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CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANO DA AMAZÔNIA – UNIFAMAZ
ADRIELLY CHRISTINE NUNES CARVALHO
ADRYENNE ALAYNNE LOBO COSTA
ALANE AMARA LIMA DA SILVA
AMANDA LOBO DE SOUSA
AMANDA NOGUEIRA
RELATÓRIO DE EXPERIÊNCIA - ESTÁGIO BÁSICO SUPERVISIONADO I EM SAÚDE
BELÉM – PA
2021
1. INTRODUÇÃO
Quando se fala a respeito de saúde refere-se a um conjunto de conceitos diversos e complexos que envolvem funções mentais, físicas e orgânicas. A constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS) relata: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência da doença ou enfermidade”. De acordo com isto, a psicologia da saúde se configura como a área da psicologia que visa analisar os aspectos pessoais, sociais, biológicos e comportamentais que estão envolvidos no processo de doença ou saúde do indivíduo (APA, 2003).
Por conseguinte, a área de especialização em psicologia da saúde se preocupa em estudar e aplicar princípios técnicos e demais conhecimentos científicos não apenas no processo de adoecimento, mas especialmente na prevenção da saúde, avaliando, prevenindo, diagnosticando e tratando quaisquer problemas que sejam considerados relevantes no processo de doença ou saúde do indivíduo, sejam físicos, mentais ou coletivos (MALAGRIS, 2011). Visa compreender, estudar e atuar na relação existente entre o comportamento e o estado de saúde ou doença (BARROS, 2002).
O principal interesse da psicologia da saúde não está diretamente na situação vivida, mas sim na forma como o sujeito vive, encara e experimenta seu processo de adoecimento ou de saúde, em sua relação consigo e com as pessoas ao seu redor (MALAGRIS, 2011). De acordo com o fato que da psicologia da saúde abrange o ser humano como um todo, tanto no adoecer quanto na saúde, o trabalho nesta área pode ser aplicado e realizado nos mais diversos e variados ambientes e contextos: nos hospitais, em centros de saúde comunitários, em organizações não- governamentais, em escolas ou mesmo nas próprias casas dos indivíduos (CASTRO, 2004).
Por objetivar promover a saúde e a qualidade de vida e buscar intervir junto à população em sua vida cotidiana, antes mesmo que riscos ou um processo de adoecimento se instale, é imprescindível, portanto, que o psicólogo na área da saúde atue em conjunto com profissionais de outras áreas para que haja acolhimento às demandas da população como um todo (CASTRO, 2004). A atuação nesta área surge do reconhecimento da necessidade de compreender o processo saúde/ doença em uma dimensão psicossocial e de intervir sobre os mais variados contextos de indivíduos e grupos, especialmente naqueles em situação de vulnerabilidade social (ALMEIDA, 2011). 
Portanto, pode-se dizer que a finalidade primordial da psicologia da saúde é estudar e pôr em prática as intervenções psicológicas possíveis para contribuir para a melhoria do bem-estar individual e coletivo (TRINDADE; TEIXEIRA, 2002). Em sua conhecida definição de psicologia da saúde, Matarazzo (1980) caracterizou essa área como o conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da psicologia utilizadas para a promoção e manutenção da saúde e também para a prevenção e tratamento de doenças, desde o diagnóstico dos possíveis problemas relacionados à saúde até a análise do sistema de saúde e posterior formação de políticas para a melhoria e humanização dos tratamentos.
Atuar na saúde significa buscar conhecer o indivíduo em sua integralidade, levando em consideração diversos aspectos, como: social, familiar, afetivo, cultural, histórico, entre outros, visto que todos esses fatores influenciam e fazem parte da saúde do ser humano (ALMEIDA; MALAGRIS, 2011). Dessa forma, observa-se um olhar da psicologia em relação ao sofrimento psíquico da população, atentando-se a questões que ofereçam maior qualidade de vida às pessoas, com intervenções, estratégias e foco para o contexto e a realidade popular (POUBEL, 2014).
O principal objetivo da Psicologia da Saúde é compreender quais intervenções proporcionam a melhoria do bem-estar dos indivíduos e comunidades, por meio da prevenção de doenças e do auxílio no enfrentamento delas. Não há somente o desenvolvimento de pesquisas e assistências, mas também várias formas de ensino (ALMEIDA; MALAGRIS, 2011).
Além disso, a Psicologia da Saúde se interessa pela forma como o indivíduo vive o seu estado de saúde ou doença e como isso interfere a sua relação consigo mesmo, com o mundo e com os outros. Outro objetivo também é tentar fazer com que os indivíduos adquiram hábitos ativos e saudáveis que auxiliem na promoção de saúde ou prevenção de doenças (BECKER; ROCHA, 2017).
Segundo o Conselho Federal de Psicologia, a Atenção Básica representa a soma de ações em saúde, envolvendo o indivíduo e também o coletivo. Levando em consideração a necessidade de um serviço que ofereça atenção integral, que alcance as necessidades da população e que gere a diminuição das condições de vulnerabilidade da comunidade, a presença do psicólogo nesses espaços de atuação torna-se essencial. Assim, o trabalho do psicólogo na Atenção Básica, está diretamente ligado às atividades que promovam a saúde e a melhoria da qualidade de vida da população (POUBEL, 2014).
O serviço em saúde pública também requer do profissional da psicologia o embasamento amplo de diversas áreas de conhecimento, além de ser dinâmico, promover intervenções em grupos e proporcionar a integração da equipe de saúde e da comunidade. Tais ações tornam-se possíveis por meio de uma teoria psicológica contextualizada às questões de relevância social e interdisciplinaridade (RONZANI; RODRIGUES, 2006).
A atuação do psicólogo pode ser bem extensa: desde o atendimento individual até a elaboração de políticas públicas. Entre eles, pode-se citar: atendimento em grupo, visitas à domicílio, interconsultas e consultas compartilhadas, serviço com equipe multiprofissional, desenvolvimento de pareceres, laudos e prontuários, discussão de casos e construção de projetos terapêuticos singulares (BRASIL, 2019).
Diante do contexto da pandemia do COVID-19 nas quais os indivíduos estão inseridos, o papel do psicólogo no campo da promoção e manutenção da saúde, assim como a prevenção de doenças, mais uma vez torna-se imprescindível. No entanto, por meio do Decreto nº 800/2020, 5 municípios da Região Metropolitana de Belém foram atingidos pelo lockdown, ou seja, a suspensão total de atividades não essenciais. Assim, as atividades de atuação dos profissionais e estudantes de psicologia no ambulatório da UNIFAMAZ também foram interrompidas, o que fez o estágio em psicologia da saúde ter uma reformulação no seu cronograma após o fim do lockdown, não deixando de levar em consideração a situação atual de pandemia e suas consequências na saúde mental e física dos indivíduos.
2. OBJETIVO 
O presente relatório tem como objetivo descrever as atividades realizadas em campo durante a supervisão de estágio, assim como descrever as impressões que cada membro do grupo teve ao ser apresentado à atuação do psicólogo na saúde básica, em específico a sala de espera, e as experiências vivenciadas ao entrar em contato com o público. 
3. METODOLOGIA
 	
3.1 Amostra
O ambulatório do UNIFAMAZ conta com diversas especialidades médicas e em cada dia se exerce especialidades específicas. As discentes designadas para a atuação em campo na segunda feira no turno da tarde, ficam responsáveis pelo trabalho voltado para os usuários do serviço de Psiquiatria e Pediatria.
Dessa forma, o público-alvo normalmente presente neste dia é composto por mães de crianças entre 0-12 anos e pacientes com encaminhamento de um psicólogo ou clínico geral oriundos do CAPS, rede pública ou particular para o atendimento em Psiquiatria, o público atendido por esta especialidade é composto por jovens e adultos de ambos os sexos. 
Durante a etapa de psicoeducação, além dos pacientes e mães de crianças entre 0-12 anos do Ambulatório de Especialidades Médicas, também foram incluídos os funcionários do Bloco III da UNIFAMAZ,composto por adultos do sexo masculino e feminino que realizam serviços gerais na instituição. 
 3.2 Descrição do campo 
O Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) possui em sua estrutura o Ambulatório de Especialidades Médicas, que fica localizado no Bloco III do UNIFAMAZ, estrutura que conta com as seguintes especialidades: cardiologista, clínica médica, dermatologista, ginecologia, geriatria, gastrologia, hematologista, infectologista, nefrologia, neurologia, otorrino, pediatria, pneumologista, psiquiatria, pequenas cirurgias, endocrinologista, reumatologista e urologista. As atividades desenvolvidas ocorrem de maneira supervisionada pelos professores e preceptores que acompanham e auxiliam os discentes, proporcionando um entendimento e experiência multidisciplinar dentro de campo.
O ambulatório de especialidades médicas do UNIFAMAZ se encontra na Av. Visconde de Souza Franco, nº72, Reduto, Belém-PA. Deu início às suas atividades no segundo semestre de 2016 e não possuía todas as especialidades que se tem hoje, mas devido a pandemia do COVID-19, precisou ser pensado em uma nova organização e oferta de especialidades, juntamente do número de consultas disponibilizadas por turno, a fim de garantir o número adequado de pessoas circulando no ambulatório, tendo a garantia de distanciamento social horizontal obedecido no espaço físico do serviço (GORAYEB et al., 2020). 
A instituição é membro constituinte da rede de serviços em saúde do município de Belém, se propõe a atender a população metropolitana e regiões próximas que buscam atendimento gratuito das especialidades ofertadas. Contém três andares com consultórios e salas compondo o espaço ambulatorial onde os professores, preceptores e discentes atuam, dispondo de meios de acessibilidade como rampas e elevadores no intuito de facilitar o acesso de todos. 
Ao chegar no ambulatório, o paciente passa por uma avaliação de temperatura para identificar se há sintomas da COVID-19, além de passar por uma pré-avaliação de algum profissional ou acadêmico de enfermagem, e após essa avaliação o paciente deve aguardar até o horário de sua consulta médica. A atuação dos discentes de psicologia começa a partir da recepção desse paciente, que fica aguardando o atendimento em uma sala ampla com o distanciamento entre cadeiras respeitado de acordo com o que foi proposto pelo Ministério da saúde.
São realizadas atividades coordenadas pela preceptora que realiza o acompanhamento dos discentes na abordagem com o usuário na sala de espera com a finalidade de amenizar o desgaste emocional e físico, ações psicoeducativas e esclarecimento de dúvidas sobre a consulta e auxílio na inserção do paciente de forma afetiva dentro do serviço que o mesmo está utilizando.
3.3 Materiais e equipamentos
Na área da saúde, a sala de espera é uma ferramenta utilizada pela psicologia com o intuito de trazer ao paciente alívio da ansiedade, tensões e ocupação do tempo ocioso visando a promoção da saúde através de dinâmicas e informações voltadas para a melhoria de sua saúde física e mental. Desta forma são utilizados inúmeros materiais como: banners, panfletos, cartazes, brindes e em casos de atendimento infantil brinquedos para a interação social e recreação. Entretanto, no ano de 2021 o mundo, e o Município de Belém atravessa um período crítico de pandemia na capital onde os cuidados com a biossegurança são reforçados e respeitados, evitando contato físico, distanciamento e uso frequente de álcool em gel.
Os equipamentos utilizados no estágio de psicologia são: jaleco branco de mangas longas devidamente identificados com nome do aluno, curso e brasão da faculdade UNIFAMAZ, máscaras PFF2 e luvas ofertadas pela Instituição e entregue aos alunos no momento de entrada no ambulatório, sapatos fechados, calças para não expor a parte inferior do corpo a possível contaminação, utensílios e objetos são de manejo individual não sendo indicado o compartilhamento dos mesmos, álcool em gel.
3.4 Instrumentos
O primeiro instrumento a ser utilizado pela equipe foi a Ficha de Inserção no Campo de Estágio (Anexo 1), cada membro do grupo preencheu o documento de forma individual relatando suas impressões acerca do campo de estágio, fazendo uma descrição do mesmo, possíveis melhorias e como poderia ser feita uma intervenção psicológica.
O segundo instrumento a ser utilizado pela equipe foram os panfletos informativos (Anexo 2 E 3) que possuíam o intuito de auxiliar na realização do trabalho de psicoeducação com os usuários do ambulatório e funcionários da instituição que realizam seus serviços no Bloco III. 
 3.5 Planejamento 
As atividades aconteciam durante as tardes na sala de espera, sendo desenvolvidas de três formas: exercício da escuta terapêutica, sala de espera individual e triagem de demandas para a clínica escola de psicologia, todas realizadas por alunos de psicologia do 7º semestre do turno da manhã. 
Diante disso, foi instruído aos alunos onde os pacientes se encontravam e como seria realizada a abordagem que consiste em se apresentar como estagiário de psicologia, perguntar como aquele paciente está se sentindo e se possuía alguma dúvida relacionada ao seu atendimento. Diante disso, alguns pacientes podem apresentar questões pessoais no seu relato e o discente deve ouvi-lo atentamente, realizar o acolhimento e comunicar que existe a clínica escola de psicologia do UNIFAMAZ que fornece serviços psicoterápicos, caso esse paciente demonstre interesse, é coletado pelos discentes o seu nome completo e número de telefone, para que sejam contatados futuramente para marcar a consulta. 
Durante essas atividades se percebeu que muitas pessoas carregavam demandas psíquicas e compartilhavam com os estagiários, que ofereciam e exercitavam a escuta, ferramenta que é imprescindível no trato com o paciente. Porém, quando a escuta suscitava uma demanda de cunho psicoterápico, era realizada uma triagem para que esse paciente seja encaminhado para a clínica, o estagiário preenchia o nome e contato na lista de atendimento.
No contexto pandêmico da COVID-19 as normas de biossegurança devem resguardadas como forma de diminuição do contágio do vírus, oferecendo segurança para os alunos, funcionários e usuários do UNIFAMAZ. Desta forma verificou-se a inviabilidade do contato físico e/ou próximo no momento desta sala de espera, dificultando a realização do plano inicial, como forma de solução para este período de estágio a estratégia tomada pela equipe de estagiárias junto a preceptora foi a entrega de panfletos contendo informações sobre saúde mental em períodos de pandemia, informações sobre o plantão psicológico do UNIFAMAZ, com uso de luvas, máscaras PFF2 e distanciamento no momento do contato com o usuário. 
 3.6 Análise de Dados
Nas práticas de Estágio Básico I foram realizadas ações psicoeducativas com dois grupos: A primeira semana foi voltada para os funcionários do UNIFAMAZ, mais especificamente os trabalhadores dos serviços gerais, dada a importância deste grupo que mantém a limpeza, assepsia e organização do ambiente institucional. O tema escolhido pelas alunas foi “ansiedade no ambiente de trabalho”, foram abordados doze funcionários de forma individual e perguntado se possuíam conhecimento sobre o tema, constatou-se que três deles sabiam do que se tratava, ou já ouviram falar sobre o tema e nove deles não conheciam o assunto abordado. Foram entregues panfletos para mais informações sobre o tema dialogado, e enfatizado que o plantão psicológico do UNIFAMAZ está em funcionamento caso algum funcionário necessite de atendimento, assim como seus familiares e amigos.
Na segunda semana de prática, o público-alvo escolhido para o desenvolvimento da ação foram os usuários do serviço de atendimento ambulatorial do UNIFAMAZ, com o tema “Síndrome do Pânico”. Dez usuários foram abordados de forma individual e os foi perguntado se conheciam o tema em questão, constatou-se que apenas três sabiam ou já ouviram falar sobre o assunto e sete não sabiam do que se tratava a síndrome do pânico eas suas possíveis causas e sintomas. Foram entregues panfletos para melhores informações sobre o tema abordado e o funcionamento do plantão psicológico da instituição. 
 4. RESULTADOS
No dia 3 de maio foi efetuado um trabalho referente à ansiedade no ambiente de trabalho, planejado para os funcionários da UNIFAMAZ. Por meio da interação entre os discentes e os funcionários, foi possível realizar um diálogo rápido e claro a respeito da temática através da entrega de folhetos citando as características da ansiedade (Anexo 2), a importância do cuidado da saúde mental e também a disponibilidade do plantão psicológico da instituição para o atendimento do público-alvo.
Os folhetos utilizados descreviam o que era a ansiedade, explicava como identificá-la no ambiente de trabalho, assim como suas principais causas e sintomas. No verso do folheto, havia informações a respeito do plantão psicológico oferecido pela instituição, como dias e horários de funcionamento e telefone para contato. Este folheto era entregue para cada funcionário abordado pelo grupo, que brevemente se apresentava e explicava do que se tratava a ação. Logo após, era perguntado ao participante se ele tinha conhecimentos acerca da ansiedade, seguindo de uma rápida explicação a respeito da ansiedade, como identificá-la e como o ambiente de trabalho poderia influenciar para o seu surgimento e a importância de cuidar da saúde mental. Posteriormente, foi apresentada a clínica de psicologia da UNIFAMAZ e a possibilidade de atendimento aos funcionários da instituição.
Ao final da ação, foi possível perceber que a grande maioria dos funcionários não tinham conhecimentos sobre ansiedade e nem sobre os atendimentos do plantão psicológico. No total, 12 funcionários participaram da ação, destes 12, apenas 3 tinham conhecimentos breves a respeito da ansiedade. (Gráfico 1)
 (
Gráfico 1
)
No dia 31 de maio foi realizada, no ambulatório do UNIFAMAZ, uma ação psicoeducativa com o tema: Síndrome do Pânico. Desta ação, participaram o total de 10 pessoas, durante o desenvolvimento da ação foi perguntado as mesmas se elas sabiam o que era síndrome do pânico. Das 10 pessoas, 7 não sabiam do que se tratava e 3 responderam que tinham uma ideia do que poderia ser. (Gráfico 2)
Gráfico 2
Após a pergunta, era explicado para o público do que se tratava a síndrome do pânico, quais eram seus sinais e sintomas e possíveis causas, foi entregue um folder explicativo contendo as informações mais importantes acerca da patologia além do contato da clínica de psicologia do UNIFAMAZ (Anexo 3). Após a explicação foi perguntado para eles se conheciam alguém que apresentasse comportamentos como os que foram explanados ou se os mesmos se identificavam. 2 pessoas relataram conhecer pessoas que se encaixavam no perfil apresentado e 8 pessoas relataram não conhecer alguém que apresentasse os sintomas ou se identificar com os mesmos. (Gráfico 3)
Gráfico 3
Finalizada a apresentação do tema, foi apresentado aos usuários a clínica de psicologia do UNIFAMAZ, no verso do informativo sobre síndrome do pânico foi colocado os contatos da clínica, o grupo explicou como se dá seu funcionamento, dias e horários. Ao serem perguntados se sabiam da existência da clínica, maioria disse que não e apenas 1 das pessoas que participaram da ação estava lá para atendimento psicológico.
 5. DISCUSSÃO
 Em primeira instância, é necessário lembrar que o desenvolvimento do estágio básico I ocorreu paralelamente ao agravamento das consequências da pandemia por covid- 19 no Brasil. Para Malagris (2011), o comportamento e estilo de vida dos indivíduos podem ter um impacto significativo sobre o desenvolvimento e exacerbação de doenças. Portanto, coube aos coordenadores, preceptores e alunos a adaptação das atividades realizadas na sala de espera levando em consideração o contexto vivido para que a proliferação do vírus seja atenuada. 
 A adaptação incluiu a obrigatoriedade do uso de máscaras PFF2, luvas, jaleco e o zelo referente ao distanciamento social. Para Barros (2002), a psicologia da saúde deve compreender e atuar sobre a inter-relação entre comportamento e saúde/comportamento e doença. Nas atividades realizadas na sala de espera compreender e atuar sobre as nuances dessa inter-relação se tornou um desafio na medida em que todos os presentes no ambiente de ambulatório, tanto discentes quanto pacientes, são atualmente atravessados pelas consequências do processo de adoecimento da sociedade na pandemia. 
 Ademais, o contexto atual trouxe impacto sobre o número de pacientes que se apresentavam no ambulatório e consequentemente, sobre o número de atividades realizadas. A falta de pacientes, especialmente nos dias de segunda-feira, limitou consideravelmente a possibilidade e variedade de atividades em campo. Tal fato trouxe consequências negativas para o grupo, na medida em que o desenvolvimento de habilidades necessárias para a atuação ambulatorial foi limitado pela falta de experiências ao longo do semestre.
 Na segunda onda de contágio da Covid-19, as atividades no ambulatório foram suspensas por três semanas pela instituição do bandeiramento preto (lockdown) na capital. Após essa ocorrência, atividades de discentes que cumpriam estágio obrigatório em outros postos de saúde foram suspensas e tiveram de ser encaixadas no cronograma de ambulatório do UNIFAMAZ, o que contribuiu para a diminuição da frequência de atividades nos grupos. Outros acontecimentos, como o afastamento da preceptora pela suspeita de covid-19 e a greve dos rodoviários em Belém também contribuíram para a baixa de atividades no ambulatório. Apesar das dificuldades relatadas, as turmas que frequentaram os ambientes de estágio obrigatório durante o período pandêmico puderam desenvolver de forma única e prática o conhecimento de um dos objetos de estudos da psicologia hospitalar, que segundo Barros (2002), são os funcionamentos psicológicos envolvidos na adaptação à doença.
É notável que há uma grande importância sobre a discussão da ansiedade no ambiente de trabalho, pois segundo Ribeiro, et al. 2019, a ansiedade tem sido observada como um dos maiores fatores responsáveis pelo afastamento dos funcionários de seu ambiente de trabalho. Desse modo, este transtorno interfere diretamente na vida do trabalhador e das pessoas em sua volta. No entanto, muitas vezes a sobrecarga de trabalho e suas consequências não são percebidas pelo indivíduo ou, quando percebidas, são ignoradas. Porém, vale ressaltar que a partir do momento em que não ocorre o tratamento da maneira correta, há uma tendência de cronificação da ansiedade. 
Sendo assim, visto o impacto da ansiedade na vida desses trabalhadores, no dia 3 de maio esta temática foi escolhida para que, além dos funcionários da instituição tivessem acesso a essas informações para uma possível identificação do transtorno, houvesse também a busca de um tratamento adequado por meio do plantão psicológico disponível para eles na própria UNIFAMAZ.
Logo no início da atividade foi possível perceber um fluxo pequeno de pessoas, tanto de usuários do ambulatório quanto dos funcionários. Além disso, também foi visível para todas as integrantes da equipe um certo desconforto dos funcionários, que inicialmente demonstraram certo receio a partir do momento em que eram abordados. No entanto, após alguns instantes de conversa, os funcionários ficavam mais à vontade e demonstravam interesse no assunto, prestando atenção e até retirando algumas dúvidas.
Além disso, durante o andamento das atividades foi possível perceber que a grande maioria dos funcionários abordados não tinham conhecimento tanto a respeito das características da ansiedade quanto dos serviços de atendimento psicológico que eles poderiam ter acesso. No final da atividade, 12 funcionários foram abordados e participaram da ação. Desse total, apenas 3 funcionários possuíam um breve conhecimento a respeito da ansiedade e somente 5 sabiam sobre a disponibilidade do atendimento no plantão psicológico da instituição
Posteriormenteà realização da tarefa, o grupo pôde se reunir com a preceptora responsável pela equipe. Na reunião, discutiu-se a respeito da percepção do desconforto dos funcionários em relação à abordagem inicial das integrantes da equipe. A partir disso, foi possível discutir e refletir a respeito da importância da efetivação dessas ações voltadas para esse público-alvo, pois muitas vezes os funcionários são esquecidos ou tratados com indiferença, sendo colocados numa posição de invisibilidade. Dessa forma, por meio da realização dessa atividade o grupo também percebeu uma oportunidade de fazer com que a história fosse diferente, oferecendo um espaço aberto de diálogo e interação com esses funcionários.
No dia 31 de maio foi realizada a ação psicoeducativa com o tema: Síndrome do Pânico. O tema foi escolhido em decorrência do contexto atual em que a sociedade está vivendo que é a pandemia do novo Coronavírus. Nesse cenário diversas pessoas adoeceram mentalmente e por falta de conhecimento acabam não identificando os sinais e sintomas, o que dificulta na hora de buscar ajudar. De acordo com Moreira, Sousa e Nóbrega (2020), durante surtos de doenças infecciosas, os danos à saúde mental tendem a ser negligenciados em comparação ao risco biológico e as medidas de tratamento, assim o tema foi escolhido com o objetivo de conscientizar a população acerca dos danos psicológicos que a pandemia vem causando. Para isso foi utilizado o método de psicoeducação, que é uma técnica que relaciona os instrumentos psicológicos e pedagógicos com o objetivo de levar conhecimento à população acerca de determinadas patologias, dessa forma endossando o trabalho de prevenção e conscientização (LEMES; NETO, 2017). Trabalhos dessa natureza se fazem de extrema importância no cenário atual, devido a pandemia do COVID-19, a sociedade se encontra sofrendo com diversas doenças mentais, entretanto por falta de informação e conhecimento, não conseguem identificar os sintomas em si ou em amigos e familiares tampouco buscar tratamento,
O público escolhido para tal ação foram os usuários do ambulatório do UNIFAMAZ. De modo geral o público que frequenta o ambulatório busca mais as especialidades médicas, então faz- se necessário um trabalho de conscientização acerca de saúde mental. 
Durante a ação foi perguntado a cada participante se ele sabia o que é Síndrome do Pânico, das 10 pessoas que participaram, apenas 3 relataram que tinham uma ideia do que tratava, as mesmas definiram síndrome do pânico como crises de ansiedade mais intensas. De acordo com Silva e Luvizotto (2018) a síndrome do pânico é caracterizada por recorrentes ataques de pânico que podem parecer não evocados e vindo do nada, quando na verdade são desencadeadas por flutuações sutis de um determinado estado físico. Muita das vezes a pessoa com síndrome do pânico interpreta seus comportamentos de forma equivocada, assim levando a um retardo na busca por tratamento. Levando em consideração essa informação e o cenário atual, o grupo optou por uma ação psicoeducativa com este tema, objetivando levar mais informações, dessa forma contribuindo para a descoberta precoce do diagnóstico, assim como o estabelecimento imediato de tratamento, tendo como desdobramento uma melhor qualidade de vida. 
 Quando perguntado ao público se os mesmos se identificavam com os sintomas que foram explanados ou mesmo se conheciam alguém que apresentasse aquele comportamento, apenas 2 pessoas relataram que conheciam pessoas com algumas daquelas características, uma dessas pessoas relatou ter um amigo que desde o início da pandemia tinha se tornado uma pessoa bastante nervosa, que vez ou outra dizia para que havia tido uma crise de ansiedade e que ideia de sair de casa o apavorava, mesmo depois de vacinado. Essa pessoa disse não saber que aquilo poderia se tratar de uma síndrome do pânico, achava apenas que o amigo era muito nervoso, disse que lavaria para ele o folheto que lhe foi entregue para que ele lesse e se julgasse necessário buscasse ajuda profissional. Lhe foi apresentada a clínica de psicologia do UNIFAMAZ para que indicasse ao amigo.
Por fim, pode-se perceber durante o trabalho com os pacientes e funcionários a importância de ações psicoeducativas que possibilitem uma compreensão multipespctival acerca da doença e do adoecer.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Raquel Ayres de; MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes. A prática da psicologia da saúde. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 183-202, dez. 2011. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582011000200012&lng=pt&nrm=iso> Acesso em: 25 de março de 2021.
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TRINDADE, I.; TEIXEIRA, J. A. C. Psicologia em serviços de saúde: Intervenção em centros de saúde e hospitais. Análise Psicológica. 2002. 
ANEXO
Anexo 1 
Anexo 2 
Anexo 3
 
Tinham conhecimento sobre ansiedade	Não tinham conhecimento sobre ansiedade	3	9

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