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Esquizofrenia-convertido

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Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
OS QUATRO As: 
• Os sintomas fundamentais (ou primários) específicos da 
esquizofrenia incluem distúrbios associativos do 
pensamento, especialmente frouxidão, distúrbios afetivos, 
autismo e ambivalência, podendo ser resumidos como os 
quatro As: associação, afeto, autismo e ambivalência; 
• Sintomas acessórios (secundários): alucinações e delírios. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
Gênero e idade: 
• É igualmente prevalente em homens e mulheres; 
• O início é mais precoce em homens; 
• As idades de pico do início são entre 10 e 25 anos para os 
homens e entre 25 e 35 para as mulheres. Diferentemente 
dos homens, as mulheres apresentam distribuição etária 
bimodal, com um segundo pico ocorrendo na meia-idade; 
• Estudos indicam que os homens têm maior probabilidade de 
sofrer sintomas negativos do que as mulheres, e que estas 
têm maior probabilidade de ter melhor funcionamento social 
antes do início da doença; 
• Em geral, o resultado para os pcts do sexo feminino é melhor 
do que para os do sexo masculino; 
• Quando o início ocorre após os 45 anos, o transtorno é 
caracterizado como esquizofrenia de início tardio. 
Fatores reprodutivos: Parentes biológicos em primeiro grau 
têm um risco 10 vezes maior de desenvolver a doença do que a 
população geral. 
Doenças clínicas: 
• Pessoas com esquizofrenia têm taxa de mortalidade mais 
alta em decorrência de acidentes e de causas naturais do 
que a população em geral. A mortalidade pode estar ligada 
ao fato de que o diagnóstico e o tratamento de condições 
clínicas e cirúrgicas em pcts com esquizofrenia possam 
representar desafio clínico; 
• Estudos demostraram que até 80% de todos os pcts com a 
condição têm doenças clínicas concomitantes significativas 
e que até 50% destas podem não ser diagnosticadas. 
Infecções e estação de nascimento: 
• Pessoas que desenvolvem esquizofrenia têm mais 
probabilidade de ter nascido no inverno e no início da 
primavera. Fatores de risco específicos da estação, como 
um vírus ou uma alteração sazonal da dieta, podem operar 
nesses casos. Outra hipótese é a de que pessoas com 
predisposição genética para esquizofrenia têm menos 
vantagem biológica de sobreviver a adversidades 
específicas da estação; 
• Estudos indicaram complicações gestacionais e do parto, 
exposição pré-natal a influenza durante várias epidemias da 
doença, inanição materna durante a gravidez, 
incompatibilidade do fator Rhesus e um excesso de 
nascimentos no inverno na etiologia do transtorno; 
• Outros dados que apoiam uma hipótese viral são aumento 
no número de anomalias físicas no nascimento, aumento da 
taxa de complicações da gravidez e do parto, sazonalidade 
do nascimento consistente com infecção viral, 
agrupamentos geográficos de casos adultos e sazonalidade 
das hospitalizações. 
Abuso de substâncias: 
• O abuso de substâncias é comum na esquizofrenia; 
• O abuso de álcool aumenta o risco de hospitalização e, em 
alguns pcts, pode aumentar os sintomas psicóticos; 
• O uso de anfetaminas, cocaína e drogas semelhantes é 
preocupante devido a sua capacidade de aumentar os 
sintomas psicóticos; 
• Nicotina: 
- Até 90% dos pcts com esquizofrenia podem ser 
dependentes de nicotina; 
- Diminui a concentração sanguínea de alguns 
antipsicóticos; 
- Sua administração parece melhoras alguns 
comprometimentos cognitivos e o parkinsonismo na 
esquizofrenia, possivelmente devido à ativação dependente 
de nicotina de neurônios de dopamina nicotino-dependentes; 
- Pode diminuir sintomas positivos, como alucinações, em 
pcts com esquizofrenia por seu efeito sobre os receptores 
de nicotina no cérebro que reduzem a percepção de 
estímulos externos, sobretudo ruídos. 
Densidade populacional: O efeito da densidade populacional é 
congruente com a observação de que a incidência de 
esquizofrenia em filhos de um ou dois genitores com o transtorno 
é duas vezes mais alta em cidades do que em comunidades 
rurais. Tais observações sugerem que estressores sociais do 
contexto urbano afetem o desenvolvimento da doença em 
pessoas em risco. 
Fatores socioeconômicos e culturais: 
• Economia: Alto custo financeiro, visto que a doença tem 
início precoce, causa prejuízos significativos e de longa 
Esquizofrenia 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
duração, exige tratamento hospitalar e requer tratamento 
clínico, reabilitação e serviços de apoio contínuos; 
• Hospitalização: Mesmo com a medicação antipsicótica, a 
probabilidade de uma nova internação é de cerca de 40 a 
60%. Pcts com esquizofrenia ocupam cerca de 50% de 
todos os leitos de hospitais psiquiátricos e representam 
16% de toda a população psiquiátrica que recebe algum tipo 
de tratamento. 
 
ETIOLOGIA: 
Fatores genéticos: 
• Existe uma contribuição genética a algumas, talvez todas, 
formas de esquizofrenia, e uma alta proporção da variação 
na suscetibilidade ao transtorno se deve a efeitos genéticos 
cumulativos; 
• A probabilidade de uma pessoa ter esquizofrenia está 
correlacionada com a proximidade da relação com um 
parente afetado (p. ex., parente de primeiro ou segundo 
graus); 
• No caso de gêmeos monozigóticos que têm carga genética 
idênticas, há uma taxa de concordância para esquizofrenia 
de aproximadamente 50%. Essa taxa é 4 a 5 vezes maior do 
que a encontrada em gêmeos dizigóticos ou do que a taxa de 
ocorrência encontrada em outros parentes de primeiro 
grau (i.e., irmãos, pais ou filhos); 
• Apesar disso, dados de gêmeos monozigóticos demonstram 
com clareza que não existe garantia de que indivíduos 
geneticamente vulneráveis à esquizofrenia desenvolvam a 
doença; outros fatores (p. ex., ambiente) devem estar 
envolvidos na determinação de um desfecho de 
esquizofrenia. Se um modelo de vulnerabilidade-tendência 
de esquizofrenia estiver correto em seu postulado de uma 
influência ambiental, então outros fatores biológicos ou 
psicossociais do ambiente podem prevenir ou causar 
esquizofrenia no indivíduo geneticamente vulnerável; 
• Alguns estudos indicam que a idade do pai tem uma 
correlação com o desenvolvimento da esquizofrenia. 
Presumivelmentem, a espermatogênese em homens mais 
velhos está sujeita a maior dano epigenético do que em 
homens mais jovens. 
Fatores bioquímicos: 
• Hipótese da dopamina: Postula que o transtorno resulta do 
excesso de atividade dopaminérgica. teoria básica não 
indica se a hiperatividade dopaminérgica decorre de 
liberação excessiva de dopamina, do excesso de receptores 
de dopamina, da hipersensibilidade destes à dopamina ou de 
uma combinação de tais mecanismos, tampouco especifica 
quais tratos dopaminérgicos estão envolvidos, embora os 
tratos mesocortical e mesolímbico sejam implicados com 
maior frequência. Porém, a liberação excessiva de dopamina 
em pacientes com esquizofrenia foi associada à gravidade 
de sintomas psicóticos positivos. 
 
• Serotonina: As hipóteses atuais postulam o excesso de 
serotonina como uma das causas de sintomas tanto 
positivos como negativos na esquizofrenia. A atividade 
antagonista de serotonina consistente da clozapina e de 
outros antipsicóticos de segunda geração, junto com a 
eficácia da clozapina para diminuir sintomas positivos em 
pacientes crônicos, contribuiu para a validade dessa 
proposição. 
 
• Norepinefrina: anedonia – o comprometimento da 
capacidade para gratificação emocional e a diminuição da 
capacidade de experimentar prazer – há muito tem sido 
observada como um aspecto proeminente da esquizofrenia. 
Uma degeneração neuronal seletiva no sistema neural de 
recompensa da norepinefrina poderia explicar esse aspecto 
da sintomatologia do transtorno. Entretanto, os dados 
bioquímicos e farmacológicos que apoiam essa proposição 
são inconclusivos. 
 
• GABA: Com base nos achados de que alguns pacientes têm 
uma perda de neurônios GABAérgicos no hipocampo. O GABA 
tem um efeito regulador sobre a atividadeda dopamina, e a 
perda de neurônios GABAérgicos inibidores poderia levar à 
hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos. 
 
• Neuropeptídeos: Neuropeptídeos, como a substância P e a 
neurotensina, estão localizados com os neurotransmissores 
de catecolamina e indolamina e influenciam a ação destes. A 
alteração nos mecanismos de neuropetídeo poderia 
facilitar, inibir ou, de outro modo, alterar o padrão de 
disparo desses sistemas neuronais. 
 
• Glutamato: O glutamato foi implicado porque a ingestão de 
fenciclidina, um antagonista do glutamato, produz uma 
síndrome aguda semelhante à esquizofrenia. A hipótese 
proposta sobre o glutamato inclui as de hiperatividade, 
hipoatividade e neurotoxicidade induzidas por ele. 
 
• Acetilcolina e nicotina: Estudos de necropsia na 
esquizofrenia demonstraram aumento dos receptores 
muscarínicos e nicotínicos no caudado-putame, no 
hipocampo e em regiões selecionadas do córtex pré-frontal. 
Esses receptores têm um papel na regulação dos sistemas 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
de neurotransmissores envolvidos na cognição, que é 
comprometida na esquizofrenia. 
 
Neuropatologia: 
• A perda de volume cerebral amplamente relatada em 
cérebros de indivíduos com esquizofrenia parece resultar 
da densidade reduzida de axônios, dendritos e sinapses que 
medeiam as funções associativas do cérebro; 
• A densidade sináptica é mais alta com 1 ano de idade e depois 
diminui para valores adultos no início da adolescência. Uma 
teoria, baseada, em parte, na observação de que os 
pacientes muitas vezes desenvolvem sintomas da 
esquizofrenia durante a adolescência, sustenta que o 
transtorno resulta da poda excessiva de sinapses durante 
essa fase do desenvolvimento. 
 
• Ventrículos cerebrais: 
- Alargamento dos ventrículos laterais e do terceiro 
ventrículo e alguma redução no volume cortical; 
- Volumes reduzidos da substância cinzenta cortical → 
primeiros estágios da doença; 
- Ainda não se sabe se um processo patológico continua a 
se desenvolver em pcts. 
 
• Simetria reduzida: Há uma simetria reduzida em várias 
áreas do cérebro na esquizofrenia, incluindo os lobos 
temporal, frontal e occipital. Alguns pesquisadores 
acreditam que essa simetria reduzida se origine durante a 
vida fetal e seja indicativa de uma interrupção na 
lateralização cerebral durante o neurodesenvolvimento. 
 
• Córtex pré-frontal: 
- Anormalidades anatômicas no córtex pré-frontal; 
- Déficits funcionais na região pré-frontal; 
- Tem sido observado que vários sintomas de esquizofrenia 
imitam aqueles encontrados em pessoas com lobotomias 
pré-frontais ou síndromes do lobo frontal. 
 
• Tálamo: 
- Diminuição de volume ou perda neuronal, em subnúcleos 
específicos; 
- Número reduzido de neurônios no núcleo dorsomedial do 
tálamo, que tem conexões recíprocas com o córtex pré-
frontal; 
- O número total de neurônios, oligodendrócitos e astrócitos 
é reduzido em 30 a 45% em pcts com o transtorno. 
 
 
• Gânglios da base e cerebelo: 
- Muitos pacientes exibem movimentos bizarros mesmo na 
ausência de transtornos do movimento induzidos por 
medicamentos (p. ex., discinesia tardia). Esses movimentos 
podem incluir marcha desajeitada, caretas e estereotipias. 
Uma vez que os gânglios da base e o cerebelo estão 
envolvidos no controle dos movimentos, doenças nessas 
áreas estão implicadas na fisiopatologia da esquizofrenia; 
- Os transtornos do movimento que envolvem os gânglios da 
base (p. ex., doença de Huntington, doença de Parkinson) são 
os mais comumente associados com psicose. 
 
Circuitos neurais (hipóteses): 
• Os gânglios da base e o cerebelo estão reciprocamente 
conectados aos lobos frontais, e as anormalidades na 
função do lobo frontal observadas em alguns estudos de 
imagem cerebral podem se dever a doença em qualquer uma 
dessas áreas além dos próprios lobos frontais; 
• Uma lesão no início do desenvolvimento dos tratos de 
dopamina para o córtex pré-frontal resulte no distúrbio da 
função do sistema pré-frontal e límbico e leve aos sintomas 
positivos e negativos e aos comprometimentos cognitivos 
observados em pacientes com esquizofrenia; 
• Circuito neural ligando o córtex pré-frontal e o sistema 
límbico: estudos demonstraram relação entre 
anormalidades morfológicas hipocampais e distúrbios no 
metabolismo ou na função do córtex pré-frontal (ou em 
ambos); 
• Dados de estudos de imagem funcional e estrutural em 
humanos sugerem que, enquanto a disfunção do circuito 
talamocortical dos gânglios da base cingulados está na base 
da produção de sintomas psicóticos positivos, a disfunção 
do circuito pré-frontal dorsolateral é subjacente à produção 
de sintomas primários, persistentes, negativos ou de déficit; 
• A observação da relação entre desempenho da memória de 
trabalho, integridade neuronal pré-frontal danificada, 
córtices parietal pré-frontal, cingulado e inferior alterados 
e fluxo sanguíneo hipocampal prejudicado fornece forte 
apoio à ruptura do circuito neural normal da memória de 
trabalho em pacientes com esquizofrenia. O envolvimento 
desse circuito, pelo menos para as alucinações auditivas, foi 
documentado em uma série de estudos de imagem funcional 
que comparam pacientes com e sem alucinação. 
 
Metabolismo cerebral: 
• Baixos níveis de fosfomonoésteres e de fosfato inorgânico; 
• Níveis mais altos de fosfodiésteres; 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
• Baixas concentrações de N-acetil aspartato, u maracdor de 
neurônios, no hipocampo e nos lobos frontais. 
 
Eletrofisiologia aplicada: 
• Estudos eletrencefalográficos indicam que muitos pacientes 
têm registros anormais, sensibilidade aumentada a 
procedimentos de ativação (p. ex., atividade de espícula 
frequente após privação do sono), atividade alfa diminuída, 
atividades teta e delta aumentadas, possibilidade de mais 
atividade epileptiforme do que o normal e, possivelmente, 
mais anormalidades do lado esquerdo; 
• Incapacidade de filtrar sons irrelevantes e têm extrema 
sensibilidade a ruídos de segundo plano. A inundação sonora 
resultante dificulta a concentração e pode ser um fator na 
produção de alucinações auditivas. Essa sensibilidade 
sonora pode estar associada a um defeito genético; 
 
• Epilepsia parcial complexa: 
- Psicoses semelhantes à esquizofrenia foram relatadas 
com mais frequência do que o esperado em pacientes com 
convulsões parciais complexas, especialmente envolvendo 
os lobos temporais. Os fatores associados com o 
desenvolvimento de psicose nesses pacientes incluem um 
foco convulsivo do lado esquerdo, localização da lesão na 
porção temporomedial e início precoce das convulsões; 
- Os sintomas de primeira linha descritos por Schneider 
podem ser semelhantes aos de indivíduos com epilepsia 
parcial complexa e refletir a presença de um transtorno do 
lobo temporal observado em pacientes com esquizofrenia. 
 
• Potenciais evocados: 
- P300: onda grande e positiva de potencial evocado que 
ocorre cerca de 300 milésimos de segundo após a detecção 
de um estímulo sensorial. A principal fonte da onda P300 
pode estar localizada nas estruturas do sistema límbico dos 
lobos temporomediais. Foi relatado que, em pacientes com 
esquizofrenia, o P300 é estatisticamente menor do que em 
grupos de comparação, e suas anormalidades também são 
mais comuns em crianças com alto risco de esquizofrenia 
por terem pais afetados; 
- N100 e variação negativa contingente: O primeiro é uma 
onda negativa que ocorre cerca de 100 milésimos de 
segundo após o estímulo, e a segunda é uma mudança de 
voltagem negativa de desenvolvimento lento após a 
apresentação de um estímulo sensorial que alerta para 
outro estímulo iminente; 
- Embora os pacientes com esquizofrenia sejam 
incomumente sensíveis a estímulos sensoriais (potenciais 
evocados iniciais maiores), compensam essa maior 
sensibilidade embotando o processamento dainformação 
nos níveis corticais superiores (indicado por potenciais 
evocados posteriores menores). 
Disfunção dos movimentos oculares: A incapacidade de 
acompanhar um alvo visual em movimento com precisão é a base 
definidora dos transtornos do rastreamento visual contínuo e da 
desinibição dos movimentos oculares sacádicos vistos em 
pacientes com esquizofrenia. A disfunção dos movimentos 
oculares pode ser um marcador de traço para a doença, pois é 
independente do tratamento medicamentoso e do estado clínico 
e também é vista em parentes em primeiro grau de probandos 
afetados. 
Psiconeuroimunologia: 
• Diversas anormalidades imunológicas foram associadas a 
indivíduos com esquizofrenia, entre elas: 
- Diminuição da produção de interleucina-2 pelas células T; 
- Redução do número e da responsividade dos linfócitos 
periféricos; 
- Reatividade celular e humoral anormal a neurônios; 
- Presença de anticorpos direcionados ao cérebro 
(anticerebrais). 
• A possibilidade de anticorpos cerebrais autoimunes tem 
alguns dados confirmatórios, mas o processo 
fisiopatológico, se é que existe, provavelmente explica 
apenas um subconjunto da população com esquizofrenia. 
 
Psiconeuroendocrinologia: 
• Alguns dados sugerem diminuição nas concentrações do 
hormônio luteinizante e do hormônio folículo-estimulante 
(LH/FSH), talvez correlacionada com a idade de início e a 
duração da doença; 
• Duas anormalidades adicionais relatadas podem estar 
correlacionadas à presença de sintomas negativos: 
liberação embotada de prolactina e de hormônio do 
crescimento com estimulação do hormônio liberador de 
gonadotrofina (GnRH) ou hormônio liberador da tireotrofina 
(TRH) e liberação embotada de hormônio do crescimento 
com estimulação de apomorfina. 
 
DIAGNÓSTICO: 
• A presença de alucinações ou delírios não é necessária para 
um diagnóstico de esquizofrenia. O transtorno é 
diagnosticado como esquizofrenia quando o pct exibe dois 
dos sintomas listados em 1 a 5 do critério A; 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
• O critério B requer que o funcionamento comprometido, 
embora não as deteriorações, esteja presente durante a 
fase ativa da doença; 
• Os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, e 
não deve haver um diagnóstico de transtorno esquizoafetivo 
ou transtorno do humor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
SUBTIPOS: 
Obs.: Os subtipos não são mais usados pelo DSM-5, no entanto 
ainda estão presentes na CID-10, possui significância clínica e são 
bastante utilizados por médicos nos EUA e em outros países para 
descrever a fenomenologia da esquizofrenia. 
• Caracteriza-se pela preocupação com um ou mais delírios 
ou alucinações auditivas frequentes; 
• Classicamente, é marcado sobretudo pela presença de 
delírios de perseguição ou grandeza; 
• Esses pcts costumam ter seu primeiro episódio da doença 
em idade mais avançada do que aqueles com os tipos 
catatônico ou desorganizado; 
• Pacientes nos quais a esquizofrenia ocorre no fim da 
segunda ou terceira décadas de vida em geral já 
estabeleceram uma vida social que pode ajudá-los a 
enfrentar a doença, e seus recursos de ego tendem a ser 
maiores do que os de afetados por esquizofrenia catatônica 
e desorganizada. Além disso, demonstram menos regressão 
de suas faculdades mentais, de respostas emocionais e de 
comportamento do que em outros tipos do transtorno. 
• Esses pcts tendem a ser tensos, desconfiados, cautelosos, 
reservados e, às vezes, hostis ou agressivos, mas também 
ocasionalmente capazes de se comportar de forma 
adequada em algumas situações sociais; 
• Sua inteligência nas áreas que não são invadidas pela 
psicose tende a permanecer intacta. 
• Caracterizado por regressão acentuada para um 
comportamento primitivo, desinibido e desordenado e pela 
ausência de sintomas que satisfaçam os critérios para o 
tipo catatônico; 
• Seu início costuma ser precoce, ocorrendo antes dos 25 
anos de idade; 
• Em geral, esses indivíduos são ativos, mas de uma forma não 
construtiva, sem objetivo; 
• O transtorno do pensamento é pronunciado, e o contato com 
a realidade é pobre; 
• A aparência pessoal é desleixada, e o comportamento social 
e as respostas emocionais são inadequados, com frequência 
explodindo em risos sem nenhuma razão aparente; 
• Sorrisos e caretas incongruentes também são comuns 
nesses pcts, cujo comportamento pode ser mais bem 
descrito como tolo ou insensato. 
 
• Sua característica clássica é um distúrbio acentuado da 
função motora, que pode envolver estupor, negativismo, 
rigidez, excitação ou posturas bizarras; 
• Por vezes, o pct exibe alternância rápida entre extremos de 
excitação e estupor; 
• Características associadas: estereotipias, maneirismos e 
flexibilidade cérea; 
• O mutismo é particularmente comum; 
• Durante a excitação catatônica, os pacientes necessitam de 
supervisão constante para impedir que machuquem a si 
mesmos ou outras pessoas; 
• Pode ser necessário atendimento médico devido a 
desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou autolesões. 
• Com frequência, pacientes que claramente têm 
esquizofrenia não podem ser enquadrados em um subtipo 
com tanta facilidade. Eles são classificados com 
esquizofrenia do tipo indiferenciado. 
• Caracteriza-se por evidências contínuas do transtorno na 
ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de 
sintomas suficientes para satisfazer o diagnóstico de outro 
tipo de esquizofrenia; 
• Embotamento emocional, retraimento social, 
comportamento excêntrico, pensamento ilógico e frouxidão 
leve das associações são comuns nesse tipo; 
• Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são 
proeminentes nem acompanhados de reações afetivas 
significativas. 
Bouffée delirante (psicose delirante aguda): 
• Esse conceito diagnóstico francês difere do diagnóstico de 
esquizofrenia sobretudo com base na duração dos sintomas 
de menos de três meses. Ele é semelhante ao transtorno 
esquizofreniforme do DSM-5; 
• Os médicos franceses relatam que cerca de 40% dos 
pacientes com diagnóstico de bouffée délirante progridem 
na doença e acabam sendo classificados com esquizofrenia. 
 
 
Tipo Paranoide 
Tipo Desorganizado 
Tipo Catatônico 
Tipo Indiferenciado 
Tipo Residual 
Outros tipos 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
Latente: 
• O conceito de esquizofrenia latente foi desenvolvido em uma 
época na qual os teóricos concebiam o transtorno em 
termos diagnósticos amplos. Atualmente, os pacientes 
devem ter uma doença mental muito grave para justificar 
um diagnóstico de esquizofrenia; 
• Esquizofrenia latente, por exemplo, muitas vezes era o 
diagnóstico usado para o que agora é denominado 
transtorno da personalidade esquizoide, esquizotípica ou 
borderline. Esses pacientes, algumas vezes, podem exibir 
comportamentos peculiares ou transtornos do pensamento, 
mas não manifestam sintomas psicóticos de forma 
consistente; 
• No passado, a síndrome também era denominada 
esquizofrenia borderline. 
Oniroide: 
• Refere-se a um estado de sonho no qual os pacientes podem 
se encontrar em profunda perplexidade e não 
completamente orientados em termos de tempo e lugar; 
• O termo esquizofrenia oniroide tem sido usado para 
pacientes tão profundamente envolvidos em suas 
experiências alucinatórias a ponto de excluir qualquer 
envolvimento com o mundo real; 
• Na presença desse estado, os médicos devem ter o cuidado 
de investigar causas clínicas ou neurológicas para os 
sintomas. 
Parafrenia: 
• Esse termo é usado às vezes como sinônimo de 
esquizofrenia paranoide ou para indicar um curso 
progressivamente deteriorante da doença ou a presença de 
um sistema delirante bem-sistematizado; 
• Os múltiplos significados do termo o tornam ineficaz na 
comunicação de informações. 
Esquizofrenia pseudoneurótica: 
• Hoje é diagnosticada como personalidade borderline;• Pacientes que inicialmente apresentam sintomas de 
ansiedade, fobias, obsessões e compulsões, podem 
apresentar sintomas de transtorno do pensamento e 
psicose; 
• Esses pcts são caracterizados por pan-ansiedade, panfobia, 
pan-ambivalência e, às vezes, sexualidade caótica; 
• Apresentam ansiedade flutuante que dificilmente 
desaparece; 
• Raramente apresentam sintomas psicóticos explícitos e 
graves. 
Transtorno deteriorante simples (esquizofrenia simples): 
• Caracterizado por uma perda insidiosa e gradual do impulso 
e da ambição; 
• Em geral, não são francamente psicóticos e não vivenciam 
alucinações ou delírios persistentes; 
• Sintoma principal: retraimento das situações sociais e 
relacionadas ao trabalho; 
• Deve ser diferenciado da depressão, de uma fobia, de uma 
demência ou de uma exacerbação de traços de 
personalidade. 
Transtorno depressivo pós-psicótico da esquizofrenia: 
• Após um episódio agudo de esquizofrenia, alguns pcts se 
tornam deprimidos; 
• Os sintomas podem lembrar muito os da fase residual da 
esquizofrenia e os efeitos adversos de antipsicóticos de uso 
comum; 
• O diagnóstico não deve ser feito se os sintomas forem 
induzidos por substâncias ou se fizerem parte de um 
transtorno do humor devido a uma condição clínica geral; 
• Os estados depressivos ocorrem em até 25% dos pcts com 
esquizofrenia e estão associados com um risco maior de 
suicídio. 
Esquizofrenia de início precoce: 
• Pequeno número de pcts manifesta esquizofrenia na 
infância; 
• Há dificuldade para diagnosticar, principalmente devido à 
diferenciação de retardo mental e de transtorno autista; 
• O diagnóstico de esquizofrenia na infância pode se basear 
nos mesmos sintomas usados para avaliar adultos; 
• Se início é geralmente insidioso, o curso tende a ser crônico, 
e o prognóstico é, em grande parte, desfavorável. 
Esquizofrenia deficitária: 
• Caracterizada por sintomas negativos persistentes, 
idiopáticos; 
Obs.: Considera-se que os indivíduos apresentando esquizofrenia 
com sintomas positivos têm esquizofrenia não deficitária. 
• Curso da doença mais grave, com prevalência mais alta de 
movimentos involuntários anormais antes da administração 
de medicamentos antipsicóticos e funcionamento social 
mais pobre antes do início dos sintomas psicóticos; 
• O início do primeiro episódio psicótico é insidioso; 
• Menor taxa de recuperação das funções a longo prazo; 
• Menor probabilidade de casar-se; 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
• Apesar de seu nível mais pobre de funcionamento e de maior 
isolamento social, ambos os quais devem aumentar o 
estresse e, portanto, o risco de depressão grave, pacientes 
deficitários parecem ter risco menor de depressão maior e 
provavelmente também menor risco de suicídio; 
• Fatores de risco: excesso de nascimentos no verão, maior 
risco familiar de esquizofrenia e, de características 
deficitárias leves nos parentes não psicóticos; 
• Mais prevalente em homens; 
• A falta de motivação, a falta de interesse, o maior 
comprometimento cognitivo e a natureza antissocial 
enfraquecem a eficácia das intervenções psicossociais, bem 
como a adesão aos regimes medicamentosos. O 
comprometimento cognitivo, que é maior do que o de 
indivíduos não deficitários, também contribui para essa falta 
de eficácia. 
 
TESTAGEM PSICOLÓGICA: 
• Em geral, há desempenho deficiente em uma ampla 
variedade de testes neuropsicológicos; 
• Aspectos mais afetados: vigilância, memória e formação de 
conceitos; → envolvimento patológico do córtex 
frontotemporal 
• Podem ser achados: disfunção bilateral dos lobos frontal e 
temporal, incluindo comprometimentos da atenção, do 
tempo de retenção e da capacidade de resolução de 
problemas; 
• A capacidade motora também é comprometida, 
possivelmente devido à assimetria cerebral. 
TESTES DE INTELIGÊNCIA: 
• Tendem a apresentar pontuação mais baixa; 
• Estatisticamente, as evidências indicam que a baixa 
inteligência muitas vezes está presente desde o início do 
transtorno, podendo continuar a se deteriorar com a 
progressão da doença. 
 
TESTES PROJETIVOS E DE PERSONALIDADE: 
• Testes projetivos, como o teste de Rorschach e o Teste de 
Apercepção Temática (TAT), podem indicar ideação bizarra; 
• Inventários de personalidade, como o Inventário Multifásico 
da Personalidade de Minnesota (MMPI), têm resultados 
anormais na esquizofrenia, mas sua contribuição para o 
diagnóstico e o planejamento do tratamento é mínima. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• Não há nenhum sinal patognomônico na esquizofrenia; 
• A história do paciente é essencial ao diagnóstico; 
• Os sintomas do pct mudam ao longo do tempo; 
• Os médicos devem levar em conta o nível de escolaridade do 
paciente, sua capacidade intelectual e sua identidade 
cultural e subcultural. 
 
SINAIS E SINTOMAS PRÉ-MÓRBIDOS: 
• Aparecem antes da fase prodrômica da doença; 
• Na história pré-mórbida típica, porém não invariável, da 
esquizofrenia, os pacientes tinham personalidade esquizoide 
ou esquizotípica; 
- Caracterizados como quietos, passivos e introvertidos; na 
infância, tinham poucos amigos; 
- Adolescentes pré-esquizofrênicos podem não ter amigos 
próximos, nem interesses românticos, e também evitar 
esportes de equipe. Muitas vezes, preferem assistir a filmes 
ou televisão, escutar música ou jogar games de computador 
a participar de atividades sociais. Alguns pacientes 
adolescentes podem exibir início súbito de comportamento 
obsessivo-compulsivo como parte do quadro prodrômico. 
 
• Os sinais podem ter iniciado com queixas de sintomas 
somáticos, tais como dores de cabeça, dores nas costas, 
dores musculares, fraqueza e problemas digestivos, e o 
diagnóstico inicial pode ser simulação, síndrome da fadiga 
crônica ou transtorno de somatização; 
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Saúde Mental 2 
• Durante esse estágio, um indivíduo pode começar a 
desenvolver um interesse por ideias abstratas, filosofia e 
por questões ocultas ou religiosas; 
• Outros sinais e sintomas prodrômicos incluem 
comportamento acentuadamente excêntrico, afeto anormal, 
discurso incomum, ideias bizarras e experiências 
perceptuais estranhas. 
 
EXAME DO ESTADO MENTAL: 
• Aparência: pode variar de uma pessoa completamente 
desleixada, aos gritos e agitada até alguém obsessivamente 
arrumado, silencioso e imóvel; 
• Entre esses dois polos, os pacientes podem ser falantes ou 
exibir posturas bizarras. Seu comportamento pode se 
tornar agitado ou violento sem motivo aparente, mas isso 
costuma ocorrer em resposta a alucinações; 
• Estupor catatônico/catatonia: 
- Eles parecem não dar sinal de vida e podem exibir indícios 
como mutismo, negativismo e obediência automática; 
- Um pct com um subtipo menos extremo da catatonia pode 
exibir retraimento social e egocentrismo acentuados, 
ausência de fala ou movimentos espontâneos e ausência de 
fala ou movimentos espontâneos e ausência de 
comportamento dirigido a um objetivo. 
• Jeito desengonçado ou rigidez dos movimentos corporais; 
→ indicadores de processo patológico dos gânglios da base 
• Muitas vezes, são pessoas desleixadas, não tomam banho e 
se vestem com roupas quentes demais para as 
temperaturas do momento; 
• Tiques, estereotipias, maneirismos e, em alguns casos, 
ecopraxia, na qual imitam a postura ou os comportamentos 
do examinador. 
 
Humor, sentimentos e afeto: 
• Sintomas afetivos comuns: 
- Responsividade emocional reduzida, às vezes grave o 
bastante para justificar o rótulo de anedonia; 
- Emoções exageradamente ativas e impróprias, tais como 
extremos de raiva, felicidade e ansiedade; 
• O afeto plano ou embotado pode ser um sintoma da própria 
doença, dos efeitos adversos parkinsonianos de 
medicamentos antipsicóticos ou de depressão; 
• Pacientes emotivos em excesso podem descrever 
sentimentos exultantes de onipotência, êxtase religioso, 
terror devido à desintegração de suasalmas ou ansiedade 
paralisante em relação à destruição do universo; 
• Outras nuanças de sentimento incluem perplexidade, 
sensação de isolamento, ambivalência extrema e depressão. 
 
Distúrbios perceptuais: 
• Alucinações: 
- Pode afetar qualquer dos cinco sentidos, mas são mais 
comuns as alucinações auditivas, com vozes muitas vezes 
ameaçadoras, obscenas, acusatórias ou ofensivas. Duas ou 
mais vozes podem conversar entre si, ou uma voz pode 
comentar a vida ou o comportamento da pessoa; 
- A alucinações visuais também são comuns, enquanto as 
demais devem levar o médico a considerar a possibilidade 
de um problema clínico ou neurológico subjacente; 
- Alucinações cenestésicas: São sensações infundadas de 
estados alterados em órgãos do corpo. Os exemplos incluem 
sensação de queimação no cérebro, sensação de pressão 
nos vasos sanguíneos e sensação cortante na medula óssea. 
Distorções corporais também podem ocorrer. 
 
• Ilusões: 
- Podem ocorrer durante as fases ativas, mas também ao 
longo das fases prodrômicas e dos períodos de remissão; 
- Sempre que ocorrem ilusões ou alucinações, os médicos 
devem levar em conta a possibilidade de que a causa dos 
sintomas esteja relacionada a uma substância, mesmo 
quando o paciente já recebeu um diagnóstico de 
esquizofrenia. 
 
• Pensamento: 
- Os transtornos do pensamento podem ser sintomas 
centrais da esquizofrenia; 
- Conteúdo: Refletem as ideias, crenças e interpretações de 
estímulos do paciente. Os delírios, o exemplo mais óbvio de 
transtorno do conteúdo do pensamento, são variados na 
esquizofrenia e podem assumir formas persecutórias, 
grandiosas, religiosas ou somáticas. 
A expressão perda dos limites do ego descreve a 
ausência de noção clara de onde terminam o corpo, a mente 
e a influência do indivíduo e onde começam os limites de 
outros elementos animados e inanimados. Por exemplo, os 
pacientes podem pensar que outras pessoas, a televisão ou 
os jornais estão se referindo a eles (ideias de referência). 
Outros sintomas da perda dos limites do ego incluem a 
sensação de que a pessoa se fundiu fisicamente a um objeto 
externo (p. ex., uma árvore ou outra pessoa) ou que se 
desintegrou e se fundiu ao universo inteiro (identidade 
cósmica). Nesse estado mental, alguns indivíduos com 
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Saúde Mental 2 
esquizofrenia têm dúvidas quanto a seu sexo ou sua 
orientação sexual. 
 
- Forma: Os transtornos da forma do pensamento são 
observáveis de modo objetivo na linguagem falada e escrita 
dos pacientes e incluem frouxidão de associações, 
descarrilamento, incoerência, tangencialidade, 
circunstancialidade, neologismos, ecolalia, verbigeração, 
salada de palavras e mutismo. 
Obs.: O pensamento de uma pessoa com esquizofrenia é 
caracterizado, simultaneamente, por uma concretude e 
simbolismo excessivos. 
- Processo de pensamento: Os transtornos no processo de 
pensamento dizem respeito ao modo como as ideias e a 
linguagem são formuladas. incluem fuga de ideias, bloqueio 
do pensamento, comprometimento da atenção, pobreza de 
conteúdo do pensamento, baixa capacidade de abstração, 
perseveração, associações idiossincrásicas (p. ex., 
predicados idênticos, associações por sons), inclusão 
excessiva e circunstancialidade. 
O controle dos pensamentos, no qual forças externas 
controlam o que o paciente pensa ou sente, é comum, bem 
como a irradiação de pensamentos, na qual ele acredita que 
outras pessoas podem ler sua mente ou que seus 
pensamentos são transmitidos pela televisão ou pelo rádio. 
 
Impulsividade, violência, suicídio e homicídio: 
• Pacientes com esquizofrenia podem ser agitados e ter 
pouco controle dos impulsos quando em surto; 
• Também podem ter menos sensibilidade social e aparentar 
impulsividade. Alguns comportamentos aparentemente 
impulsivos, incluindo tentativas de suicídio e homicídio, 
podem ocorrer em resposta a alucinações que comandam o 
paciente a agir; 
• Violência: 
- O comportamento violento (excluindo o homicídio) é 
comum entre indivíduos com esquizofrenia não tratados; 
- Delírios de natureza persecutória, episódios anteriores de 
violência e déficits neurológicos são fatores de risco para o 
comportamento violento ou impulsivo; 
- Tratamento: inclui medicamentos antipsicóticos 
apropriados, e o tratamento de emergência consiste em 
contenção e isolamento. A sedação aguda com lorazepam, 1 
a 2 mg por via intramuscular, repetida a cada hora conforme 
o necessário, pode ser essencial para impedir que o 
paciente ataque outras pessoas. 
 
• Suicídio: 
- Principal causa de morte prematura entre pessoas com 
esquizofrenia; 
- Com frequência, o suicídio na esquizofrenia parece 
ocorrer “do nada”, sem avisos prévios ou expressões 
verbais de intenção. O fator mais importante é a presença 
de um episódio depressivo maior; 
- Alguns dados sugerem que aqueles com o melhor 
prognóstico (poucos sintomas negativos, preservação da 
capacidade de vivenciar afetos, melhor pensamento 
abstrato) podem paradoxalmente também ter um risco mais 
alto de suicídio; 
- O perfil do paciente com maior risco é um homem jovem 
que já teve altas expectativas, declinou de um nível superior 
de funcionamento, percebeu a probabilidade de seus sonhos 
nunca se realizarem e perdeu a fé na eficácia do tratamento. 
- Outras possíveis contribuições para a alta taxa de suicídio 
incluem alucinações de comando e abuso de drogas; 
- Um grande estudo farmacológico sugere que a clozapina 
possa ter particular eficácia na redução da ideação suicida 
em pacientes afetados pelo transtorno com hospitalizações 
anteriores por tentativa de suicídio. Foi demonstrado que 
medicamentos antidepressivos adjuvantes são eficazes 
para aliviar a depressão maior concomitante na 
esquizofrenia. 
 
• Homicídio: esses pacientes não têm mais probabilidade de 
cometer homicídios do que um membro da população em 
geral. O homicídio cometido por um indivíduo com 
esquizofrenia pode ter razões imprevisíveis ou bizarras, 
baseadas em alucinações ou delírios. Os possíveis 
preditores de atividade homicida são história de violência, 
comportamento perigoso durante a hospitalização e 
alucinações ou delírios envolvendo esse tipo de violência. 
 
Sensório e cognição: 
• Orientação: 
- Geralmente são orientados em relação a pessoa, tempo e 
lugar. A ausência dessa orientação deve levar o médico a 
investigar a possibilidade de um transtorno cerebral de 
causa médica geral ou neurológica; 
- Alguns desses pacientes podem dar respostas incorretas 
ou bizarras a perguntas sobre orientação, como, por 
exemplo: “Eu sou Jesus Cristo; isto é o Paraíso; e o ano é 35 
d.C.” 
 
 
 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
• Memória: Costuma estar intacta, mas pode haver 
deficiências cognitivas menores. 
• Comprometimento cognitivo: 
- Pacientes com esquizofrenia normalmente exibem 
disfunção cognitiva sutil nas esferas de atenção, função 
executiva, memória de trabalho e memória episódica; 
- Esses comprometimentos não funcionam como 
instrumentos diagnósticos, mas estão fortemente 
relacionados ao desfecho funcional da doença e, por essa 
razão, têm valor clínico como variáveis prognósticas, bem 
como para o planejamento do tratamento; 
- O comprometimento cognitivo parece já estar presente 
quando os indivíduos têm seu primeiro episódio e parece 
permanecer, em grande parte, estável ao longo do curso 
inicial da doença; 
- Comprometimentos cognitivos também estão presentes 
em formas atenuadas em parentes não psicóticos de 
pacientes com esquizofrenia. 
 
• Julgamento e insight: Classicamente, indivíduos com 
esquizofrenia são descritos com insight pobre sobre a 
natureza e a gravidade de seu transtorno. O que reflete na 
falta de adesão ao tratamento. 
• Confiabilidade: Um paciente com esquizofrenia não é menos 
confiável do que qualquer outro paciente psiquiátrico. A 
natureza do transtorno,no entanto, requer que o 
examinador verifique informações importantes por meio de 
fontes adicionais. 
 
Comorbidade somática: 
• Achados neurológicos: 
- Sinais neurológicos focais e não focais (também 
conhecidos como sinais fortes e fracos, respectivamente); 
- Sinais focais: disdiadococinesia, estereognosia, reflexos 
primitivos e destreza diminuída; 
- A presença de sinais e sintomas neurológicos está 
correlacionada com maior gravidade da doença, 
embotamento afetivo e um prognóstico insatisfatório; 
- Outros sinais neurológicos anormais incluem tiques, 
estereotipias, caretas, habilidades motoras finas 
comprometidas, tônus motor anormal e movimentos 
anormais. 
 
• Exame ocular: Além do transtorno do rastreamento ocular 
contínuo (movimento sacádico), pacientes com 
esquizofrenia têm taxa elevada de pestanejo, que se acredita 
ser reflexo de atividade hiperdopaminérgica. 
 
• Fala: 
- Embora sejam classicamente considerados indicadores de 
um transtorno do pensamento, os transtornos da fala na 
esquizofrenia (p. ex., frouxidão de associações) também 
podem indicar uma forme fruste de afasia, talvez implicando 
o lobo parietal dominante. A incapacidade dos pacientes 
afetados de perceber a prosódia da fala ou de dar inflexão a 
sua própria fala pode ser vista como um sintoma 
neurológico de um transtorno do lobo parietal não 
dominante; 
- Outros sintomas semelhantes incluem a incapacidade de 
realizar tarefas (i.e., apraxia), desorientação direita-
esquerda e falta de preocupação com a doença. 
Outras comorbidades: 
• Obesidade; 
• Diabetes melito; 
• Doenças cardiovasculares; 
• HIV; 
• DPOC; 
• Artrite reumatoide. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
Transtornos psicóticos secundários: 
• Uma ampla gama de condições médicas não psiquiátricas e 
uma variedade de substâncias podem induzir sintomas de 
psicose e catatonia; 
• O diagnóstico mais apropriado para esses casos é o de 
transtorno psicótico devido a uma condição médica geral, 
transtorno catatônico devido a uma condição médica geral 
ou transtorno psicótico induzido por substâncias. 
 
Outros transtornos psicóticos: 
• Transtorno esquizofreniforme: difere da esquizofrenia 
porque seus sintomas têm duração de pelo menos um mês, 
mas menos de seis; 
• Transtorno psicótico breve: é o diagnóstico apropriado 
quando os sintomas duram pelo menos um dia, mas menos 
de um mês, e o paciente não retorna ao estado pré-mórbido 
de funcionamento nesse período. Também pode haver um 
evento traumático precipitante; 
• Transtorno esquizoafetivo: Quando uma síndrome maníaca 
ou depressiva se desenvolve ao mesmo tempo que os 
sintomas principais da esquizofrenia; 
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• Transtorno delirante: Delírios não bizarros presentes por 
pelo menos um mês sem outros sintomas de esquizofrenia 
ou transtorno do humor. 
 
Trantornos do humor: 
• Um paciente com um episódio depressivo maior pode se 
apresentar com delírios e alucinações, tenha ele um 
transtorno do humor unipolar ou bipolar; 
• Os delírios vistos na depressão psicótica são normalmente 
congruentes com o humor e envolvem temas como culpa, 
autodepreciação, punição merecida e doenças incuráveis. 
• Nesses transtornos, os sintomas psicóticos podem se 
resolver por completo com a resolução da depressão; 
• Um episódio depressivo grave pode também resultar em 
perda de funcionamento, declínio no autocuidado e 
isolamento social, mas estes são secundários aos sintomas 
depressivos e não devem ser confundidos com os sintomas 
negativos da esquizofrenia; 
• Um episódio maníaco plenamente desenvolvido muitas vezes 
se apresenta com delírios e às vezes com alucinações. Os 
delírios na mania são com muita frequência congruentes 
com o humor e em geral envolvem temas de grandeza. A 
fuga de ideias vista na mania às vezes pode ser confundida 
com o transtorno do pensamento da esquizofrenia. 
 
Transtornos da personalidade: 
• Os tipos esquizotípico, esquizoide e borderline são os que 
apresentam sintomas mais semelhantes; 
• Um transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva 
grave pode mascarar um processo esquizofrênico 
subjacente; 
• Os transtornos da personalidade, diferentemente da 
esquizofrenia, têm sintomas leves e história de ocorrência 
durante toda a vida; eles também não têm uma data de início 
precisa. 
 
Simulação e transtornos factícios: Para um paciente que imita 
os sintomas da esquizofrenia, mas não tem de fato o transtorno, 
simulação ou transtorno factício podem ser os diagnósticos 
apropriados. Pacientes que estão controlando completamente a 
produção de seus sintomas podem ter um diagnóstico de 
simulação. A condição de pacientes que têm menos controle da 
falsificação de sintomas psicóticos pode indicar um diagnóstico 
de transtorno factício. 
 
CURSO E PROGNÓSTICO: 
Curso: 
• De forma característica, os sintomas começam na 
adolescência e são seguidos pelo desenvolvimento de 
sintomas prodrômicos em um intervalo de dias a alguns 
meses; 
• Alterações sociais ou ambientais, tais como a mudança para 
cursar universidade em outra cidade, o uso de uma 
substância ou a morte de um parente, podem precipitar os 
sintomas perturbadores, e a síndrome prodrômica pode 
durar um ano ou mais antes do início de sintomas psicóticos 
manifestos; 
• O curso clássico da esquizofrenia é de exacerbações e 
remissões; 
• Após o primeiro episódio psicótico, o paciente se recupera 
de forma gradual e funciona de modo relativamente normal 
por um longo tempo; 
• As recaídas são comuns, e o padrão da doença durante os 
primeiros cinco anos após o diagnóstico em geral indica o 
curso do paciente; 
• A deterioração do funcionamento basal é cada vez maior 
após cada recaída da psicose. Esse fracasso em retornar ao 
nível anterior de funcionamento é a principal distinção entre 
a esquizofrenia e os transtornos do humor; 
• Os sintomas positivos tendem a tornar-se menos graves 
com o tempo, mas a gravidade dos sintomas negativos ou 
deficitários socialmente debilitantes, pode piorar. 
 
Prognóstico: 
 
 
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Saúde Mental 2 
TRATAMENTO: 
Hospitalização: 
• Indicada para: 
- Fins de diagnóstico; 
- Estabilização da medicação; 
- Segurança do paciente devido a ideação suicida ou 
homicida; 
- Comportamento flagrantemente desorganizado ou 
inadequado, incluindo a incapacidade de cuidar das 
necessidades básicas, como alimentação, vestuário e 
abrigo. 
• Estabelecer uma associação efetiva entre o paciente e os 
sistemas de apoio da comunidade também é um dos 
objetivos da hospitalização; 
• Hospitalizações curtas de 4 a 6 semanas são tão eficazes 
quanto as longas, e o ambiente hospitalar com abordagens 
comportamentais ativas produz melhores resultados do que 
as instituições de custódia; 
• Os planos de tratamento hospitalar devem ser orientados 
para questões práticas de cuidados pessoais, qualidade de 
• vida, emprego e relações sociais. Durante a hospitalização, 
deve-se orientar e articular contatos entre o paciente e as 
pessoas ou instituições que serão responsáveis pelos 
cuidados após a alta, incluindo a família, pensões protegidas 
e casas de passagem. Centros de atendimento diários e 
visitas domiciliares de terapeutas às vezes ajudam os 
pacientes a permanecer fora do hospital por longos 
períodos, melhorando a qualidade de suas vidas diárias. 
 
Farmacoterapia: 
• Os antipsicóticos diminuem a expressão do sintoma 
psicótico e reduzem as taxas de recaída. Aproximadamente 
70% de pacientes tratados com qualquer antipsicótico 
alcançam a remissão; 
• Os medicamentos usados para tratar a esquizofrenia têm 
uma ampla variedade de propriedades farmacológicas, mas 
todos têm em comum a capacidade de antagonizar os 
receptores de dopamina pós-sinápticos no cérebro; 
• Os antipsicóticos podem ser classificados em dois grupos 
principais: os convencionais, mais antigos, quetambém são 
chamados de antipsicóticos de primeira geração, ou 
antagonistas do receptor de dopamina, e os mais recentes, 
que têm sido chamados de antipsicóticos de segunda 
geração, ou antagonistas de serotonina e dopamina (ASDs). 
 
 
Fases do tratamento da esquizofrenia: 
TRATAMENTO DA PSICOSE AGUDA: 
• Concentra-se em aliviar os sintomas psicóticos mais 
graves; 
• Em geral dura 4 a 8 semanas; 
• A esquizofrenia aguda normalmente está associada com 
agitação grave, que pode resultar de sintomas como delírios 
assustadores, alucinações ou desconfiança ou de outras 
causas (incluindo abuso de estimulantes; 
• Pode ser difícil diferenciar acatisia de agitação psicótica, 
em particular quando os pacientes são incapazes de 
descrever sua experiência interna. Se eles estiverem 
recebendo um agente com efeitos colaterais 
extrapiramidais, geralmente um antipsicótico de primeira 
geração, uma tentativa com um medicamento 
antiparkinsoniano anticolinérgico, um benzodiazepínico ou 
propranolol pode ser útil para fazer essa diferenciação; 
• Os antipsicóticos e os benzodiazepínicos podem acalmar os 
pacientes com bastante rapidez. Com aqueles muito 
agitados, a administração intramuscular de antipsicóticos 
produz um efeito mais rápido; 
• Antipsicóticos: 
- Vantagem: uma única injeção IM de haloperidol, flufenazina, 
olanzapina ou ziprasidona, muitas vezes, resultará em efeito 
calmante sem sedação excessiva; 
- Os antipsicóticos de baixa potência estão com frequência 
associados com sedação e hipotensão postural, 
particularmente quando são administrados por via 
intramuscular; 
- Ziprasidona e olanzapina intramusculares são semelhantes 
a seus equivalentes orais em não causar efeitos colaterais 
extrapiramidais substanciais durante o tratamento agudo. 
Isso pode ser uma vantagem importante em relação ao 
haloperidol ou à flufenazina, que podem causar distonias ou 
acatisia assustadoras em alguns pacientes; 
- Uma formulação oral de rápida dissolução de olanzapina 
também pode ser útil como uma alternativa a uma injeção 
intramuscular. 
 
• Benzodiazepínicos: 
- O lorazepam tem a vantagem de uma absorção confiável 
quando administrado por via oral ou intramuscular; 
- O uso de benzodiazepínicos também pode reduzir a 
quantidade de antipsicótico necessária para controlar 
pacientes psicóticos. 
 
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TRATAMENTO DURANTE AS FASES DE ESTABILIZAÇÃO E 
MANUTENÇÃO: 
• Objetivos: revenir recaída psicótica e ajudar os pacientes a 
melhorar seu nível de funcionamento; 
• Nessa fase, os pacientes em geral estão em um estado 
relativo de remissão, apenas com sintomas psicóticos 
mínimos; 
• Pacientes estáveis que são mantidos com um antipsicótico 
têm uma taxa de recaída muito mais baixa do que aqueles 
que têm seus medicamentos descontinuados; 
• Em geral, é recomendado que pacientes com episódios 
múltiplos recebam tratamento de manutenção por pelo 
menos cinco anos, e muitos especialistas recomendam a 
farmacoterapia por tempo indeterminado. 
 
TRATAMENTO DOS EFEITOS COLATERAIS: 
• Para medicamentos de baixa potência, é provável que esses 
efeitos colaterais incluam sedação, hipotensão postural e 
efeitos anticolinérgicos, enquanto os de alta potência 
tendem a causar efeitos colaterais extrapiramidais. 
Efeitos colaterais extrapiramidais: 
• Reduzir a dose do antipsicótico (geralmente é um ARD); 
• Adicionar um medicamento antiparkinsoniano (os 
anticolinérgicos são os mais eficazes); 
• Mudar o pct para um ASD, que tem menos probabilidade 
de causas esses efeitos; 
• Os 
-bloqueadores de ação central, como o propranolol, 
costumam ser eficazes para tratar acatisia. A maioria dos 
pacientes responde a dosagens de 30 e 90 mg por dia; 
• No caso de antipsicóticos convencionais estarem sendo 
prescritos, os médicos podem considerar prescrever 
medicamentos antiparkinsonianos profiláticos para 
pacientes com probabilidade de experimentar efeitos 
colaterais extrapiramidais perturbadores. 
Estes incluem os que têm uma história de sensibilidade 
a esses efeitos e aqueles que estão sendo tratados com 
doses relativamente altas de agentes de alta potência. 
Medicamentos antiparkinsonianos profiláticos também 
podem ser indicados quando agentes de alta potência são 
prescritos para homens jovens que apresentam maior 
vulnerabilidade ao desenvolvimento de distonias; 
• A risperidona pode causar efeitos colaterais 
extrapiramidais mesmo em doses baixas – por exemplo, 0,5 
mg –, mas a gravidade e o risco são maiores com doses 
mais altas – por exemplo, mais de 6 mg; 
• A olanzapina e a ziprasidona também estão associadas com 
parkinsonismo e acatisia relacionados à dose. 
 
Discinesia tardia: 
• Aproximadamente 20 a 30% dos pacientes em tratamento 
de longo prazo com um ARD convencional exibirão sintomas 
de discinesia tardia; 
• As recomendações para prevenir e tratar discinesia tardia 
incluem: 
(1) usar a dose efetiva mais baixa de antipsicótico; 
(2) prescrever com cautela para crianças, idosos e 
indivíduos com transtornos do humor; 
(3) examinar os pacientes regularmente para evidência 
desse efeito colateral; 
(4) considerar alternativas ao antipsicótico que está sendo 
utilizado e considerar redução da dosagem quando a 
condição for diagnosticada; 
(5) considerar uma série de opções se ela piorar, incluindo 
a descontinuação do antipsicótico ou mudança para um 
agente diferente. Foi demonstrado que a clozapina é eficaz 
para reduzir discinesia tardia grave ou distonia tardia. 
Outros efeitos colaterais: 
• Sedação e hipotensão postural podem ser efeitos colaterais 
importantes para pacientes que estão sendo tratados com 
ARDs de baixa potência, como perfenazina. 
Esses efeitos são, muitas vezes, mais graves durante o 
ajuste da dosagem inicial desses medicamentos como 
resultado, pacientes tratados com esses medicamentos – 
particularmente com clozapina – podem levar semanas até 
alcançar uma dose terapêutica. 
Embora a maioria dos indivíduos desenvolva tolerância 
a sedação e hipotensão postural, a sedação pode continuar 
sendo um problema. Nestes, a sonolência diurna pode 
interferir nas tentativas de retornar à vida na comunidade. 
• Todos os ARDs, bem como os ASDs, elevam os níveis de 
prolactina, o que pode resultar em galactorreia e 
menstruação irregular. Elevações de longo prazo na 
prolactina e a resultante supressão no hormônio liberador 
da gonadotrofina podem causar supressão nos hormônios 
gonadais. 
Monitorização da saúde em pcts recebendo antipsicóticos: 
Devido aos efeitos dos ASDs sobre o metabolismo de insulina, os 
psiquiatras devem monitorar uma série de indicadores de saúde, 
incluindo IMC, glicose sanguínea de jejum e perfis de lipídeos. Os 
pacientes devem ser pesados, e seus IMCs calculados, em cada 
consulta por seis meses após uma mudança de medicação. 
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Saúde Mental 2 
Efeitos colaterais da clozapina: 
• O efeito colateral mais grave é a agranulocitose. O risco de 
desenvolver esse efeito é bem mais baixo após o primeiro 
ano de exposição; 
• Há também risco mais alto de convulsões do que outros 
antipsicóticos. Pacientes que desenvolvem convulsões com 
esse fármaco em geral podem ser tratados com redução da 
dose e adição de um anticonvulsivante, geralmente 
valproato; 
• Outros efeitos colaterais: miocardite, hipersalivação, 
sedação, taquicardia, ganho de peso, diabetes, febre e 
hipotensão postural. 
 
OUTRAS TERAPIAS: 
• Biológicas: ECT; 
• Psicossociais: 
- Treinamento de habilidades sociais; 
- Terapia de família; 
- Gestão de caso; 
- Tratamento assertivo na comunidade; 
- Terapia de grupo; 
- Terapia cognitivo-comportamental; 
- Psicoterapia individual; 
- Terapia pessoal; 
- Terapia comportamental dialética; 
- Terapia vocacional; 
- Arteterapia; 
- Treinamento cognitivo. 
• O transtorno esquizoafetivo tem características tanto daesquizofrenia como dos transtornos do humor; 
• Nos sistemas diagnósticos atuais, os pacientes podem 
receber esse diagnóstico se puderem se encaixar em uma 
das seis categorias seguintes: 
(1) pacientes com esquizofrenia que têm sintomas de humor; 
(2) pacientes com transtorno do humor que têm sintomas 
de esquizofrenia; 
(3) pacientes com transtorno do humor e esquizofrenia; 
(4) pacientes com uma terceira psicose não relacionada a 
esquizofrenia e a transtorno do humor; 
(5) pacientes cujo transtorno se encontra em um continuum 
entre esquizofrenia e transtorno do humor; 
(6) pacientes com alguma combinação dos critérios citados. 
EPIDEMIOLOGIA: A prevalência do transtorno esquizoafetivo ao 
longo da vida é de menos de 1%, possivelmente entre 0,5 e 0,8%. 
Na prática clínica, um diagnóstico preliminar de transtorno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
esquizoafetivo costuma ser usado quando o médico não tem 
certeza do diagnóstico. 
Diferenças de gênero e idade: 
• Bipolar: 
- Números aproximadamente iguais entre homens e 
mulheres; 
- Pode ser mais comum em adultos jovens. 
• Depressão: 
- São duas vezes mais prevalentes em mulheres do que em 
homens; 
- Pode ser mais comum em pessoas mais velhas. 
• A idade de início para mulheres é mais tardia do que para os 
homens, como na esquizofrenia; 
• Os homens com transtorno esquizoafetivo tendem a exibir 
comportamento antissocial e a ter um afeto marcadamente 
plano ou inadequado. 
Transtorno Esquizoafetivo 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
ETIOLOGIA: 
• A causa do transtorno esquizoafetivo é desconhecida. 
Embora grande parte das pesquisas familiares e genéticas 
sobre o transtorno esquizoafetivo se baseie na premissa de 
que a esquizofrenia e os transtornos do humor são 
entidades completamente separadas, alguns dados indicam 
que elas podem ser relacionadas de uma perspectiva 
genética; 
• Os pacientes com transtorno esquizoafetivo são um grupo 
heterogêneo: alguns têm esquizofrenia com sintomas 
afetivos proeminentes, outros têm transtorno do humor 
com proeminência de sintomas de esquizofrenia, e ainda 
outros apresentam uma síndrome clínica distinta. A hipótese 
de que tenham ao mesmo tempo esquizofrenia e um 
transtorno do humor não se sustenta, porque a ocorrência 
conjunta dos dois transtornos é muito mais baixa do que a 
incidência do transtorno esquizoafetivo; 
• Como um grupo, pacientes com transtorno esquizoafetivo 
têm melhor prognóstico do que os afetados por 
esquizofrenia e pior prognóstico do que aqueles com 
transtornos do humor e tendem a apresentar um curso não 
deteriorante e a responder melhor ao lítio do que pacientes 
com esquizofrenia. 
 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• O médico deve diagnosticar de forma correta a doença 
afetiva, certificando-se de que ela satisfaça os critérios 
para um episódio maníaco ou depressivo, mas também deve 
determinar a duração exata de cada episódio (o que nem 
sempre é fácil ou mesmo possível). 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
• O diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui todas as 
possibilidades geralmente consideradas para transtornos 
do humor e para esquizofrenia. 
 
CURSO E PROGNÓSTICO: 
• Dada a definição do diagnóstico, pode-se esperar que 
pacientes com transtorno esquizoafetivo tenham curso 
semelhante ao de um transtorno do humor episódico, um 
curso de esquizofrenia crônica ou algum desfecho 
intermediário; 
• Presume-se que a presença crescente de sintomas de 
esquizofrenia esteja associada com um prognóstico pior, 
enquanto há melhor prognóstico na predominância de 
sintomas afetivos. 
 
TRATAMENTO: 
• Estabilizadores do humor, lítio ou carbamazepina, que 
podem ser utilizados isolados, em combinação um com o 
outro ou com um agente antipsicótico; 
• Em episódios maníacos, indivíduos com transtorno 
esquizoafetivo devem ser tratados de maneira agressiva 
com dosagens de um estabilizador do humor na variação 
média a alta de concentração sanguínea terapêutica. 
Quando os pacientes entram na fase de manutenção, a 
dosagem pode ser reduzida para a variação baixa a média 
para evitar efeitos adversos e possíveis efeitos em outros 
sistemas (p. ex., tireoide e rins) e para melhorar a facilidade 
de uso e a adesão. 
• O tratamento com antidepressivos espelha o tratamento da 
depressão bipolar. Deve-se ter cuidado para não precipitar 
um ciclo de mudanças rápidas da depressão para a mania 
com o antidepressivo. A escolha desse medicamento deve 
levar em consideração sucessos e fracassos anteriores do 
tratamento. 
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (p. 
ex., fluoxetina e sertralina) costumam ser usados como 
agentes de primeira linha, pois têm menos efeitos sobre o 
estado cardíaco e um perfil favorável na superdosagem. 
Entretanto, pacientes agitados ou insones podem se 
beneficiar de um agente tricíclico. Como em todos os casos 
de mania intratável, o uso da ECT deve ser considerado. 
• Terapia psicossocial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
 
 
• Os sintomas da doença são semelhantes aos da 
esquizofrenia; contudo, com o transtorno 
esquizofreniforme, os sintomas duram pelo menos um mês, 
mas menos de seis meses; 
• Indivíduos com transtorno esquizofreniforme retornam a 
seu nível basal de funcionamento após a resolução do 
transtorno. 
EPIDEMIOLOGIA: 
• Mais comum em adolescentes e adultos jovens; 
• Sua incidência é menos da metade da esquizofrenia; 
• Uma taxa cinco vezes maior do transtorno foi encontrada 
em homens em comparação a mulheres; 
• Estudos mostraram que parentes de indivíduos com 
transtorno esquizofreniforme têm alto risco de ter outros 
transtornos psiquiátricos, mas a distribuição destes difere 
 
 
 
• daquela vista nos parentes de pessoas com esquizofrenia e 
transtornos bipolares. Especificamente, os parentes de 
pacientes com transtorno esquizofreniforme são mais 
propensos a apresentar transtornos do humor do que os 
parentes de daqueles com esquizofrenia, e mais propensos 
a ter diagnóstico de transtorno do humor psicótico do que 
os parentes daqueles com transtornos bipolares. 
 
ETIOLOGIA: 
• A causa do transtorno esquizofreniforme não é conhecida; 
• Os dados biológicos e epidemiológicos são mais 
consistentes com a hipótese de que essa categoria 
diagnóstica defina um grupo de pacientes, alguns dos quais 
têm um transtorno semelhante à esquizofrenia e outros uma 
condição que lembra um transtorno do humor. Sendo de 
melhor prognóstico aqueles que têm mais sintomas afetivos. 
Transtorno Esquizofreniforme 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• Este é um transtorno psicótico agudo com um início rápido 
e com ausência de uma fase prodrômica longa; 
• Embora muitos indivíduos com o transtorno possam 
vivenciar comprometimento funcional na época de um 
episódio, é improvável que relatem um declínio progressivo 
no funcionamento social e ocupacional; 
• O perfil de sintoma inicial é o mesmo da esquizofrenia, uma 
vez que dois ou mais sintomas psicóticos (alucinações, 
delírios, discurso e comportamento desorganizados ou 
sintomas negativos) devem estar presentes. Sintomas 
schneiderianos de primeira linha são observados com 
frequência; 
 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
• Psicoses que podem se originar de condições clínicas; 
• A duração dos sintomas psicóticos é um fator que 
diferencia transtorno esquizofreniforme de outras 
síndromes. A esquizofrenia é diagnosticada se a 
duração das fases prodrômica, ativa e residual for 
maior que seis meses; sintomas que ocorrem por 
menos de um mês indicam um transtorno psicótico 
breve. Em geral, um diagnóstico desse transtorno não 
• Além disso, uma maior probabilidade de turbilhão e confusão 
emocional é encontrada, cuja presença pode indicar um 
prognóstico positivo; 
• Mesmoque sintomas negativos possam estar presentes, 
eles são um tanto raros no transtorno esquizofreniforme e 
são considerados aspectos prognósticos ruins; 
• Por definição, pacientes com transtorno esquizofreniforme 
retornam a seu estado basal em seis meses. Em alguns 
casos, a doença é episódica, com mais de um episódio 
ocorrendo após longos períodos de remissão total. Se a 
duração combinada da sintomatologia exceder a seis meses, 
o diagnóstico de esquizofrenia deve ser considerado. 
 
 
 
 
 
requer que um estressor maior esteja presente. Às vezes, é 
difícil diferenciar transtornos do humor com aspectos 
psicóticos de transtorno esquizofreniforme. Além disso, 
transtorno esquizofreniforme e esquizofrenia podem ser 
altamente comórbidos com transtornos do humor e de 
ansiedade. 
 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
CURSO E PROGNÓSTICO: Alguns terão Um segundo ou terceiro 
episódio durante o qual irão deteriorar para uma condição mais 
crônica de esquizofrenia. Poucos, entretanto, podem ter apenas 
esse único episódio e então continuar com suas vidas. 
TRATAMENTO: 
• Hospitalização: permite a avaliação, o tratamento e a 
supervisão efetiva do comportamento do paciente; 
• Os sintomas psicóticos em geral podem ser tratados com 
um curso de 3 a 6 meses de medicamentos antipsicóticos 
(p. ex., risperidona); 
• O uso de lítio, carbamazepina ou valproato pode ser indicado 
para tratamento e profilaxia se o paciente tiver um episódio 
recorrente; 
• Psicoterapia; 
• ECT; → pcts com aspectos catatônicos ou depressivos 
acentuados. 
• A maioria dos pacientes com transtorno esquizofreniforme 
progride para esquizofrenia apesar do tratamento. Nesses 
casos, deve ser formulado um plano de tratamento 
consistente com uma doença crônica. 
• Delírios são crenças fixas, falsas, que não estão de acordo 
com a cultura; 
• O diagnóstico de transtorno delirante é feito quando uma 
pessoa exibe delírios não bizarros de pelo menos um mês de 
duração que não podem ser atribuídos a outros transtornos 
psiquiátricos. Não bizarro significa que o delírio deve ser 
sobre situações que podem ocorrer na vida real, tal como 
ser seguido, infectado, amado a distância, e assim por 
diante; ou seja, eles geralmente têm a ver com fenômenos 
que, mesmo não sendo reais, são possíveis; 
• Vários tipos de delírios podem estar presentes, e o tipo 
predominante é especificado quando o diagnóstico é feito. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
• Mais raro que a esquizofrenia; idade média de início é em 
torno dos 40 anos, mas varia entre os 18 e os 90 anos; 
• Existe leve preponderância de pacientes do sexo feminino. 
Os homens têm mais probabilidade de desenvolver delírios 
paranoides do que as mulheres, que tendem mais a 
desenvolver delírios de erotomania; 
• Muitos pacientes são casados e estão empregados, mas 
pode haver alguma associação com imigração recente e 
condição socioeconômica baixa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOLOGIA: 
• Sua causa é desconhecida; 
• Fatores biológicos; 
• Fatores psicodinâmicos. 
 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
Estado mental: 
DESCRIÇÃO GERAL: 
• Os pacientes costumam estar bem arrumados e bem 
vestidos, sem evidências de desintegração aparente da 
personalidade ou das atividades diárias, mas podem parecer 
excêntricos, estranhos, desconfiados ou hostis; 
• Os pacientes costumam estar bem arrumados e bem 
vestidos, sem evidências de desintegração aparente da 
Transtorno Delirante e Transtorno Psicótico Compartilhado 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
personalidade ou das atividades diárias, mas podem parecer 
excêntricos, estranhos, desconfiados ou hostis. 
 
HUMOR, SENTIMENTOS E AFETO: O humor do indivíduo é compatível 
com o conteúdo de seus delírios. Qualquer que seja a natureza do 
sistema delirante, o examinador pode perceber algumas 
características depressivas leves. 
DISTÚRBIOS PERCEPTUAIS: Por definição, pacientes com 
transtorno delirante não têm alucinações proeminentes ou 
contínuas. Alguns têm outras experiências alucinatórias – em 
geral, mais auditivas do que visuais. 
PENSAMENTO: O transtorno do conteúdo do pensamento, na 
forma de delírios, é o sintoma-chave do transtorno delirante. Os 
delírios geralmente são sistematizados e caracterizados como 
possíveis (p. ex., delírios de ser perseguido, de ter um cônjuge 
infiel, de estar infectado com um vírus ou de ser amado por uma 
pessoa famosa). 
SENSÓRIO E COGNIÇÃO: 
• Orientação: não costumam ter anormalidades na orientação, 
a menos que tenham um delírio específico sobre uma 
pessoa, lugar ou tempo. 
• Memória: A memória e outros processos cognitivos estão 
intactos. 
CONTROLE DOS IMPULSOS: Os médicos devem avaliar pacientes 
com transtorno delirante para a presença de ideação ou planos 
de agir segundo o material delirante por meio de suicídio, 
homicídio ou outra violência. Embora a incidência desses 
comportamentos não seja conhecida, os terapeutas não devem 
hesitar em perguntar ao paciente sobre planos suicidas, 
homicidas ou outras formas de violência. A agressividade 
destrutiva é mais comum naqueles com história de violência; se 
houve sentimentos agressivos no passado. 
JULGAMENTO E INSIGHT: Pacientes com transtorno delirante 
praticamente não têm entendimento algum de sua condição e são 
quase sempre levados ao hospital pela polícia, por membros da 
família ou por empregadores. 
CONFIABILIDADE: Pacientes com transtorno delirante tendem a 
fornecer informações confiáveis, exceto quando estas 
contrariam seu 
sistema delirante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
TIPOS: 
• O delírio de perseguição é um sintoma clássico do 
transtorno delirante, e os tipos persecutório e ciumento 
provavelmente sejam as formas vistas com mais frequência 
pelos psiquiatras; 
• Os pacientes com esse subtipo estão convencidos de que 
estão sendo perseguidos ou prejudicados; 
• As crenças persecutórias muitas vezes estão associadas 
com rabugice, irritabilidade e raiva, e o indivíduo que se 
deixa levar pela raiva pode às vezes ser agressivo ou mesmo 
homicida. Outras vezes, esses indivíduos podem se tornar 
preocupados com litígios formais contra seus supostos 
perseguidores; 
• Em contraste com os delírios persecutórios da 
esquizofrenia, a clareza, a lógica e a elaboração sistemática 
do tema persecutório no transtorno delirante são uma 
marca notável dessa condição; 
• A ausência de outra psicopatologia, de deterioração da 
personalidade ou de déficit na maioria das áreas de 
funcionamento também contrasta com as manifestações 
típicas da esquizofrenia. 
 
• O transtorno delirante com delírios de infidelidade foi 
denominado paranoia conjugal quando limitado ao delírio de 
que o cônjuge foi infiel; 
• O epônimo síndrome de Otelo foi usado para descrever um 
ciúme mórbido decorrente de múltiplas preocupações; 
• O delírio em geral afeta os homens, muitas vezes aqueles 
sem nenhuma história psiquiátrica; 
• Pode aparecer subitamente e serve para explicar uma 
variedade de eventos presentes e passados envolvendo o 
comportamento do cônjuge; 
• Essa condição é difícil de tratar e pode diminuir apenas com 
separação, divórcio ou morte do cônjuge; 
Obs.: O ciúme acentuado (geralmente denominado ciúme 
patológico ou mórbido) é um sintoma de muitos transtornos – 
incluindo esquizofrenia (na qual pacientes do sexo feminino 
apresentam essa característica com maior frequência), 
epilepsia, transtornos do humor, abuso de drogas e alcoolismo –
, cujo tratamento é direcionado ao transtorno primário. 
• Abusos físicos e verbais ocorrem com mais frequência do 
que ações extremas entre indivíduos com esse sintoma. 
 
• Na erotomania, que também tem sido referida como 
síndrome de Clérambault ou psychose passionelle, o 
indivíduo tem a convicção delirante de que outra pessoa, em 
geral de condição social superior,está apaixonada por 
ele(a); 
• Esses pacientes também tendem a ser solitários, retraídos, 
dependentes e sexualmente inibidos, bem como a ter níveis 
baixos de funcionamento social ou ocupacional; 
• Os seguintes critérios operacionais foram sugeridos para o 
diagnóstico de erotomania: 
(1) uma convicção delirante de comunicação amorosa; 
(2) o objeto de posição muito superior; 
(3) o objeto sendo o primeiro a se apaixonar; 
(4) o objeto sendo o primeiro a tomar iniciativas; 
(5) início súbito (em um período de sete dias); 
(6) o objeto permanece inalterado; 
(7) o paciente racionaliza o comportamento paradoxal do 
objeto; 
(8) curso crônico; 
(9) ausência de alucinações. 
 
• Além de ser o sintoma-chave em alguns casos de transtorno 
delirante, sabe-se que ocorre também na esquizofrenia, no 
transtorno do humor e em outros transtornos orgânicos; 
• Geralmente são mulheres pouco atraentes com empregos 
de nível baixo que levam vidas solitárias e retraídas, são 
solteiras e têm poucos contatos sexuais e escolhem 
amantes secretos que diferem bastante delas; 
• Conduta paradoxal: fenômeno delirante de interpretar todas 
as negações de amor, não importa o quanto sejam claras, 
como afirmações secretas de amor; 
• O curso pode ser crônico, recorrente ou breve, e a 
separação do objeto de amor pode ser a única intervenção 
satisfatória; 
• Os homens atingidos por essa condição, podem ser mais 
agressivos e possivelmente violentos em sua busca de 
amor. Por isso, os homens com essa condição predominam 
nas populações forenses. O objeto da agressividade pode 
não ser o indivíduo amado, mas seus companheiros ou 
protetores, que são vistos como obstáculos; 
• Em certos casos, o ressentimento e a raiva em resposta à 
ausência de reação a todas as formas de comunicação do 
amor pode crescer o suficiente para colocar o objeto de 
amor em perigo. Os chamados assediadores, que seguem 
continuamente seus amantes imaginários, costumam ter 
delírios. Ainda que a maioria dos assediadores seja de 
Tipo Persecutório 
Tipo Ciumento 
Tipo Erotomaníaco 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
homens, as mulheres também apresentam esse 
comportamento, e ambos os grupos têm alto potencial para 
violência. 
• O transtorno delirante com delírios somáticos foi chamado 
de psicose hipocondríaca monossintomática. A condição 
difere de outros transtornos com sintomas hipocondríacos 
no grau de comprometimento da realidade; 
• Pessoas com hipocondria muitas vezes admitem que seu 
medo da doença é, em grande parte, infundado; 
• O conteúdo do delírio somático pode variar muito de caso 
para caso. Existem três tipos principais: 
(1) delírios de infestação (incluindo parasitose); → homens, 
idade de início precoce (média de 25 anos), solteiros e 
ausência de tratamento psiquiátrico anterior 
(2) delírios de dismorfofobia, como deformidade, feiura e 
tamanho exagerado de partes do corpo (essa categoria 
parece mais próxima do transtorno dismórfico corporal); 
(3) delírios de odores corporais desagradáveis ou halitose. 
Essa terceira categoria, às vezes denominada síndrome de 
referência olfativa. 
 
• O início dos sintomas com o tipo somático do transtorno 
delirante pode ser gradual ou súbito. Na maioria dos 
pacientes, a doença é contínua, ainda que a gravidade do 
delírio possa variar; 
• Estado de alerta exacerbado e alta ansiedade também 
caracterizam indivíduos com esse subtipo. 
• Delírios de grandeza (megalomania) têm sido observados há 
décadas. Eles foram descritos primeiro por Kraepelin. 
• Aplica-se a pacientes com dois ou mais temas delirantes. 
Esse diagnóstico deve ser reservado para casos em que não 
predomine um único tipo de delírio. 
• Essa categoria é reservada para casos em que o delírio 
predominante não se encaixa nas categorias anteriores; 
• Síndrome de Capgras: delírio dessa síndrome é a crença de 
que uma pessoa familiar foi substituída por um impostor; 
• Fenômeno de Frégoli: delírio de que perseguidores ou 
familiares podem assumir a aparência de estranhos; 
• Intermetamorfose: delírio muito raro de que pessoas 
conhecidas podem se transformar em outras por vontade 
própria; 
• Esses transtornos não apenas são raros como podem estar 
associados com esquizofrenia, demência, epilepsia e outros 
transtornos orgânicos; 
• Os casos relatados foram predominantemente em mulheres, 
apresentavam características paranoides associadas e 
incluíam sentimentos de despersonalização ou 
desrealização; 
• O delírio pode ser breve, recorrente ou persistente; 
• Síndrome délire de négation, transtorno delirante niilista ou 
síndrome de Cotard: Os pacientes queixam-se de terem 
perdido não apenas seus bens, a posição social e a força, 
mas também seu coração, seu sangue e seus intestinos. O 
mundo para além deles é reduzido a nada. Essa síndrome 
relativamente rara é considerada um precursor de um 
episódio esquizofrênico ou depressivo. Nos dias de hoje, com 
o uso comum de medicamentos antipsicóticos, ela é vista 
com menos frequência do que no passado. 
 
TRANSTORNO PSICÓTICO COMPARTILHADO: 
• Esse transtorno é referido como “sintomas delirantes em 
parceiro de indivíduo com transtorno delirante”, uma 
mudança de nomenclatura desnecessária na opinião da 
maioria dos psiquiatras. É provável que ele seja raro, mas 
não há números sobre incidência e prevalência, e a 
literatura consiste quase inteiramente em relatos de caso; 
• É caracterizado pela transferência de delírios de uma 
pessoa para outra. Ambas têm um relacionamento próximo 
de longo tempo e, em geral, vivem juntas em relativo 
isolamento social; 
• Em sua forma mais comum, o indivíduo que começa a ter os 
delírios (o caso primário) costuma manifestar uma doença 
• crônica e, via de regra, é o membro mais influente de uma 
relação próxima com uma pessoa mais sugestionável (o 
caso secundário), que também desenvolve o delírio. A 
pessoa do caso secundário costuma ser menos inteligente, 
mais ingênua, mais passiva ou tem autoestima mais baixa do 
que o caso primário. Se o par se separar, a pessoa 
secundária pode abandonar o delírio, mas esse desfecho não 
é observado de maneira uniforme; 
• Idade avançada, inteligência baixa, comprometimento 
sensorial, doença cerebrovascular e abuso de álcool estão 
entre os fatores associados com essa forma peculiar de 
transtorno psicótico. Uma predisposição genética a 
psicoses idiopáticas também foi sugerida como um possível 
fator de risco; 
Tipo Somático 
Tipo Grandioso 
Tipo Misto 
Tipo não especificado 
Maria Beatriz Valença 
Saúde Mental 2 
• Outras formas especiais foram relatadas, como a folie 
simultanée, na qual duas pessoas se tornam psicóticas ao 
mesmo tempo e compartilham o mesmo delírio. Algumas 
vezes, mais de dois indivíduos estão envolvidos, mas esses 
casos são especialmente raros. Os relacionamentos mais 
comuns na folie à deux são irmão e irmã, marido e esposa e 
mãe e filho, mas outras combinações também foram 
descritas. Quase todos os casos envolvem membros de uma 
mesma família. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
 
CURSO E PROGNÓSTICO: 
• Certos médicos e alguns dados de pesquisa indicam que um 
estressor psicossocial identificável frequentemente 
acompanha o início do transtorno. A natureza do estressor 
pode, de fato, justificar alguma desconfiança ou 
preocupação; 
• Em geral, acredita-se que o início súbito seja mais comum 
do que o insidioso. Alguns médicos pensam que indivíduos 
com transtorno delirante têm probabilidade de apresentar 
inteligência abaixo da média e personalidade pré-mórbida 
extrovertida, dominante e hipersensível; 
• Os seguintes fatores estão correlacionados a um 
prognóstico positivo: altos níveis de adaptação ocupacional, 
social e funcional; sexo feminino; início antes dos 30 anos; 
início súbito; duração curta da doença; e presença de 
fatores precipitantes; 
• Embora dados confiáveis sejam limitados,

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