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INSTRUMENTAÇÃO PARA CIRURGIA ORAL BÁSICA 1. Incisão do tecido: - Bisturi com cabo nº 3 e lâmina nº 15 (encaixada e desencaixada do bisturi com o auxílio do porta-agulha) é o mais utilizado 2. Elevação do mucoperiósteo: - Descolador de periósteo tipo molt nº 9 3. Afastamento de tecido mole: - Afastador de Minnesota: retração de bochechas e retalhos 4. Apreensão de tecido mole: a. Pinças de Adson: para estabilizar suavemente o tecido mole para sutura ou dissecção b. Pinça de Stillies (superior) e pinça de apreensão (inferior) - Pinça de Allis (também utilizada para apreender gaze na assepsia) 5. Controle de hemorragias: - Pinça hemostática 6. Remoção de osso (alveoloplastia): - Pinças-goivas: fórceps de corte ósseo que possuem molas nos cabo - Broca e peça de mão - Lima para osso: alisamento de pequenas bordas cortantes ou espículas ósseas 7. Remoção de tecido mole de cavidades ósseas: - Cureta de Lucas/periapical 8. Sutura de tecido mole: - Porta agulha - Agulha - Tesouras 9. Aspiração 10. Manutenção do campo cirúrgico em posição: - Pinça Backhaus: apreensão de cânula no campo (sobre paciente) 11. Irrigação CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES 12. Extração: Alavancas dentárias: auxiliam na luxação do dente e também são usadas para remoção de raízes fraturadas ou seccionadas cirurgicamente. Podem ter formato reto, triangular ou apical. a. Reta: luxação dentária b. Triangular: útil quando a raiz fraturada permanece no alvéolo do dente e o alvéolo adjacente está vazio c. Apical: remoção de raízes - Fórceps: realiza expansão óssea (através da pressão nas corticais) e ruptura do ligamento periodontal. ↪ Maxila: dentes unirradiculares → fórceps universal de maxila, nº 150; I e C → nº 1 ou 150; MSE → 18L; MSD → 18R ↪ Mandíbula: dentes unirradiculares → fórceps universal de mandíbula, nº 151; MI → nº 17 TÉCNICAS DE EXODONTIA Todas visam o mesmo objetivo - expandir o alvéolo para obter mobilidade dentária. 1. Técnica primeira - técnica a fórceps 2. Técnica segunda - técnica da alavanca 3. Técnica terceira Indicações: - Cárie e suas complicações - Processos periodontais avançados - Dentes desvitalizados com foco periapical, com contra indicação ou impossibilidade de tratamento endodôntico e/ou apicectomia - Raízes e fragmentos dentários - Finalidade ortodôntica - Finalidade protética - Dentes fraturados CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES - Dentes supranumerários - Dentes sobre traço de fratura - Mobilidade dental por trauma com perda de suporte ósseo - Dentes decíduos em período de esfoliação (quando, por exemplo, há infecção focal) Contra-indicações: - De ordem geral: sífilis, tuberculose, cirrose hepática, hepatopatias, diabetes, enfermidades reumáticas, doenças hemorrágicas, hipovitaminoses e outras → desde que não estejam devidamente controladas ou compensadas; por isso são ditas relativas (se há controle de doença, a extração não é contra-indicada) - De ordem local: processos infecciosos agudos (ex: abscesso) desde que não tenham cobertura antibiótica e pericoronarite (processo infeccioso; única contra-indicação absoluta de extração, pois normalmente há uma alveolite no pós operatório). Avaliação pré-operatória: - Avaliação radiográfica: radiografia periapical (ápice dentário, osso circundante e estruturas nobres próximas) e radiografia panorâmica ↪ Critérios radiográficos com relações com estruturas vitais associadas: seio maxilar, canal alveolar inferior e forame mentual ↪ Critérios radiográficos com relação com a configuração das raízes: número/tamanho, curvatura/divergência, reabsorção radicular/terapia endodôntica ↪ Critérios radiográficos com relação com as condições do osso circunvizinho: densidade do osso, patologia periapical Necessidades básicas: - Visibilidade adequada (visão direta): luz adequada (foco de luz), acesso adequado (retalho, boa abertura de boca) e a menor quantidade de sangue possível (boa aspiração - feita pelo auxiliar, retalho com descolamento do periósteo e anestésico com vasoconstritor). - Auxílio adequado: afastamento, proteção de tecido mole e estruturas nobres, aspiração de soluções, estabilização da cabeça/mandíbula e apoio psicológico ao paciente. Posições do operador: à direita e ligeiramente à frente/e ao lado/e atrás/e à frente do paciente. Inclinação do paciente: maxila → oclusal do paciente em 45º em relação ao solo; mandíbula → oclusal do paciente paralela ao solo. Altura do paciente: altura do cotovelo do CD com o braço dobrado. Fórceps: Cunha: expande, divide e desloca partes da substância onde ela é usada; assim agem as pontas ativas do fórceps. Seus dois objetivos são: expansão do alvéolo ósseo (com o uso das pontas ativas em forma de cunha e dos movimentos do próprio dente com o fórceps) e remoção do dente do alvéolo. Adaptação: ponta ativa paralela ao longo eixo do dente, o mais intruído possível. O fórceps pode aplicar cinco movimentos principais para luxar os dentes e expandir o alvéolo ósseo: 1. Pressão apical (intrusão): expansão do alvéolo dentário pela inserção das pontas ativas para dentro do espaço do ligamento periodontal. Na pressão apical, o centro de rotação do dente é deslocado apicalmente. Como o dente está se movendo em resposta à força aplicada a ele pelo fórceps, este se torna o instrumento de expansão. Se o fulcro for alto, uma grande quantidade de força é aplicada na região apical do dente, o que aumenta a chance de fratura do ápice radicular. Se as pontas ativas do fórceps forem forçadas para dentro do espaço do ligamento periodontal, o centro de rotação é deslocado apicalmente, o que resulta em maior movimento das forças de expansão na crista do processo alveolar e menos força de movimento lingual no ápice do dente; esse processo diminui a chance de fratura do ápice radicular. CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES *: centro de rotação 2. Pressão vestibular: causa expansão da cortical vestibular, particularmente na crista óssea do alvéolo; apesar disso, também gera pressão lingual no terço apical do raiz, e uma força excessiva pode fraturar o osso vestibular ou causar uma fratura do terço apical da raiz. 3. Pressão palatina/lingual: similar ao conceito da pressão vestibular, mas objetiva expandir a crista óssea lingual e, ao mesmo tempo, evitar pressões excessivas no osso apical vestibular. 4. Pressão rotacional: causa certa expansão interna do alvéolo dentário. É uma técnica utilizada para luxar dentes com raízes únicas, cônicas (como os incisivos maxilares e os pré-molares mandibulares) e que não sejam curvas. ICS e 2º PMI 5. Forças de tração: extrusão do dente do alvéolo uma vez que tenha sido obtida uma adequada expansão óssea. Devem ser delicadas e limitadas à parte final do processo de extração. Se for necessária uma força excessiva, outras manobras devem ser refeitas para melhorar a luxação da raiz. Fase preliminar - preparo da boca: - Remoção das próteses - Profilaxia: bochecho com clorexidina 0,12% - Assepsia: antissepsia - clorexidina 2% Fase cirúrgica - tempos operatórios (técnicas primeira e segunda): - Anestesias - Sindesmotomia - Intrusão do fórceps ou alavanca, luxação dentária (expansão do osso alveolar) Fase cirúrgica - tempos operatórios (técnica terceira): - Anestesia - Incisão - Descolamento mucoperiosteal - Osteotomia e odontossecção - Exodontia - Irrigação - Curetagem - Alveoloplastia - Hemostasia - Sutura Técnica primeira: - Indicação: dentes com coroa. CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES - Fase cirúrgica: 1. Sindesmotomia: desinserção das fibras gengivais do ligamento periodontal com o molt. ↪ Vantagens: testa a anestesia e permite uma maior intrusão do fórceps (o que melhora o fulcro) 2. Intrusão: ponta ativa do fórceps na superfície L dos dentes e depois na V. 3. Luxação: Aplicar mais força na tábua óssea mais fina. (V; exceção: M inf). MAXILA: IC, IL e C → vestíbulo-palatino + torção PM → vestíbulo-palatino M → vestíbulo-palatino MANDÍBULA:ICI, ILI, CI → vestíbulo-lingual PMI → vestíbulo lingual + torção MI → vestíbulo-lingual Técnica segunda: - Indicação: dentes sem coroa, dentes com impossibilidade de apreensão com o fórceps (raízes divergentes ou dilaceradas), raízes fraturadas durante a remoção do dente com o fórceps. Difere da técnica primeira pela física do movimento de luxação e de extração. A alavanca tem 2 movimentos diferentes: - 1º movimento: movimento de cunha - 2º movimento: movimento de alavanca Entre o dente e o osso são feitos movimentos laterais em direção ao ápice do dente (princípio da cunha), a fim de pressionar o dente contra o osso contrário e luxar a tábua óssea, que começa a expandir; quando as duas tábuas ósseas expandem e o dente começa a apresentar mobilidade, é feito o segundo movimento, o de alavanca, no qual a alavanca é apoiada no osso (movimentos contínuos buscam sequencialmente o ponto de apoio, que sempre será na superfície óssea - entre o dente e o osso e não entre um dente e outro) e tenta alavancar o dente (normalmente realizado na mésio-vestibular dos dentes). OBS: o hollenbeck pode agir como alavanca. Técnica terceira: por fórceps ou por alavanca. Retalho, osteotomia e odontossecção. - Indicação: dentes fraturados, dentes anquilosados, molares com raízes divergentes, dentes com dilaceração radicular, dentes com hipercementose (difíceis de luxar), dentes com íntimo contato com o seio maxilar, dentes ou restos radiculares sob próteses, dentes retidos (terceiros molares inclusos ou semi-inclusos). OBS: a região posterior da mandíbula apresenta maior resistência à expansão da cortical. Na região dos 3ºs molares há a linha oblíqua (que não expande), então utiliza-se uma broca para expandir o alvéolo e remover o dente. CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES Brocas cirúrgicas: - Broca esférica nº 6: osteotomia - Zekrya: odontosecção Fase cirúrgica: 1. Incisão: lâmina de bisturi → deve estar com sua parte cortante perpendicular ao osso. Toda incisão deve ser feita sobre osso sadio; isso significa que deve ser realizada um dente à frente ou um dentre atrás - no mínimo - do dente a ser trabalhado. Tipos de retalho: em envelope, em formato de L (relaxante e sulcular) 2. Descolamento do retalho (descolamento do periósteo) com molt 3. Osteotomia e/ou odontosecção: - Razões para realizar a osteotomia → substituir a fase de luxação e criar um ponto de apoio para alavanca - Osteotomia e/ou alveoloplastia: regularização do alvéolo - Para realizar a odontossecção é necessário conhecer a região de furca do dente 4. Extração: com fórceps ou com alavanca Ex: MI → a secção é feita no sentido vestíbulo lingual até ¾ do dente (não atingir o nervo lingual). Depois, utilizar a alavanca e clivar o dente – o desgaste é feito em linha reta unindo a furca V com a L (MI) ou de mesial para distal (PMS). Extração retrógrada: preservação de toda a tábua vestibular do paciente. Extração seriada: - Técnica terceira: incisão e descolamento da gengiva; alavanca ou fórceps. - Ordem das extrações: de superior para inferior (pois a maxila é mais porosa e a anestesia começa primeiro nela, além do fato de que cálculos/pedaços de dente/lesões podem cair no alvéolo aberto da mandíbula), de posterior para anterior (sangue tende a escorrer para posterior) 1. Retalho, 2. Extração, 3. Alveoloplastia, 4. Gengivoplastia, 5. Irrigação, 6. Hemostasia, 7. Sutura. SUTURA Funções: hemostasia, aproximação (retalho), sustentação e estética. Critérios de classificação: - Quanto a profundidade: superficial e profunda - Quanto a técnica: planos, massa e mista - Quanto ao tipo de ponto: simples e especial - Quanto à sequência de pontos: separadas e contínuas - Quanto à posição das bordas: invaginante, confrontante e de eversão - Sutura transfixante: ↪ Consiste na solução de continuidade que atravessa toda a espessura dos tecidos atingidos, penetrando em um lado e saindo do outro. Ex: lesão que atravessa o lábio de uma criança: considerar os planos - mucosa, m. orbicular da boca, e pele; a sutura é realizada do plano mais sujo para o mais limpo. Toda sutura deve ser asséptica (realizar todos os meios para controle de infecção), atraumática, equidistante, com tensão adequada (não aproximar excessivamente a mucosa para “fechar” a ferida cirúrgica), plano a plano (pele com pele, mucosa com mucosa… espaços mortos enchem de sangue e formam hematomas, o que aumenta em quase 40% as chances de uma infecção pós operatória), com bordas cruentas, suporte ósseo e pontos jogados para o lado da incisão. Tipos de fios de sutura: - Sutura absorvível: categute (simples ou cromado) - natural; absorvido por reação tecidual/inflamatória ao redor. Ácido poliglicólico (dexon), poligliconato (maxon), ácido poligláctico (vicryl e monocryl), polidioxanona (PDS) - sintéticos; absorvidos por hidrólise; mais caros. - Sutura não absorvível: seda (seda), poliéster (dacron e mersilene), náilon (mononylon), polipropileno (prolene), aço inoxidável (aciflex). CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES O porta agulhas deve ter tamanho adequado e desenho seguro. A agulha deve estar presa a cerca de ⅓ a ½ distância do seu fundo e na ponta do porta agulha. Ela deve entrar no tecido em ângulo reto; a força aplicada deve ser na direção de sua curvatura; não se deve lesar as pontas ao resgatá-la através do tecido (não forçar nem torcer no esforço de puxá-la para fora do tecido); não tentar abraçar uma quantidade excessiva de tecido com agulhas pequenas. Suturas descontínuas: - Ponto simples - Ponto simples invertido: mucosa de seio maxilar (fio absorvível) - Donatti ou “U” vertical: implantodontia, cirurgias de enxerto; fornece mais apoio ao retalho; não é estético, mas assegura força numa área com tendência a abrir. - Colchoeiro ou “U” horizontal: - “X” externo com nó externo: no alvéolo, impede a entrada de alimento e saído do coágulo Suturas contínuas: em áreas que não tenham tensão. Colchoeiro contínuo simples Colchoeiro contínuo festonado Colchoeiro horizontal Intradérmica Adesivos para sutura: dermabond (dermator → skin stapler 35M). Indicado em áreas sem movimento (onde seria realizada uma sutura intradérmica, por exemplo). Sutura adesiva: feita com pressão; não recomendada para áreas úmidas (boca). Remoção de suturas: ↪ Desvantagem da seda: acúmulo de placa; ↪ Para remover o ponto, deve-se pegar uma pinça em uma das abas e cortar rente a pele (mucosa), para que a placa não corra dentro do tecido. OBS: cicatrização em 1ª intenção: união de 2 bordos sangrantes (mais fácil e mais rápida). No alvéolo: formação de um coágulo, que é consumido por osteoblastos e osteoclastos, e junto com os fibroblastos formam uma estrutura óssea imatura no meio (por isso não se deve fraturar as tábuas ósseas V e P durante uma extração). CBMF I - Ana Caroline Peçanha - 2019/2 - UFES
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