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Atividade de Água Discente: Jacqueline Ferreira Centro de Educação Superior do Oeste Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos – PPGCTA Disciplina: Propriedades Físicas e Termofísicas de Alimentos Introdução Principal componente da maioria das células ~ 70% do peso de uma célula As moléculas celulares se organizam de acordo com a estrutura da água A maioria das reações Bioquímicas ocorrem na água A água participa ativamente das reações A água não é inerte!!! Geometria H2O Molécula composta por 2 átomos de Hidrogênio e 1 de Oxigênio Ligação covalente Dipolar Forma ligações de hidrogênio A forma da água foi descoberta em 1956 Ligações de hidrogênio Ligações de hidrogênio são relativamente fracas: Energia de dissociação: 23 kJ/mol Ligações covalentes: O – H: 470 kJ/mol C – H: 348 kJ/mol O arranjo aproximadamente tetraédrico dos orbitais ao redor do átomo de oxigênio permite que cada molécula de água forme ligações de hidrogênio com até quatro moléculas de água vizinhas. Forças intermoleculares que atuam O formato tetraédrico da água dá a ela a característica de um dipolo que em temperatura ambiente está em estado líquido. eletroímã Dipolo: carga positiva e negativa flickering clusters Aplicada aos grupos de moléculas de água de vida curta interligadas por ligações de hidrogênio na água líquida Gelo Cristalina Formas bem definidas Superfícies e arestas Ligações de hidrogênio no gelo Floco de neve Estrutura fractal Estrutura simétrica hexagonal Ângulo de ligação de 109° Água nos alimentos Solvente Transferência de calor Conservação Promotora de mudanças químicas (ex: ionização de sais) Reações de hidrólise Importante constituinte de todos os alimentos Vida de prateleira Textura Disponibilidade de macro e micro nutrientes. Formas da água nos alimentos Água livre Maior parte da água presente nos alimentos Retida dentro das células Fracamente ligada a outras moléculas Pode ser removida por pressão Facilmente removida por secagem Água Ligada É parte da estrutura molecular Mobilidade reduzida Não tem as mesmas propriedades que a água livre Fortemente ligada a polissacarídeos (OH-), proteínas (NH3 e COO-) e até lipídeos. Água livre Se encontra nos espaços intergranulares e no interior dos poros do alimento Mantida por forças de absorção de pouca intensidade grande mobilidade Não estão ligadas a nenhum componente do alimento Usadas para o crescimento microbiano e também estão disponíveis para reações químicas Propriedades físico-químicas muito semelhantes às da água pura (ponto de ebulição, ponto de fusão e densidade) Pomente essa água se congela, ficando assim indisponível para reações Água ligada Está quimicamente ligada às moléculas da matriz (proteínas, carboidratos e minerais) Não está disponível para o crescimento microbiano e nem para reações químicas Ligações são muito mais fortes Estrutura fique mais densa Alteração em suas propriedades físico-químicas(aumento do ponto de ebulição e diminuição do ponto de fusão) Só podem ser removidas se o produto for exposto a altas temperaturas. Esta água não pode ser congelada e assim não altera a estrutura do produto Características da água ligada Não congela a temperatura de 0°C, usualmente a -20°C Indisponível para solvente A quantidade de água não congelável varia de um alimento para outro. 10% da água do tecido animal não vai congelar. Menos de 6% da água do tecido vegetal não vai congelar. Atividade de água (Aw) A água livre é muito mais volátil do que a água ligada, por isso a água que evapora para atingir um ambiente de equilíbrio em uma câmara fechada a temperatura ambiente, é apenas a água livre. Assim, medindo a pressão de vapor da água do ambiente em equilíbrio é possível avaliar a quantidade de água livre no alimento. Dividindo esse valor pelo valor da pressão de vapor do ambiente de equilíbrio da água pura, é encontrado o valor de Aw na forma: = Onde: – atividade de água – pressão de vapor de água de um alimento no espaço vazio de um ambiente fechado a uma dada temperatura pressão de vapor da água pura à mesma temperatura. : f(P, T, X1) : f(P, T) ≈ 0°C ≈ 36 °C ≈ 100 °C No caso de alimentos congelados -18°C A uma temperatura constante no ambiente fechado, existe uma relação entre Aw do produto e a umidade relativa do ar em equilíbrio: = Onde: – atividade de água ERH – umidade relativa de equilíbrio A atividade de água de um produto é considerada a umidade relativa do ar ao redor do alimento quando não ganha nem perde umidade e está em equilíbrio com o ambiente. A avaliação da ocorre numa escala de 0 a 1, sendo que 1 representa a água pura. Umidade O teor de umidade é a medida da quantidade total de água contida num alimento (água total), e é geralmente expresso como uma porcentagem (%) do peso total. Após um processo padronizado de secagem do alimento, podemos definir: Umidade (%) = Onde: Pi = Peso inicial da amostra Pf = Peso final da amostra Teor de umidade Métodos de determinação de umidade • Físicos : secagem / liofilização; refratometria; ponto de congelamento; espectroscopia no IV; métodos elétricos • Químicos: Destilação (solventes orgânicos; Karl Fischer) A umidade não fornece indicações de como está distribuída a água. Umidade em Base úmida: %U= x 100 Umidade em base seca: %U= x 100 Aw pode ser reduzida pelo ↑ da [ ] de soluto na fase aquosa do alimento, seja pela remoção da água e/ou adição de sólidos. A temperatura influencia: congelamento ↓ a Aw. Fatores que influenciam a atividade de água Importante: Não necessariamente um alimento com ↑umidade terá também uma ↑Aw. Classificação dos alimentos em função da atividade de água Os alimentos são classificados em três grupos conforme a função da atividade de água: Alimentos com baixa atividade (Aw até 0,60). Alimentos com atividade intermediária (Aw entre 0,60 a 0,90). Com alta atividade (Aw maior que 0,90). 0,2 0,7 0,99 Importantes aplicações da medida de Aw para a indústria de alimentos Escolha do processo a que o alimento será submetido Seleção de ingredientes usados no desenvolvimento de um produto Seleção da melhor embalagem para o produto Efeitos da atividade de água em um alimento estão relacionados além das reações químicas, enzimáticas, crescimento de Mo, alteração na aparência e textura. Ex: amolecimento de biscoito. A ↓ da Aw de um alimento aumenta a sua estabilidade, por isso que a secagem e o congelamento são os métodos de conservação mais utilizados. Entretanto, valores muito baixos de de Aw podem predispor o alimento a racidez oxidativa, caso este alimento seja suscetível. Aw x Crescimento microbiano Crescimento de micro-organismos é diretamente dependente da disponibilidade de água livre O valor de Aw de um alimento traz informações se ele é susceptível ao crescimento e desenvolvimento de algum tipo de bactéria, fungo ou levedura. OU será necessário garantir um ambiente com Aw adequada para desenvolvimento Ex: cerveja e queijo Mo indesejados Mo desejados Mapa de estabilidade Velocidade relativa de diferentes reações de acordo com a atividade de água do alimento Valores mínimos de atividade de água (aw) para o crescimento e produção de toxinas de importância alimentar. Técnicas de determinação de AW Método tradicional ou estático 2 a 3 g de amostra são pesados e colocados em dissecador com ERH conhecida, e temperatura controlada (dentro de uma estufa). A amostra é pesada regularmente até que o peso fique constante. Grande desvantagens!!! Método do ponto de congelamento Mudança no ponto de congelamento pela adição de soluto Método manométrico Uma amostra de alimento é colocada em uma câmara fechada conectada a um manômetro Ponto de orvalho Apenas a água livre do alimento se evapora, ela é proporcional à quantidade de moléculas de água no espaço livre da câmara fechada. O interior da câmara é resfriado e a temperatura do momentoem que as moléculas de água se condensam sobre um espelho é chamado de ponto de orvalho. Osmômetro Sistema do Ponto de orvalho - Câmara fechada de um equipamento de atividade de água de ponto de orvalho. 1 - espelho, 2 - sensor ótico, 3 - termômetro, 4 - ventilador, 5 – amostra Métodos higrométricos Método indireto Fundamenta-se na capacidade que a lamina higroscópica de cloreto de lítio tem de alterar sua resistência elétrica ou condutância pela mudança de umidade relativa, no espaço - amostra. Essa mudança é medida em termos de corrente elétrica, que atravessa o sensor, conectado ao potenciômetro, com uma escala calibrada de função da Aw. Higrômetro eletrônico Equipamentos comerciais AquaLab VSA (Vapor Sorption Analyser) da METER Group O equipamento leva o ar umidificado sobre as amostras e mede as pequenas alterações nos valores de atividade de água e do peso da amostra simultaneamente. Em seguida, cria curvas de isoterma de sorção com centenas de pontos, em vez de apenas cinco ou seis pontos. Isotermas de sorção As isotermas de sorção de umidade são curvas que relacionam a umidade de um alimento com a sua atividade de água. Usadas para predizer o ganho ou perda de umidade na estocagem e armazenamento de materias Produtos tendem a entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ambiente, até da embalagem(microambiente). Tempo, velocidade e força de ligação única para cada alimento. Isotermas de sorção Relação entre a atividade de água (Aw) e a umidade do produto em uma determinada temperatura Modelos matemáticos de isotermas de sorção comumente aplicados a alimentos. Em que: Xeq = umidade no equilíbrio; aw = atividade de água; Xm= umidade correspondente à monocamada; K, A, B, C, K1, K2, K3, K4, K5, n1, n2 são constantes (parâmetros dos modelos). Melhor se ajusta às isotermas de produtos alimentícios Bons resultados para isotermas de amiláceos, carnes e vegetais Equação de BET: Tipos de isotermas Isoterma Langmuir Obtida pela adsorção monomolecular de gás por sólidos porosos com um volume infinito de vazio. Detém grande quantidade de água com baixa atividade de água. Isoterma Sigmoid Obtida para produtos solúveis e mostra a tendência assintótica conforme a atividade de água aumenta. O formato é causado pelo efeito de aditivos. Aw de 0,2 – 0,4: Acúmulo de multi camadas de água Enchimento dos poros pequenos Isoterma tipo III - formato “J” Representa a isoterma de material cristalino como açúcares e sais. Ganho de umidade é muito baixa até o ponto onde os cristais começam a se dissolverm na água absorvida na superfície do cristal (ponto de deliquescência) Isoterma Tipo IV Descreve a adsorção por um sólido hidrofílico que se incha até a máxima hidratação dos seus sítios. As duas isotermas mais comumente encontradas em produtos alimentícios são Tipo II e Tipo IV Tipo V – Isoterma de Adsorção de multi-camadas BET Gases não polares em superfícies não polares. Ex: adsorção e degasagem de dióxido de carbono de café fresco e torrado. Exemplo: Isotermas de sorção de umidade de grãos de soja obtidas nas temperaturas de 10, 25 e 40°C (símbolos), comparadas às correspondentes isotermas preditas pelo modelo de GAB (linhas). Como podem ser observadas nesta figura, as isotermas obtidas para os grãos de soja são do tipo II (formato sigmóide) Santos et al., 2014 Modelo de GAB: Aplicações e exemplos Artigo 1 - Estudos de viabilidade e vitalidade contra o congelamento da levedura probiótica Saccharomyces boulardii: efeito do pré-condicionamento fisiológico. Introdução: Probióticos são culturas microbianas vivas e ativas que resultam benéfico para a saúde humana quando ingerido em concentrações adequadas (aproximadamente 10^9 - 10^10 microrganismos/dia Objetivo: Foi avaliar a produção de biomassade S. boulardii e a manutenção de suas propriedades probióticas após ser submetido a um processo de congelamento, bem como a influência do pré-condicionamento fisiológico na qualidade do produto obtido. Material e métodos: Cepa de S. boulardii Atividade de água (aw): O crescimento de S. boulardii foi determinado em meio ELP (aw = 0,99) e no mesmo meio com Aw reduzida (entre 0,99 e 0,87) foi adição de NaCl, glicose, e sorbitol nas proporções calculadas de acordo com as isotermas obtidas na bibliografia. Depois os valores de Aw em um equipamento Aqualab Série 3 Conclusão: Processos de congelamento ou redução de Aw afetaram a vitalidade do fermento, embora isso nem sempre resulte em uma drástica diminuição da viabilidade. Artigo 2 - Efeito da atividade de água na inativação térmica cinética de Salmonella em leite em pó Introdução: A salmonella pode estar presente em diversos alimentos de origem animal Salmonella no leite em pó causou vários surtos de origem alimentar Determinação de condições de processamento de pasteurização adequadas requerem um compreensão da cinética de inativação térmica. Leite em pó são considerados de baixa atividade de água ( Aw ) alimentos, com valores típicos de a w <0,70, em que Salmnella não consegue se multiplicar. O problema: Embora o leite em pó não suporte o crescimento de Salmonella, sua maior sobrevivência é observada com declínio Aw. Além disso, a Salmonella pode possuir maior resistência térmica com diminuição de Aw. Material leite em pó integral (29,4 % lip) e leite em pó desnatado (0,62% lip) pasteurizado. Cepas de Salmonella Outras análises cinzas gordura proteína Isoterma de sorção de umidade AquaLab Vapor Sorp-Analyzer (Meter Group Inc.) a 20 ° C. Aproximadamente 1 g de amostra foi espalhado uniformemente no copo de amostra para medição de absorção. Desenvolvimento da isoterma de sorção, o teor de umidade nos pontos equilibrados foram determinados em triplicado em uma AW de níveis de 0,10 a 0,90 com intervalos de 0,05. Conclusão A resistência térmica da Salmonella demostrou aumentar significativamente com a diminuição de Aw. No entanto, diferentes teores de gordura nos 2 tipos de leite não afetaram significativamente a resistência térmica de Salmonella Artigo 3 - Estudo de fibras alimentares em frutas e hortaliças para uso em nutrição enteral ou oral Introdução: Dietas enterais com alimentos convencionais são usadas em nutrição domiciliar para fornecer macronutrientes, obter dietas individualizadas e de menor custo. Objetivo Foi estudar frutas e hortaliças (alface, berinjela, cenoura, chicória, goiaba e tamarindo) como fontes de fibras alimentares solúveis e insolúveis para serem usadas em nutrição enteral ou suplemento nutricional oral Material: Alimentos experimentais (frescos) + Alimentos da formulação enteral domiciliar. Métodos: Homogeneizou-se as diversas formulações e elevou a um volume de 2L. Análises realizadas Sensorial Teste de gotejamento pH Composição centessimal Determinação da atividade de água Foi feitas por leitura direta em equipamento AquaLab CX-2 (Decagon Devices Inc., USA, 1996), acoplado a um banho termostático para manter constante a temperatura durante as medições. Logo após o preparo, as amostras das dietas (3 a 5 mL) foram colhidas e colocadas em um porta-amostra incluído no circuito de água circulante para ajustar a temperatura a 25 °C e, posteriormente, fazer a leitura da Aw. Resultados: Tabela - Atividade de água das preparações com o alface, berinjela, cenoura, chicória, goiaba e tamarindo. Medições realizadas em temperatura de 25 °C em triplicata alimentos são susceptíveis à contaminação microbiana. O pH e a atividade de água são favoráveis ao desenvolvimento de microorganismos, Dietas devem ser consumidas imediatamente após o preparo. Conclusão: Técnicas adequadas de higiene durante o trabalho dos manipuladores, a desinfecção de utensílios e o tratamento térmico dos alimentos são essenciais para a obtenção de um produto mais seguro. Referências ATHIÉ, I.; CASTRO, M. F. P. M.; GOMES, R. A. R.; VALENTINI, S. R. T. Conservação de grãos. Campinas: Fundação Cargill, 1998. AL-MUHTASEB, A. H.; McMINN, W. A. M.; MAGEE, T. R. A. Moisture sorptionisotherm characteristics of food products: a review. Trans IChemE, v. 80, parte C, junho, 2002. M. M.; EL-SAYD, N. I. Comparison of Methods for Determination of Moisture in Food 1. Research Journal of Agriculture and Biological Sciences, v. 6, n. 6, p. 906–911, 2010. HALSEY, G., Phisical Adsorption on Non-uniform Surfaces.Journal of Chemical Physics, v. 16, n. 10, p. 931-937, 1948.Citado por PARK, K. J.; VOHNIKOVA, Z.; BROD, F. P. R. Evaluation of Drying Parameters and Desorption Isotherms of Garden Mint Leaves. 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