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AGITAÇÃO PSICOMOTORA A agitação psicomotora corresponde a um estado de excitação mental e aumento da atividade motora, podendo se manifestar por fala provocativa e ameaçadora, tensão muscular, hiperatividade, impaciência, desconfiança, entre outras Esses são pacientes que costumam apresentar baixa capacidade de insight com relação à sua morbidade e juízo crítico da realidade prejudicado. Dependendo do grau de agitação, esses pacientes representam um risco para a integridade física, tanto de profissionais de saúde e de outros pacientes, quanto a si próprios AVALIAÇÃO DO PACIENTE ANAMNSE Início do quadro Primeiro episódio Características da agitação (ansiedade, inquietação física, agitação verbal, estado confusional) Presença de alucinações visuais, olfativas ou auditivas? Confusão mental/discurso desconexo? Doenças e tratamentos clínicos? Doenças e tratamentos psiquiátricos? Traumas prévios? Uso de substâncias psicoativas? (álcool, drogas, medicamentos) Presença de febre? EXAME FÍSICO PRINCIPAIS ETIOLOGIAS MANEJO MANEJO AMBIENTAL OU ORGANIZACIONAL Dentre as medidas para reduzir agressões contra profissionais de saúde e garantir a segurança do próprio paciente estão a instituição de protocolos gerais de segurança; uso de portas de segurança, preferencialmente com detector de metais; sistema de comunicação rápido e eficiente entre a equipe, informando a entrada de um paciente com história de comportamento violento; atendimento precoce; espaço físico reservado, seguro e silencioso; distância próxima da porta, tanto para o médico, quanto para o paciente; mais de um membro da equipe presente na sala; retirada de estímulos ambientais estressantes para o paciente, como um próprio membro familiar de relação conflituosa ou membro da equipe que se envolveu em seus delírios. Uma outra medida, embora conflituosa por violar direitos individuais dos pacientes, é a troca de suas roupas por vestimentas hospitalares, a fim de procurar e remover objetos que possam servir de arma, permitir um exame físico que possa revelar locais de infecção, trauma ou outros sinais ou para identificação do paciente em caso de fuga. MANEJO COMPORTAMENTAL OU ATITUDINAL É preciso encarar a agressividade do paciente como mais um sintoma a ser considerado no quadro clínico e como sinal de sofrimento psíquico, não como uma ameaça pessoal. Dessa forma, uma atitude empática e acolhedora permite uma melhor comunicação do médico com o paciente e, consequentemente, um melhor controle da situação Antes de qualquer intervenção o médico deve se apresentar ao paciente, dizendo seu nome, seu papel profissional naquela situação e que está ali para ouvi-lo e ajudá-lo. As intervenções verbais devem ser claras e objetivas, nunca confrontando o paciente MANEJO FARMACOLÓGICO Na abordagem inicial do paciente, deve-se tentar sempre acalmar o paciente com o manejo ambiental e comportamental, porém quando nenhuma dessas opções são viáveis ou efetivas, a medicação torna- se necessária. Assim, o objetivo da medicação é a tranquilização rápida sem excessiva (ou mesmo nenhuma) sedação, com medicamentos de ação rápida e com mínimos efeitos colaterais. Entre as medicações mais utilizadas para o controle da agitação, estão os antipsicóticos convencionais (primeira geração), como haloperidol e clorpromazina; benzodiazepínicos, como diazepam, lorazepam e midazolam; e mais recentemente, antipsicóticos de segunda geração, como olanzapina, aripiprazol, ziprasidona e risperidona MANEJO FÍSICO Pode ser feito por: 1. Isolamento, que corresponde a manutenção do paciente em um quarto fechado, onde ele pode se movimentar livremente, mas sem a possibilidade de deixar o ambiente, devido à porta trancada; 2. Contenção física, caracterizada pela imobilização do paciente por várias pessoas da equipe que o seguram firmemente no solo; ou; 3. Contenção mecânica, caracterizada pelo uso de faixas de couro ou tecido, em quatro ou cinco pontos, que fixam o paciente ao leito. O emprego de isolamento e restrições físicas ou mecânicas são práticas ainda comuns, mas extremamente controversas em psiquiatria. Além do respeito à dignidade e aos direitos civis do paciente, a prática não encontra clara sustentação em evidências científicas e está associada à ocorrência de efeitos colaterais graves e mesmo óbito. Os principais fatores associados à contenção são: lesões por pressão e fricção; imobilidade; problemas circulatórios; infecções; desconforto do paciente; incontinência; desorientação; agitação ou delirium e aumento do risco de extubação. Dá-se o maior agravante desse procedimento pelos relatos na literatura de estrangulamento, asfixia ou compressão que resultaram em óbito. Acrescenta-se que as quedas estão entre as maiores causas de eventos adversos relacionados à contenção e são responsáveis por dois a cada cinco eventos relacionados à saúde do paciente, isso porque o paciente contido apresenta agitação na tentativa de lutar contra as contenções, o que aumenta o risco de colapso do músculo e até rabdomiólise. Assim, quando as intervenções verbais, não verbais e medicamentosas descritas anteriormente não são suficientes para o controle da situação, pode ser necessário o uso de isolamento, contenção física ou contenção mecânica. CONTENÇÃO MECÂNICA Entende-se por contenção mecânica a fixação do paciente ao leito por meio de faixas de couro ou tecido, geralmente aplicadas nos membros superiores e inferiores. A contenção mecânica deve ser usada apenas quando há risco iminente de agitação psicomotora intensa, de auto e heteroagressividade e queda ou ferimentos em pacientes com rebaixamento do nível de consciência. A contenção deve ser realizada por vários membros da equipe (de preferência, 5 pessoas), sendo que o médico deve estar presente durante todo o procedimento. O paciente deve ser continuamente orientado do procedimento que está sendo realizado e os motivos que levaram a ele. A contenção deve ser mantida pelo menor tempo possível. O conforto e segurança do paciente devem ser rigorosamente checados, verificando-se a qualidade da perfusão e eventual ocorrência de garroteamento e hiperextensão de membros, compressão de tórax e de plexo braquial (no caso de uso de contenção em tórax). O paciente deve ser mantido sob observação contínua pela equipe de enfermagem durante o período que for mantido sob contenção mecânica. Sinais vitais devem ser rigorosamente monitorados. O paciente deve ser reavaliado pelo médico assistente a cada 30 minutos, para a averiguação da necessidade de manutenção da contenção mecânica. A retirada da contenção deve ser feita por vários membros da equipe. As informações relativas à indicação de contenção mecânica, sinais vitais, condições de conforto e segurança e eventuais intercorrências durante o procedimento devem ser detalhadamente registradas em prontuário. REFERÊNCIAS MANTOVANI, C. et al. Manejo de paciente agitado ou agressivo. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol 32, supl II, 2010
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