” Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Memória: Costuma estar intacta, mas pode haver deficiências cognitivas menores. • Comprometimento cognitivo: - Pacientes com esquizofrenia normalmente exibem disfunção cognitiva sutil nas esferas de atenção, função executiva, memória de trabalho e memória episódica; - Esses comprometimentos não funcionam como instrumentos diagnósticos, mas estão fortemente relacionados ao desfecho funcional da doença e, por essa razão, têm valor clínico como variáveis prognósticas, bem como para o planejamento do tratamento; - O comprometimento cognitivo parece já estar presente quando os indivíduos têm seu primeiro episódio e parece permanecer, em grande parte, estável ao longo do curso inicial da doença; - Comprometimentos cognitivos também estão presentes em formas atenuadas em parentes não psicóticos de pacientes com esquizofrenia. • Julgamento e insight: Classicamente, indivíduos com esquizofrenia são descritos com insight pobre sobre a natureza e a gravidade de seu transtorno. O que reflete na falta de adesão ao tratamento. • Confiabilidade: Um paciente com esquizofrenia não é menos confiável do que qualquer outro paciente psiquiátrico. A natureza do transtorno,no entanto, requer que o examinador verifique informações importantes por meio de fontes adicionais. Comorbidade somática: • Achados neurológicos: - Sinais neurológicos focais e não focais (também conhecidos como sinais fortes e fracos, respectivamente); - Sinais focais: disdiadococinesia, estereognosia, reflexos primitivos e destreza diminuída; - A presença de sinais e sintomas neurológicos está correlacionada com maior gravidade da doença, embotamento afetivo e um prognóstico insatisfatório; - Outros sinais neurológicos anormais incluem tiques, estereotipias, caretas, habilidades motoras finas comprometidas, tônus motor anormal e movimentos anormais. • Exame ocular: Além do transtorno do rastreamento ocular contínuo (movimento sacádico), pacientes com esquizofrenia têm taxa elevada de pestanejo, que se acredita ser reflexo de atividade hiperdopaminérgica. • Fala: - Embora sejam classicamente considerados indicadores de um transtorno do pensamento, os transtornos da fala na esquizofrenia (p. ex., frouxidão de associações) também podem indicar uma forme fruste de afasia, talvez implicando o lobo parietal dominante. A incapacidade dos pacientes afetados de perceber a prosódia da fala ou de dar inflexão a sua própria fala pode ser vista como um sintoma neurológico de um transtorno do lobo parietal não dominante; - Outros sintomas semelhantes incluem a incapacidade de realizar tarefas (i.e., apraxia), desorientação direita- esquerda e falta de preocupação com a doença. Outras comorbidades: • Obesidade; • Diabetes melito; • Doenças cardiovasculares; • HIV; • DPOC; • Artrite reumatoide. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Transtornos psicóticos secundários: • Uma ampla gama de condições médicas não psiquiátricas e uma variedade de substâncias podem induzir sintomas de psicose e catatonia; • O diagnóstico mais apropriado para esses casos é o de transtorno psicótico devido a uma condição médica geral, transtorno catatônico devido a uma condição médica geral ou transtorno psicótico induzido por substâncias. Outros transtornos psicóticos: • Transtorno esquizofreniforme: difere da esquizofrenia porque seus sintomas têm duração de pelo menos um mês, mas menos de seis; • Transtorno psicótico breve: é o diagnóstico apropriado quando os sintomas duram pelo menos um dia, mas menos de um mês, e o paciente não retorna ao estado pré-mórbido de funcionamento nesse período. Também pode haver um evento traumático precipitante; • Transtorno esquizoafetivo: Quando uma síndrome maníaca ou depressiva se desenvolve ao mesmo tempo que os sintomas principais da esquizofrenia; Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Transtorno delirante: Delírios não bizarros presentes por pelo menos um mês sem outros sintomas de esquizofrenia ou transtorno do humor. Trantornos do humor: • Um paciente com um episódio depressivo maior pode se apresentar com delírios e alucinações, tenha ele um transtorno do humor unipolar ou bipolar; • Os delírios vistos na depressão psicótica são normalmente congruentes com o humor e envolvem temas como culpa, autodepreciação, punição merecida e doenças incuráveis. • Nesses transtornos, os sintomas psicóticos podem se resolver por completo com a resolução da depressão; • Um episódio depressivo grave pode também resultar em perda de funcionamento, declínio no autocuidado e isolamento social, mas estes são secundários aos sintomas depressivos e não devem ser confundidos com os sintomas negativos da esquizofrenia; • Um episódio maníaco plenamente desenvolvido muitas vezes se apresenta com delírios e às vezes com alucinações. Os delírios na mania são com muita frequência congruentes com o humor e em geral envolvem temas de grandeza. A fuga de ideias vista na mania às vezes pode ser confundida com o transtorno do pensamento da esquizofrenia. Transtornos da personalidade: • Os tipos esquizotípico, esquizoide e borderline são os que apresentam sintomas mais semelhantes; • Um transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva grave pode mascarar um processo esquizofrênico subjacente; • Os transtornos da personalidade, diferentemente da esquizofrenia, têm sintomas leves e história de ocorrência durante toda a vida; eles também não têm uma data de início precisa. Simulação e transtornos factícios: Para um paciente que imita os sintomas da esquizofrenia, mas não tem de fato o transtorno, simulação ou transtorno factício podem ser os diagnósticos apropriados. Pacientes que estão controlando completamente a produção de seus sintomas podem ter um diagnóstico de simulação. A condição de pacientes que têm menos controle da falsificação de sintomas psicóticos pode indicar um diagnóstico de transtorno factício. CURSO E PROGNÓSTICO: Curso: • De forma característica, os sintomas começam na adolescência e são seguidos pelo desenvolvimento de sintomas prodrômicos em um intervalo de dias a alguns meses; • Alterações sociais ou ambientais, tais como a mudança para cursar universidade em outra cidade, o uso de uma substância ou a morte de um parente, podem precipitar os sintomas perturbadores, e a síndrome prodrômica pode durar um ano ou mais antes do início de sintomas psicóticos manifestos; • O curso clássico da esquizofrenia é de exacerbações e remissões; • Após o primeiro episódio psicótico, o paciente se recupera de forma gradual e funciona de modo relativamente normal por um longo tempo; • As recaídas são comuns, e o padrão da doença durante os primeiros cinco anos após o diagnóstico em geral indica o curso do paciente; • A deterioração do funcionamento basal é cada vez maior após cada recaída da psicose. Esse fracasso em retornar ao nível anterior de funcionamento é a principal distinção entre a esquizofrenia e os transtornos do humor; • Os sintomas positivos tendem a tornar-se menos graves com o tempo, mas a gravidade dos sintomas negativos ou deficitários socialmente debilitantes, pode piorar. Prognóstico: Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 TRATAMENTO: Hospitalização: • Indicada para: - Fins de diagnóstico; - Estabilização da medicação; - Segurança do paciente devido a ideação suicida ou homicida; - Comportamento flagrantemente desorganizado ou inadequado, incluindo a incapacidade de cuidar das necessidades básicas, como alimentação, vestuário e abrigo. • Estabelecer uma associação efetiva entre o paciente e os sistemas de apoio da comunidade também é um dos objetivos da hospitalização; • Hospitalizações curtas de 4 a 6 semanas são tão eficazes quanto as longas, e o ambiente hospitalar com abordagens comportamentais ativas produz melhores resultados do que as instituições de custódia; • Os planos de tratamento hospitalar devem ser orientados para questões práticas de cuidados pessoais, qualidade de • vida, emprego e relações sociais. Durante a hospitalização, deve-se orientar e articular contatos entre o paciente e as pessoas ou instituições que serão responsáveis pelos cuidados após a alta, incluindo a família, pensões protegidas e casas de passagem. Centros de atendimento diários e visitas domiciliares de terapeutas às vezes ajudam os pacientes a permanecer fora do hospital por longos períodos, melhorando a qualidade de suas vidas diárias. Farmacoterapia: • Os antipsicóticos diminuem a expressão do sintoma psicótico e reduzem as taxas de recaída. Aproximadamente 70% de pacientes tratados com qualquer antipsicótico alcançam a remissão; • Os medicamentos usados para tratar a esquizofrenia têm uma ampla variedade de propriedades farmacológicas, mas todos têm em comum a capacidade de antagonizar os receptores de dopamina pós-sinápticos no cérebro; • Os antipsicóticos podem ser classificados em dois grupos principais: os convencionais, mais antigos, quetambém são chamados de antipsicóticos de primeira geração, ou antagonistas do receptor de dopamina, e os mais recentes, que têm sido chamados de antipsicóticos de segunda geração, ou antagonistas de serotonina e dopamina (ASDs). Fases do tratamento da esquizofrenia: TRATAMENTO DA PSICOSE AGUDA: • Concentra-se em aliviar os sintomas psicóticos mais graves; • Em geral dura 4 a 8 semanas; • A esquizofrenia aguda normalmente está associada com agitação grave, que pode resultar de sintomas como delírios assustadores, alucinações ou desconfiança ou de outras causas (incluindo abuso de estimulantes; • Pode ser difícil diferenciar acatisia de agitação psicótica, em particular quando os pacientes são incapazes de descrever sua experiência interna. Se eles estiverem recebendo um agente com efeitos colaterais extrapiramidais, geralmente um antipsicótico de primeira geração, uma tentativa com um medicamento antiparkinsoniano anticolinérgico, um benzodiazepínico ou propranolol pode ser útil para fazer essa diferenciação; • Os antipsicóticos e os benzodiazepínicos podem acalmar os pacientes com bastante rapidez. Com aqueles muito agitados, a administração intramuscular de antipsicóticos produz um efeito mais rápido; • Antipsicóticos: - Vantagem: uma única injeção IM de haloperidol, flufenazina, olanzapina ou ziprasidona, muitas vezes, resultará em efeito calmante sem sedação excessiva; - Os antipsicóticos de baixa potência estão com frequência associados com sedação e hipotensão postural, particularmente quando são administrados por via intramuscular; - Ziprasidona e olanzapina intramusculares são semelhantes a seus equivalentes orais em não causar efeitos colaterais extrapiramidais substanciais durante o tratamento agudo. Isso pode ser uma vantagem importante em relação ao haloperidol ou à flufenazina, que podem causar distonias ou acatisia assustadoras em alguns pacientes; - Uma formulação oral de rápida dissolução de olanzapina também pode ser útil como uma alternativa a uma injeção intramuscular. • Benzodiazepínicos: - O lorazepam tem a vantagem de uma absorção confiável quando administrado por via oral ou intramuscular; - O uso de benzodiazepínicos também pode reduzir a quantidade de antipsicótico necessária para controlar pacientes psicóticos. Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 TRATAMENTO DURANTE AS FASES DE ESTABILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO: • Objetivos: revenir recaída psicótica e ajudar os pacientes a melhorar seu nível de funcionamento; • Nessa fase, os pacientes em geral estão em um estado relativo de remissão, apenas com sintomas psicóticos mínimos; • Pacientes estáveis que são mantidos com um antipsicótico têm uma taxa de recaída muito mais baixa do que aqueles que têm seus medicamentos descontinuados; • Em geral, é recomendado que pacientes com episódios múltiplos recebam tratamento de manutenção por pelo menos cinco anos, e muitos especialistas recomendam a farmacoterapia por tempo indeterminado. TRATAMENTO DOS EFEITOS COLATERAIS: • Para medicamentos de baixa potência, é provável que esses efeitos colaterais incluam sedação, hipotensão postural e efeitos anticolinérgicos, enquanto os de alta potência tendem a causar efeitos colaterais extrapiramidais. Efeitos colaterais extrapiramidais: • Reduzir a dose do antipsicótico (geralmente é um ARD); • Adicionar um medicamento antiparkinsoniano (os anticolinérgicos são os mais eficazes); • Mudar o pct para um ASD, que tem menos probabilidade de causas esses efeitos; • Os -bloqueadores de ação central, como o propranolol, costumam ser eficazes para tratar acatisia. A maioria dos pacientes responde a dosagens de 30 e 90 mg por dia; • No caso de antipsicóticos convencionais estarem sendo prescritos, os médicos podem considerar prescrever medicamentos antiparkinsonianos profiláticos para pacientes com probabilidade de experimentar efeitos colaterais extrapiramidais perturbadores. Estes incluem os que têm uma história de sensibilidade a esses efeitos e aqueles que estão sendo tratados com doses relativamente altas de agentes de alta potência. Medicamentos antiparkinsonianos profiláticos também podem ser indicados quando agentes de alta potência são prescritos para homens jovens que apresentam maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de distonias; • A risperidona pode causar efeitos colaterais extrapiramidais mesmo em doses baixas – por exemplo, 0,5 mg –, mas a gravidade e o risco são maiores com doses mais altas – por exemplo, mais de 6 mg; • A olanzapina e a ziprasidona também estão associadas com parkinsonismo e acatisia relacionados à dose. Discinesia tardia: • Aproximadamente 20 a 30% dos pacientes em tratamento de longo prazo com um ARD convencional exibirão sintomas de discinesia tardia; • As recomendações para prevenir e tratar discinesia tardia incluem: (1) usar a dose efetiva mais baixa de antipsicótico; (2) prescrever com cautela para crianças, idosos e indivíduos com transtornos do humor; (3) examinar os pacientes regularmente para evidência desse efeito colateral; (4) considerar alternativas ao antipsicótico que está sendo utilizado e considerar redução da dosagem quando a condição for diagnosticada; (5) considerar uma série de opções se ela piorar, incluindo a descontinuação do antipsicótico ou mudança para um agente diferente. Foi demonstrado que a clozapina é eficaz para reduzir discinesia tardia grave ou distonia tardia. Outros efeitos colaterais: • Sedação e hipotensão postural podem ser efeitos colaterais importantes para pacientes que estão sendo tratados com ARDs de baixa potência, como perfenazina. Esses efeitos são, muitas vezes, mais graves durante o ajuste da dosagem inicial desses medicamentos como resultado, pacientes tratados com esses medicamentos – particularmente com clozapina – podem levar semanas até alcançar uma dose terapêutica. Embora a maioria dos indivíduos desenvolva tolerância a sedação e hipotensão postural, a sedação pode continuar sendo um problema. Nestes, a sonolência diurna pode interferir nas tentativas de retornar à vida na comunidade. • Todos os ARDs, bem como os ASDs, elevam os níveis de prolactina, o que pode resultar em galactorreia e menstruação irregular. Elevações de longo prazo na prolactina e a resultante supressão no hormônio liberador da gonadotrofina podem causar supressão nos hormônios gonadais. Monitorização da saúde em pcts recebendo antipsicóticos: Devido aos efeitos dos ASDs sobre o metabolismo de insulina, os psiquiatras devem monitorar uma série de indicadores de saúde, incluindo IMC, glicose sanguínea de jejum e perfis de lipídeos. Os pacientes devem ser pesados, e seus IMCs calculados, em cada consulta por seis meses após uma mudança de medicação. Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 Efeitos colaterais da clozapina: • O efeito colateral mais grave é a agranulocitose. O risco de desenvolver esse efeito é bem mais baixo após o primeiro ano de exposição; • Há também risco mais alto de convulsões do que outros antipsicóticos. Pacientes que desenvolvem convulsões com esse fármaco em geral podem ser tratados com redução da dose e adição de um anticonvulsivante, geralmente valproato; • Outros efeitos colaterais: miocardite, hipersalivação, sedação, taquicardia, ganho de peso, diabetes, febre e hipotensão postural. OUTRAS TERAPIAS: • Biológicas: ECT; • Psicossociais: - Treinamento de habilidades sociais; - Terapia de família; - Gestão de caso; - Tratamento assertivo na comunidade; - Terapia de grupo; - Terapia cognitivo-comportamental; - Psicoterapia individual; - Terapia pessoal; - Terapia comportamental dialética; - Terapia vocacional; - Arteterapia; - Treinamento cognitivo. • O transtorno esquizoafetivo tem características tanto daesquizofrenia como dos transtornos do humor; • Nos sistemas diagnósticos atuais, os pacientes podem receber esse diagnóstico se puderem se encaixar em uma das seis categorias seguintes: (1) pacientes com esquizofrenia que têm sintomas de humor; (2) pacientes com transtorno do humor que têm sintomas de esquizofrenia; (3) pacientes com transtorno do humor e esquizofrenia; (4) pacientes com uma terceira psicose não relacionada a esquizofrenia e a transtorno do humor; (5) pacientes cujo transtorno se encontra em um continuum entre esquizofrenia e transtorno do humor; (6) pacientes com alguma combinação dos critérios citados. EPIDEMIOLOGIA: A prevalência do transtorno esquizoafetivo ao longo da vida é de menos de 1%, possivelmente entre 0,5 e 0,8%. Na prática clínica, um diagnóstico preliminar de transtorno esquizoafetivo costuma ser usado quando o médico não tem certeza do diagnóstico. Diferenças de gênero e idade: • Bipolar: - Números aproximadamente iguais entre homens e mulheres; - Pode ser mais comum em adultos jovens. • Depressão: - São duas vezes mais prevalentes em mulheres do que em homens; - Pode ser mais comum em pessoas mais velhas. • A idade de início para mulheres é mais tardia do que para os homens, como na esquizofrenia; • Os homens com transtorno esquizoafetivo tendem a exibir comportamento antissocial e a ter um afeto marcadamente plano ou inadequado. Transtorno Esquizoafetivo Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 ETIOLOGIA: • A causa do transtorno esquizoafetivo é desconhecida. Embora grande parte das pesquisas familiares e genéticas sobre o transtorno esquizoafetivo se baseie na premissa de que a esquizofrenia e os transtornos do humor são entidades completamente separadas, alguns dados indicam que elas podem ser relacionadas de uma perspectiva genética; • Os pacientes com transtorno esquizoafetivo são um grupo heterogêneo: alguns têm esquizofrenia com sintomas afetivos proeminentes, outros têm transtorno do humor com proeminência de sintomas de esquizofrenia, e ainda outros apresentam uma síndrome clínica distinta. A hipótese de que tenham ao mesmo tempo esquizofrenia e um transtorno do humor não se sustenta, porque a ocorrência conjunta dos dois transtornos é muito mais baixa do que a incidência do transtorno esquizoafetivo; • Como um grupo, pacientes com transtorno esquizoafetivo têm melhor prognóstico do que os afetados por esquizofrenia e pior prognóstico do que aqueles com transtornos do humor e tendem a apresentar um curso não deteriorante e a responder melhor ao lítio do que pacientes com esquizofrenia. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: • O médico deve diagnosticar de forma correta a doença afetiva, certificando-se de que ela satisfaça os critérios para um episódio maníaco ou depressivo, mas também deve determinar a duração exata de cada episódio (o que nem sempre é fácil ou mesmo possível). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • O diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui todas as possibilidades geralmente consideradas para transtornos do humor e para esquizofrenia. CURSO E PROGNÓSTICO: • Dada a definição do diagnóstico, pode-se esperar que pacientes com transtorno esquizoafetivo tenham curso semelhante ao de um transtorno do humor episódico, um curso de esquizofrenia crônica ou algum desfecho intermediário; • Presume-se que a presença crescente de sintomas de esquizofrenia esteja associada com um prognóstico pior, enquanto há melhor prognóstico na predominância de sintomas afetivos. TRATAMENTO: • Estabilizadores do humor, lítio ou carbamazepina, que podem ser utilizados isolados, em combinação um com o outro ou com um agente antipsicótico; • Em episódios maníacos, indivíduos com transtorno esquizoafetivo devem ser tratados de maneira agressiva com dosagens de um estabilizador do humor na variação média a alta de concentração sanguínea terapêutica. Quando os pacientes entram na fase de manutenção, a dosagem pode ser reduzida para a variação baixa a média para evitar efeitos adversos e possíveis efeitos em outros sistemas (p. ex., tireoide e rins) e para melhorar a facilidade de uso e a adesão. • O tratamento com antidepressivos espelha o tratamento da depressão bipolar. Deve-se ter cuidado para não precipitar um ciclo de mudanças rápidas da depressão para a mania com o antidepressivo. A escolha desse medicamento deve levar em consideração sucessos e fracassos anteriores do tratamento. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (p. ex., fluoxetina e sertralina) costumam ser usados como agentes de primeira linha, pois têm menos efeitos sobre o estado cardíaco e um perfil favorável na superdosagem. Entretanto, pacientes agitados ou insones podem se beneficiar de um agente tricíclico. Como em todos os casos de mania intratável, o uso da ECT deve ser considerado. • Terapia psicossocial. Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Os sintomas da doença são semelhantes aos da esquizofrenia; contudo, com o transtorno esquizofreniforme, os sintomas duram pelo menos um mês, mas menos de seis meses; • Indivíduos com transtorno esquizofreniforme retornam a seu nível basal de funcionamento após a resolução do transtorno. EPIDEMIOLOGIA: • Mais comum em adolescentes e adultos jovens; • Sua incidência é menos da metade da esquizofrenia; • Uma taxa cinco vezes maior do transtorno foi encontrada em homens em comparação a mulheres; • Estudos mostraram que parentes de indivíduos com transtorno esquizofreniforme têm alto risco de ter outros transtornos psiquiátricos, mas a distribuição destes difere • daquela vista nos parentes de pessoas com esquizofrenia e transtornos bipolares. Especificamente, os parentes de pacientes com transtorno esquizofreniforme são mais propensos a apresentar transtornos do humor do que os parentes de daqueles com esquizofrenia, e mais propensos a ter diagnóstico de transtorno do humor psicótico do que os parentes daqueles com transtornos bipolares. ETIOLOGIA: • A causa do transtorno esquizofreniforme não é conhecida; • Os dados biológicos e epidemiológicos são mais consistentes com a hipótese de que essa categoria diagnóstica defina um grupo de pacientes, alguns dos quais têm um transtorno semelhante à esquizofrenia e outros uma condição que lembra um transtorno do humor. Sendo de melhor prognóstico aqueles que têm mais sintomas afetivos. Transtorno Esquizofreniforme Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: • Este é um transtorno psicótico agudo com um início rápido e com ausência de uma fase prodrômica longa; • Embora muitos indivíduos com o transtorno possam vivenciar comprometimento funcional na época de um episódio, é improvável que relatem um declínio progressivo no funcionamento social e ocupacional; • O perfil de sintoma inicial é o mesmo da esquizofrenia, uma vez que dois ou mais sintomas psicóticos (alucinações, delírios, discurso e comportamento desorganizados ou sintomas negativos) devem estar presentes. Sintomas schneiderianos de primeira linha são observados com frequência; DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Psicoses que podem se originar de condições clínicas; • A duração dos sintomas psicóticos é um fator que diferencia transtorno esquizofreniforme de outras síndromes. A esquizofrenia é diagnosticada se a duração das fases prodrômica, ativa e residual for maior que seis meses; sintomas que ocorrem por menos de um mês indicam um transtorno psicótico breve. Em geral, um diagnóstico desse transtorno não • Além disso, uma maior probabilidade de turbilhão e confusão emocional é encontrada, cuja presença pode indicar um prognóstico positivo; • Mesmoque sintomas negativos possam estar presentes, eles são um tanto raros no transtorno esquizofreniforme e são considerados aspectos prognósticos ruins; • Por definição, pacientes com transtorno esquizofreniforme retornam a seu estado basal em seis meses. Em alguns casos, a doença é episódica, com mais de um episódio ocorrendo após longos períodos de remissão total. Se a duração combinada da sintomatologia exceder a seis meses, o diagnóstico de esquizofrenia deve ser considerado. requer que um estressor maior esteja presente. Às vezes, é difícil diferenciar transtornos do humor com aspectos psicóticos de transtorno esquizofreniforme. Além disso, transtorno esquizofreniforme e esquizofrenia podem ser altamente comórbidos com transtornos do humor e de ansiedade. Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 CURSO E PROGNÓSTICO: Alguns terão Um segundo ou terceiro episódio durante o qual irão deteriorar para uma condição mais crônica de esquizofrenia. Poucos, entretanto, podem ter apenas esse único episódio e então continuar com suas vidas. TRATAMENTO: • Hospitalização: permite a avaliação, o tratamento e a supervisão efetiva do comportamento do paciente; • Os sintomas psicóticos em geral podem ser tratados com um curso de 3 a 6 meses de medicamentos antipsicóticos (p. ex., risperidona); • O uso de lítio, carbamazepina ou valproato pode ser indicado para tratamento e profilaxia se o paciente tiver um episódio recorrente; • Psicoterapia; • ECT; → pcts com aspectos catatônicos ou depressivos acentuados. • A maioria dos pacientes com transtorno esquizofreniforme progride para esquizofrenia apesar do tratamento. Nesses casos, deve ser formulado um plano de tratamento consistente com uma doença crônica. • Delírios são crenças fixas, falsas, que não estão de acordo com a cultura; • O diagnóstico de transtorno delirante é feito quando uma pessoa exibe delírios não bizarros de pelo menos um mês de duração que não podem ser atribuídos a outros transtornos psiquiátricos. Não bizarro significa que o delírio deve ser sobre situações que podem ocorrer na vida real, tal como ser seguido, infectado, amado a distância, e assim por diante; ou seja, eles geralmente têm a ver com fenômenos que, mesmo não sendo reais, são possíveis; • Vários tipos de delírios podem estar presentes, e o tipo predominante é especificado quando o diagnóstico é feito. EPIDEMIOLOGIA: • Mais raro que a esquizofrenia; idade média de início é em torno dos 40 anos, mas varia entre os 18 e os 90 anos; • Existe leve preponderância de pacientes do sexo feminino. Os homens têm mais probabilidade de desenvolver delírios paranoides do que as mulheres, que tendem mais a desenvolver delírios de erotomania; • Muitos pacientes são casados e estão empregados, mas pode haver alguma associação com imigração recente e condição socioeconômica baixa. ETIOLOGIA: • Sua causa é desconhecida; • Fatores biológicos; • Fatores psicodinâmicos. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Estado mental: DESCRIÇÃO GERAL: • Os pacientes costumam estar bem arrumados e bem vestidos, sem evidências de desintegração aparente da personalidade ou das atividades diárias, mas podem parecer excêntricos, estranhos, desconfiados ou hostis; • Os pacientes costumam estar bem arrumados e bem vestidos, sem evidências de desintegração aparente da Transtorno Delirante e Transtorno Psicótico Compartilhado Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 personalidade ou das atividades diárias, mas podem parecer excêntricos, estranhos, desconfiados ou hostis. HUMOR, SENTIMENTOS E AFETO: O humor do indivíduo é compatível com o conteúdo de seus delírios. Qualquer que seja a natureza do sistema delirante, o examinador pode perceber algumas características depressivas leves. DISTÚRBIOS PERCEPTUAIS: Por definição, pacientes com transtorno delirante não têm alucinações proeminentes ou contínuas. Alguns têm outras experiências alucinatórias – em geral, mais auditivas do que visuais. PENSAMENTO: O transtorno do conteúdo do pensamento, na forma de delírios, é o sintoma-chave do transtorno delirante. Os delírios geralmente são sistematizados e caracterizados como possíveis (p. ex., delírios de ser perseguido, de ter um cônjuge infiel, de estar infectado com um vírus ou de ser amado por uma pessoa famosa). SENSÓRIO E COGNIÇÃO: • Orientação: não costumam ter anormalidades na orientação, a menos que tenham um delírio específico sobre uma pessoa, lugar ou tempo. • Memória: A memória e outros processos cognitivos estão intactos. CONTROLE DOS IMPULSOS: Os médicos devem avaliar pacientes com transtorno delirante para a presença de ideação ou planos de agir segundo o material delirante por meio de suicídio, homicídio ou outra violência. Embora a incidência desses comportamentos não seja conhecida, os terapeutas não devem hesitar em perguntar ao paciente sobre planos suicidas, homicidas ou outras formas de violência. A agressividade destrutiva é mais comum naqueles com história de violência; se houve sentimentos agressivos no passado. JULGAMENTO E INSIGHT: Pacientes com transtorno delirante praticamente não têm entendimento algum de sua condição e são quase sempre levados ao hospital pela polícia, por membros da família ou por empregadores. CONFIABILIDADE: Pacientes com transtorno delirante tendem a fornecer informações confiáveis, exceto quando estas contrariam seu sistema delirante. Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 TIPOS: • O delírio de perseguição é um sintoma clássico do transtorno delirante, e os tipos persecutório e ciumento provavelmente sejam as formas vistas com mais frequência pelos psiquiatras; • Os pacientes com esse subtipo estão convencidos de que estão sendo perseguidos ou prejudicados; • As crenças persecutórias muitas vezes estão associadas com rabugice, irritabilidade e raiva, e o indivíduo que se deixa levar pela raiva pode às vezes ser agressivo ou mesmo homicida. Outras vezes, esses indivíduos podem se tornar preocupados com litígios formais contra seus supostos perseguidores; • Em contraste com os delírios persecutórios da esquizofrenia, a clareza, a lógica e a elaboração sistemática do tema persecutório no transtorno delirante são uma marca notável dessa condição; • A ausência de outra psicopatologia, de deterioração da personalidade ou de déficit na maioria das áreas de funcionamento também contrasta com as manifestações típicas da esquizofrenia. • O transtorno delirante com delírios de infidelidade foi denominado paranoia conjugal quando limitado ao delírio de que o cônjuge foi infiel; • O epônimo síndrome de Otelo foi usado para descrever um ciúme mórbido decorrente de múltiplas preocupações; • O delírio em geral afeta os homens, muitas vezes aqueles sem nenhuma história psiquiátrica; • Pode aparecer subitamente e serve para explicar uma variedade de eventos presentes e passados envolvendo o comportamento do cônjuge; • Essa condição é difícil de tratar e pode diminuir apenas com separação, divórcio ou morte do cônjuge; Obs.: O ciúme acentuado (geralmente denominado ciúme patológico ou mórbido) é um sintoma de muitos transtornos – incluindo esquizofrenia (na qual pacientes do sexo feminino apresentam essa característica com maior frequência), epilepsia, transtornos do humor, abuso de drogas e alcoolismo – , cujo tratamento é direcionado ao transtorno primário. • Abusos físicos e verbais ocorrem com mais frequência do que ações extremas entre indivíduos com esse sintoma. • Na erotomania, que também tem sido referida como síndrome de Clérambault ou psychose passionelle, o indivíduo tem a convicção delirante de que outra pessoa, em geral de condição social superior,está apaixonada por ele(a); • Esses pacientes também tendem a ser solitários, retraídos, dependentes e sexualmente inibidos, bem como a ter níveis baixos de funcionamento social ou ocupacional; • Os seguintes critérios operacionais foram sugeridos para o diagnóstico de erotomania: (1) uma convicção delirante de comunicação amorosa; (2) o objeto de posição muito superior; (3) o objeto sendo o primeiro a se apaixonar; (4) o objeto sendo o primeiro a tomar iniciativas; (5) início súbito (em um período de sete dias); (6) o objeto permanece inalterado; (7) o paciente racionaliza o comportamento paradoxal do objeto; (8) curso crônico; (9) ausência de alucinações. • Além de ser o sintoma-chave em alguns casos de transtorno delirante, sabe-se que ocorre também na esquizofrenia, no transtorno do humor e em outros transtornos orgânicos; • Geralmente são mulheres pouco atraentes com empregos de nível baixo que levam vidas solitárias e retraídas, são solteiras e têm poucos contatos sexuais e escolhem amantes secretos que diferem bastante delas; • Conduta paradoxal: fenômeno delirante de interpretar todas as negações de amor, não importa o quanto sejam claras, como afirmações secretas de amor; • O curso pode ser crônico, recorrente ou breve, e a separação do objeto de amor pode ser a única intervenção satisfatória; • Os homens atingidos por essa condição, podem ser mais agressivos e possivelmente violentos em sua busca de amor. Por isso, os homens com essa condição predominam nas populações forenses. O objeto da agressividade pode não ser o indivíduo amado, mas seus companheiros ou protetores, que são vistos como obstáculos; • Em certos casos, o ressentimento e a raiva em resposta à ausência de reação a todas as formas de comunicação do amor pode crescer o suficiente para colocar o objeto de amor em perigo. Os chamados assediadores, que seguem continuamente seus amantes imaginários, costumam ter delírios. Ainda que a maioria dos assediadores seja de Tipo Persecutório Tipo Ciumento Tipo Erotomaníaco Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 homens, as mulheres também apresentam esse comportamento, e ambos os grupos têm alto potencial para violência. • O transtorno delirante com delírios somáticos foi chamado de psicose hipocondríaca monossintomática. A condição difere de outros transtornos com sintomas hipocondríacos no grau de comprometimento da realidade; • Pessoas com hipocondria muitas vezes admitem que seu medo da doença é, em grande parte, infundado; • O conteúdo do delírio somático pode variar muito de caso para caso. Existem três tipos principais: (1) delírios de infestação (incluindo parasitose); → homens, idade de início precoce (média de 25 anos), solteiros e ausência de tratamento psiquiátrico anterior (2) delírios de dismorfofobia, como deformidade, feiura e tamanho exagerado de partes do corpo (essa categoria parece mais próxima do transtorno dismórfico corporal); (3) delírios de odores corporais desagradáveis ou halitose. Essa terceira categoria, às vezes denominada síndrome de referência olfativa. • O início dos sintomas com o tipo somático do transtorno delirante pode ser gradual ou súbito. Na maioria dos pacientes, a doença é contínua, ainda que a gravidade do delírio possa variar; • Estado de alerta exacerbado e alta ansiedade também caracterizam indivíduos com esse subtipo. • Delírios de grandeza (megalomania) têm sido observados há décadas. Eles foram descritos primeiro por Kraepelin. • Aplica-se a pacientes com dois ou mais temas delirantes. Esse diagnóstico deve ser reservado para casos em que não predomine um único tipo de delírio. • Essa categoria é reservada para casos em que o delírio predominante não se encaixa nas categorias anteriores; • Síndrome de Capgras: delírio dessa síndrome é a crença de que uma pessoa familiar foi substituída por um impostor; • Fenômeno de Frégoli: delírio de que perseguidores ou familiares podem assumir a aparência de estranhos; • Intermetamorfose: delírio muito raro de que pessoas conhecidas podem se transformar em outras por vontade própria; • Esses transtornos não apenas são raros como podem estar associados com esquizofrenia, demência, epilepsia e outros transtornos orgânicos; • Os casos relatados foram predominantemente em mulheres, apresentavam características paranoides associadas e incluíam sentimentos de despersonalização ou desrealização; • O delírio pode ser breve, recorrente ou persistente; • Síndrome délire de négation, transtorno delirante niilista ou síndrome de Cotard: Os pacientes queixam-se de terem perdido não apenas seus bens, a posição social e a força, mas também seu coração, seu sangue e seus intestinos. O mundo para além deles é reduzido a nada. Essa síndrome relativamente rara é considerada um precursor de um episódio esquizofrênico ou depressivo. Nos dias de hoje, com o uso comum de medicamentos antipsicóticos, ela é vista com menos frequência do que no passado. TRANSTORNO PSICÓTICO COMPARTILHADO: • Esse transtorno é referido como “sintomas delirantes em parceiro de indivíduo com transtorno delirante”, uma mudança de nomenclatura desnecessária na opinião da maioria dos psiquiatras. É provável que ele seja raro, mas não há números sobre incidência e prevalência, e a literatura consiste quase inteiramente em relatos de caso; • É caracterizado pela transferência de delírios de uma pessoa para outra. Ambas têm um relacionamento próximo de longo tempo e, em geral, vivem juntas em relativo isolamento social; • Em sua forma mais comum, o indivíduo que começa a ter os delírios (o caso primário) costuma manifestar uma doença • crônica e, via de regra, é o membro mais influente de uma relação próxima com uma pessoa mais sugestionável (o caso secundário), que também desenvolve o delírio. A pessoa do caso secundário costuma ser menos inteligente, mais ingênua, mais passiva ou tem autoestima mais baixa do que o caso primário. Se o par se separar, a pessoa secundária pode abandonar o delírio, mas esse desfecho não é observado de maneira uniforme; • Idade avançada, inteligência baixa, comprometimento sensorial, doença cerebrovascular e abuso de álcool estão entre os fatores associados com essa forma peculiar de transtorno psicótico. Uma predisposição genética a psicoses idiopáticas também foi sugerida como um possível fator de risco; Tipo Somático Tipo Grandioso Tipo Misto Tipo não especificado Maria Beatriz Valença Saúde Mental 2 • Outras formas especiais foram relatadas, como a folie simultanée, na qual duas pessoas se tornam psicóticas ao mesmo tempo e compartilham o mesmo delírio. Algumas vezes, mais de dois indivíduos estão envolvidos, mas esses casos são especialmente raros. Os relacionamentos mais comuns na folie à deux são irmão e irmã, marido e esposa e mãe e filho, mas outras combinações também foram descritas. Quase todos os casos envolvem membros de uma mesma família. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: CURSO E PROGNÓSTICO: • Certos médicos e alguns dados de pesquisa indicam que um estressor psicossocial identificável frequentemente acompanha o início do transtorno. A natureza do estressor pode, de fato, justificar alguma desconfiança ou preocupação; • Em geral, acredita-se que o início súbito seja mais comum do que o insidioso. Alguns médicos pensam que indivíduos com transtorno delirante têm probabilidade de apresentar inteligência abaixo da média e personalidade pré-mórbida extrovertida, dominante e hipersensível; • Os seguintes fatores estão correlacionados a um prognóstico positivo: altos níveis de adaptação ocupacional, social e funcional; sexo feminino; início antes dos 30 anos; início súbito; duração curta da doença; e presença de fatores precipitantes; • Embora dados confiáveis sejam limitados,
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