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Recursos Audiovisuais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Denis Garcia Mandarino Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Edição de Áudio • Introdução; • O Planejamento; • Panorama e volume; • Transições; • Filtros; • Exportar; • Velocidade; • Remasterização. • Tornar o aluno capaz de produzir mídias audiovisuais com qualidade profi ssional. OBJETIVO DE APRENDIZADO Edição de Áudio UNIDADE Edição de Áudio Introdução A produção de áudio é um processo técnico e criativo. Ela depende de um ade- quado planejamento para que o tempo seja otimizado, evitando-se, desse modo, sucessivas regravações, remixagens e remasterizações. Uma característica de qual- quer projeto de design relaciona-se com o fato de que é mais fácil fazer do que refazer. Vamos, nesta unidade, mostrar como seria a produção de um livro narrado, a sonorização de uma peça multimídia ou de um vídeo, expondo os princípios que serão válidos para projetos de pequeno, médio ou de grande complexidade. O Planejamento No caso de uma produção sonora, seja ela uma vinheta para o rádio, internet ou a narração de um documentário, o roteiro é uma parte fundamental e a partir dele será possível visualizar tudo o que precisará ser feito. Antes de se iniciar a edição no Adobe Premiere, cada uma das partes deve ser preparada para facilitar o trabalho (como faremos exercícios audiovisuais, escolhemos uma plataforma profissional que permita a inclusão de trilhas de áudio, fotos, ilustrações, vídeos, tipografia etc.). A videoaula da unidade 2 exibirá os principais procedimentos de edição; sem ela não seria possível ter um bom entendimento do que estamos tratando, porque para falar de áudio apenas por palavras, recorre-se constantemente às metáforas e isso pode gerar dúvidas, as quais só desaparecerão quando você ouvir os exemplos do que estamos estudando. Nos softwares com trilhas simultâneas (multitracks), você, hipoteticamente, trabalhará em separado com: narrador, personagens, músicas, efeitos sonoros (so- noplastia), voz do título (apresentação), vinhetas etc., podendo gravá-los cada um a seu tempo. Na figura 1, vemos um exemplo que contou com a participação de um narrador, quatro personagens (Manuela, Catarina, Mauro e Daniel), uma música clássica, outra música para uma cena de dança, efeitos sonoros e a voz das vinhe- tas. Se fosse a mixagem de uma banda musical, teríamos, nas faixas, instrumentos e cantores. Quem mixa uma música, pode mixar um vídeo ou um programa de rá- dio, bastando para isso que se familiarize (estagie) com as técnicas de cada veículo e com as suas respectivas tecnologias. Figura 1 – Trilhas de áudio na linha do tempo do Adobe Premiere 8 9 Panorama e Volume Agora que os trechos estão dispostos em suas posições corretas, você deverá se preocupar com a distribuição espacial desses elementos. As músicas, por estarem prontas, provavelmente não precisarão de ajustes panorâmicos, mas os demais participantes estão no zero (0,0), número que representa o meio da cena, isto é o mesmo que dizer que todos os personagens estão amontoados no centro do palco. Considerando uma mixagem estéreo, como a do exemplo do barbeiro, disponha cada umas das trilhas em um ponto do panorama. Nas videoaulas, também será mostrado como animar essas vozes, fazê-las andar de um lado para o outro, se aproximar e se afastar. Na figura 2, vemos a disposição panorâmica e o volume (intensidade) de cada trilha. Ao observar os ajustes, notamos que: narrador, músicas e vinhetas estão no centro (0,0); Manuela está a -76, o que representa 76% para a esquerda (L); Cata- rina está 28% para a esquerda; Mauro está 42% para a direita (R); Daniel está 84% para a direita; e os efeitos sonoros estão 8% para a direita. Nos sliders (controles que deslizam no sentido vertical) ou na parte inferior da mesa, é possível ver qual foi o volume atribuído para cada canal. A trilha master tem a função de controlar o volume geral do projeto e ela não pode ultrapassar o zero (clip). Recomenda-se que o nível de volume da mixagem fique a -0,3 ou -0,4 decibéis, porque no processo final de compressão para MP3, por exemplo, o áudio poderá ganhar um pouco de volume e “clipar” (acender o vermelho, rachar). As letras M, S e R ativam res- pectivamente o silêncio (mute), o solo e a gravação (record) de cada canal. A mesa virtual, criada automaticamente pelo Premiere, está com nove canais de áudio mais o canal do volume master. Figura 2 – Ajustes de volumes e de posicionamento panorâmico 9 UNIDADE Edição de Áudio No caso hipotético, que acabamos de ver, você seria o responsável pela organiza- ção panorâmica das partes, mas se estivéssemos mixando uma bateria, por exemplo, ela deveria soar como se a pessoa estivesse assistindo ao músico de frente (situação mais comum), como poderia também ser mixada a partir da localização do próprio baterista. Observe com atenção a figura 3 e tente imaginar como você distribuiria cada um dos instrumentos da orquestra no panorama. A linha azul ajudaria, mas, certamente, dois profissionais experientes apresentariam soluções diferentes. Figura 3 – Visão panorâmica de uma orquestra Fonte: Acervo do conteudista Nem sempre é possível atribuir um volume para uma trilha e este permanecer inalterado até o final. É comum que o volume de um canal seja ajustado diversas vezes. Pode ser que algumas palavras precisem ser enfatizadas e outras terem o seu volume diminuído. Para esse tipo de ajuste dinâmico, os softwares têm ferramen- tas de automatização. Com elas, você poderá criar pontos de interação e modelar (programar) as intensidades, os panoramas, os processos e os efeitos, de acordo com a necessidade do momento. Veja, na figura 4, como os pontos de controle interferiram no volume da voz da personagem. Para criar os pontos de controle, clique na linha amarela com o botão esquerdo do mouse e, ao mesmo tempo, pres- sione a tecla Ctrl. Antes de finalizar, você poderá normalizar a faixa master para que ela não ultrapasse -0,4 dB, esse comando pode ser acessado em: Sequence Normalize Master Track -0,4 OK. 10 11 Figura 4 – Automatização do volume por envelope Transições Os efeitos fade in (aumentando o volume) e fade out (diminuindo o volume) podem ser produzidos por envelopes ou inseridos automaticamente nas faixas por meio de três ferramentas, são elas: constant gain, constant power e exponential fade (figura 5). A transição constant gain usa uma taxa de aumento ou diminuição constante e isso pode fazer com que a transição soe um pouco abrupta. Para transi- ções suaves, prefira o constant power. O exponential fade se baseia em uma cur- va logarítmica que pode ser ajustada no menu de controle (effect controls). Nada substituirá cinco minutos de experimentações para constatar as diferenças entre as transições existentes e descobrir qual é a que melhor se aplica em cada caso. Figura 5 – Três diferentes tipos de fade in: rápido, constante e lento Fonte: Mandarino, 2018 11 UNIDADE Edição de Áudio Filtros Depois das gravações, foi ajustado cada uma das partes em um programa específi- co: Audacity, Sound Forge, Adobe Audition etc., e importado (Crtl+i) esses elemen- tos no projeto do Premiere. Durante a edição, percebe-se que algumas faixas ainda precisam de efeitos, ajustes ou alterações. Você pode voltar para um dos softwares citados e fazer essas alterações que, ao serem salvas, são automaticamente atualizadas no projeto do Premiere que se está editando. Você tem a opção de usar a suíte de efeitos que está presente no próprio programa (figura 6). Figura 6 – Efeitos tradicionais do Adobe Premiere Cabe salientar que as alterações feitas nos softwares citados são degenerativas, ou seja, depois de salvar uma alteração, a onda pode ter sido alterada em definitivo. As alterações por meio de plug-ins, feitas no Premiere, não são degenerativas e, a qualquer momento, você pode deletar o efeito e a onda voltará a soar do modo original.A figura 7 mostra os procedimentos necessários para aplicar qualquer tipo de filtro ou transição, são eles: 1. Escolha o filtro que será aplicado, clique com o botão esquerdo do mouse, segure, arraste; 2. Solte em cima do trecho que será alterado (no caso, a música clássica será equalizada (EQ) e os seus graves controlados); no Effect Control aparecerá a interface de um equalizador; 3. O gráfico exibirá as bandas que sofreram alterações (grave e médio-grave). No menu superior, você pode escolher uma interface mais apropriada para a edição de áudio. As versões mais recentes têm interfaces bastante intui- tivas e amigáveis (Workspace Audio), desde que você saiba a função do que está à sua disposição. Figura 7 – Sequência para a aplicação de efeitos e filtros no Adobe Premiere 12 13 Exportar Depois de terminada a mixagem, você precisará exportar o áudio. Clique em File Export Media (tecla de atalho: Ctrl + M). Desabilite Export Video, por- que estamos apenas trabalhando com áudio, e escolha em Format: Waveform Audio. Como o áudio original está em 48000 Hz (source), você pode usar essa qualidade para exportar (output). Ajuste ainda Channels: Stereo e Sample Size: 16 bit. Nunca escolha uma qualidade maior do que a do áudio presente no projeto, pois isso poderá criar chiados, porque quando o software não tem as informações necessárias, ele replica as existentes. Em Output Name, escolha o nome do arqui- vo. Caso precise, registre informações em Comments. Em source range escolha: work area (figura 8). Certifique-se que na timeline os pontos amarelos da “régua” estejam ajustados no começo (start) e no fim (end) da duração total. Figura 8 – Ajustes para a exportação do áudio Depois de exportar, a faixa de áudio poderá ainda passar pelo processo de mas- terização, como foi explicado anteriormente. Velocidade Vamos supor que você terminou uma trilha de áudio ou a tenha recebido de um produtor terceirizado. Ela veio com 32 segundos de duração, mas, como é para uma propaganda, ficou decidido que ela deveria ter exatamente 30 segundos. Como a diferença é pequena, é viável comprimir o tempo de duração sem perda da qualidade. O problema reside no fato de que quando você acelera uma trilha de áudio, ela se torna mais aguda e quando reduz a velocidade, ela fica mais grave. Você já reparou que no final de algumas propagandas há uma mensagem lida de uma forma rapidíssima pelo narrador? Na realidade, ela foi gravada numa ve- locidade normal e quem a editou, incumbiu-se de encaixá-la no tempo disponível. 13 UNIDADE Edição de Áudio Na opção Clip, o Premiere tem a ferramenta Speed/Duration (você pode aces- sá-la também ao clicar com o botão direito do mouse sobre o trecho que será al- terado). Com ela você poderá ajustar o tempo para exatos 30:00 segundos, o que aumentará a velocidade para 107,73%. Ao ativar a opção Maintain Audio Pitch, a altura da gravação permanecerá inalterada. A opção Reverse Speed roda a faixa de traz para frente, isso é muito mais útil para os vídeos do que para as trilhas de áudio. Figura 9 – Ajuste de velocidade no Adobe Premiere Caso necessite alterar o tempo de uma faixa, antes de exportar, faça os seguin- tes procedimentos: selecione as trilhas que compõem o trecho cuja velocidade será aumentada ou diminuída, depois selecione Nest conforme a figura 10. Quando as trilhas estiverem provisoriamente unidas, elas mudarão de cor. Por fim, faça as alterações em Speed/Duration. Figura 10 – Comando Nest no Adobe Premiere 14 15 Remasterização Remasterizar é pegar algo pronto e retrabalhar na faixa que um dia foi conside- rada acabada, com a finalidade de implementar “melhorias”. Este tipo de procedi- mento foi muito comum na transição dos discos de vinil para os CDs. As faixas que eram AAA (gravadas, mixadas e masterizadas no meio analógico) transformaram- -se em AAD (gravadas e mixadas no meio analógico e (re)masterizadas no digital). Nesse processo, muitas produtoras usaram filtros para a redução dos chiados e isso fez com os CDs soassem piores do que os discos de vinil. Há uma discussão interminável, nas redes sociais, sobre qual é o melhor. Na realidade, se um traba- lho for inteiramente produzido em DDD (gravado, mixado e masterizado em meio digital), ele terá uma definição que jamais foi alcançada pela produção analógica. Atualmente ouvimos graves que seriam impensáveis na época dos discos de vinil. Até para a captação dos instrumentos analógicos, que têm timbres de altíssima qualidade, o meio digital tem se mostrado de uma competência imbatível. Faça uma comparação com a fotografia que é algo mais palpável. Nos anos de 1990, as fotografias digitais eram tidas, com razão, como de “baixa definição”. Com o passar das décadas, a definição das máquinas digitais cresceu tanto que os maiores fotógrafos do mundo, como Sebastião Salgado, migraram para o meio digital que hoje é considerado de “alta definição”, nas mais diversas nomenclaturas (high, ultra etc.). Com o áudio ocorreu da mesma forma. Seria uma covardia querer comparar o que se produz atualmente com os discos do século XX. Há softwares especiali- zados em remasterização que quando bem operados podem produzir “milagres”. As qualidades do meio analógico têm sido tão estudadas que os engenheiros de som e de software criaram algoritmos que simulam cada vez com mais precisão os efeitos que eram gerados pelos aparelhos valvulados, gravadores de rolo etc., a ponto de impossibilitar a distinção entre um e outro (figura 11). A revolução digital, incluindo aqui a internet, democratizou a produção de áudio e hoje todos têm a possibilidade de se expressar livremente a baixos custos e com alta qualidade. 15 UNIDADE Edição de Áudio Figura 11 – Simulador de gravador de rolo, projeto de Eddie Kramer para a Waves Embora o conteúdo, em alguns momentos, tenha lembrado um tutorial voltado aos softwares, o objetivo da unidade foi o de passar conceitos, pois as interfaces e os programas sofrem mudanças frequentes, mas os fundamentos de áudio não. Assista à videoaula e depois estude com ela, usando o pause e repetindo determi- nados trechos em comunhão com o material teórico. Você precisará desses conhe- cimentos para as atividades universitárias e os futuros compromissos profissionais. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Manual do Audacity – Cultura Digital (PDF) – em português https://goo.gl/a9kTGJ Produção de áudio: fundamentos – Secretária de Estado da Educação (PR) https://goo.gl/hBr289 Manual do usuário do Reaper (PDF) – em inglês https://goo.gl/wMcyit Manual do Sound Forge 11 (PDF) – em inglês https://goo.gl/reRtsN 17 UNIDADE Edição de Áudio Referências FAXINA, Elson. Edição de áudio e vídeo. Curitiba: Editora Intersaberes, 2018. (ebook) HENRIQUE, Luís L. Acústica musical: competências, conteúdos e padrões. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. JAGO, Maxim L. Adobe Premiere Pro CC Classroom in a Book. California: Adobe Press, 2018. (ebook) MENEZES FILHO, Florivaldo. A acústica musical em palavras e sons. Cotia: Ateliê Editorial, 2004. 18
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