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CAPÍTULO I FISCALIDADE

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CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO E O SISTEMA FISCAL PORTUGUÊS
Importância da Fiscalidade na Gestão das Empresas
A Constituição da República Portuguesa e o Direito Fiscal
Direito fiscal – é constituído pelo direito das receitas coativas do Estado e demais entes públicos – os impostos.
Ou seja, é constituído pelo sistema de normas jurídicas que definem os impostos e o respetivo montante a pagar pelos cidadãos e pelas empresas ao Estado e aos entes públicos, e que asseguram a proteção dos direitos dos contribuintes perante a Administração Tributária (AT), e desta perante eles. 
O direito fiscal está previsto na constituição da república portuguesa, nos artigos 103º e 104º, por exemplo, e em vários códigos (CIVA, CIRS) e em leis avulsas. Deve ser destacada, pela sua importância, a Lei Geral Tributária. 
Princípios constitucionais fiscais:
Formais
a) Princípio da legalidade fiscal – a criação dos impostos é de competência da Assembleia da República.
b) Princípio da segurança jurídica 
c) Princípio da não retroatividade
d) Princípio da anualidade – a cobrança de impostos é decidida todos os anos e não tem duração indeterminada.
Materiais
e) Princípio da igualdade fiscal - pagamento de impostos deve ser realizado em função da capacidade contributiva de cada um;
f) Princípio da capacidade produtiva
Princípio da legalidade – O princípio de legalidade, expresso no artigo 103.º n.º 2 CRP impõe que os impostos e os seus elementos essenciais (incidência; taxa, benefícios fiscais e garantia dos contribuintes) têm obrigatoriamente de ser criados por lei.
Princípio da igualdade – O princípio da igualdade é um princípio transversal a todo o ordenamento jurídico, que ao nível do Direito Fiscal se expressa na obrigação universal de todos os cidadãos se encontrarem adstritos ao pagamento de impostos – artigo 13º CRP.
O princípio da igualdade, expresso no art.13º CRP, nº1 impõe aos poderes públicos um tratamento igual de todos os cidadãos perante a lei e no disposto no nº2, uma proibição da discriminação – nº2, ou seja, são proibidas as discriminações arbitrárias, de carácter favorável (privilégios) ou desfavorável (tratamentos desiguais), pelo que, deve ser tratada de forma igual as situações iguais, e de forma desigual as situações desiguais. 
- > Neste sentido, a obrigação do pagamento de impostos é mediada pela capacidade contributiva. Assim, implica que para cidadãos que tenham igual capacidade atributiva são tributados de igual forma (imposto =) e os que tenham diferente capacidade contributiva estejam sujeitos a tributação diferente (imposto )
O n.º 2 do art.º 13.º da CRP, enuncia um conjunto de fatores de discriminação ilegítimos, reconhecidos historicamente como justificados em razões que atentam contra a dignidade e o reconhecimento devidos a todas as pessoas, porque se baseiam unicamente em atributos sobre os quais as pessoas não têm controlo, ou em opções e orientações de vida individuais que as pessoas são livres de formar.
Mas princípio da igualdade também se expressa na obrigação da imposição de medidas diferenciadoras de modo a obter uma igualdade de oportunidades necessária à igualdade real entre cidadãos. É neste contexto que se justifica a discriminação positiva da família, ou as deduções à colecta em sede de IRS em função do número de filhos, por exemplo. Este objectivo está consagrado no artigo 67.º, n.º 2, alínea f) e no artigo 104.º da CRP e no artigo 6.º da Lei Geral Tributária: «A tributação respeita a família e reconhece a solidariedade e os encargos familiares, devendo orientar-se no sentido do conjunto dos rendimentos do agregado familiar não esteja sujeito a impostos superiores aos que resultariam da tributação autónoma das pessoas que o constituem.»
O princípio da igualdade e as taxas 
Taxa proporcional: Quem ganha mais, paga mais em proporção; estas taxas fomentam o crescimento económico. (política de direita); 
Taxa progressiva: Quem ganha mais, paga mais que a proporção; fomentam menos o crescimento económico. (política de esquerda). 
IRS: Art.71º CIRS - taxas proporcionais e art.68º CIRS - taxas progressivas 
Um imposto verdadeiramente único significa que dois sujeitos com o mesmo rendimento provenientes de fontes diferentes seriam tributados da mesma forma. Ou seja, tendencialmente os rendimentos do trabalho são tributados a taxas progressivas (art.68 CIRS) -taxas maiores para quem paga mais enquanto os rendimentos de capital são tributados a taxas proporcionais (art.71º CIRS)
Taxas progressivas 
O artº 68 apresenta as taxas progressivas do nosso país e como funcionam. 
A resposta é que de acordo com o artigo 104º, é que estas taxas progressivas visam reduzir a desigualdade entre os indivíduos diferentes. – Mesmo sendo progressivas, satisfazem o princípio da igualdade
Daí a que as pessoas que ganham mais pagam mais que a proporcionalidade.
Os benefícios fiscais e a igualdade
O benefício fiscal (art.14º LGT) tem por objetivo repor a igualdade através:
EBF (Estatuto dos benefícios fiscais)
CFI (Código fiscal do investimento)
O Sistema Fiscal
Conceito: O sistema fiscal português tem a sua base na CRP, que define os princípios orientadores, nomeadamente no que se refere ao tipo de impostos e os direitos e garantias dos contribuintes. 
Objetivos: 
O sistema fiscal português, enquanto conjunto de normas jurídicas destinadas a regular a atividade tributária do Estado, tem como objetivos principais o financiamento público e a redistribuição justa da riqueza nos termos do artigo 103º, nº1 CRP.
Esta lógica encaixa na ideia da progressividade das taxas nos impostos sobre o rendimento (IRS) pois tem como objetivo contribuir para uma maior igualdade material entre contribuintes (art.13º CRP), taxando de forma progressivamente superior aqueles que mais rendimentos aufere. 
Em conformidade com o artigo 103º, nº2 CRP, só por força da lei poderão ser criados os impostos, sendo esta quem determina a sua incidência e as garantias dos contribuintes que lhe são afetas. 
Está presente o princípio da legalidade fiscal – Segundo este princípio os impostos são criados e disciplinados nos seus elementos essenciais através da lei. 
Este princípio, enquanto legitimação da via política, reflete-se no princípio da reserva da lei, ou seja, a lei é um pressuposto indispensável de toda a atividade tributária, de forma a proteger os direitos dos contribuintes e assegurar a separação de poderes, entre a criação de impostos e os órgãos de aplicação do direito.
· Incidência objetiva – identificam-se os sujeitos da obrigação fiscal (sujeitos ativos e sujeitos passivos) – Art.18º LGT
· Incidência subjetiva – define-se a matéria tributável
A CRP estabelece no nº 3 do artigo 103º, o Princípio da não retroatividade fiscal - no sentido de que em princípio os impostos valem para o futuro não podendo ter natureza retroativa. 
Princípio da segurança jurídica – na vertente da proibição da retroatividade – art.103º, nº3 CRP (parte final). 
O artigo 104.º CRP – Impostos – estabelece princípios gerais sobre o modo como são distribuídos os encargos tributários entre as várias categorias de contribuintes: pessoas coletivas e pessoas singulares.
O sistema fiscal português é composto por: (classificação dos impostos) 
· Imposto sobre o rendimento: 
das pessoas singulares (IRS) – art.104º, nº1 CRP
das pessoas coletivas (IRC) – art.104º, nº2 CRP 
· Imposto sobre o consumo – art.104º, nº4 CRP – IVA
· Imposto sobre o património – art.104º, nº3 CRP – IMI e IMT
No nº1 do art.104º CRP – Impostos pessoais são progressivos 
A progressividade é característica dos impostos pessoais (e por isso é mencionada no art. 104º/1 CRP). Quanto maior for o número de escalões e de taxas, maior a progressividade. Há situações tão diferentes na comunidade em que vivemos, que a existência de apenas dois escalões não garantiria a progressividade do imposto (entendimento consensual). Três, quatro ou cinco escalões já é admissível. 
No nº2 do art.104º CRP – está presente o princípio da capacidade contributiva.Dispõe este preceito que “[a] tributação das empresas incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real
O princípio da capacidade contributiva exige a personalização do imposto enquanto critério de igualdade tributária, sendo o artigo 104.º, n.º2 da CRP a revelação cabal dessa necessidade no que concerne às empresas, exteriorizada pela exigência de que a tributação deve ser focada no rendimento realmente auferido pelo contribuinte.
A curva de laffer (Limites económicos da tributação)
A curva de Laffer é uma teoria econômica que compara a porcentagem dos impostos cobrados com a quantidade que o governo pode obter como receita pública.
Essa ideia foi desenvolvida pelo economista Arthur Laffer, sendo defensor que a diminuição dos impostos cobrados das empresas poderia aumentar a arrecadação do Estado.
A teoria explica que a partir de um certo ponto, por mais que se aumente a alíquota do imposto haverá menos receita fiscal. Isto ocorre por conta do maior incentivo aos agentes a praticarem estratégias de elisão ou evasão fiscal.
A curva de Laffer é utilizada para explicar o conceito de "elasticidade da receita taxável", ou seja, a sensibilidade que o país tem com o aumento dos impostos. Quanto maior a sensibilidade, mais à esquerda estará o pico do gráfico.
Os limites à tributação
1. Limites normativos (formais e materiais)
2. Limites económicos (curva de laffer)
Finalidades da tributação
1. Fiscais – arrecadação de receitas
2. Extra fiscais – redistribuidor da riqueza; equilibrador macroeconómico
Os princípios da orientação fiscal do estado português – Sistema Fiscal (acabar p.37 à 49)
· Princípio da legalidade 
O princípio da legalidade expresso no artigo 103º, nº2 CRP impõe que os impostos e os seus elementos essenciais (incidência; taxa, benefício fiscais e garantias dos contribuintes) têm necessariamente de ser criados por lei. Deste modo, os impostos so podem ser criados e desenvolvidos/regulamentados pela Assembleia da República (AR).
O princípio da legalidade é, especificamente, caracterizado no artigo 8º LGT – onde é definido o seu âmbito.
(....) p.37 
· Princípio da igualdade
Os cidadãos deverão suportar os tributos de acordo com a sua capacidade contributiva e não consoante quaisquer outros critérios, nomeadamente raça, género, religião, nacionalidade, etc. 
Neste sentido, a obrigação do pagamento de impostos é mediada pela capacidade contributiva. Implica, assim, igual imposto para os que dispõem de igual capacidade contributiva e diferente imposto para os que dispõe de diferente capacidade contributiva, na proporção desta diferença.
(...) p.39
· Princípio da segurança jurídica
· Princípio da proteção jurídica
· Princípio da proteção fiscal da família
· Princípios do procedimento tributário
· Princípio da participação
O Imposto: Conceito, Classificação e Momentos
Na doutrina entende-se por imposto uma prestação patrimonial definitiva, unilateral, estabelecida pela lei, a favor de entidades que exerçam funções públicas, para satisfação de fins públicos, que não constitui sanção de um ato ilícito, nem depende de qualquer vinculo anterior. 
Características essenciais à construção da figura do imposto: 
a) Prestação patrimonial 
O imposto não tem necessariamente de se materializar numa prestação pecuniária, mas deverá ser sempre suscetível de ser patrimonialmente mensurável. 
Assim, a prestação tem de ter um determinado valor económico, independentemente das características físicas específicas. 
Existem várias situações em que o imposto não adquire carácter pecuniário, nomeadamente nos casos de pagamento de impostos com títulos de nacionalizações expropriações.
b) Prestação definitiva
O carácter definitivo da prestação prende-se com o fato de que, após o pagamento do imposto, o sujeito passivo não tem direito a ser restituído do mesmo ou reembolsado.
O pagamento tributário adquire, assim, um carácter definitivo, apenas operando reembolsos nos cados de “situações especificas de crédito de imposto”, como ocorre em sede de IVA ou, também, nos casos de dupla tributação internacional.
c) Prestação unilateral
Este é um elemento chave da noção de imposto, pois traduz a ideia de que não estamos perante uma relação bilateral, de natureza sinalagmática (?), em que o pagamento tributário corresponde a uma determinada prestação ou atribuição. Neste sentido distingue-se das figuras da taxa e também do empréstimo público. 
d) Prestação legalmente definida
O imposto nasce após verificação ou ocorrência de um determinado fato tributário que a lei, e só a lei, identifica como gerador de incidência e/ou sujeição tributária. 
Esta ideia estará intimamente conexa com os princípios constitucionais da tipicidade e da reserva da lei, assim como os postulados jus-liberais do autocosentimento e da representatividade democrática.
e) Prestação a favor das entidades que exerçam funções públicas e para satisfação de fins públicos
Nesta sede, referimo-nos quer aos elementos subjetivos quer aos elementos objetivos do imposto. 
· Quanto aos elementos subjetivos, sendo o imposto a forma privilegiada de financiamento público, a receita gerada terá que reverter a favor das entidades públicas (no âmbito da prossecução constitucional ou legal das suas atividades) ou, em casos mais raros, entidades não publicas, mas que exercem, no concreto, funções públicas. 
· Quanto aos elementos objetivos – em concreto, no elemento teológico – deve ser sublinhado que o imposto deverá ter. sempre finalidades de carácter público, ainda que não necessariamente fiscal (alguns impostos podem ter finalidades extra-fiscais). O artigo 104º da CRP assinala os objetivos dos principais impostos do sistema fiscal português.
f) Prestação não sancionatória e não contratual 
Esta ideia sublinha o fato de que o imposto assenta os seus pressupostos na lei e no carácter público da sua natureza e finalidades. Assim, o seu pagamento não pode, em caso algum, derivar de vínculo contratual ou decisão sancionatória, mas de um conjunto de regras legais de incidência pré-definidas.
Distingue-se, assim, de outras prestações pecuniárias resultantes de atos sancionatórios como a aplicação de multas ou coimas.
Imposto vs Coima
Conceito de Imposto 
Tipologia dos Impostos no Sistema Fiscal Português:
Atividade financeira do estado 
No conjunto das várias possibilidades ao alcance do Estado para a obtenção das receitas necessárias para fazer face a tais necessidades, encontram-se: 
· os tributos
· os empréstimos públicos 
· e os rendimentos provenientes dos bens patrimoniais
As receitas do Estado derivam das receitas dos tributos, e dentro destes com grande destaque para as receitas provenientes dos impostos. 
Conceito de Imposto
Na doutrina, define-se o imposto como sendo uma prestação pecuniária, definitiva, unilateral, estabelecida por lei, não sancionatória, exigida a detentores de capacidade produtiva, a favor de entidades que exerçam funções publicas.
	
· Como é sabido o imposto tem na sua génese uma relação entre um sujeito ativo (em regra, o Estado) e um sujeito passivo (o contribuinte em sentido amplo).
O sujeito passivo tem como obrigação principal --> perante o sujeito passivo, a realização de uma prestação de natureza patrimonial (pagamento em dinheiro ou em espécie, através da figura de dação em cumprimento)
· Prestação definitiva – o imposto apresenta-se como uma prestação definitiva, ou seja, uma vez realizada a prestação, esta não é suscetível de reembolso ou restituição.
· (colocar nota 5 página 52)
· ......... ACABARRRR
Classificação dos impostos: (Tipologia dos Impostos)
a) Impostos estaduais e Impostos não estaduais – atende à entidade credora do imposto – Sujeito ativo da relação
Impostos estaduais – são aqueles em que o credor é o Estado – IRS, IRC e IVA
Impostos não estaduais – são aqueles em que os seus credores são outros entes públicos como as regiões autónomas, no caso dos impostos regionais e as autarquias, no caso dos impostos municipais. 
Impostos municipais – IMI, IUC e IMTb) Impostos diretos e indiretos 
Critérios económicos para distinguir impostos diretos dos impostos indiretos: 
· Critério financeiro – atende-se, especificamente, à capacidade contributiva presente no fato tributário. Assim, os impostos diretos os que atendem à capacidade contributiva imediata da pessoa, tendo como pressuposto a existência de uma pessoa, de um rendimento ou de um património. 
Por consequência, são indiretos os impostos que atendem à capacidade contributiva mediata, tendo como pressuposto o consumo. 
· Critério económico – tendo em conta a natureza económica dos custos de produção das empresas, sendo diretos os que integram os custos de produção das empresas e indiretos os impostos que não integram os custos de produção das empresas. 
c) Impostos periódicos e de prestação única
Passar p.56 e p.57
d) Impostos reais e pessoais
A distinção, segundo este critério, é feita atendendo ao carácter pessoal ou patrimonial do imposto. Assim: 
São designados reais – os impostos que se abstraem das condições pessoais, económicas e familiares dos contribuintes, designadamente o IRC, IVA, IMT e o IMI.
São designados pessoais – os impostos que atendendo à situação pessoal, económica e familiar dos sujeitos passivos, ou seja, tem em conta o seu património e o seu rendimento, mas também o montante de encargos que o mesmo tem de suportar, como é o caso do IRS.
e) Impostos de quota fixa e quota variável
Passar p.57 e 58
f) Impostos gerais e acessórios
Passar p.58 e 59
g) Impostos gerais e especiais
Impostos gerais – aqueles que são criados por lei para abranger a generalidade de situações, como é o caso do IRS, em sede de rendimento das pessoas singulares, ou o IRC, em sede de rendimento de pessoas coletivas.
Impostos especiais - ..... p.59
h) Impostos ordinários e extraordinários 
(....)
A distinção entre estes conceitos encontra-se bem patente na CRP, pois o seu artigo 104º defende uma distinção tripartida de imposto. 
- Impostos sobre o rendimento (IRS e IRC) visam tributar a riqueza em formação, aferida pela diferença entre o rendimento no fim do período (tendencialmente equiparado ao ano civil) e o rendimento existente no início do mesmo período. 
O imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) deve contribuir para a diminuição das desigualdades; 
O imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC) deve incidir sobre o rendimento real; 
- Os impostos sobre o património (IMT, IMI, IUC e IS) visam, por sua vez, tributar a riqueza adquirida. 
O imposto sobre o património deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos; 
- Os impostos sobre o consumo (IVA e Impostos Especiais sobre o Consumo), visam tributar a riqueza despendida. 
O imposto sobre o consumo visa adaptar a estrutura do consumo às necessidades das pessoas, onerando os produtos de luxo. 
Momentos da obrigação de imposto: 
O circuito tributário, isto é, os momentos que cronologicamente se sucede, desde a ocorrência do fato gerador do imposto até à sua cobrança, nos serviços da administração fiscal. 
São distinguidas as seguintes fases, neste circuito:
a) Incidência – Trata-se do Momento inicial 
É o preenchimento das denominadas normas jurídicas de incidência, delimitando uma determinada realidade que será assim, sujeita a um determinado imposto. 
As normas de incidência poderão ter: 
· natureza real ou objetiva – define um determinado tipo de rendimento. Sujeito a imposto como salários, juros ou rendas.
· natureza subjetiva – define um tipo pessoal específico sujeito a imposto como o proprietário, o arrendatário, o herdeiro, etc.
b) Lançamento
Esta fase corresponde ao momento do início da aplicação da lei. 
É o conjunto de operações de natureza administrativa que visam a identificação particular dos sujeitos passivos e a determinação concreta da matéria coletável sobre as quais irá incidir o imposto. 
As normas que regulam tais operações são designadas por normas de lançamento. 
c) Liquidação 
É o momento em que a divida tributária se torna certa e determinada, se torna líquida. 
Nesta fase, apura-se concretamente o montante de imposto que deverá ser pago, a forma em que o pagamento pode ou deve ocorrer e os atos a praticar para o efeito, consoante as formalidades legais. 
Assim, a liquidação da obrigação do imposto compreenderá diferentes momentos, entre os quais: Caducidade e prescrição
· A determinação da matéria coletável; 
· Aplicação da taxa do imposto e operações subsequentes;
· Notificação ao sujeito passivo e respetiva fundamentação.
d) Cobrança
A cobrança corresponde, na perspetiva do sujeito passivo, ao pagamento da obrigação tributaria e, numa ótica objetiva, na arrecadação da quantia devida (liquidada) pelo credor tributário. 
Breve caracterização do Sistema Fiscal Português
A Lei Geral Tributária
Princípios gerais – artigos 4º, 5º e 6º LGT
Tributos 
Os tributos costumam ser definidos como as receitas criadas pelo Estado ou outras entidades publicas para a satisfação de necessidades publicas e sem função sancionatória.
 
Apesar de nem a CRP nem a legislação ordinária relevante (LGT) apresentarem um conceito de tributos, os arts. 3º/2 LGT e 165º/1 i) CRP contêm as três categorias de tributos reconhecidos no ordenamento jurídico português: impostos (incluindo os aduaneiros e especiais), taxas e demais contribuições financeiras (ou contribuições especiais) a favor de entidades públicas. 
Classificação dos tributos – Artigo 3º, nº1 a) LGT
A LGT também não tem uma definição de tributos, mas o seu art. 3º classifica-os: na al. a) do seu nº 1, o art. 3º distingue entre: 
· Tributos fiscais - o sujeito ativo é o Estado e atividade principal ou secundária é arrecadação de receitas. O sujeito ativo é o Estado em sentido lato: entidades públicas de base territorial – Estado propriamente dito, RA e AL. 
· Tributos parafiscais - o sujeito ativo são outras entidades que não o Estado, como a segurança social. Também pode suceder em casos excecionais que uma entidade privada represente uma entidade pública. A atividade principal ou secundária também é a arrecadação de receitas. NOTA: os tributos parafiscais são tributos fiscais! O que muda é o sujeito ativo. Nestes tributos, as receitas escapam ao princípio da unidade orçamental, provocando o fenómeno da desorçamentação de receitas públicas. 
Na alínea b) deste artigo – Os tributos podem ainda classificar-se em: Estaduais, regionais e locais 
Tanto os tributos fiscais como os tributos parafiscais prosseguem finalidades públicas não sancionatórias. 
Tipos de tributos – Artigo 3º, nº2 LGT 
1. Impostos (incluindo aduaneiros e especiais)
2. Taxas 
3. Contribuições financeiras a favor das entidades públicas (contribuições financeiras especiais)
Pressupostos dos tributos 
· Impostos: 
O artigo 4º, nº1 LGT remete: Artigo 104º CRP 
O imposto é unilateral, isto é, é tributado pelo simples fato de assentar na capacidade produtiva. 
Os impostos assentam na capacidade contributiva - > Carácter unilateral
o princípio da capacidade contributiva constitui o pressuposto de tributação materialmente mais justo e mais consentâneo com os fins do nosso sistema fiscal. De resto, a importância deste princípio enquanto pressuposto dos impostos está bem patente no artigo 4.º, n.º 1, da LGT que prevê que “os impostos assentam essencialmente na capacidade contributiva, revelada, nos termos da lei, através do rendimento ou da sua utilização e do património.”
· Taxas: No artigo 4º, nº2 LGT 
A taxa é bilateral….
Na alínea 2 – As taxas 
Prestações pecuniárias, coativas, impostas por lei. 
 -Têm subjacente uma obrigação legal de pagamento a uma entidade que exerçam funções publicas. 
- Bilateral
· Contribuições especiais: Artigo 4º, nº3 LGT
Prestações pecuniárias exigidas a certas pessoas pelo facto de obterem especiais vantagens decorrentes de um determinado serviço público ou de atividades que levam ao aumento da despesa pública:
O Art.4º, nº 3 LGT consagra 2 tipos de contribuições:· Contribuições de melhoria: são as que incidem sobre quem obteve uma vantagem decorrente da realização de uma obra publica. Ex: uma ponte Expo 98 a construção desta obra publica acarretou especiais vantagens aos proprietários DL 54/95 de 22 de março. 
· Contribuições por maiores despesas: são devidas por certas atividades exercidas pelos particulares que implicam um aumento da despesa pública. Ex: impostos especiais sobre camiões, uma vez que desgastam a via pública. 
Ambas as contribuições têm por base manifestações da capacidade contributiva.
Fins da tributação – art.5º LGT
Os artigos 5.° e seguintes visam adensar os fins da tributação, aprofundando a noção de capacidade contributiva, tanto no sentido positivo, enquanto manifestações de riqueza que devem ser tributadas, como no sentido negativo, afastando outras. 
Características da tributação e situação familiar – Art.6º LGT
Art. 6º LGT – Características da tributação e situação familiar – distingue entre a tributação direta e a tributação indireta.
· A tributação direta: é constituída por tributos que incidem sobre manifestações diretas da capacidade contributiva, sendo o IRS e o IRC os dois impostos mais significativos dessa tributação direta.
Apesar de o artigo 6.º da LGT fazer sempre referência à tributação direta, as diretrizes aí presentes, quanto à tributação direta apenas dizem respeito à tributação das pessoas singulares.
É, assim, que a alínea a) do n.º 1 indica como diretriz dessa tributação direta o tomar em conta a “necessidade de a pessoa singular e o agregado familiar a que pertença disporem de rendimentos e bens necessários a uma existência digna”, estabelecendo, a alínea b), como mais uma diretriz da tributação direta, o tomar em conta “a situação patrimonial, incluindo os legítimos encargos, do agregado familiar”. Por seu turno, a alínea c) impõe ao legislador a necessidade de tomar em conta, na formulação do imposto, “a doença, a velhice ou outros casos de redução da capacidade contributiva” do contribuinte.
Do mesmo modo, a existência da família é um elemento a tomar em consideração na formulação do imposto, não devendo o conjunto dos rendimentos do agregado familiar estar sujeito a impostos superiores aos que resultariam da tributação autónoma das pessoas que o constituem (n.º 3 do artigo 6.º da LGT).
Normas tributárias – artigos 12º, 13º, 14º LGT ..... ✓
Aplicação da Lei Fiscal no Espaço 
No que concerne à aplicação das normas fiscais no espaço há que entender ao disposto no artigo 13º LGT.
No nº1 deste artigo é estipulado que as disposições tributárias são aplicáveis aos factos que ocorram no território nacional, salvo disposições legais em contrário ou convenções internacionais celebradas em Portugal. 
No nº2 é proferido que os rendimentos auferidos por sujeitos passivos com domicílio, sede ou direção efetiva em território português são abrangidos pelas normas fiscais nacionais, sem que se tenha em consideração o local onde são obtidos.
i) Princípio da territorialidade 
Este princípio rege a aplicação no espaço das normas fiscais. Assim, na versão base deste princípio, as normas só são aplicadas a fatos ocorridos no território português, desconsiderando-se, desta forma, outras características de âmbito pessoal que poderão relevar nos fatos tributários, como por exemplo, a nacionalidade, o domicílio ou a residência fiscal dos sujeitos passivos.
Através do exposto verifica-se que a territorialidade assenta em 2 pilares: 
O negativo – que exclui a aplicação de leis estrangeiras no território nacional e
O positivo – através do qual se aplicam as leis internas a todo o território nacional e a todos os cidadãos, sejam eles nacionais ou estrangeiros.
No entanto, a internacionalização da economia aliada a uma tendência para a personalização da tributação leva a que, tanto a nível interno como a nível internacional, o legislador procure novos elementos de conexão com o território, elementos de carácter subjetivo.
O princípio da territorialidade estabelecia a conexão com o território através de elementos de caracter real / objetivo (local da situação dos bens, local do exercício de uma atividade, o local da fonte de produção ou pagamento de rendimentos, local de estabelecimento estável.
Assim, do supracitado art.13º LGT, pode-se concluir que, no nº1 são apresentados os elementos de conexão objetivos e, no nº2, os elementos de conexão subjetivos.
Aplicação da Lei Fiscal no Tempo
Esta matéria encontra-se regulada pelo artigo 103º, nº3 da CRP, a nível constitucional, e artigo 12º da LGT, a nível legal, que como se verá de seguida consagram o princípio da não retroatividade. 
Relativamente à aplicação das normas fiscais no tempo há que atender a 3 temas: o início da vigência, a cessação da vigência e a sucessão de normas. 
As normas fiscais aplicam-se a todos os fatos tributários que ocorram durante o seu período de vigência e a cessação ocorre com a revogação das mesmas. 
Quanto à sucessão das normas, como podemos observar da análise das normas da CRP e da LGT, o direito fiscal rege-se pelo princípio da não retroatividade das leis fiscais, sendo que este princípio assume um caráter constitucional e um carácter legal. 
Constitucionalmente, o legislador está impossibilitado de criar ou aumentar retroativamente impostos, sendo este princípio uma manifestação dos princípios da segurança jurídica e proteção da confiança. 
Já como princípio geral do direito dirige-se aos operadores do direito, com a sua concretização no âmbito do direito fiscal, no artigo 12º da LGT, de onde decorre a aplicação aos fatos posteriores ao inicio da sua vigência e a aplicação imediata da lei nova aos procedimentos e processos em curso, com duas exceções: a não aplicação das normas em caso de afetarem as “garantias, direitos e interesses legítimos anteriormente constituídos dos contribuintes” e / ou “tenham por função o desenvolvimento das normas de incidência tributaria”, mesmo que estas pertençam ao âmbito da determinação da matéria coletável. 
Artigo 14º
Benefícios fiscais e outras vantagens de natureza social
1 - A atribuição de benefícios fiscais ou outras vantagens de natureza social concedidas em função dos rendimentos do beneficiário ou do seu agregado familiar depende, nos termos da lei, do conhecimento da situação tributária global do interessado. 
2 - Os titulares de benefícios fiscais de qualquer natureza são sempre obrigados a revelar ou a autorizar a revelação à administração tributária dos pressupostos da sua concessão, ou a cumprir outras obrigações previstas na lei ou no instrumento de reconhecimento do benefício, nomeadamente as relativas aos impostos sobre o rendimento, a despesa ou o património, ou às normas do sistema de segurança social, sob pena de os referidos benefícios ficarem sem efeito. 
3 - A criação de benefícios fiscais depende da clara definição dos seus objectivos e da prévia quantificação da despesa fiscal.
Relação jurídica tributária – artigos 18º, 20º, 24º, 28º LGT .....
A relação jurídica tributária assenta no modelo privado de relação jurídica onde identificamos os sujeitos (ativo e passivo) e o objeto do imposto.
O sujeito ativo
O sujeito ativo da relação jurídica tributária é um ente publico que, nos termos da lei, é titular de um poder tributário. É o que decorre da Lei geral tributária ao dispor que “o sujeito ativo da relação tributária é a entidade de direito publico titular do direito de exigir o cumprimento de obrigações tributárias, quer diretamente quer através de representante” – art.18º, nº1 LGT – abrangendo assim o Estado enquanto administração e as autarquias locais. 
A titularidade ativa da relação jurídico-fiscal em sentido amplo comporta quatro elementos: o poder tributário, a competência tributária, a capacidade tributária ativa e a titularidade da receita fiscal. 
O poder tributário é o poder conferido pela CRP ao legislador para criar impostos e o respetivo regime essencial. 
A competência tributáriaé o conjunto de poderes atribuídos à administração para lançar, liquidar e cobrar os impostos.
A capacidade tributária ativa consiste na titularidade do crédito de imposto e restantes direitos tributários. 
A titularidade da receita dos impostos corresponde à atribuição destas a certos entes públicos. 
Quando o sujeito ativo da relação jurídica não for o Estado, todos os documentos emitidos pela administração tributária mencionarão a denominação do sujeito ativo – art. 18º, nº2 LGT. 
Compreende-se que assim seja, pois, a competência para cobrar impostos não é igual para todos os sujeitos ativos tributários e o sujeito passivo do imposto tem necessidade de saber a quem deve dirigir-se. Todavia, em sede de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), o sujeito ativo em causa é sempre a administração tributária enquanto serviço do Estado. 
Mas o sujeito ativo tributário não é apenas titular do direito de exigir a prestação, embora este seja o principal. Compete-lhe também exigir uma declaração do contribuinte e fiscalizar, entre outras. 
Entre os deveres, podemos assinalar o de liquidar o imposto – art.75º CIRS – e de fiscalizar em especial as disposições ínsitas no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares – art.134º CIRS.
Em geral o sujeito deve ser determinado ou determinável por lei. No âmbito fiscal, atento o princípio da legalidade, é a lei que cria o imposto que determina o seu sujeito ativo. 
O sujeito passivo
O art.18º, nº3 da LGT, dispõe que o sujeito passivo é a “pessoa singular ou coletiva, o património ou a organização de fato ou de direito que, nos termos da lei, está vinculado ao cumprimento da prestação tributária, seja como contribuinte direto, substituo ou responsável”.
O sujeito passivo está, portanto, obrigado a adotar certo comportamento em virtude de integrar determinada relação jurídica tributária. O mencionado comportamento também pode consistir no cumprimento de um dever de cooperação (ex: reter uma quantia num pagamento devido a outrem, como sucede na relação empregador – trabalhador no âmbito do IRS), como no cumprimento de um dever de prestar um imposto pessoalmente devido (ex: trabalhadores independentes em sede de IRS).
A subjetividade jurídica não se confunde com a subjetividade económica. 
Subjetividade jurídica – traduz a posição jurídica do devedor da obrigação tributária. 
Subjetividade económica – suporta efetivamente o imposto. 
O sujeito passivo puro ou sujeito passivo por excelência é aquele que suporta um imposto que por si é detido por motivo da sua própria capacidade contributiva. O verdadeiro sujeito passivo é o contribuinte direto. Que detém capacidade contributiva e que preenche os pressupostos do fato jurídico tributário. 
O sujeito passivo da relação jurídica tributária nem sequer ter que ser uma pessoa jurídica, no sentido dogmático do termo. 
Poderá, na verdade, ser uma entidade que o legislador designou para efeitos fiscais sem, contudo, a reconhecer como pessoa jurídica. 
O contribuinte
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A substituição tributária 
A substituição tributaria ocorre quando a entrega do imposto devido está a cargo de um obrigado fiscal que não é o titular do rendimento ou de outro fato tributário. Na prática, há um terceiro que faz a ligação entre o sujeito passivo e o sujeito ativo da relação jurídica tributária que facilita a entrega do imposto. Esta é uma situação excecional que apenas se verifica nos casos legalmente previstos. 
Nos termos da lei geral tributária – art. 20º LGT, há substituição tributária quando “por imposição da lei, a prestação tributária exigida a pessoa diferente do contribuinte”, a qual opera “através do mecanismo da retenção na fonte do imposto devido”. Englobando retenção na fonte em sentido próprio e os pagamentos por conta.
Em sede de IRS, este mecanismo opera por meio de retenção na fonte do rendimento propriamente dita, que será então computada na dívida fiscal, a título parcial (ex: nos rendimentos do trabalho por conta de outrem) ou total (ex: nas taxas liberatórias), correspondentes respetivamente à substituição parcial ou substituição total. 
Por via de regra, o substituto tributário ocupa a posição do contribuinte e, portanto, é invocado por referência ao sujeito passivo da relação jurídica tributária. No entanto, pode considerar-se que também substitui a administração tributária na liquidação e cobrança de impostos. Compreendemos esta posição, mas não consideramos que assim seja porquanto todos os sujeitos, passivos ou não, que se relacionam com a administração tributária estão adstritos a deveres que originariamente pertenceriam à administração tributária, nomeadamente os de liquidar, reter e pagar o imposto, não constituindo um traço característico do fenómeno da substituição tributária. 
A substituição tributaria consubstancia-se numa relação triangular entre a administração tributaria, o contribuinte (ou substituído) e o substituto. Relativamente à administração tributaria, há um responsável originário que é o substituto e um responsável secundário que é o substituído. Entre estes, há um direito de retenção ou de regresso do substituto em relação ao substituído. 
A substituição tributária tem carácter legal porque decorre da lei e não da vontade dos sujeitos da relação jurídica tributária. A obrigação tributaria nasce para determinado passivo, que preenche o respetivo pressuposto. Por sua vez, este preenchimento converte-se em pressuposto de fato para a obrigação do substituto e que, nesta qualidade, é também sujeito passivo do imposto. Portanto, na substituição tributária o devedor direito não preencheu o fato tributário. Assim, na obrigação do substituto “não nasce do preenchimento do quadro legal, mas sim do preenchimento de outro pressuposto de fato conexo com o fato gerador”. 
Conclui-se então que o substituto é um devedor em nome próprio obrigado a pagar a dívida alheia, isto é, do substituído. Este fenómeno não colide com o princípio da capacidade contributiva porquanto não está em causa a capacidade contributiva do substituto, mas antes uma técnica legislativa que pressupõe a retenção previa do montante equivalente à prestação tributária. 
“É o fato tributário realizado pelo substituído que dá origem á obrigação”. O substituto é o sujeito que fica obrigado pelo preenchimento do pressuposto de fato da tributação. Como ele não é o titular da capacidade contributiva, a lei confere-lhe o direito de retenção na fonte que lhe permitem cumprir a sua obrigação. 
A substituição não se confunde com a repercussão legal do imposto, pois nesta quem suporta o sacrifício do imposto é o consumidor final, embora o devedor do imposto seja o vendedor dobem, o prestador do serviço ou o importador do bem. 
A responsabilidade tributária 
Ser responsável é ter a obrigação de responder por algo. Ora a responsabilidade tributária corresponde à obrigação de responder no âmbito da relação jurídica tributária. A responsabilidade tributária abrange a totalidade da divida tributária, os juros e demais encargos legais – art. 22º, nº1 LGT. 
A responsabilidade tributária pode decorrer de dividas próprias ou de dividas alheias. Na responsabilidade por dividas alheias, há solidariedade tributaria e responsabilidade tributária. 
A responsabilidade pode ser solidaria ou subsidiária – art.22º, nº3 LGT.
Esta distinção só releva quando exista uma pluralidade de responsáveis, dado que perante a insuficiência de bens penhoráveis do devedor e seus sucessores, se for o caso, a execução fiscal reverte contra todos os responsáveis que sejam subsidiários, apurando-se por que quantias cada um deles, e contra um deles se for responsável solitário. 
Em caso de substituição tributária, a entidade obrigada à retenção é responsável pelas importâncias retidas e não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado de qualquer responsabilidade no seu pagamento – art.28º, nº1 LGT. Nestes casos, a responsabilidade é, portanto, do substituto que é o destinatário jurídico da norma acima mencionada. 
Quando aretenção deva ser feita por conta do imposto devido a final e não seja efetuada, a responsabilidade originária pelo imposto não retido cabe ao substituído, ficando o substituto subsidiariamente responsável pelo mesmo. – art. 28º, nº2 LGT
A Solidariedade tributária 
Estamos perante solidariedade tributária quando o credor do imposto pode exigir o cumprimento da divida tributaria tanto ao devedor como aos responsáveis, salvo se a lei dispuser em contrário – art.22º LGT, isto é, quando os pressupostos do fato tributário se verificam em relação a duas ou mais pessoas, todas são solidariamente responsáveis pela divida tributária – art.21º, nº1 LGT. Esta abrange a totalidade da prestação tributária, os juros e demais encargos legais. – art.22º, nº1 LGT. 
A solidariedade acima referida trata-se de uma solidariedade em sentido técnico ou jurídico, que é caracterizada por 3 elementos: a solidariedade de sujeitos, a identidade da prestação e a mesma causa da obrigação. 
Do acima exposto decorre que a solidariedade tem que resultar da lei, adquirindo assim caracter excepcional. Essencial na solidaderiedade é que substituto ou substituído tenham realizado conjuntamente o fato tributário ao qual a lei associa o nascimento da obrigação tributaria. Este é um elemento diferenciador da responsabilidade tributária. Portanto, so são obrigados solidários os que preencherem os pressupostos do mesmo fato tributário. 
Importa analisar se a solidariedade tributaria incide apenas sobre o imposto a pagar ou também sobre as obrigações acessórias. Considerando que integram a relação jurídica o crédito e a divida tributários, o direito a prestações acessórias de qualquer natureza e o correspondente dever ou sujeição, o direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto, o direito a juros compensatórios e o direito a juros indemnizatórios – art.30º, nº1 LGT, deve entender-se que a substituição tributaria abrange todas as prestações ali mencionadas. 
Outra questão pertinente é saber se a solidariedade tributaria abrange também as obrigações procedimentais. A lei dispõe que são obrigações acessórias do sujeito passivo as que visam possibilitar o apuramento da obrigação de imposto, nomeadamente a apresentação de declarações, a exibição de documentos fiscalmente relevantes, incluindo a contabilidade ou escrita, e a prestação de informações. Atenta a natureza acessórias das obrigações referidas, será de considerar que ainda estão abrangidas pela solidariedade. Todavia, se não forem acessórias da obrigação principal, já será de considerar o contrário porque, desde logo, aquela pode nem esquecer de ter nascido na esfera jurídico dos sujeitos. 
A responsabilidade dos substitutos não é, salvo disposição legal em contrário, solidária com a dos substituídos – art.28º LGT. Consequentemente, os responsáveis subsidiários só serão solidários entre si quando a lei o estabelecer. 
Os atos praticados por qualquer dos devedores solidários aproveitam e afetam os demais, sem prejuízos dos direitos e deves que assistam a cada um deles no plano as relações internas. 
As pessoas solidariamente responsáveis poderão reclamar ou impugnar a divida cuja responsabilidade lhes for atribuída nos mesmos termos do devedor principal, devendo, para o efeito, a notificação ou citação conter os elementos essenciais da sua liquidação, incluindo a fundamentação nos termos legais. – art.22º, nº4 LGT
A responsabilidade subsidiária 
A responsabilidade subsidiária traduz-se numa responsabilidade de segunda linha em que o responsável subsidiário só é chamado a cumprir determinada obrigação fiscal se o obrigado originário não o fez. Trata-se da atribuição de um dever legal de responder por dividas alheias, o que põe em causa a aplicação do princípio da proporcionalidade nas relações entre o Estado e o contribuinte, nomeadamente quando o imposto não é entregue que gera deficits financeiros e graves distorções da concorrência. 
Quem não entrega o imposto retido obtém vantagens obvias relativamente a quem cumpre as suas obrigações fiscais. 
A responsabilidade subsidiária, tal como solidaria, tem que decorrer da lei e possui natureza excecional. 
Por regra, a responsabilidade tributária é subsidiária em relação ao devedor originário – art.22º, nº3 LGT
Nas situações previstas no art.28º, nº1 e 2 da LGT, o substituído é apenas subsidiariamente responsável pelo pagamento da diferença entre as importâncias que deveriam ter sido deduzidas e as que efetivamente o foram – art.28º, nº3 LGT. 
As pessoas subsidiariamente responsáveis poderão reclamar ou impugnar a divida cuja responsabilidade lhes for atribuída nos mesmos termos do devedor principal, devendo, para o efeito, a notificação ou citação conter os elementos essenciais da sua liquidação, incluindo a fundamentação nos termos legais. – art.22º, nº4
Objeto da relação jurídica tributária – artigos 31º, 33º, 34º, 38º LGT (194-195) foto
Factos objeto da relação jurídica tributária
Na relação jurídica tributária há vários elementos a ter em conta. Por um lado, temos os sujeitos dessa relação (Estado, contribuintes), que acabámos de ver. Por outro, temos o objeto da relação, sobre o qual versa o Capítulo II do Título II da LGT. Este objeto integra o conjunto de situações descritas no art.30º da LGT. O Capítulo III trata da constituição e alteração da relação jurídica tributária, o Capítulo IV da extinção da relação jurídica tributária, quando e em que circunstâncias ela se extingue e são estes, pois, os tópicos da relação jurídica tributária.
Evidentemente, o principal objeto da relação jurídica tributária é o crédito e a dívida tributária. Também faz parte do objeto da relação jurídica, o direito à dedução (ex: o direito à dedução do IVA suportado nas compras), o direito ao reembolso (qualquer um de nós, quando faz a declaração de IRS, pode ser titular deste direito ao reembolso), ou à restituição do imposto (ex: alguém tem uma ação de reclamação ou uma ação de impugnação judicial, caso em que vai junto dum Tribunal impugnar uma determinada situação jurídica, vindo a constatar-se que tem razão, pelo que poderá ser-lhe devida a restituição do imposto). 
Um outro ponto que aqui se está a elencar tem a ver com o crédito tributário, ou melhor, o crédito do imposto no sentido amplo, o qual é indisponível, o que significa que o Estado, de acordo com o princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei e da equidade fiscal, não pode dispor livremente do direito à receita, porque a partir do momento em que estamos sujeitos a uma obrigação de imposto, essa obrigação de imposto decorre da lei. Ou seja, ao contrário do que acontece a cada um de nós na nossa vida particular, em que se tivermos um crédito sobre alguém, podemos prescindir dele (perdoá-lo na íntegra ou perdoar os juros), o Estado não pode agir assim, visto que, neste caso concreto, estas obrigações de imposto resultam da lei, não são um contrato livremente celebrado entre o Estado e as partes com vista à satisfação das necessidades do funcionamento do Estado. Por outras palavras, como o crédito tributário decorre da lei, o Estado não pode prescindir do mesmo, já que é necessário tratar toda a gente de forma igual. Não é possível o contribuinte apresentar-se junto da administração fiscal com uma determinada divida e dizer que não pode pagá-la, porque tem dificuldades, pedindo às Finanças que perdoem os juros ou uma parte da dívida. Neste caso, a administração fiscal não tem essa disponibilidade para baixar livremente o montante da dívida. Só se pode fazer isso, no cado de haver uma situação que resulte da lei, porque a lei tem um conteúdo geral e abstrato. Assim, a lei poderá em certas circunstâncias dizer, por exemplo, e isso já aconteceu com alguma frequência, que quem pagar dividas de impostos atrasadas pode ter perdões de juros. Situação que também pode ocorrer é a de o contribuinte solicitar o pagamento da divida em prestações, o que aliás, se encontra genericamente previsto em lei (cfr. Por exemplo o artigo 196º do CPPT).
Obrigaçõesdos sujeitos passivos 
O artigo 31º, nº1 diz-nos que a obrigação principal de qualquer sujeito passivo é evidentemente a de pagar o imposto e a dívida tributária. Por um lado, nós temos aqui uma obrigação principal, que é essa mesma e podemos ainda ter obrigações acessórias. Em regra, há sempre obrigações acessória, quanto mais não seja obrigações declarativas. Assim, enquanto sujeitos passivos de IRS, IVA, IMI ou IMT, temos de ter algum impulso processual e tais impulsos processuais são normalmente obrigações acessórias que se traduzem em declarações, por exemplo, ter de levar ao conhecimento da administração fiscal determinados fatos. Quando por exemplo, se compra uma casa, há que declarar às Finanças essa compra pelo preço tal e, em função desse valor, será liquidado o IMT, o qual, contudo, pode ser superior ao valor declarado se o valor patrimonial resultante de avaliação for superior. 
Além disso, também se consideram obrigações acessórias todas aquelas que respeitem à necessidade de guardar a documentação relevante, se for o caso, a contabilidade ou escrita da sociedade ou da pessoa singular e ainda a prestação de informações. Isto significa que a administração fiscal pode chamar o contribuinte para prestar informações com vista a esclarecer quaisquer dúvidas que possam existir. 
Constituição e alteração da relação jurídica
Basicamente, o que o art.36º LGT diz é que a relação jurídica se constitui com o fato tributário, ou seja, com o fato que gera a obrigação de imposto. Por isso, o elemento essencial da relação jurídica tributaria não podem ser alterados por vontade das partes. Verificados os pressupostos de aplicação da norma, não cabe, nem ao contribuinte, nem à administração fiscal, alterar livremente as regras, o que decorre do princípio da legalidade, ou seja, se chegarmos à conclusão de que, face à lei, o contribuinte deve pagar uma determinada importância como imposto, não pode depois negociar com a administração, dizendo que não está disposto a pagar isso e esta não pode aceder também a tal pretensão e negociá-la livremente com o contribuinte.
O objeto da relação jurídica tributária é constituído pelo crédito tributário e a dívida tributária (obrigação principal), pelo direito a prestações acessórias e correspondente dever ou sujeição, pelo direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto, bem como pelo direito a juros compensatórios e indemnizatórios (artigo 30º, nº 1, da LGT). 
O objeto da relação jurídica fiscal corresponde ao conjunto de poderes do sujeito ativo e à prestação a que o sujeito passivo se encontra adstrito. Obrigação principal (artigo 31º, nº 1, da LGT) e obrigações acessórias (artigo 31º, nº 2, da LGT).
Obrigações dos sujeitos passivos - Artigo 31º LGT
Nos termos do art.31º LGT, a obrigação tributária comporta a obrigação de pagamento (n.º 1) e as obrigações acessórias, ou seja, “as que visam possibilitar o apuramento da obrigação do imposto, nomeadamente a apresentação de declarações, a exibição de documentos fiscalmente relevantes, incluindo a contabilidade ou escrita e a prestação de informações” (n.º 2).
O nº 2 refere quais são as obrigações acessórias do sujeito passivo.
Características da obrigação principal: Legal (porque resulta da lei – art. 36º, nº 1 da LGT); Executiva, goza do privilégio de execução prévia (significa que a AT pode exigir o pagamento do imposto, mesmo contra a vontade do contribuinte e sem necessidade de recorrer aos tribunais; se o contribuinte tiver razão impugna depois junto do tribunal fiscal e, se tiver razão, o tribunal dá ordem à AT para devolver o imposto indevidamente cobrado, acrescido dos juros indemnizatórios); Indisponível ou irrenunciável (não pode ser transmitida – art. 36º, n. 2 da LGT); Especialmente garantida, uma vez que goza de garantias especiais (a AT tem meios legais para fazer cumprir a obrigação)
Visam acautelar o cumprimento da obrigação principal ou possibilitar o apuramento da obrigação de imposto (art. 31º, nº 2, da LGT). Exemplo: obrigatoriedade de apresentação de declaração de rendimentos, prestação de informações, exibição de documentos, obrigações contabilísticas ou de escrituração).
Pagamento por conta – Art.33º LGT
Retenções na fonte – Art.34º LGT
Ineficácia de atos e negócios jurídicos – Art.38º LGT
Extinção da relação jurídica tributária: o Pagamento e a Caducidade
– Artigos 45º, 47º, 48º LGT (p.196-201) foto
O pagamento 
A forma normal de extinção da relação jurídica tributaria é o pagamento em dinheiro, que é aquela maneira usual em que o devedor ou contribuinte paga a dívida ou tributo em causa. 
Contudo, de acordo com o nº 2 do art.40º, pode haver excecionalmente outras formas de pagamento da obrigação tributária. Essas formas de pagamento surgem através de mecanismos de dação em cumprimento da obrigação ou de compensação da obrigação tributária. Tais procedimentos são regulados, quer na Lei Geral Tributária, quer no Código de Procedimento e Processo Tributário que desenvolve estes princípios da dação em cumprimento e da compensação. 
Essa dação em cumprimento significa que uma pessoa que é devedora ao Estado pode saldar tal dívida não normalmente, através de dinheiro, mas antes entregando um determinado bem que a administração fiscal aceite como sendo adequado ao pagamento da mesma. É evidente que a dação em cumprimento duma obrigação tributária é uma situação relativamente rara porque, como é obvio, o Estado não pretende ficar com prédios, automóveis, ações, ou outros bens, como o pagamento de dividas fiscais, uma vez que este precisa de meios financeiros para pagar também aos seus próprios credores nomeadamente o dinheiro. Mas pode acontecer que em situações excecionais, o contribuinte posa efetuar o pagamento através de uma dação em pagamento. Nestes casos, o Estado aceita o pagamento com determinado bem devedor, sendo, contudo, necessário que o credor tributário, o Estado, aceite, valide e avalie o bem que vai ser dado em pagamento para cumprimento da obrigação em falta.
Quanto à compensação entre créditos e débitos fiscais. Por exemplo, imagine-se que um contribuinte tem uma divida ao Estado de IVA ou IRS. É possível fazer essa compensação entre diferentes dividas, entre um crédito e um débito ao Estado e, portanto, anular ambas ficando unicamente por saldar o que possa eventualmente sobejar desse acerto de contas. 
No que respeita ao nº3 do mesmo artigo 40º, este dispõe que as dividas fiscais podem ser pagas pelo próprio devedor, que, como é evidente, é a situação comum. Contudo, ninguém está impedido de efetuar pagamentos de dividas fiscais por terceiros, o que significa que qualquer pessoa pode pagar as dividas ficais alheias desde que o queira. Quando se faz o pagamento por outrem, devem indicar-se os tributos e períodos de tributação a que se referem os pagamentos. 
Ainda o nº4 deste preceito estabelece a ordem pela qual devem ser imputados os pagamentos, quando não a divida não é paga integralmente. Assim, quando se fala em divida, tal implica que normalmente esta é constituída pela dívida do imposto, pelos juros e por outros encargos legais. Nos casos em que o devedor não consegue pagar a totalidade da sua divida fiscal, então a lei estabelece quais os créditos de afetação da importância que o contribuinte entregou e que estão estabelecidos nas quatro alíneas deste nº4 do art.40º, ou seja, em primeiro lugar imputa-se o pagamento aos juros de mora, seguidamente aos outros encargos legais, só em terceiro lugar à divida de imposto e respetivos juros compensatórios e, finalmente, às coimas.
A caducidade do direito à liquidação 
O artigo 45º trata das garantias dos contribuintes, fixando uma importante figura do direito fiscal, a caducidade do direito à liquidação.
O direito à liquidação traduz-se no direito ou dever que o Estado tem de liquidar impostos, quando constata que o contribuinte o não fez ou que o fez do ponto de vista da administração em quantia insuficiente, face ao valor que seria o correto. Podemos imaginar uma situação em que não foi apresentadaa declaração de impostos. Tal falta daria ao Estado o direito de liquidar o imposto ao verificar que se encontrava em falha essa declaração de impostos. Por outro lado, imagine-se que se apresenta uma declaração de impostos e o Estado entende, por exemplo através de uma fiscalização, que essa declaração que se apresentou não corresponde inteiramente à realidade. Ora, nesse caso, também a administração fiscal poderá corrigir essa declaração de impostos e concluir que ao ter sido declarado 100€, na verdade devia ter dio declarado 150€. Assim, será necessário fazer uma liquidação adicional corretiva da declaração de impostos apresentada e, seguidamente, o contribuinte terá de pagar mais imposto correspondente àquilo que estará em falta.
Segundo esta norma é preciso ter atenção ao fato de não existir infinitamente a hipótese de correção da declaração, isto é, existe um prazo para efetuar a correção e que a LGT (no mencionado art.45º) estabelece que é de 4 anos. Simplesmente, o que acontece é que neste momento e de acordo com o nº5 deste artigo, alarga-se bastante este prazo perante situações de inquérito criminal.
Chama-se, contudo, a atenção para a possibilidade da caducidade, porquanto, perante uma situação concreta num processo, importa desde logo verificar a existência da caducidade do direito à liquidação por parte do Estado, porque nessas situações o contribuinte pode invocá-la para não pagar a sua divida fiscal.
Sendo assim, ao verificar-se, realmente, que o Estado deveria ter liquidado uma dívida, mas só a vem a liquidar 5 ou 6 anos depois da mesma se constituir, então, nesse caso concreto, o contribuinte deve invocar tal fato para justificar não ter de pagar essa divida. 
Existem exceções para mais e para menos, em relação aos referidos 4 anos. Desde logo, o nº2 estabelece que, tratando-se de um erro evidenciado na declaração do próprio contribuinte, tal prazo é encurtado para 3 anos, já que a própria administração fiscal poderia ou deveria ter detetado esse erro.
Por seu turno, no nº4, estabelecem-se as regras de contagem do prazo de caducidade. Assim, este conta-se a partir do termo do ano em que se deu o fato tributário nos impostos periódicos. Como impostos periódicos consideram-se o IRS e o IRC, por exemplo. Vamos imaginar um contribuinte que recebe honorários no mês de Novembro de 2002, que não declara, a data de início da contagem dos 4 anos, é a data de 32 de Dezembro de 2002. Neste caso, a administração teria até 31.12.2006 para efetuar a liquidação e notificá-la de forma valida ao contribuinte até essa data, sob pena de caducidade.
Tratando-se de impostos, não periódicos, mas de obrigação única, como por exemplo, o IMT, significa que em relação a esse imposto o prazo conta-se desde o dia em que ocorreu o fato tributário (embora, excecionalmente, em relação ao IMT o prazo seja de 8 anos, em certas circunstâncias).
Em relação ao IVA ainda há uma particularidade, já que em vez de se considerar os quatro anos desde a ocorrência do fato tributário, conta-se tal período a partir do dia 1 de janeiro do ano seguinte.
O nº5 trata-se de uma norma que praticamente pode pôr em causa o prazo de caducidade, uma vez que estipula “sempre que o direito à liquidação respeite a fatos relativamente aos quais foi instaurado inquérito criminal, o prazo a que se refere o nº1 é alargado até ao arquivamento ou transito em julgado da sentença, acrescido de um ano.”
Repare-se que, hoje em dia, o que acontece é que com frequência qualquer ilícito fiscal pode ser considerado crime, no caso de a vantagem patrimonial para o sujeito passivo ser superior a 15 000€. Ora, se a administração fiscal instaurar o inquérito criminal dentro do prazo de caducidade, esta fica suspensa nos moldes que acabaram de ser descritos. Todos sabemos que a justiça em Portugal é muito lenta, pelo que, com isto, se alarga desmesuradamente referido prazo. Completamente, na saga de diminuição dos direitos dos contribuintes, foi aditado nº6 a este artigo, que vem determinar que a notificação se considera feita, não no dia em que ocorra efetivamente, mas sempre que. seja por carta sob registo, no terceiro dia posterior ao do registo, ainda que o contribuinte não haja sido efetivamente notificado.
Por seu turno, o artigo 46º, vem alargar, em caso de inspeção externa, o prazo de caducidade, porquanto, enquanto durar a inspeção e desde que esta não se prolongue para além de seis meses desde a notificação ao contribuinte da ordem desserviço, tal prazo de caducidade suspende-se. 
Exemplificando, o contribuinte A é notificado de que vai ser sujeito a inspeção externa em 2.12.2007. A inspeção inicia-se a 2.2.2008 e termina a 2.4.2008. Logo, o prazo de caducidade suspendeu a contagem, pelo que a liquidação poder-se-á fazer, caso a caducidade ocorresse em circunstâncias normais, até 31.12.2007, por mais 30 dias após 2.4.2008 (período que vai de 2.12.2007 até 31.12.2007, que acresce ao termo da inspeção,2.4.2008).
Se, porém, a inspeção externa durar mais de 6 meses, então o prazo de caducidade volta a ser de 4 anos, sem esta dilação que acabámos de ver. 
Exemplificando, de novo, se a inspeção tivesse terminado em Setembro de 2008, então o prazo de caducidade teria ocorrido em 31.12.2007, sem qualquer adiantamento.
A prescrição
A caducidade é a impossibilidade que o Estado tem de liquidar um determinado tributo por virtude do decurso do tempo entre o momento em que ocorreu o fato tributário e o momento em que o Estado intervém e procura efetuar a liquidação do imposto.
Diferente é a situação da prescrição. Neste caso, o Estado efetuou a liquidação do imposto e notificou-o validamente ao contribuinte. Porém, por esquecimento ou por ato deliberado do contribuinte, este não efetuou o respetivo pagamento. 
Consequentemente, a lei determina um prazo para que o Estado possa efetivar a cobrança que é, em regra, de 8 anos (ver artigo 48º, nº1), salvo se outro não for estabelecido na lei, contando-se este prazo nos mesmos moldes, anteriormente descritos, para a contagem do prazo de caducidade, previstos no art.45º e acima descritos. 
Todavia, o prazo de prescrição, é interrompido nos termos do nº1 do artigo 49º, ou seja, sempre que o contribuinte seja citado, reclame, interponha recursos hierárquico, impugne judicialmente ou haja um procedimento de revisão oficiosa do tributo.
Porem, até 1.1.2007, se o processo se encontrasse parado por período superior a um ano por cauda não imputável ao contribuinte, tal fato fazia cessar o efeito suspensivo, retomando-se a contagem, o que na prática equivalia a contar 8 anos, mais um correspondente ao prazo máximo de suspensão. No entanto, este normativo foi revogado, pelo que o prazo prescricional alarga-se desmesuradamente, já que, se a administração fiscal ou os tribunais não decidirem, o prazo de prescrição interrompe-se até que a administração ou os tribunais decidam.
Todavia, nos termos do nº3 do artigo 49º da LGT, a interrupção da contagem do prazo de prescrição só ocorre uma única vez e refere-se ao primeiro fato, sucedendo que. outras causas suspensivas já não produzirão o respetivo efeito. 
Imaginemos que o contribuinte reclama. Neste caso, a reclamação, enquanto estiver pendente, interrompe o prazo prescricional se alarga nessa medida (1 ano). Se seguidamente o contribuinte impugnar, esta já não entra para o cômputo do prazo de suspensão.
A relação jurídica tributária extingue-se através da cobrança, que assume as modalidades de pagamento voluntário coercivo (art.40º LGT), por caducidade da liquidação (art.45º LGT) ou prescrição da dívida tributária (art.49º LGT). 
· Pagamento voluntário vs pagamento coercivo 
· Caducidade
· Prescrição 
Caducidade 
Caducidade do direito à liquidação – Art.45º LGT
Fiscalização tributária a solicitação do sujeito passivo – Art.47º LGT
Prescrição 
Art.48º LGT
Procedimento tributário – artigos 63º-C, 63º-E LGT
Sujeitos do procedimento tributário 
Contas bancárias exclusivamente afetas à atividade empresarial – Art.63º-C LGT
Proibição do pagamento em numerário – Art.63º-ELGT
Procedimentos de avaliação da matéria tributável 
O procedimento de avaliação da matéria tributável visa determinar os rendimentos ou bens sujeitos a tributação. 
Assim, os rendimentos tributáveis são apurados com recurso a duas formas de avaliação: 
· Avaliação direta
· Avaliação indireta – subsidiária da avaliação direta
O artigo 81º, nº1 da LGT começa por estabelecer uma regra quanto à determinação da matéria tributável (o rendimento, a despesa, o património), segundo a qual essa determinação é feita através de avaliação direta, segundo os critérios próprios de cada tributo.
Isto é, a lei impõe a adoção da avaliação direta como regra para o apuramento da matéria tributável. Pelo que, denota-se a preferência no sistema fiscal português pela avaliação direta em detrimento da avaliação indireta.
O mesmo artigo 81º, nº2 da LGT admite, no entanto, a possibilidade de a administração tributária fazer uma avaliação indireta, mas apenas nos casos e nas condições expressamente previstas na lei. 
Conceitos: 
O conceito de avaliação direta e avaliação indireta está definido no artº 83º n.º 1 e n.º 2 da LGT. E segundo a lei: 
· a avaliação direta visa a determinação do valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação – 83º, nº1 LGT
· e a avaliação indireta visa a determinação do valor dos rendimentos ou bens tributáveis a partir de indícios, presunções ou outros elementos de que a administração tributária disponha. – 83º, nº2 LGT
A Avaliação direta 
· O órgão competente: é aAdministração Tributária ou Contribuinte (nos casos de autoliquidação); - Art.82º, nº1 LGT
Autoliquidação: é a liquidação de um tributo que não é feita pela Administração Tributária, mas pelo sujeito passivo, seja ele o contribuinte directo, o substituto legal ou o responsável legal (artigos 82.º, n.º 1, 84.º, n.º 2, e 88.º, n.º 3, da Lei Geral Tributária);
Critérios técnicos – art.84º LGT
Os critérios técnicos referidos no artigo 84.º da LGT aplicam-se ao procedimento de avaliação em geral. Quando se fala em critérios objetivos de avaliação na avaliação indireta, significa que o recurso a indícios ou presunções deve ser objetivo (fundamentado) de acordo com a lei e não com base em qualquer arbítrio. 
A referência a critérios objetivos de avaliação serve simultaneamente para a avaliação direta e indireta. O que marca a diferença é que, a primeira visa a determinação direta do valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação, e a segunda fá-lo a partir de indícios, presunções ou outros elementos (cf. artigo 83.º da LGT). 
Avaliação indireta
· 2Orgão competente: é a Administração Fiscal, podendo o sujeito passivo participar nos termos da lei; - Art.82º, nº2 e nº3.
· O mesmo artigo 81.º da Lei Geral Tributária admite, no entanto, a possibilidade de a administração tributária fazer uma avaliação indireta, mas apenas nos casos e nas condições expressamente previstas na lei.
Assim sendo, a LGT, no art.87º, identifica os pressupostos que permitem à AT recorrer à metodologia indireta: 
i) A lei estabelecer um regime simplificado de tributação;
ii) Houver uma impossibilidade de comprovação e quantificação direta da matéria tributável;
iii) A matéria tributável do contribuinte se afastar, sem razão justificada, de determinados indicadores;
iv) Os rendimentos declarados em IRS se afastarem, significativamente, sem razão justificada, de determinados padrões; 
v) Também sem razão justificada, o contribuinte apresentar resultados nulos ou prejuízos durante três anos consecutivos, salvo nos casos de início de atividade;
vi) Houver um acréscimo de património ou despesa acima de determinados valores, sem justificação (artigo 87.º da Lei Geral Tributária).
Avaliação indireta subsidiária da Avaliação direta
De notar, como decorre do artigo 85º da Lei Geral Tributária, que a avaliação indireta é subsidiária da avaliação direta e nela se aplicam, sempre que possível e a lei não estabelecer regime diferente, as regras da avaliação direta.
Pelo que, o recurso ao procedimento de avaliação indirecta da matéria colectável só pode verificar-se nas situações e condições legais previstas na lei (arts. 81.º e 85.º da LGT), devido ao carácter subsidiário e excepcional 
· Pode-se recorrer a métodos indiretos nos seguintes casos: 
A LGT apresenta na alínea b) do art. 87.º a situação que resulta da falta dos elementos necessários que possam comprovar e quantificar, directamente e de forma exacta, a matéria colectável. Isto para permitir o recurso ao mecanismo da avaliação indirecta. Porém, esta impossibilidade ocorre quando se verifica alguma das quatro situações previstas no art. 88.º da LGT.
Deste jeito, tal impossibilidade ocorre quando há inexistência ou insuficiência de elementos de contabilidade ou declaração, falta ou atraso de escrituração dos livros ou registos, ou irregularidades na sua organização ou execução, quando não supridas no prazo legal, mesmo quando a ausência desses elementos se deva a razões acidentais.
O art.88º da LGT permite a utilização de métodos indiretos se se verificarem anomalias na contabilidade ou nas declarações fiscais dos contribuintes.
Alínea a) do art. 88º compreende casos passíveis de configurar infracções tributárias, principalmente a falta de entrega de declarações, a inexistência de contabilidade ou de livros fiscalmente relevantes e a não organização da contabilidade de harmonia com as regras da normalização contabilística, bem como os atrasos na sua execução (nestas três situações aplicam-se os arts. 116.º, 120.º e 121.º do RGIT, respetivamente).
Alínea b) representa os casos de recusa de exibição da contabilidade e dos demais documentos exigidos por lei, bem como os casos de ocultação, destruição, inutilização, falsificação ou viciação. A verificação de recusa pressupõe a existência de dois actos: o primeiro, por parte da AT, consubstanciado numa exigência dirigida ao contribuinte para que este apresente a sua contabilidade ou outros elementos solicitados. O segundo, a cargo do contribuinte, traduzido num acto que possa considerar-se como uma manifestação de intenção de não os apresentar. Quer a falsificação, quer a viciação, incluem todas as formas do crime de falsificação de documentos, previsto no art.º 256º do Código Penal. Deve-se ter em conta, nomeadamente os casos de falsificação material, com fabricação de documentos integralmente forjados pelo agente, ou alteração do seu conteúdo e os casos de falsidade intelectual, por divergência entre o conteúdo do documento e a realidade. Quanto à ocultação, destruição e danificação, cabem aqui os casos em que se verifica o desaparecimento físico, total ou parcial de um documento, inviabilizando a sua utilização para o apuramento da matéria tributável.
Alínea c) vislumbra as situações em que existem várias contabilidades ou grupos de livros com conteúdos diferentes relativamente aos mesmos factos, tendo como objectivo retirar-lhe a sua credibilidade de forma a ficcionar uma realidade perante a AT. 
Estamos perante uma alínea que prevê ainda os casos de existência de erros ou inexactidões não supridas no prazo legal, exigindo-se em consequência, uma prévia notificação da AT, notificação essa na qual será fixado o prazo e que, apesar desta notificação, os erros ou inexactidões não sejam sanados no prazo determinado. 
Alínea d) exige à AT a prova de factos que evidenciem uma manifesta discrepância entre o valor declarado e o valor de mercado de bens ou serviços e bem assim, de factos concretamente identificados através dos quais seja patenteada uma capacidade contributiva significativamente maior do que a declarada.
Indicadores de atividade inferiores aos normais: Artigo 89º LGT
Manifestações de fortuna: Artigo 89º - A LGT
Sob a epígrafe “Manifestações de fortuna e outros acréscimos patrimoniais não justificados”, o artigo 89.º-A da Lei Geral Tributária (LGT) permite que haja lugar a avaliação indireta da matéria tributável, sempre que, i) o contribuinte evidencie ter alguma das manifestações de fortuna enunciadasna tabela estabelecida no n.º 4 do artigo 89.º-A da LGT e ii) o contribuinte não tenha apresentado, dentro do prazo legal estabelecido, a declaração de rendimentos ou, tendo sido apresentada tal declaração, os rendimentos líquidos declarados apresentem uma discrepância superior, para menos, a 30% face ao rendimento-padrão estabelecido, para cada manifestação de fortuna, na referida tabela prevista no n.º 4 do artigo 89.º-A da LGT.
Como resulta do artigo 87.º e dos n.ºs 3 e 4 do artigo 89.º-A, todos da LGT, ainda que estejam presentes os dois pressupostos para a aplicação da avaliação indireta, acima indicados, essa avaliação indireta só terá lugar se o contribuinte não fizer prova que os seus rendimentos são, efetivamente, os declarados e que as manifestações de fortuna foram obtidas através de outra fonte.
Considerações gerais 
Definiu-se um princípio de avaliação indirecta da matéria colectável - > Art.89º-A, nº1
· quando falte a declaração de rendimentos 
· e o contribuinte evidencie as manifestações de fortuna constantes da tabela inserta no artigo 89.º-A da LGT, ou quando declare rendimentos que mostrem uma desproporção superior a 30%, para menos, em relação ao rendimento padrão resultante dos valores previstos na referida tabela.
Assim, pelo art. 89.º-A n.º 1 da LGT, estão sujeitos a tributação de manifestações de fortuna contribuintes em que o rendimento líquido declarado mostre uma desproporção superior a 30%, para menos, sem razão justificada, dos padrões de rendimento previstos. 
O regime prevê que o contribuinte que não entregue declaração de rendimentos e evidencie uma das manifestações de fortuna constantes da tabela do art. 89.º-A n.º 4 da LGT fica igualmente sujeito. No âmbito deste regime, através da inversão do ónus da prova (aart.89º-A, nº3), é da responsabilidade do contribuinte justificar que correspondem à verdade os rendimentos declarados e que é outra a fonte de rendimentos, sendo que, desta forma, pode ilidir a presunção desencadeada pela entidade fiscalizadora. Assim, a base é a tributação pelo método direto, demonstrado pela assunção da declaração do contribuinte, sendo a falência do princípio da verdade declarativa, devido ao desfasamento entre o rendimento declarado e a capacidade aquisitiva, que conduz à aplicação dos regimes em estudo para tributar os rendimentos ocultos, enquadrados na categoria G de IRS. Estes mecanismos, cingidos às pessoas singulares em Portugal, têm desenvolvimento com os seus requisitos, pressupostos e garantias do contribuinte no art. 87.º e seguintes da LGT.
1 - Há lugar a avaliação indireta da matéria coletável quando falte a declaração de rendimentos e o contribuinte evidencie as manifestações de fortuna constantes da tabela prevista no n.º 4 ou quando o rendimento líquido declarado mostre uma desproporção superior a 30 %, para menos, em relação ao rendimento padrão resultante da referida tabela.
A aplicação do artigo 89º-A da LGT aos contribuintes está condicionada ao preenchimento pressupostos prévios, uns relativos ao valor de aquisição e outros relativos à divergência entre a capacidade aquisitiva demonstrada e os rendimentos declarados em sede de IRS. 
Assim, para que algum contribuinte seja eventualmente tributado por esta avaliação indirecta, é necessário que evidencie, alguma das seguintes manifestações de fortuna: (Tabela do nº4) 
· aquisição de imóveis de valor igual ou superior a € 250.000; 
· aquisição de automóveis ligeiros de passageiros de valor igual ou superior a € 50.000; 
· aquisição de motociclos de valor igual ou superior a € 10.000; 
· aquisição de barcos de recreio de valor igual ou superior a € 25.000; 
· aquisição de aeronaves de turismo; 
· suprimentos e empréstimos efectuados pelo sócio à sociedade, no ano em causa, ou por qualquer elemento do seu agregado familiar, de valor igual ou superior a € 50.000. 
Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 89.º-A da LGT, quando falte a declaração de rendimentos e o contribuinte evidencie as manifestações de fortuna constantes da tabela prevista no n.º 4 (ver infra) ou o rendimento líquido declarado mostre uma desproporção superior a 30%, para menos, em relação ao rendimento padrão constante na mencionada tabela, haverá lugar a uma “correcção” da matéria colectável, que o legislador, nos termos do disposto na alínea d), do n.º 1 do artigo 87.º da LGT, reconduz aos casos de avaliação indirecta da matéria tributável. 
Na determinação da existência ou não de uma manifestação de fortuna segundo o disposto na tabela em presença, são tomados em consideração, segundo o disposto no n.º 2 do artigo 89.ºA da LGT: 
i) os bens adquiridos no ano em causa ou nos três anos anteriores pelo sujeito passivo ou qualquer elemento do respectivo agregado familiar; 
ii) os bens de que frua no ano em causa o sujeito passivo ou qualquer elemento do respectivo agregado familiar, adquiridos, nesse ano ou nos três anos anteriores, por sociedade na qual detenham, directa ou indirectamente, participação maioritária, ou por entidade sediada em território de fiscalidade privilegiada ou cujo regime não permita identificar o titular respectivo; 
iii) os suprimentos e empréstimos efectuados pelo sócio à sociedade, no ano em causa, ou por qualquer elemento do seu agregado familiar; 
iv) a soma dos montantes transferidos de e para contas de depósito ou de títulos abertas pelo sujeito passivo em instituições financeiras residentes em país, território ou região sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável, constante da lista aprovada por portaria do Ministro das Finanças, cuja existência e identificação não seja mencionada nos termos previstos no artigo 63.º-A, no ano em causa.
Aspetos procedimentais 
3 - Verificadas as situações previstas no n.º 1 deste artigo, bem como na alínea f) do n.º 1 do artigo 87.º, cabe ao sujeito passivo a comprovação de que correspondem à realidade os rendimentos declarados e de que é outra a fonte das manifestações de fortuna ou do acréscimo de património ou da despesa efectuada.
Uma vez verificadas as situações tipificadas como manifestações de fortuna, cabe ao sujeito passivo, nos termos do n.º 3 do artigo 89.º-A da LGT, a comprovação de que correspondem à realidade os rendimentos declarados e de que é outra a fonte das manifestações de fortuna. Quer isto dizer, em outras palavras, que a Administração Tributária tem de provar a existência e o valor das manifestações de fortuna, o que consubstancia o facto indiciário; e o sujeito passivo tem de provar, para ilidir a presunção de “rendimento-padrão”, que a fonte de recursos utilizados na aquisição não é ‘rendimento ocultado’ e sim ‘rendimentos’ que ele não estava obrigado a declarar ou que foram anteriormente tributados (ex. heranças, poupanças, recurso ao crédito). 
Sempre que o sujeito passivo não faça ou não consiga fazer a referida prova, considera-se como rendimento tributável em sede de IRS, a enquadrar na categoria G (incrementos patrimoniais) – quando não existam indícios fundados, de acordo com os critérios previstos no artigo 90.º, que permitam à administração tributária fixar rendimento superior –, o rendimento padrão enunciado na tabela (artigo 89.º-A/4 LGT)
Assim, resultam, deste dispositivo legal duas possibilidades distintas nos casos em que o sujeito passivo não consegue fazer prova que que é outra fonte de rendimentos: 
i) a tributação com base num rendimento presumido – o rendimento padrão.
ii) A fixação administrativa do rendimento coletável de acordo com os critérios previstos no artigo 90º da LGT, caso em que estaremos perante uma verdadeira situação de avaliação indirecta da matéria colectável. 
Na hipótese i) , o rendimento padrão constante da tabela do n.º 4 do artigo 89.ºA da LGT assume, uma dupla finalidade: 
-- > A tributação incide sobre um rendimento ocultado que é presumido no valor do rendimento padrão fixado pelo legislador (a liquidação é calculada a partir de um valor fixado em lei),
· num primeiro momento, fornece a medida do cálculo da desproporção, servindo para verificar se

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