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Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS CONCEITO: Doença crônica Se inicia, normalmente, na juventude Causa com rebaixamento do humor (humor deprimido) Impacto enorme na qualidade de vida do indivíduo – estudos mostram que tem impactos como câncer, diabetes e depressão. Tristeza x depressão. A tristeza é um sentimento comum, psicológico, enfrentado em vários momentos da vida. A depressão é um diagnóstico, tristeza intensa e persistente. O paciente passa a maior parte do tempo com humor rebaixado e tende a não melhorar com coisas boas, EPIDEMIOLOGIA: Se inicia na segunda/terceira década de vida, se inicia na vida jovem. É comum que idoso que apresentem quadros depressivos tenham tido picos na juventude. Prevalência: 2 a 3 mulheres para cada homem – fatores hormonais, machismo dentre outros. Prevalência geral: próxima a 10% da população Prevalência em hospitais clínicos: pode chegar a 33% CAUSAS As causas não são bem definidas porque não se sabe os fatores do sistema límbico. Fator genético – na psiquiatria qualquer doença interfere na geração de outra, mas principalmente a mesma doença. Ex: mãe com depressão e pai com esquizofrenia, o filho tem mais chance de ter doença mental por conta dos pais e mais comum essas por conta dos pais. Fatores hormonais: A curva da depressão é bimodal, ela é alta na juventude e na faixa dos 45 anos (tanto no pico da puberdade quanto no climatério) Doenças orgânicas (hipovitaminose, C, D) – qualquer doença pode levar a depressão. Algumas doenças podem cursar com sintomas iguais a depressão, com quadros clínicos iguais a depressão mas não causados por depressão. Ex: síndromes consultivas como câncer, doenças tireoidianas, doenças infecciosas, neurológicas...são doenças que causam que consomem o organismo: paciente fica mais magro, mais cansado, com a aparência mais velha... OBS:Pseudodemencia: quadro depressivo em idoso, no qual o idoso fica com falhas de memória, pensamento lentificado, que parece de fato uma demência. Traumas psicológicos (perda de alguém, abortamento, perda financeira, divorcio... qualquer perda) TCE (traumatismo cranioencefálico) – quadro de sinalização mais aguda Uso de substancias psicoativas (SPAs) Uso de medicamentos (corticoides, roacutan..) Gestação – normalmente é uma depressão mais bipolar, mas também pode ser unipolar (que é a depressão comum) FISIOPATOLOGIA: A causa é uma disfunção dos neurotransmissores serotonina (5HT), dopamina (DA) e noradrenalina (NA). Queda de qualquer um deles. Os mesmos neurotransmissores que causam a ansiedade, por isso é tão comum os pacientes desenvolverem os dois quadros. Os exames laboratoriais são solicitados para descartar as causas orgânicas e não para confirmar o diagnóstico de depressão. A dosagem sérica não interfere no diagnóstico. O diagnóstico é clinico. QUADRO CLÍNICO: Humor deprimido Anedonia- ausência de prazer no que gostava antes, perder a graça das coisas. Alterações de sono (inversão do ciclo sono- virgília) – insônia ou hipersonia (pode ser durante o dia ou noite, engloba a SED). SED (sonolência excessiva diurna) não caracteriza- tem a ver com a higiene do sono, alteração das atividades, consumo de café, atividades estimulantes antes de dormir. Alterações do apetite e peso Anergia/Prostração Hipobulia/avolição – prejuízo da vontade Humor irritado Choro fácil Oscilações de humor Sentimento de inutilidade/menos-valia (baixa autoestima) Prejuízos da atenção, memória, pensamento – cognitivos. Pensamentos suicidas CRITÉRIOS DIAGNOSTICOS: Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (ANEDONONIA) DO SOFRIMENTO AO SUICIDIO Escala de evolução: Sofrimento há mais ou menos 6 meses ou fator agudo Pensamento de morte Ideação suicida Tentativa de suicídio Começa com o sofrimento, quadro triste por algum motivo ou sem motivo. Com o sofrimento, as vezes, a pessoa começa a pensar em morte como tentativa de acabar com o sofrimento, esse pensamento pode evoluir para ideação suicida na qual o paciente começa a pensar nas possibilidades se ele morresse, planejamento suicida é quando ele idealiza o dia, como, a data... tentativa de suicídio é quando ele faz o ato. Suicídio é uma das principais causas de mortes evitáveis. O paciente se abrir para o médico x a abordagem do médico. Importante fazer rastreamento de proteção: se é casado, se tem filhos, lado espiritual, propósitos de vida, alguém de confiança... Suicídio passivo- quando a pessoa se coloca em risco para que a morte aconteça mais rápido. Ex: paciente que atravessa a rua sem olhar pros lados propositalmente para o carro atropelar, paciente diabético que se entope de açúcar pra morrer mais rápido. Suicídio ativo - quando a pessoa faz algo diretamente pra se matar Ex: pular na frente do carro OBS: “cometer” = tem peso associado a crimes, que não deve ser utilizada em suicídio. É melhor usar o termo “morreu por suicídio” Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS DOENÇAS (CID) F32: episódios depressivo leve/moderado/grave F33: transtorno depressivo recorrente Episodio depressivo x transtorno depressivo recorrente Episódio depressivo: é uma situação momentânea que tem que ter pelo menos 14 dias de sintoma. Transtorno depressivo recorrente: é quando a pessoa teve mais de um episódio depressivo. Ex: Chico aos 20 anos teve o primeiro episódio depressivo (ficou triste, chorava todo dia...), foi ao psiquiatra, tratou e ficou bem. Aos 25 anos teve um novo episódio depressivo. Nesse segundo episódio, fecha-se o diagnóstico – Chico tem um transtorno depressivo recorrente. Após o segundo episódio, o ideal é que o tratamento seja feito por pelo menos 2 anos. DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS: Transtornos ansiosos Ciclotimia – humor oscila muito rápido THB – transtorno do humor bipolar Transtornos orgânicos No idoso: demências (pseudodemencia) OBS: o transtorno do humor bipolar pode se parecer com depressão quando se tem uma bipolaridade negativa, ou seja, quando se tem uma tendencia a ficar em depressão. Se o paciente tem um transtorno bipolar e tende a ter uma polaridade positiva, não se parece com os sintomas depressivos. SUBTIPOS DE DEPRESSÃO: -Distimia: (“seu lunga”... “velho rabugento”) – depressão leve, crônica, que costuma a cursar com maior irritabilidade. -Depressão unipolar/melancólica: tristeza, insônia, perda do apetite, é a depressão mais comum. -Depressão bipolar: irritabilidade -Depressão atípica: reatividade, irritabilidade, hipersonia, hiperfagia. -Depressão pós parto: principalmente quem tem fator hormonal muito presente. -Transtorno misto ansioso e depressivo: é um transtorno que não fecha critério pra depressão e nem fecha critério para ansiedade, porém tem sintomas ansiosos e sintomas depressivos. -Depressão psicótica: depressão que chega a cursar com uma fuga da realidade, é aquela pessoa que ta tão deprimida que foge da realidade, tem delírio, alucinação... normalmente, são delírios preceptóios, delírios que ela não vale nada, que as pessoas querem fazer mal a ela, e alucinações auditivas, o paciente ouve vozes que falam que ele não vale nada, que ela é uma pessoa ruim, que ela não merece viver... TRATAMENTO: MEV- demonstrar que entende a falta de vontade do paciente e propõe tentativas, estimulando que ele pratique atividade física quando estiver se sentindo melhor. Além de orientar a família a chamar sempre o paciente para realizar as atividades, mesmo ele negando todas as vezes. Não cobrar. Psicoterapia- geralmente resolve casos mais leves de depressão sem ser necessário auxilio de medicamento. Psicofármacos Psicoeducação- é importante fazer com que o paciente entenda a sua doença, que ele leia sobre, assistafilmes, que ele compreenda o que é a doença dele. Eletroconvulsoterapia e Cetamina- substancia infundida de forma venosa, que as vezes é eficaz em quadros refratários (quadro que não melhorou mesmo depois de tratamentos com duas classes de fármacos) TRATAMENTO FARMACOLÓCIGO: Antidepressivos: resolvem a disfunção de neurotransmissores a longo prazo. Eles agem na causa. Eles “pegam” a serotonina do paciente e faze com que ela renda mais. Ansiolíticos: sintomáticos. Se o paciente ta triste, ta nervoso, ta mal, ele toma um ansiolítico e daqui a um tempo ele consegue ficar se sentindo melhor. Tratar, se trata com antidepressivo. Aliviar o sintoma, se alivia com ansiolítico. Se o paciente tiver resistência ao uso de remédio, o ideal é que se use apenas o antidepressivo. ANTIDEPRESSIVOS: Inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Ou seja, ele faz com que os neurotransmissores do paciente fiquem mais tempo na fenda sináptica, estimule mais receptores e estimulando o maior trabalho aos neurotransmissores. O que diferencia ele é o tipo de neurotransmissor que ele vai recaptar. Os de serotonina recaptam apenas serotonina: sertalina, escitalopam, fluoxetina. -Duais: inibidores não seletivos de recaptação de serotonina. Ou seja, eles inibem a recaptação de serotonina e de noradrenalina. Normalemnte, são antidepressivos mais potentes, já que atuam em dois neurotransmissores: duloxetina, venlafaxina, desvenlafaxina. -Tricíclicos: são os melhores fármacos, estimulam serotonina, noradrenalina e dopamina, porém, possuem muito efeito colateral: cardiotoxicos, causam ganho de peso, obstipação. Não prescreve pra pacientes com idealização suicida e nem pra idosos: amitriptilina, nortriptilina, clomipramina Outros: mirtazapina, bupropina. OBS: antidepressivos não são folha azul e nem causam dependência. Já os ansiolíticos e benzodiazepinicos causam dependência. BENZODIAZEPÍNICOS: São os “tarja-preta”, podem causar dependência. Tem ação ansiolítica, anticonvulsionante, hipnóticos- induzem sono, anestésicos- induzem amnesia, relaxantes musculares. O que diferencia a ação deles é o tempo, a meia-vida. Cronazepam e Diazepam: meia vida longa Alprazolam e bromazepam: meia vida intermediária Lorazepam e midiazolam: meia vida curta/ ultracurta OBS: o ideal é que se inicie o tratamento com antidepressivo e ansiolítico. A medida em que o paciente vai melhorando, retira o ansiolítico e mantem o antidepressivo. Caso o paciente não melhore, aumenta a dose do medicamento de base (antidepressivo) Efeitos colaterais: Dependência Tolerância Aceleram processos demenciais – em idosos não se prescreve Risco de uso abusivo Depressão respiratória (em altas doses ou associados ao álcool) – pode morrer caso tome demais. Com o álcool, o paciente urina mais, então é como se cortasse o efeito ansiolítico. A curto prazo, se consome muito álcool e muito Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 benzo, pode potencializar o efeito. A médio prazo, o efeito do benzo será cortado. Alterações psicomotoras/risco de queda e acidentes – tempo da ação do fármaco no organismo. Disfunção cognitiva – amnésia, retarda o pensamento Abstinência – tremor, irritabilidade, ansiedade... GRAUS DE DEPRESSÃO: Geralmente a depressão começa mais leve e evolui para a forma mais grave. Pode também acontecer dela já começar grave, porém não é comum. O grau da depressão é classificado de acordo com os sintomas apresentados pelo paciente, levando-se em consideração o quanto esses sintomas atrapalham a vida diária do paciente. -Depressão leve: atrapalha a diversão, atrapalha que estude ou que trabalhe, mas consegue realizar. -Depressão moderada: tem dias que não consegue trabalhar, tem dias que não consegue estudar, alguns dias não vai trabalhar, não vai mais estudar. -Depressão grave: dia nenhum consegue ir trabalhar ou estudar ou se ele consegue realizar essas atividades mas tem idealizações suicidas. PREVENÇÃO: Atividade física regular (30 minutos, 3-5x por semana) Exercer a espiritualidade Exposição ao sol (10-20 minutos por dia, entre 10h e 15h) Lazer Higiene do sono Hábitos alimentares saudáveis Meditação Atenção Plena/mindfulness Yoga Exercício de respiração Acupuntura Ventosaterapia Auriculoterapia
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