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CARDIOLOGIA SEMIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR IDENTIFICAÇÃO Ocorre a predisposição patológica de algumas doenças cardíacas por espécie, raça, sexo e idade. Em cães: É comum cães de raça pequena (Poodle, Maltês e Lhasa Apso) desenvolverem doença valvar mitral. Enquanto que cães de raça médio/grande (Boxer, Cocker e Dobermann). As raças Schnauzer e Boxer ainda tem predisposição às arritmias. E ainda cães com defeitos congênitos, como o Lulu da Pomeranha com PDA, o Golden Retriver com estenose subaórtica e o Pug com estenose pulmonar. As doenças valvares e cardiológicas são mais comuns em machos e de idade avançadas. Doenças congênitas é ligada aos filhotes e mais comum em fêmeas. Em gatos: As cardiomiopatias são mais comuns nas raças Spinx Sphynx, Maine Coon e Persa. Não há predisposição sexual em gatos. HISTÓRICO/ANAMNESE A queixa principal do paciente cardiológico é geralmente tosse e cansaço. Pode ainda haver dispneia/distrição respiratória, perda de peso, aumento do volume abdominal (ascite), fraqueza, síncope, cianose de língua e paralisia dos membros posteriores. Salientar se o animal vive em áreas endêmicas para dirofilariose. INSPEÇÃO É importante avaliar a marcha, padrão respiratória (ritmo/respiração abdominal ou normal/dispneia expiratória, inspiratória ou ortopnéia), aumento de abdome e tórax, edema periférico, cianose de língua. Avaliar jugular (1/3 do comprimento do pescoço). Coloração das mucosas. EXAME FÍSICO: FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA Geralmente de 10-30 mpm. • Cães de pequeno porte: até 15 mpm • Cães de grande porte: até 25 mpm • Gatos: 15-40mpm TPC Normal de 1-2s. PALPAÇÃO Quando o abdome estiver com aumento de volume, realizar a palpação percutória para a propagação da onda líquida (ascite ou não). Palpação do pulso femoral. Avaliar, a partir do batimento cardíaco, a “força” do pulso femoral. Avaliar em: normal, forte, alternado, bigeminal e paradoxal. AUSCULTAÇÃO CARDÍACA Os focos de auscultação se dividem no hemitórax esquerdo e direito. Hemitórax esquerdo (PAM): • Foco Pulmonar (3° EIC) • Foco Aórtico (4° EIC) • Foco Mitral (5° EIC) Hemitórax direito: • Foco Tricúspide (4° EIC) Frequência cardíaca: • Cães: 70-140 bpm • Gatos: 140-200 bpm CLÍNICA DE PEQUENOS II Sons cardíacos: • 1° Bulha (S1): fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) • 2° Bulha (S2): fechamento das valvas semilunares (pulmonar e aórtica) • 3° Bulha (S3): enchimento rápido do ventrículo esquerdo • 4° Bulha (S4): contração atrial O abafamento das bulhas cardíacas pode ser gerado por obesidade, efusão pleural/pericárdica, tumores, hérnias ou pela redução da contratilidade miocárdica. O aumento da intensidade das bulhas cardíacas pode estar relacionado ao estado hiperdinâmico do animal, como hipertireoidismo, anemia e febre. O sopro cardíaco é um som cardíaco, semelhante ao ruído de um sopro de ar, gerado pela passagem do sangue através do coração. Os sopros podem ter quatro tipos de origem: • Fluxo exagerado através de uma válvula normal (comum em gatos) • Fluxo através de uma válvula estenosada • Fluxo através de uma válvula insuficiente • Fluxo através de vias alternativas (desvios congênitos) Tipos de sopros: • Sopro sistólico: é gerado quando as valvas atrioventriculares estão fechadas e as semilunares abertas. Comum na insuficiência das valvas atrioventriculares, estenose das valvas semilunares e comunicação IV ou IA. • Sopro diastólico: é gerado quando as valvas atrioventriculares estão abertas e as semilunares estão fechadas. Comum na insuficiência das valvas semilunares e na estenose das valvas atrioventriculares. • Sopros contínuos: ocorre durante a sístole e a diástole. Comum PDA Sons na auscultação: • Estridor: som inspiratório de alta tonalidade, indicativo de obstrução de via aérea superior, em geral é audível sem o auxílio de um estetoscópio. Comum no colapso de traquéia. • Crepitação: sons descontínuos de curta duração detectáveis à auscultação do tórax e da traquéia, que se caracterizam por sons de estalidos, espocar ou bolhas. Comum no edema pulmonar. • Sibilos: sons musicais contínuos detectáveis a auscultação do tórax ou da traquéia. Comum na asma. PERCUSSÃO • Claro: alta ressonância (ar) - tórax/pulmão • Maciço: pouca ressonância - órgãos parenquimatosos • Submaciço: média ressonância (sobreposição ao som claro e maciço) - coração PRESSÃO ARTERIAL O animal é considerado normotenso quando: • < 140 mmHg (sístole) • < 95 mmHg (diástole) CIRCULAÇÃO SISTÊMICA O sangue rico em O2 sai pela do VE, passando pela valva semilunar aórtica, penetrando na a. Aorta e indo em direção ao resto do corpo. No retorno, esse sague é rico de CO2. Esse sangue chega no AD através das v. Cavas cranial e caudal, passa pela válvula tricúspide, e chega no VD. No VD o sangue passa para a. Pulmonar através da valva semilunar pulmonar. O sangue com CO2 chega ao pulmão através da a. Pulmonar e oxigenado novamente. O sangue, mais uma vez, rico em O2 vai para o AE pelas v. Pulmonares, passando para o VE através da válvula mitral. https://pt.wikipedia.org/wiki/Som_card%C3%ADaco https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3o INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC) É uma condição em que o coração é incapaz de bombear sangue na corrente sanguínea em quantidade suficiente para dar resposta às necessidades metabólicas do organismo, fazendo isso sob altas pressões de enchimento. A incapacidade do coração de ejetar sangue adequadamente (insuficiência sistólica), ter enchimento ventricular inadequado (insuficiência diastólica) ou apresentar uma combinação de ambas pode resultar na insuficiência cardíaca. FISIOPATOLOGIA DISFUNÇÃO SISTÓLICA A insuficiência sistólica é caracterizada pelo enchimento normal do ventrículo com diminuição no volume sistólico ejetado. A redução no volume sistólico pode ser resultante da diminuição da contratilidade (insuficiência miocárdica), aumento primário na pressão ventricular (sobrecarga de pressão) ou aumento do volume ventricular (sobrecarga de volume). DISFUNÇÃO DIASTÓLICA Na disfunção diastólica estão associadas várias doenças ou desordens com por exemplo a cardiomiopatia dilatada hipertrófica e isquemia. A insuficiência cardíaca diastólica está presente quando a congestão pulmonar venosa e os sinais clínicos resultantes ocorrerem na presença da função sistólica ventricular esquerda normal ou próxima do normal. SOBRECARGA DE VOLUME A sobrecarga de volume pode ocorrer na insuficiência valvular, nas comunicações anormais e nos estados de alto débito cardíaco. A sobrecarga de volume ocorre normalmente após um aumento súbito da pós-carga causando um efeito inotrópico positivo, todavia, quando a sobrecarga hemodinâmica é severa a contratilidade miocárdica começa a tornar-se deprimida. MECANISMOS COMPENSATÓRIOS A CURTO PRAZO: FRANK-STARLING Se refere a capacidade do coração de se adaptar a variações do volume sanguíneo, modificando assim, sua contratilidade. Assim, quando entra mais sangue (maior pré-carga) aumenta a força de contração e a quantidade de sangue bombeada para a aorta e, quando entra menos sangue, menor pré- carga, saindo menos sangue. Os mecanismos compensatórios ativados pela insuficiência cardíaca crônica pode ser a relação comparativa entre o debito cardíaco e a pressão arterial de Frank-Starling é um mecanismo adaptativo no qual um aumento de pré- carga aumenta a performance cardíaca, o retorno venoso determina a pré-carga do ventrículo e a relação de Starling aumenta na pré-carga para aumentar o debito cardíaco SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO A hiperativação simpática estimulaos receptores adrenérgicos (catecolaminas) cardíacos do tipo β, resultando em um aumento da força, da frequência, da contração do coração e da perfusão tecidual. Em longo prazo, essa ativação aumenta a pós-carga ventricular. Ativa o SRAA também. SRAA O sistema renina-angiotensina-aldosterona é um complexo sistema neuro-hormonal compensatório que tem como função manter normal a pressão sanguínea e a perfusão dos tecidos, quando o débito cardíaco for reduzido. A redução da perfusão renal é detectada pelo barorreceptor renal resultando na liberação de renina. A renina inicia uma cascata que resulta na formação de angiotencina II, um potente vaso constritor, ela também leva a ativação do sistema nervoso simpático e aumento na síntese de e liberação de aldosterona da zona glomerular do córtex adrenal. A aldosterona causa retenção de sódio nos túbulos renais distais, promovendo a retenção de líquidos, ela promove também, fibrose do miocárdio e da musculatura lisa vascular. Os níveis de ADH em animais com ICC aumentam como consequência da não inibição mediada por barorreceptores e as elevações da angiotensina II. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Circula%C3%A7%C3%A3o_do_sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Contratilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9-carga A LONGO PRAZO: REMODELAMENTO VENTRICULAR Elevações na pré-carga, na pós-carga, na ativação simpática e no hormônio do crescimento induzem o aumento do miocárdio, enquanto, que a ativação do SRA, da prostaglandina E2, do fator β1 de transformação de crescimento e do fator-1 de crescimento tipo insulina, induzem o remodelamento do interstício cardíaco. O remodelamento estrutural da matriz colágena do miocárdio contribui para a progressão da insuficiência cardíaca. Os ventrículos hipertrofiados, induzidos por pressão, apresentam déficit capilar e diminuição no número de mitocôndrias, levando a um estado de depleção de energia. A isquemia acarreta necrose, fibrose, aumento da concentração de colágeno e disfunção diastólica. TIPOS DE REMODELAMENTO: HIPERTROFIA CONCÊNTRICA E o aumento de massa ventricular decorrente de aumento da espessura da parede e redução dos diâmetros cavitários. Tal condição surge em decorrência de um aumento de resistência à ejeção ou à sobrecarga de pressão. A redução dos diâmetros cavitários permite ao ventrículo desenvolver maior pressão. Relacionado ao aumento de pós-carga, achado em HAS, tumor/trombo na saída da aorta, estenose aórtica HIPERTROFIA EXCÊNTRICA É o aumento da massa ventricular e da espessura da parede ventricular, mas com aumento dos diâmetros cavitários. Esta condição surge em decorrência de sobrecarga de volume. Relacionado ao aumento de pré-carga pelo aumento de retorno venoso. TIPOS DE ICC: ICC ESQUERDA É o resultado de um aumento nas pressões de enchimento do lado esquerdo do coração associado ao aumento do volume, da pressão sistólica, ou a doença do miocárdio, que leva a disfunção diastólica. Este aumento da pressão é transmitido à circulação pulmonar que, por ser uma circulação de baixa pressão e menor volume que a circulação sistêmica, evidencia sinais de congestão mais cedo que a congestão venosa sistêmica. O aumento da pressão hidrostática nos vasos pulmonares leva a transudação de fluído, inicialmente pelo espaço intersticial e, numa fase mais avançada, para os alvéolos, com formação de edema pulmonar. Assim, os sinais típicos de ICCE estão relacionados com dificuldades respiratórias, tais como, taquipneia, dispneia, ortopnéia e tosse. O derrame pleural nos gatos pode ser devido a ICCE pura. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Tosse • Dispnéia de esforço/paraxística • Ortopnéia • Cianose • Fraqueza • Edema pulmonar ICC DIREITA Resulta do aumento das pressões de enchimento do VD associado à insuficiência valvular, doença pericárdica, obstrução do trato de saída do VD, hipertensão pulmonar ou doença no miocárdio. A sobrecarga de pressão ou volume no AD é transmitida à circulação venosa sistêmica, levando a congestão e hipertensão venosa sistêmica, provocando hepatomegalia, ascite, derrame pleural e edema subcutâneo. No exame físico é comum o aumento da veia jugular. A caquexia cardíaca (perda de gordura corporal e massa muscular associada a doença cardíaca) é mais comum na ICCD que E. Em ICCD crônicos e graves pode haver hipertensão mesentérica e edema no TGI. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Ganho de peso • Distensão venosa • Edema subcutâneo • Hidrotórax/ascite • Hepatoesplenomegalia • Caquexia cardíaca TRATAMENTO 1 - DIURÉTICOS: FUROSEMIDA (DE ALÇA) Age inibindo a transportação de Na, K e Cl na alça de Henle e, em menor proporção, nos restantes dos outros túbulos. Essa inibição impede a reabsorção de NaCl (diminuindo a pressão osmótica no sentido da água) • 1-4mg TID • Para edema pulmonar: 2-8mg/Kg a cada 1-2h TIAZIDAS (TCD) Diminui a permeabilidade ao NaCl por ação no cotransportador. Aumenta a secreção de potássio no ducto coletor • Hidroclorotiazida • 2-4mg/Kg BID VO ESPIRINOLACTONA (DUCTO COLETOR) Inibe a ação da aldosterona no ducto coletor, pois a aldosterona aumenta a reabsorção de Na e a secreção de K e H) • 2-4 mg/Kg SID 2 - INIBIDORES DE ECA: BENAZEPRIL • 0.25-0.5mg/Kg, VO, SID ou BID • Eliminação hepática (50%) e renal (50%) ENALAPRIL • 0.25-0.5 mg/Kg, VO, SID ou BID 3 - INOTRÓPICOS POSITIVOS: DIGOXINA Tem efeito inotrópico positivo, ou seja, aumenta a força de contracção cardíaca Seu modo de acção é por meio da ligação reversível à Na+/K+ ATPase. Ao inibi-la, a digoxina aumenta a quantidade de sódio no cardiomiócito. Efeitos hemodinâmicos: aumenta o débito cardíaco com discreta vasoconstrição pelo aumento de Ca+. O uso clínico da digoxina em ICC crônica com FA é na: disfunção sistólica, fibrilação atrial e taquicardias supraventriculares. 4 - INODILATADOR PIMOBENDAN É um inodilatador. Inibe a fosfadiesterase III, enzima que degrada a adenosina monofosfato cíclico (AMPc), promovendo a vasodilatação e no aumento da sensibilidade do cálcio intracelular e maior oxigenação miocárdica, melhorando assim a contratilidade. Pimobendan aumenta a contratilidade ventricular e reduz a pré-carga e pós-carga em pacientes com insuficiência cardíaca avançada. • Vetmedin® ou Boehringer • 0.1-0.3mg/Kg BID pelo menos 1h antes da refeição 5 - PARACENTESE Ascite. É a retirada de líquido de uma cavidade do corpo por meio da punção com agulha. Colocar o animal em decúbito lateral, esvaziar previamente a vesícula urinária, tricotomia e assepsia da região abdominal. Anestesia local ou não. A punção do líquido deve ser realizada na linha alba (evita cicatriz umbilical), a punção é feita com agulha ou cateter, a aspiração é feita seguindo o gradiente de concentração. Não utilizar aspirador à vácuo. Utilizar associadamente diuréticos nesse caso (Furosemida e Espirinolactona). 6 - TORACOCENTESE Toracocentese é aspiração por agulha de líquidos de um derrame pleural. Fazer a tricotomia e assepsia do local. Anestesia local é opcional (no sétimo músculo e pleura). Fazer a aspiração no terço distal e guiado por US. https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Contra%C3%A7%C3%A3o_muscular_card%C3%ADaca&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Liga%C3%A7%C3%A3o_qu%C3%ADmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/Cardiomi%C3%B3cito https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/derrame-pleural ENDOCARDIOSE A degeneração valvar, doença crônica valvar, endocardiose oudegeneração mixomatosa de válvula é a doença que atinge as válvulas átrioventriculares, causando seu espessamento e consequentemente impedindo seu normal fluxo de sangue. É a cardiopatia de maior incidência em pequenos animais, de origem adquirida, sendo muito comum em cães de raça pequena e miniatura. Sua maior prevalência é em machos e de forma geral, em cães idosos, entre 8-11 anos. Comum em cães da raça Cavalier King Charles, Maltês, Cocker Spaniel, Poodle, Pinsher e Dashund. A endocardiose atinge em quase 60% dos casos unicamente a valva mitral, em 30% as duas valvas atrioventriculares e em 10% dos casos apenas a tricúspide. VALVAS ATRIOVENTRICULARES Elas impedem o retorno de sangue dos ventrículos para os átrios durante a sístole. A valva mitral comunica o AE com o VE e a valva tricúspide comunica o AD com o VD. Ambas as valvas estão inseridas em um anel fibroso e não contínuo ao nível da transição atrioventricular. São constituídas por folhetos e estão presas por cordas tendíneas aos músculos papilares. Elas são constituídas por tecido conjuntivo frouxo, colágeno, proteoglicanos e fibras elásticas. Complexo valvar-mitral: • Folheto parietal e septal • Acordoalhas tendíneas • Anulo mitral • Parede do AE e do VE • Músculos papilares Complexo valvar-tricúspide: • Apenas dois folhetos (mural ou parietal) e septal e vários folhetos secundários • Anulo maior o da mitral • Acordoalhas tendíneas do folheto parietal se adere aos músculos papilares e do folheto septal à região septal FISIOPATOLOGIA Ocorre uma lesão progressiva dos folhetos, os folhetos acabam se tornando nodulares, espessados, distorcidos, retraídos ou prolapsados para os átrios. Ocorre fibrose das valvas com acumulação de mucopolissacarídeos, tendendo a ocorrer hemorragia e calcificação. As cordas tendíneas também se tornam espessadas e podem se romper. As cordas tendíneas também tornam-se espessadas e fracas. É comum o VE estar dilatado. A regurgitação valvular acaba por dilatar o ventrículo e o átrio acometido dilata-se para adaptar-se ao fluxo regurgitante e ao volume sistólico. O agravamento gradual da incompetência valvular facilita a manutenção de baixas pressões de enchimento cardíaco antes do aumento do volume. À medida que a câmara se dilata, suas paredes sofrem hipertrofia excêntrica, e ocorre o mecanismo compensatório para normalizar o estresse imposto a elas. Esses mecanismos, que inicialmente são compensados, terminam por agravar o quadro e desencadeiam em ICC. A regurgitação valvar resulta em enchimento superior à capacidade do átrio relacionado. Os mecanismos compensatórios clássicos (sistema nervoso simpático, sistema renina-angiotensina-aldosterona) são ativados para restaurar a pressão sanguínea e consequentemente a perfusão tecidual. DIAGNÓSTICO: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Assintomáticos (sopro à auscultação) • Dispnéia • Tosse noturna • Intolerância ao exercício • Síncope • Ascite • Morte súbita EXAME FÍSICO • ACP: sopro holossístolico de intensidade 1-6 • Arritmias (ritmo de galope e extrassístole) • IM: 5° EIC no hemitórax E • IT: 4° EIC no hemitórax D • Ocorre a irradiação para outros focos quando o sopro é de alta intensidade EXAMES COMPLEMENTARES: RX TORÁCICO • AE (↑) com aumento da verticalização da silhueta • Deslocamento da traquéia brônquio para a esquerda • IT: AD/VD (↑) com abaulamento da borda cranial do coração, dilatação das veias cavas e hepatomegalia. • Aumento global da silhueta do coração • Campos pulmonares podem estar congestos, em edema ou efusão pleural ELETROCARDIOGRAMA • Alargamento da onda P (↑AE) - IM • QRS alargado ou alto (↑VE) - IM • Ritmo RSN, AS, TS e extrassístoles ECOCARDIOGRAMA Em modo B: • Folhetos espessados • Prolapso valvar • Dilatação de átrios e ventrículos • Ruptura de cordoalhas tendíneas DOPPLER COLORIDO • Fluxo de cor azul ou em mosaico indo em direção ao AE TRATAMENTO: GUIA PARA TRATAMENTO O tratamento é feito a partir do guia de recomendação da sociedade de cardiologia veterinária. Ele está dividido em 4 estágios (A, B, C e D). O tratamento é feito apenas quando o paciente se enquadra no estágio B2. ESTÁGIO A Identifica pacientes com alto risco de desenvolver doença cardíaca, mas que ainda não apresentam alterações estruturais identificáveis no coração (por exemplo: todo Cavalier King Charles Spaniel sem sopro cardíaco). Sem tratamento. ESTÁGIO B Identifica pacientes com doença cardíaca estrutural, mas que nunca desenvolveram manifestações clínicas de ICC. Este estágio é subdividido em B1 e B2. ESTÁGIO B1 Pacientes assintomáticos, que não apresentam evidências radiográficas ou ecocardiográficas de remodelamento cardíaco em resposta à doença valvar. Ainda sem tratamento médico ou dietético, mas é necessário monitoração por ECO e RX a cada 12 meses. ESTÁGIO B2 Pacientes assintomáticos que apresentam regurgitação valvar mitral hemodinamicamente significante, evidenciados por achados radiográficos e ecocardiográficos de aumento do coração esquerdo. Estágio de início de tratamento. • Inibidores de ECA • Pimobendam • Dieta hipossódica ESTÁGIO C Pacientes com sintomas clínicos prévios ou atuais de insuficiência cardíaca associados à alteração estrutural do coração. Inibidores de ECA: • Benazepril • Enalapril Diuréticos: • Furosemida • Espirinolactona Inotrópicos positivos: • Digoxina Inodilatadores: • Pimobendan Antitussígenos: • Vibral® • Codeína • Butorfal Antiarritmicos: • Sotalol • Amiodarona Hipertensão pulmonar: • Sildenafil Doença respiratória associada: • Aminofilina • Terbutalina ICC severa: • Oxigênioterapia em gaiola com temperatura controlada • Furosemida IV em bolus ou em infusão contínua • Sedação ESTÁGIO D Pacientes com doença cardíaca em estágio final, com sinais de insuficiência cardíaca que são refratários à terapia principal. Estes pacientes necessitam de estratégias de tratamento especiais ou avançadas para se manterem confortáveis, independentemente da presença da doença. • Utiliza-se o mesmo tratamento do estágio C CARDIOMIOPATIA DILATADA A cardiomiopatia dilatada (CMD) é caracterizada pela dilatação das câmaras ventriculares e disfunção sistólica, que muitas vezes leva à insuficiência cardíaca e morte. A dilatação cardíaca envolve geralmente o lado esquerdo do coração, e o ventrículo direito pode ou não estar envolvido. EPIDEMIOLOGIA É a segunda doença cardíaca mais prevalente em cães. A idade média é entre 5-7 anos, mas alguns cães podem ser acometidos a partir dos 2 anos de idades. A predisposição é maior em cães de grande porte e gigantes, como Doberman, Boxer, São Bernardo, Terra Nova. Cães de médio porte como Cocker Spaniel e Dálmata podem desenvolver CMD. Cães machos tem maior predisposição, além de apresentarem alterações estruturais mais precoces que as fêmeas. Portanto, são mais propensos a desenvolver insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e morrerem mais cedo. Já as fêmeas desenvolvem a doença de forma mais lenta e progressiva, manifestando principalmente anormalidades elétricas. A maioria das fêmeas desenvolve alterações cardíacas morfológicas em idade avançada. ETIOLOGIA Fatores genéticos, taquicardia (fibrilação atrial), deficiência nutricional (taurina e L-carnitina), fatores tóxicos (doxorrubicina, ionóforos, catecolaminas, cocaína e álcool), distúrbios metabólicos (hipotireoidismo, hipertireoidismo acromegalia, obesidade e HAS), inflamatórias (miocardite), infecciosas (parvovírus, cinomose, doença de Chagas, doença de Lyme,erliquiose e sepse) e traumática. FISIOPATOLOGIA Caracteristicamente a CDM apresenta-se com uma dilatação ventricular associada a disfunção sistólica e, eventualmente, diastólica desenvolvendo ICC. Esta progressiva dilatação das câmaras cardíacas determina uma degradação da função sistólica e do débito cardíaco, acreditando-se também que uma perda da elasticidade diastólica possa contribuir para um incremento da pressão diastólica final, congestão venosa e, por conseguinte, ICC. Neste sentido, verifica-se na CMD uma diminuição da contractilidade miocárdica resultante de uma diminuição do encurtamento das fibras miocárdicas para uma pré-carga e pós-carga constante. Esta diminuição do encurtamento das fibras miocárdicas resulta também num maior volume sistólico e diastólico final, não havendo uma ejecção de grande parte do sangue contido na câmara cardíaca devido ao músculo cardíaco estar enfraquecido. Como resultado destas alterações, ocorre uma diminuição do volume de ejecção que contribui, por conseguinte, para uma pressão arterial sistémica inferior, que desencadeará o processo patofisiológico desta doença induzindo alterações neurohormonais compensatórias (ativação do sistema nervoso simpático e SRAA). EVOLUÇÃO DA CMD Durante o desenvolvimento da CMD ocorre um efeito de estresse sobre a parede cardíaca no final da diástole, que origina aumento no estiramento miocárdico forçando-o a crescer por hipertrofia excêntrica. Esta alteração desenvolve-se num sentido compensatório direcionado para a normalização do débito cardíaco, da tensão da parede e da pressão de enchimento cardíaco. O coração sofre remodelamento cardíaco. Este processo inclui hipertrofia celular miocárdica, apoptose de células cardíacas, formação de matriz intersticial e dissolução das pontes de colagénio que ligam as diferentes células. DIAGNÓSTICO: HISTÓRICO/ANAMENSE • Tosse e cansaço • ICCE (dispneia, edema e efusão pleural) • ICCD (ascite) • Edema de membros • Síncope • Arritmias • Morte súbita • Fase oculta (sem manifestações clínicas) EXAME FÍSICO • Caquexia • Dispnéia (ortopnéia), cianose e palidez de mucosas • Pulso jugular • Ascite • Choque de ponta • Edema de membros Percussão: • Som submaciço (efusão pleural) Palpação: • Pulso femoral • Abdominal (hepato e esplenomegali) Percussão palpatória: • Efusão peritoneal Auscultação: • Arritmia (extrassístole e ritmo de galope) • Sopros (regurgitação valvar e sistólico) • Abafamento das bulhas (efusão pleural) • Pulmões (estertores crepitantes e silêncio pulmonar) ELETROCARGIOGRAMA A fibrilação atrial (FA) é a anomalia mais frequentemente encontrada no ECG. • Ausência de onde P ou muitas pequenas ondas • Presença de ondas F (fibrilação) entre os complexos QRS É possível a presença de TVNS (taquicardia ventricular não-sustentada) FA: TVNS: ECOCARDIOGRAMA A ecocardiografia é a técnica imagiológica de referência para o diagnóstico da CMD quer na fase sintomática quer na fase oculta, sendo a dilatação ventricular e a diminuição da contractilidade miocárdica as suas marcas de contraste. • Dilatação das cavidades ventricular e atrial • Diminuição da fração de encurtamento (<25%) RAIO-X • Cardiomegalia • Edema e congestão pulmonar • Efusão pleural e efusão abdominal TRATAMENTO 1 - DIURÉTICOS • Furosemida • Espirinolactona (antagonista da aldosterona. É poupador de K+) 2 - INIBIDORES DE ECA • Benazepril, Enalapril, Captopril e Lisinopril 3 - INOTRÓPICOS POSITIVOS (+) • Digoxina 4 - INODILATADOR • Pimobendan 5 - ANTIARRÍTMICOS • Sotanol (arritmias supra e ventriculares) • Amiodarona (taquicardia supra e ventriculares agudas e crônicas) 6 - TORACOCENTESE CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a doença miocárdica mais comum que acomete os felinos e se caracteriza por hipertrofia do ventrículo esquerdo, podendo ser primária (idiopática) ou secundária à doenças. A hipertrofia ventricular esquerda forma uma câmara de alta rigidez e não complacente. Isso causa uma disfunção diastólica, com elevadas pressões de enchimento ventricular esquerdo que por sua vez resulta em uma dilatação atrial esquerda. A hipertrofia do VE aumenta o espessamento da câmara e do septo IV, reduzindo o volume sanguíneo na diástole. EPIDEMIOLOGIA A incidência da CMH felina é maior em animais de raça pura, tais como Maine Coon, Persa, Ragdoll, Siamês, Sagrado da Birmânia, pelo longo americano, pelo curto britânico e pelo curto americano, sendo essa última a raça mais acometida; os mestiços dessas raças também podem ser afetados. É mais frequente em machos de 5-7 anos de idade. ETIOLOGIA A CMH felina primária ou idiopática é desconhecida, mas estudos indicam uma anormalidade hereditária. Outras teorias incluem a alteração no transporte de cálcio no miocárdio, a sensibilidade miocárdica aumentada às catecolaminas e a produção aumentada de fatores tróficos do miocárdio. A CMH pode ocorrer secundariamente a outras doenças, tais como hipertireoidismo, estenose sub- aórtica e hipertensão sistêmica. FISIOPATOLOGIA Felinos com CMH apresentam um espessamento da parede ventricular esquerda, com consequente diminuição da cavidade do ventrículo esquerdo. A distribuição da hipertrofia varia de animal para animal. A maioria tem hipertrofia simétrica, mas alguns tem espessamento assimétrico septal e outros poucos tem hipertrofia restrita à parede livre ou aos músculos papilares. A redução da distensibilidade da parede ventricular esquerda se dá pelo enrijecimento da mesma, pela hipertrofia miocárdica concêntrica e pelas áreas de fibrose no endocárdio. Esses eventos levam à formação de uma câmara rígida e não complacente, resultando em uma disfunção diastólica pela redução da pós-carga, levando a diminuição do volume sistólico final. Consequente ao aumento de pressão de enchimento ventricular esquerdo, há aumento atrial esquerdo e subsequente insuficiência cárdica congestiva (ICC), e à medida que a doença progride, ocorre aumento da pressão venosa pulmonar e edema pulmonar. As arritmias cardíacas, como a fibrilação atrial e outras taquiarritmias contribuem para o comprometimento do enchimento diastólico e exacerbam a congestão venosa. A estase sanguínea no interior do AE pode resultar na formação de trombos e doença tromboembólica. Embora os trombos possam permanecer no apêndice atrial, alguns podem embolizar a aorta distal, a artéria ilíaca, a artéria femoral, a artéria renal e a artéria braquial. 71% dos casos de tromboembolismo arterial ocorre na trifurcação da aorta. O estreitamento das artérias coronárias intramurais, o aumento da pressão de enchimento do ventrículo esquerdo, a redução na pressão de perfusão das artérias coronárias e a insuficiente densidade miocárdica capilar para o grau de hipertrofia cardíaca são fatores que contribuem para a o desenvolvimento de isquemia miocárdica nos felinos afetados pela CMH. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Taquipnéia/dispneia após esforço/ortopnéia • Respiração rápida e curta (com a boca aberta) • Sem tosse TEA (trombo-embolismo aórtico): • MP insensíveis, frios, pálidos e com pulso diminuído ou ausente • Claudicação dos membros • Paresia/paralisia DIAGNÓSTICO: EXAME FÍSICO • Pulso venoso da jugular (ICCD) ACP: • Sopro sistólico de grau I - III/VI • Arritmias • Sons pulmonares e cardíacos abafados por conta da efusão ELETROCARDIOGRAMA Não é muito específico • Onda P > 0,04s (aumento de AE) • Onda R > 0,8 (aumento de VE) • Complexo QRS > 0,04 (aumento de VE) • Arritmias ECOCARDIOGRAMA • Hipertrofia concêntrica do VE • Diminuição do diâmetro diastólico do VE RAIO-X • Coraçãocom “valentine shape” • Cardiomegalia (pouco evidente) • Congestão pulmonar, edema pulmonar e efusão pleural TRATAMENTO: IC AGUDA Avaliar a desidratação e perda de eletrólitos, evitar o estresse do gato e muito repouso • Toracocentese (efusão pleural) 1 - DIURÉTICOS • Furosemida IM ou IV 2 - NITROGLICERINA 3 - SEDAÇÃO OU ANESTESIA • Acepromazina (sedação) • Butorfanol (anestesia) IC CRÔNICA 1 - DIURÉTICOS • Furosemida 2 - BLOQUEADOR DE CANAL DE CA++ • Diltiazem 3 - ΒETA-BLOQUEADORES • Atenolol ICC • Inibidores de ECA: Benazepril TEA Monitorar a temperatura, FC e o membro afetado e sua função motora. 1 - ANTICOAGULANTES • Heparina não-fracionada SC ou IV. IM (risco de hemorragia) • Aspirina • Clopidogrel ESTENOSE AÓRTICA (EA) A estenose aórtica (EA) é caracterizada por um estreitamento ou redução, localizada na dimensão do sistema de fluxo causando uma sobrecarga de pressão. É uma doença congênita. É uma doença de curso progressivo caracterizada pela obstrução à passagem do fluxo sanguíneo da via de saída do ventrículo esquerdo do coração pela calcificação das estruturas valvares. Ocorre a formação de um anel fibroso que envolve a via de saída parcial ou totalmente. EPIDEMIOLOGIA É um defeito congênito que acomete raças grandes, e parece predispor cães da raça Boxer, Golden Retriever e Rotweiller. ETIOLOGIA Existem vários tipos de lesões subvalvulares classificados em 3 graus. Estas lesões podem não estar presentes à nascença, e desenvolver-se nos primeiros meses de vida, motivo pelo qual esta patologia não se pode considerar verdadeiramente congênita. É, no entanto hereditária, motivo pelo qual é desaconselhada reprodução de animais afetados, de modo a evitar a sua propagação. O termo congênito não implica que o defeito seja hereditário, podendo ter ocorrido espontaneamente ou ter sido secundário a fatores ambientais (infecciosos, toxicológicos, farmacêuticos, nutricionais, etc.). CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO À LOCALIZAÇÃO DA LESÃO: ESTENOSE SUB-AÓRTICA Se encontra na membrana sub-aórtica. Ocorre a obstrução fibromuscular em forma de anel ao redor da via de saída do VE. É mais comum em cães de grande porte, se desenvolvendo de 3-8 semanas após o nascimento. ESTENOSE VALVAR Fusão dos folhetos ao longo das comissuras. Ocorre o espessamento dos folhetos com redução da mobilidade. FISIOPATOLOGIA Ocorre o aumento da pressão sistólica no VE para aumentar o fluxo de sangue na aorta decorrente da estenose. Ocorre dilatação da aorta ascendente e arco aórtico pelo aumento de pressão e fluxo sanguíneo. Pelo aumento da pressão, de forma crônica, o músculo cardíaco desenvolve hipertrofia concêntrica do VE para compensação do ventrículo e para manutenção do DC, aumentando assim, o tamanho do complexo atrial esquerdo. De forma crônica à longo prazo, ocorre a hipóxia do miocárdio e substituição do VE por tecido fibroso, causando arritmias e/ou disfunção sistólica. Essas compensações cardíacas geram ICCE, arritmias supra ou ventriculares, síncope e morte súbita. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O animal pode ser assintomático (doenças discreta à moderada). • Cansaço e fraqueza • Síncope • ICCE • Morte súbita DIAGNÓSTICO: EXAME FÍSICO • Sopro sistólico no foco aórtico • ACP: sopro sistólico que pode ser confundido com sopro funcional • Pulso fraco • Mucosas hipocoradas • TPC > 2s RAIO-X • Aumento do VE/AE • Alargamento do mediastino por dilatação pós- estenótica da aorta • Congestão ELETROCARDIOGRAMA • Normal • Sobrecarga VE/AE • Arritmias https://pt.wikipedia.org/wiki/Ventr%C3%ADculo_esquerdo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3o ECOCARDIOGRAMA Melhores cortes para avaliação: • Plano apical 5 câmaras para melhor mensuração das velocidades • Paraesternal longitudinal para melhor localização da estenose Alterações na valva: • Anel subvalvar: fibroso ou fibromuscular • Valva espessada • Fusão dos folhetos ao longo das comissuras • Aderência das bordas livres • Espessamento dos folhetos com redução de sua mobilidade Hipertrofia concêntrica: • Quanto mais grave a estenose, maior é a hipertrofia • Pontos hiperecóicos miocárdicos (fibrose) • Disfunção sistólica e diâmetro de cavidade aumentado (evolução crônica) TRATAMENTO: É contraindicado o uso de IECAs e inotrópicos positivos. 1 - BETA-BLOQUEADORES • Atenolol 2 - BLOQUEADORES DE CANAIS DE CA++ • Diltiazem 3 - ANTIARRÍTMICOS • Sotanol (arritmias supra e ventriculares) • Amiodarona (taquicardia supra e ventriculares agudas e crônicas) 4 - VALCOPLASTIA COM BALÃO ESTENOSE PULMONAR (EP) A EP é uma das três doenças cardíacas congénitas (DCC) mais comuns em cães e é raramente reconhecida em gatos, embora possa estar associada a outras malformações congénitas. Consiste numa obstrução congénita ao fluxo proveniente do coração direito, e pode ser fixa ou dinâmica, subvalvular, valvular ou supravalvular, sendo que a malformação primária da válvula pulmonar é o defeito mais frequentemente observado em cães. É mais comum que a EA. EPIDEMIOLOGIA A EP afeta mais raças de pequeno porte. As raças descritas com maior prevalência de EP são o Airedale Terrier, Basset Hound, Beagle, Boxer, Boykin Spaniel, Bulldog Inglês, Bulldog Francês, Chihuahua. ETIOLOGIA As malformações cardiovasculares congénitas têm, frequentemente, predisposição hereditária, podendo também ocorrer de forma espontânea, por influência de fatores externos (infecciosos, farmacológicos, toxicológicos, nutricionais, etc.) ou mesmo por uma combinação destes fatores, sendo que, na maioria dos casos, o agente etiológico primário não chega a ser identificado. TIPOS DE ESTENOSE PULMONAR: ESTENOSE VALVULAR A estenose valvular pode ser classificada em tipo A e B. TIPO A: ocorre quando os folhetos valvulares estão leve ou moderadamente espessados, com separação incompleta ou fusão destes, assumindo uma forma de cúpula em sístole, e o diâmetro do anel valvular é normal. TIPO B: consiste em folhetos valvulares marcadamente espessados, deformados e imóveis, e hipoplasia do anel valvular, mas sem fusão comissural. A tipo A é mais frequente. ESTENOSE SUBVALVULAR É mais raro. Quando ocorre está, na maior parte das vezes, associada a endocardiose, em que, além desta última, existe um anel fibroso mesmo por baixo dos folhetos valvulares. ESTENOSE SUPRAVALVULAR É a mais das estenoses. Parece ser mais comum em Schnauzer Gigante. Ocorre geralmente de forma isolada e consiste num estreitamento da artéria pulmonar principal. FISIOPATOLOGIA Uma obstrução ao fluxo de saída proveniente do ventrículo direito aumenta a resistência à sua saída, causando um aumento proporcional na pressão sistólica ventricular. Para tentar equilibrar esta situação, desenvolve-se uma hipertrofia ventricular direita concêntrica, a qual é geralmente proporcional à gravidade do defeito de obstrução. Uma pressão ventricular direita elevada causa redução na perfusão do miocárdio e consequente isquemia, o que pode conduzir a arritmias ventriculares e morte súbita. A existência de regurgitação da tricúspide consequente de endocardiose, secundária à dilatação do VD, ou de uma combinação destes fatores, pode contribuir para ainda maior pressão no coração direito. Na medida em que o volume de regurgitação da tricúspide é função do tamanho do orifício de regurgitação (ou seja, da gravidade da endocardiose) e do gradiente de pressão (gravidade da EP), uma regurgitação grave da tricúspide tem tendência para se desenvolver nos cães afetados. O AD pode encontrar-sedilatado como consequência de regurgitação da tricúspide ou por diminuição da capacidade de enchimento do VD em consequência da hipertrofia concêntrica. Assim que a pressão atrial direita se aproxima dos 15 mm Hg, ocorrem sinais sugestivos de ICCD. DIAGNÓSTICO: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Fraqueza e síncope • ICCD EXAME FÍSICO • Pulso jugular ACP: • Sopro sistólico na região da valva pulmonar • Sopro sistólico no foco tricúspide ELETROCARDIOGRAMA • Sobrecarga VD • Arritmias ventriculares ECOCARDIOGRAMA • Dilatação pós-estenótica • Hipertrofia concêntrica de VD (usado como uma preditiva da gravidade da estenose pulmonar) Estenose valvar: • Folhetos fusionados e espessados Uso do Doppler: • Fluxo turbulento a partir do ponto de estenose RAIO-X Nos casos moderado a importante, pode haver aumento do ventrículo direito e dilatação pós estenótica da artéria pulmonar • Aumento lado direito • Dilatação pós-estenótica TRATAMENTO: 1 - BETA-BLOQUEADORES • Atenolol 2 - VALVULOPLASTIA DE BALÃO PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO A PDA é o defeito cardíaco congênito mais frequentemente encontrado em cães. Acomete principalmente raças pequenas, como Maitês, Lulu da Pomerânia, Chihuahua, Pastor de Shetland, English Springer Spaniels, Keeshound, Bichon Frisé, Poodle e Yorkshire Terrier, observando- se mais predisposição em fêmeas. Existem duas condições com características hemodinâmicas diversas em relação à persistência do dueto arterioso: a primeira, a mais frequente, é caracterizada pelo fluxo sanguíneo no interior do dueto, ocorrendo no sentido da esquerda para direita, ou seja, da aorta para o tronco pulmonar, denominada de persistência do ducto arterioso clássica (PDAc); a segunda forma, chamada persistência do dueto arterioso reverso (PDAr), caracteriza-se pela reversão do fluxo sanguíneo, isto é, no sentido do tronco pulmonar para a aorta. A principal consequência da PDAc no coração é a sobrecarga do ventrículo esquerdo, causando um processo de dilatação e hipertrofia ventricular esquerda. Secundariamente a esse processo, está a distensão do anel da valva atrioventricular esquerda, causando regurgitação. Fibrilação atrial pode ocorrer ainda como seqüela da dilatação atrial esquerda. MORFOLOGIA DA PDA O dueto arterioso é um vaso derivado do sexto arco aórtico esquerdo existente durante a vida fetal, que conecta o tronco pulmonar à aorta, obliterando-se após o nascimento pela reorganização histológica da parede do dueto, quando então passa a ser chamado de ligamento arterioso. O mecanismo pelo qual realiza-se a oclusão do dueto arterioso ainda não está bem esclarecido. Acredita-se que logo após o parto a tensão do oxigênio leva à inibição das prostaglandinas locais, promovendo a oclusão funcional do dueto e, mais tardiamente, progredindo para a obliteração anatômica nas próximas semanas de vida. FISIOPATOLOGIA Durante a vida fetal, a pressão na artéria pulmonar é maior que a pressão sistêmica, o que direciona naturalmente o fluxo sanguíneo no interior do ducto arterioso da direita para a esquerda. Após o nascimento, a resistência vascular sistêmica repentinamente aumenta devido à eliminação da baixa resistência da circulação placentária. Concomitantemente, a resistência vascular pulmonar diminui devido à expansão dos alvéolos e do efeito do aumento da pO2 causando dilatação vascular pulmonar. Nessas condições, caso o dueto arterioso persista, observa-se a forma clássica de PDA, com desvio do fluxo sanguíneo da aorta para o tronco pulmonar. Tal desvio vai resultar em contínuo sopro cardíaco, aumento do fluxo pulmonar e aumento do retomo venoso para o átrio e o ventrículo esquerdos. Tanto na aorta quanto no tronco pulmonar, dependendo da forma de persistência de dueto, pode-se encontrar dilatação destas estruturas. DIAGNÓSTICO: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • O animal pode não apresentar sinais clíicos por um bom tempo • Intolerância ao exercício, tosse, cianose e síncope • Fraqueza nos membros pélvicos e retardo no crescimento EXAME FÍSICO E-D: • Sopro cardíaco contínuo durante a sístole do lado E (foco mitral) • Pulso femoral forte e hipercinético “martelo d’água” • Frêmito em hemitórax E D-E: • Ausência do sopro contínuo e frêmito • Sopro sistólico em tricúspide • Desdobramente de segunda bulha • Cianose diferencial HEMOGRAMA • Policetemia com viscosidade do sangue RAIO-X • Dilatação de tronco da a. Pulmonar E-D: • Hiperperfusão pulmonar • Edema pulmonar • Aumento de AE/VE D-E: • Hipoperfusão pulmonar • Aumento de AD/VD ELETROCARDIOGRAMA E-D: • Aumento AE (aumento de onda P) • Dilatação VE (ondas Q e R com maior voltagem) D-E: • Hipertrofia de VE ou D Associado à IC: • Fluxo turbulento de ejeção da Aorta • FA e arritmias ventriculares ECOCARDIOGRAMA E-D: • Visibilização do ducto • Dilatação de a. Pulmonar • Dilatação de AE/VE • Hipertrofia excêntrica do VE • Insuficiência mitral • Fluxo turbulento em a. Pulmonar D-E: • Dilatação da a. Pulmonar • Hipertrofia concêntrica do VD • Dilatação do AD • Sem fluxo turbulento em a. Pulmonar (Doppler) • Insuficiência valvar pulmonar e/ou tricúspide TRATAMENTO/PROGNÓSTICO • Bom: quando corrigidos cirurgicamente logo quando filhotes. Idosos são assintomáticos • Prognóstico reservado para PDAr • Ruim quando em FA ou ICC avançada PNEUMOLOGIA TIPOS DE FUCINHOS EM CÃES: DOLICOCEFÁLICO A cabeça é estreita e longa com a testa muito inclinada e focinho longo. É comum as neoplasias nasais nessa classe. Border collie, Pastor alemão e Dobermann. BRAQUICEFÁLICO Tem focinho mais encurtado, aparentem ter o focinho “achatado” por anomalias congênitas. É comum a síndrome da via aérea braquicefálica. Pug, Bulldogs, Boston e Spitz. MESOCEFÁLICO É o meio termo entre os dois tipos. A cabeça deles é média com comprimento moderado e a largura sensivelmente maior que a dos dolicocefálicos. Focinho de comprimento igual ao do crânio ou ligeiramente inferior. Beagle, Dashund e Labrador. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO: CORRIMENTO NASAL É a inflamação da mucosa nasal, acompanhada eventualmente de espirros, secreção e obstrução nasal. A coriza é causada por excesso de muco, e pode obstruir os canais dos seios nasais e das tubas de Eustáquio, causando dor e infecção. A coriza pode ser alérgica (serosa ou mucosa), infecciosa (purulenta) ou por HAS, erliquiose, traumática e alterações hemodinâmicas (hemorrágica). ESPIRRO O espirro é uma reação do corpo à obstrução das vias nasais, principalmente o nariz e a garganta. O estímulo que inicia o reflexo do espirro é a irritação das vias nasais; impulsos aferentes passam pelo quinto par craniano para o bulbo, onde o reflexo é desencadeado. TOSSE A tosse é uma contração espasmósdica, repentina e frequentemente repetitiva da cavidade torácica, resultando em uma violenta expulsão de ar dos pulmões, e geralmente acompanhada por um som característico. A tosse é essencial para remover o excesso de muco, produtos inflamatórios ou material estranho do trato respiratório distal a laringe. A ação fisiológica de tossir é responsável em parte ao nervo vago, que corre dos pulmões até o cérebro. A tosse pode ser produtiva ou improdutiva. • Tosse produtiva é quando existe a produção de muco ou catarro por inflamação das vias aéreas ou doenças infecciosas agudas ou crônicas. • Tosse improdutiva (seca) é quando não existe produção de muco ou catarro. Neste caso, a tosse é desencadeada pela irritação e inflamação das vias respiratórias superiores devido a vírus, bactériasou substâncias irritantes. É particularmente incomodativa e apresenta-se, em geral, nos primeiros dias das infeções virais do nariz e da garganta. Ela diminui a qualidade de vida do animal. A evolução de ambas as tosses pode ser súbita ou progressiva. DISPNÉIA Também chamado de distrição respiratória. É o desconforto ou dificuldade respiratória. A dispneia pode inspiratória, expiratória ou mista. • Dispneia inspiratória é aquela que dificulta a entrada do ar, é uma alteração nas vias aéreas superiores (estenose do nariz, corpos estranhos ou inflamação). • Dispneia expiratória é aquela relacionado as alterações da vias aéreas intratorácicas, por muco, líquidos ou diminuição da luz brônquica, dificultando a saída de ar alveolar (enfisema pulmonar e bronquites). Ainda pode ser classificada em restritiva quando há dificuldade de expansão de tórax (pneumonia, efusão pleural e pneumotórax, edema pulmonar) e obstrutiva pela dificuldade de passagem de ar nas vias brônquicas (bronquite e asma) • Dispneia mista é a junção da inspiratória com a expiratória, mas também intratorácica (edema pulmonar e broncopneumonia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Nariz https://pt.wikipedia.org/wiki/Espirro https://pt.wikipedia.org/wiki/Secre%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Muco https://pt.wikipedia.org/wiki/Seios_nasais https://pt.wikipedia.org/wiki/Tubas_de_Eust%C3%A1quio https://pt.wikipedia.org/wiki/Tubas_de_Eust%C3%A1quio https://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Espasmo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cavidade_tor%C3%A1cica https://pt.wikipedia.org/wiki/Pulm%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/Nervo https://pt.wikipedia.org/wiki/Pulm%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro SEMIOLOGIA: PERCUSSÃO • Som claro: som normal para pulmão • Som submaciço ou maciço: preenchimento pulmonar por sólidos, líquidos ou diminuição da quantidade de ar nos pulmões, como tumores pulmonares, abscessos e pneumonia • Som timpânico: maior preenchimento do pulmão por ar, como enfisema pulmonar ou pneumotórax AUSCULTAÇÃO Fazer a auscultação pulmonar no lado esquerdo e direito no 5°, 9° e 12° EIC. • Estridor: som inspiratório de alta tonalidade, indicativo de obstrução de via aérea superior; em geral é audível sem o auxílio de um estetoscópio. Obstrução de vias aéreas. • Crepitação: sons descontínuos de curta duração detectáveis á auscultação do tórax e da traquéia, que se caracterizam por sons de estalidos, espocar ou bolhas. Edema e pneumonia. • Sibilos: sons musicais contínuos detectáveis a auscultação do tórax ou da traquéia. Estreitamento do brônquio por ASMA ou bronquite. AFECÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 1 - SÍNDROME DO BRAQUIOCEFÁLICO A síndrome respiratória do cão braquicefálico é caracterizada pela obstrução parcial das vias aéreas superiores devido a (A) estenose das narinas, (B) prolongamento do palato mole, (C) aumento das tonsilas, (D) sáculos laríngeos evertidos, (E) estreitamento da glote, (F) hipoplasia de traquéia e (G) colapso de laringe e/ou traquéia. Para inspirar os cães braquicefálicos devem produzir um aumento da pressão negativa através do aumento do trabalho respiratório distalmente à resistência. Os fatores de risco apontados para a ocorrência da síndrome do cão braquicefálico são: raça, obesidade, climas quentes e úmidos, estado de excitação, sedação, sono, reações alérgicas, pneumopatias e endocrinopatias que causem aumento do ganho de peso e piora da respiração ofegante. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Dispnéia inspiratória e cianose • Intolerância ao exercício, tosse e sufocamento noturno DIAGNÓSTICO • Inspeção das narinas • RX: traquéia hipoplásica ou alterações secundárias (PPA e edema não-cardiogênico) • Endoscopia/laringoscopia e broncoscopia TRATAMENTO Cirúrgico. 2 - COLAPSO DE TRAQUÉIA Estreitamento do lúmen da traquéia que resulta do achatamento dos anéis cartilaginosos, de um excesso de membrana traqueal dorsal, ou de ambos. A condição pode acometer a traquéia em suas porções extratorácica, intratorácica ou ambas. Comum quando em paralisia de laringe. Comumente é encontrado em cães miniatura e toy de meia-idade ou idosos, obesos, braquicefálicos, como Poodle miniaturas, Yorkshire Terriers, Chihuahuas, Malteses e Lulus da Pomerânia. Ocasionalmente a doença é vista em cães jovens e de grande porte. Responsável pela “síndrome da angústia respiratória”. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Tosse seca após exercício ou ingestão de água ou alimentos, ou pela tração da coleira • Dispnéia, cianose e síncope EXAME FÍSICO/DIAGNÓSTICO Normal durante o exame, mas a tosse pode ser induzida pela palpação ou hipertensão do pescoço. Sibilos ou estertores estão associados à bronquite crônica. No RX inspiratórias mostram o colapso cervical, enquanto que radiografias expiratórias mostram o colapso traqueal. TRATAMENTO: O tratamento é apenas paliativo. 1 - ANTITUSSÍGENOS Efeito sedativo, reduzindo os ataques por excitação. Bloqueia a irritação progressiva da traquéia. • Butorfanol – 0,55mg/Kg VO TID ou BID • Hidrocodona – 0,22mg/Kg VO TID ou BID 2 - BRONCODILATADORES A dilatação de vias aéreas menores diminui o esforço expiratório, diminuem a pressão intratorácica e menor constrição da traqueia. • Teofilina - 10mg/Kg BID • Terbutalina – 1,25 a 2,5 mg por animal BID • Broncodilatadores (não recomendado) 3 - AIE O uso controverso, pois, predispõe a broncopneumonias e traqueobronquites bacterianas, porém é vista algumas vantagens quando associado a quadros alérgicos e inflamações da via respiratória associado a casos de tosse severa. • Prednisona em doses antiinflamatórias (0,25 a 1,0 mg/Kg BID ou SID) 4 - MEDIDAS ALTERNATIVAS • ANTBs: apenas após o resultado de cultura • Redução de peso, evitar coleiras cervicais e estresse e superaquecimento 5 - CIRURGIA • Apenas para casos severos de colapso. Colocação de Stent por endoscopia. 3 - TRAQUEOBRONQUITE INFECCIOSA Também conhecida como “tosse dos canis”. Os agentes causadores desta doença são a Parainfluenza, Adenovírus canino tipo-1, Adenovírus canino tipo-2, Bordetella bronchiseptica e o Mycoplasma sp. A transmissão se dá por aerossóis, tornando-se freqüente em locais onde se abrigam grandes quantidades de cães (exposições, abrigos para animais, lojas, hospitais veterinários e instalações de pesquisa). Os agentes também podem ser transmitidos por fômites (gaiolas, comedouros, bebedouros, funcionários, etc.). O período de incubação é de geralmente 5 a 7 dias, variando entre 3 e 10 dias. É comum em cães meia-idade e de raças pequenas. É uma doença autolimitante. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Tosse seca e repetida de início agudo • Na forma mais severa da doença é comum broncopneumonia DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e histórico do animal, e exames complementares como hemogramas e radiografias. A tosse pode ser induzida por palpação. Na auscultação pode haver ruídos traqueais. TRATAMENTO A doença é autolimitante, por isso, deve evitar exercícios, induzir o consumo hídrico, substituir coleira por peitoral e evitar estresse, poeira, fumaça e cigarro. • A tosse pode ser controlada por supressores de tosse, como Butorfanol e derivados de Codeína • AIE • ANTBs em casos de infecções graves: Amoxicilina e Doxiciclina 4 - BRONQUITE CRÔNICA A bronquite crônica canina é definida como tosse que ocorre diariamente, por dois ou mais meses consecutivos na ausência de qualquer outra causa identificada. É mais comum em cães de meia-idade e de raças pequenas. É uma doença incurável, porém controlada. A bronquite crônica canina seja consequência de um processo inflamatório de longadata iniciado por infecção, alergia, inalação de substâncias irritantes ou toxinas, resultado em alterações inflamatórias das vias respiratórias posteriores, mais precisamente dos brônquios, incluindo a inflamação neutrofílica e evidente aumento da produção de muco. O espessamento da parede brônquica e malacia podem contribuir para obstrução do fluxo de ar e piorar o desenvolvimento da inflamação. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Tosse produtiva ou improdutiva • Intolerância ao exercício, cianose e colapso • Dispnéia expiratória • Prostração e anorexia após infecção bacteriana EXAME FÍSICO • AP: sons estertores inspiratórios e sibilos expiratórios • Esforço expiratório e expiração prolongada • Possível associação com endocardiose de mitral ou colapso de traqueia DIAGNÓSTICO: HEMOGRAMA • Eosinofilia (alergias ou pneumonia parasitária) • Leucocitose (infecções bacterianas) BUSCA PARASITÁRIA • Teste para Dirofilariose • Coproparasitológico para vermes pulmonares RX • Espessamento dos brônquios e aumento generalizado da densidade pulmonar, com presença de “rosquinhas/ trilhos de trem” LAVADO TRAQUEAL • Infiltrado neutrofílico com muco excessivo, pequeno número de linfócitos e eosinófilos TRATAMENTO: 1 - AIE • Prednisona – 0,5 a 1mg/Kg BID até conseguir quando possível a dose de 0,5mg/Kg a cada 48h 2 - BRONCODILATADORES • Aminofililina – 11mg/Kg TID • Teofilina – 10mg/Kg BID • Terbutalina – 1,25 a 5 mg/cão 8/12 horas 3 - ANTBS Duração máxima de 7 dias. • Doxiciclina, Cloranfenicol, Quinolonas e Amoxacilina com Clavulonato 4 - ANTITUSSÍGENOS Apenas para tosse excessiva. • Butorfanol – 0,55mg/Kg VO TID ou BID • Hidrocodona – 0,22mg/Kg VO TID ou BID 5 - OUTROS MEIOS Redução de peso. 5 - BRONQUITE E ASMA FELINA BRONQUITE AGUDA Se caracteriza pela inflamação reversível das vias aéreas de curta duração (<1-3 meses), ocorre também o aumento na produção de muco, inflamação neutrofílica e macrofágica. BRONQUITE CRÔNICA Se caracteriza pela inflamação crônica das vias aéreas (> 2 – 3 meses) resultando em lesão irreversível (presença de fibrose ou enfisema). Além disso, ocorre o aumento na produção de muco; inflamação neutrofílica, eosinofílica ou mista; isolamento de bactérias ou microrganismos causadores de infecção ou como habitantes não- patogênicos; asma brônquica simultânea. A fumaça, agentes poluentes e irritantes, o granulado da caixa de areia, produtos de limpeza, problemas alérgicos, infecções e o convívio com fumantes, favorecem o aparecimento das manifestações clínicas (fatores predisponentes também para a ASMA). Comum em gatos jovens e de meia-idade. ASMA É a obstrução reversível das vias aéreas primariamente resultantes de broncoconstrição. É caracterizado pela hipertrofia do músculo liso; aumento na produção de muco, inflamação eosinofílica. EXAME FÍSICO/DIAGNÓSTICO • Tosse produtiva, dispneia, taquipneia, cianose e respiração oral • AP: sibilos ou crepitação • RX: padrão bronquial TRATAMENTO: 1 - BRONCODILATADORES • Terbutalina - SC (0,01mg/Kg) 2 - AIE • Dexametasona (IV) • Prednisolona • Acetato de metilprednisolona – 10mg/gato IM / Mensal 3 - OXIGENIOTERAPIA Realizar em um ambiente frio e calmo 4 - ANTBS Para quando cultura positiva para Mycoplasma. • Doxiciclina (5 a 10mg/Kg BID) • Cloranfenicol (10 a 15 mg/Kg BID) • Azitromicina (5 a 10mg/Kg SID 3 dias) 5 - USO DE INALADORES • Salbutamol • Salmeterol Fluticasona 6 - INVESTIGAR PRODUTOS INALADOS Perfumes, fumaça, desinfetantes, produtos para limpeza de tapetes e caixa sanitária do gato. 6 - BRONCOPNEUMONIA Broncopneumonia é uma resposta inflamatória onde há intensa exsudação celular e presença de líquido nas pequenas vias aéreas e nos alvéolos. A diferença de pneumonia para broncopneumonia, é que, na pneumonia apenas um ou mais lobos estão infeccionados, enquanto que, na broncopneumonia, pequenas partes de todos os lobos pulmonares estão infeccionados. Essa inflamação ocorre na maioria das vezes, devido a proliferação de micro-organismos que residem na microbiota respiratória do próprio paciente e, portanto, atuam como agentes oportunistas, que se aproveitam de uma falha no sistema imune do hospedeiro Fatores predisponentes: traqueobronquite infecciosa, doença pulmonar pré-existente (bronquite não-infecciosa, dirofilariose e inalação de fumaça), inalação ou aspiração de fluídos (megaesôfago, vômito e paralisia laringeana), imunossupressão (infecciosa, metabólica e por fármacos) e sonda endotraqueal contaminada. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Taquipnéia e dispneia • Tosse produtiva e febre DIAGNÓSTICO: RAIO-X Os lobos pulmonares médio direito e os lobos craniais são os mais acometidos. • Padrão intersticial (vírus e protozoários) • Padrão alveolar (bacteriano) • Padrão nodular (fúngico e neoplásico) LEUCOGRAMA • Leucocitose com desvio à esquerda • Monocitose • Infecções bacterianas aguda e severa causam neutropenia com desvio à esquerda degenerativo TRATAMENTO: • Não usar supressores de tosse • Administrar oxigênio umidificado em animais dispneicos e cianóticos. • A terapia com broncodilatadores é controversa 1 - ANTBS O período mínimo de ANTBs é de 3 semanas (períodos mais longos apenas após resultado de hemograma e RX). O ideal é realizar cultura antibiograma por lavado traqueal. Usar ANTBs de largo espectro: • Cefalosporinas • Sulfadiazina – Trimetropina • Fluoquinolonas (enro e orbifloxacina) • Amoxacilina com ácido- clavulânico • Tetraciclinas (em cães com mais de 8 semanas ) • Cefalotina ou cefazolina (20mg/Kg TID) DERMATOLOGIA PELE O sistema tegumentar recobre o corpo, protegendo- o contra o atrito, a perda de água, a invasão de micro- organismos e a radiação ultravioleta. Tem papel na percepção sensorial, na síntese de vitamina D, na termorregulação, na excreção de íons e na secreção de lipídios protetores e de leite. A pele ainda é constituída por anexos: pelos, glândulas sebáceas, sudoríparas e mamárias. ESTRUTURAS DA PELE É composto pela epiderme, feita de epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. Pela derme, feita de tecido conjuntivo. E, mais abaixo, a hipoderme, feita de tecido frouxo. EPIDERME É a camada mais superficial, avascular e disposta em 4 camadas: basal, espinhosa, granulosa e córnea. Camada Córnea É a camada mais externa da epiderme. É uma camada de células mortas, achatadas, anucleadas e secas que sofreram o processo de queratinização rodeadas por uma camada de gordura. Essa camada sofre manutenção entre 21-22 dias, na qual as células são desprendidas para renovação constante. Camada Granulosa Compostas por poucas camadas de células achatadas com queratomalina (precursora da queratina). Camada Espinhosa É formada por várias camadas, é composta por queratinócitos. No espaço entre as células há o glicocálix (meio condutor de substâncias hidrossolúveis). Camada Basal É a camada mais interna da epiderme. Está em contato direto com a derme. Existem 4 tipos de células: queratinócitos, melanócitos, células táteis e células de Langerhans. Essa camada sofre mitose constantemente para repor as células da epiderme. DERME É a segunda camada da pele. É a mais espessa, profunda e vascularizada por vasos sanguíneos e linfáticos, constituída de tecido conjuntivo, como colágeno e fibras elásticas. É dividida entre camada papilar (1/5 da derme) e camada reticular. A vascularização da derme nutre a camada basal da epiderme. Nessa camada é ainda onde encontra-se os folículos pilosos, glândulas e nervos. HIPODERME Tela subcutânea que une a derme aos tecidos e órgãos subjacentes. É composta por células adiposas responsáveis pelo isolamentotérmico, reserva calórica e proteção contra traumas. SEMIOLOGIA: CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES: 1 - ALTERAÇÃO DE COR É a formação de manchas ou máculas. São alterações circunscritas da cor da pele sem nenhuma alteração da espessura e textura e, portanto, sem relevo ou depressão. É classificado é vasculho-sanguíneas e pigmentares com respectiva subclassificações. VASCULO-SANGUÍNEA Ocorre por vasodilatação, constrição ou extravasamento de hemácias. Quando não. É dividido em eritema e púrpura com subdivisões. Eritema Mancha vermelha por vasodilatação que desaparece com digitopressão (sinal de inflamação). • Exantema: evolução aguda • Enantema: em mucosas Púrpura Mancha de cor vermelho retinto causada por processo hematológico. É o extravasamento de hemácias que não desaparece com digitopressão. • Petéquias: até 1cm • Equimoses: > 1cm • Víbices: púrpuras lineares PIGMENTARES Está dividido em manchas hipercrômicas quando há o aumento de melanina ou outros pigmentos e manchas leucodérmicas que a é diminuição de melanina. Manchas Hipercrômicas (hiperpigmentadas) • Machas melanodérmicas: mancha escura em mucosa ou pele por depósito de melanina • Hiperpigmentação: escurecimento da pele por aumento na produção de melanina Manchas Leucodérmicas (despigmentação) • Acrômicas: cor branco-marfim por ausência total de melanina • Hipocrômicas: diminuição da melanina 2 - ELEVAÇÕES EDEMATOSAS São elevações circunscritas da pele provocadas por edema da derme ou hipoderme. Lesão com Godet (+) URTICÁRIA Elevação da pele, de cor vermelha ou branco-rosada, de tamanho e formas variáveis, de duração efêmera e muito prurignosa. ANGIOEDEMA Área de edema circunscrito que causa tumefação intensa na face. O processo de vasodilatação ocorre na derme e hipoderme. 3 - FORMAS SÓLIDAS Lesões elementares em que há alteração do relevo cutâneo, surgindo de elevações de conteúdo sólido. Podem ser epidérmicas, dérmicas ou hipodérmicas. PÁPULAS Lesão sólida, elevada, circunscrita e < 1cm de diâmetro. NÓDULO Lesão sólida, circunscrita, eleva ou não e de 1-3cm de diâmetro. TUMOR Lesão sólida, circunscrita, elevada ou não e > 3cm de diâmetro. 4 - LESÕES LÍQUIDAS Lesões elementares que se caracterizam por apresentar conteúdo líquido, que pode ser sangue, serosidade ou pus. VESÍCULAS Elevação circunscrita com conteúdo líquido de até 1cm de tamanho. O conteúdo pode ser claro-seroso ou hemorrágico. PÚSTULA Elevação circunscrita com conteúdo líquido de até 1cm de tamanho, contendo líquido turvo (pus). BOLHA Lesão elementar de conteúdo líquido, > 1cm de diâmetro, pode ter conteúdo seroso, purulento ou sangue. ABSCESSO Formação circunscrita, de tamanho variável, > 1cm que contém pus. Acompanha-se de calor, rubor, dor e, evolutivamente, apresenta flutuação central por liquefação do conteúdo purulento. HEMATOMA Formação circunscrita, de tamanho variável, decorrente do acúmulo de sangue na pele e nos tecidos subjacentes por ruptura de vaso. 5 - ALTERAÇÕES DE ESPESSURA As espessuras podem estar aumentadas ou diminuídas. O aumento da espessura é decorrente de aumento dos constituintes normais da epiderme ou da derme e da presença de edema ou infiltrados celulares, inflamatórios ou neoplásicos, na derme. A diminuição da espessura decorre pela atrofia da pele. AUMENTO: CERATOSE/HIPERQUERATOSE É o aumento da espessura da pele, que se torna dura, inelástica, de superfície áspera e cor amarelada. É consequente ao aumento da espessura da camada córnea da epiderme. LIQUENIFICAÇÃO Espessamento da pele, com acentuação dos sulcos e da cor normal da pele, configurando um aspecto quadriculado da superfície cutânea. Decorrente de aumento da camada malpighiana da epiderme, isto é, acantose. EDEMA Aumento da espessura da pele, depressível, decorrente da presença de plasma na derme ou na hipoderme. Godet (+). DIMINUIÇÃO: ATROFIA Diminuição da espessura da pele, que se torna adelgaçada e pregueável. 6 - PERDAS E REPARAÇÕES TECIDUAIS Lesões elementares decorrentes da eliminação ou da destruição patológica de tecidos cutâneos, bem como alterações resultantes de reparações teciduais. ESCAMAS Resultante do desprendimento da superfície cutânea em decorrência da alterações na queratinização. Está dividida em furfuráceas e micáceas. • Furfuráceas: lâminas epidérmicas secas que descamam de forma fina ou pulverulenta, recordando o aspecto do farelo e de tamanho pequeno • Micáceas: lâminas epidérmicas secas e grandes que lembram o aspecto de fragmentos de papel EROSÃO/EXULCERAÇÃO Solução de continuidade superficial da pele por perda circunscrita da epiderme. Quando há reparação não há cicatriz. ÚLCERA Solução de continuidade mais profunda da pele por perda circunscrita da epiderme e derme, podendo atingir tecidos mais profundos. Quando há reparo, forma-se cicatriz. ESCORIAÇÃO Erosões lineares decorrentes de origem traumática resultantes de prurido. FÍSTULA Canal com pertuíto na pele que drena à superfície conteúdo de foco profundo de supuração. CROSTA Concreções resultantes do dessecamento de secreções que se formam em áreas de perdas teciduais. • Melicéricas: serosa ou pus • Hemorrágicas • Necróticas COLARINHO EPIDÉRMICO Fruto do rompimento da pústula. DERMATOPATIAS PARASITÁRIAS DEMODICIOSE A demodicose canina (DC) é uma dermatite resultante da multiplicação excessiva de ácaros do género Demodex canis na pele dos cães, é uma doença multifatorial onde a presença do ácaro se conjuga com fatores genéticos e imunológicos do animal. É conhecida como “Sarna Demodécica ou Sarna Negra” O D. canis pode ser encontrado na pele normal canina, presente em pequenos números na maioria dos cães saudáveis. São ácaros escavadores, os quais têm como hospedeiros todos os mamíferos domésticos e o homem, sendo de distribuição mundial, localizam-se dentro dos folículos pilosos e das glândulas sebáceas. Possuem o corpo afilado e alongado, de até 0,2 mm de comprimento, com quatro pares de patas dilatadas anteriormente. Ácaros do gênero Demodex • Demodex canis (99% dos casos) • Demodex injai • Demodex cornei • Demodex cyonis EPIDEMIOLOGIA A transmissão de D. canis ocorre por contato direto da progenitora para a sua ninhada, ou entre os cachorros da ninhada, durante as primeiras 48 a 72 horas pós-parto. A patogenia da doença está relacionada pela quantidade exagerada do D. canis na pele por disfunção imunitária ou predisposição genética. O controle da disseminação do D. canis é feita pelo próprio sistema imune, o aumento de D. canis está relacionado a imunossupressão, como falha imunológica em filhotes (<1 ano de idade), uso de AIE/QT ou problemas endócrinos (HAC/HIPOT/DM). Algumas raças também são predispostas: Boston Terrier, Jack Russel Terrier, Scottish Terrier, Boxer, Bulldog, Chihuahua, Dalmata, Daschund, Doberman pinscher, Dogue alemão, Galgo afegão, Malamute do Alasca, Old English Sheepdog, Pointer, Shar-pei, Weimaraner, West Highland White Terrier. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A DC pode ser classificada segundo sua distribuição corpórea (localizada ou generalizada) e faixa etária de ocorrência das primeiras manifestações (juvenil ou adulta). • Lesões em face, região periocular, comissura da boca e membros torácicos, mas qualquer parte do corpo pode ser afetada • Alopecia, eritema, edema, inflamação e piodermite por infecção bacteriana secundária • Blefarite e alopecia de pálpebra • Hiperpigmentação por processo inflamatório crônico • Linfoadenomegalia, apatia, lambedura em excesso e dor • Sem pruridoDIAGNÓSTICO: EXAME PARASITOLÓGICO DE RASPADO DE PELE (EPRP) É o exame eletivo para D. canis, devendo ser profundos e em diversos locais do corpo, objetivando atingir os ácaros no fundo dos folículos pilosos e glândulas. O exame é positivo para quando encontrado apenas 1 ácaro nas lesões. FITA ADESIVA Deve ser feito “espremendo” uma prega da pele para que o ácaro seja exposto e, assim, grudar na fita. É um exame menos invasivo. HISTOPATOLÓGICO Em suspeitas de D. canis em cães da raça Sharpey deverá ser feito o histopatológico por conta da condição anatômica da pele. EXAME PARASITOLÓGICO POR DECALQUE DE EXSUDATO Em casos de pele com excesso de exsudato realizar o exame parasitológico por decalque de exsudato, deve ser feito passando a lâmina contra a pele exsudativa. TRATAMENTO: MÉTODOS ANTIGOS • Amitrax (Triatox®) • Uso semanal, de longo tratamento (6-8 meses) e com risco de intoxicação GRUPO DAS LACTONAS MACROLÍTICAS • Moxidectina - VO/SC, geralmente causa muitas reações adversas • Milbemicina - não é utilizada no Brasil • Ivermectina e Doramectina - são medicamentos que ultrapassam a BHE e causam sintomas de intoxicação no SNC nas raças: Pastor Australiano, Pastor de Shetland, Border Collie e Collie GRUPO DAS ISOXAZOLINAS Esse é o tratamento mais utilizado atualmente por ser o método mais rápido e seguro. • Fluralaner (Bravector®) - a cada 3 meses • Afoxalaner (Nexgard®) - a cada 30 dias • Saroloner (Simparic®) - a cada 35 dias • Lotilaner (Credeli®) - a cada 30 dias USO COADJUVANTE Xampus bactericidas: • Peróxido de Benzoíla (Clorexidina 3%) • Triclorocarbanilida (Triclosan 0,1-2%) • Halogenalo (PVPI2) ANTBs: • Amoxicilina com Clavulanato - 30 dias • Cefalosporinas de 1° ou 3° geração - 30 dias ESCABIOSE CANINA A Sarna Sarcóptica Canina ou Sarna Vermelha é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. canis. É uma dermatite altamente contagiosa, não-sazonal e, geralmente, espécie-específico, mas pode afetar os gatos, raposas e o homem. É um ácaro que se aloja na camada córnea da epiderme, aonde permanecem em movimentação constante escavando túneis, causando prurido intenso. Ocorre principalmente em cães com menos de um ano de idade, mas não se pode descartar o envolvimento de fatores imunológicos e não há predisposição sexual ou racial EPIDEMIOLOGIA O parasita completa o seu ciclo vital (ovo - larva - ninfa - adulto) em 17 a 21 dias nos túneis do estrato córneo. A sarna sarcóptica é altamente contagiosa e é primariamente transmitida através do contato direto, mas os instrumentos de higiene e os canis podem albergar os ácaros, sendo, a transmissão indireta um dos possíveis meios. É uma zoonose. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A lesão é geralmente em áreas glabras do pelame, como borda de pavilhão auricular, articulação do cotovelo e calcanhar e abdome. • Prurido intenso e agudo • Presença de crostas, alopecia, escoriações e hiperemia • Hiperpigmentação e liquefação DIAGNÓSTICO EPRP Raspado superficial e extensivo em: borda de orelha > cotovelo > calcanhar. ESCABIOSE FELINA A Sarna Notoédrica ou Sarna Felina é causada pelo ácaro Notoedres cati, esse ácaro ainda pode infestar coelhos e humanos. É uma zoonose. O N. catis é morfologicamente similar ao S. canis. Assim como o S. canis, é um ácaro da camada córnea que causa intenso prurido, acometendo mais filhotes e machos. O ciclo evolutivo e a transmissão são os mesmos do S. canis. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões escamosas, secas e com crostas em bordas das orelhas e face • Lesões com hiperqueratose • Prurido intenso e agudo • As lesões, geralmente, começam no pavilhão auricular e disseminam-se para a face • Problemas oftalmológicos: entrópio e úlcera de córnea DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se no hospedeiro envolvido, no intenso prurido na localização das lesões e na rápida disseminação atingindo todos os filhotes da mesma ninhada. EPRP Raspado superficial e extensivo em: borda de orelha > cotovelo > calcanhar. TRATAMENTO PARA ESCABIOSES: GRUPO DAS LACTONAS MACROLÍTICAS SELAMECTINA • Revolution® - 6mg/kg a cada 30 dias • É o tratamento eletivo MOXIDECTINA + IMIDACLOPRIDE • Advocate® - 2 aplicações com intervalo quinzenal ou mensal GRUPO DAS ISOXAZOLINAS • Fluralaner (Bravector®) - a cada 3 meses • Afoxalaner (Nexgard®) - a cada 30 dias • Saroloner (Simparic®) - a cada 35 dias • Lotilaner (Credeli®) - a cada 30 dias USO COADJUVANTE • AIE: Prednisona/prednisolona - 0,5/kg/SID durante 5 dias • Tratar todos os contactantes • Higienizar o ambiente DERMATOPATIAS FÚNGICAS DERMATOFITOSE Fungos dermatófitos apresentam a capacidade de invadir e se estabelecer em tecidos queratinizados íntegros (pele, pelo, unhas e chifres) dos animais e do homem. Esses fungos são querotinofílicos, seu metabolismo é dependente da queratina. É uma doença que acomete animais jovens (<1 ano de idade) e imunossuprimidos. A infecção se limita a camada córnea da epiderme devido a incapacidade do fungo de penetrar tecidos profundos ou órgãos de indivíduos. É uma zoonose. Principais fungos envolvidos: • Microsporum canis - 99% dos casos. Comum em York e em Persas. Possui tropismo por gatos. • Microsporum gypseum - encontrado naturalmente na terra • Trichophyton mentagrophytes - roedores • Trichophyton rubrum - humanos Quando um animal é exposto a um dermatófito, pode ocorrer uma infecção. A ruptura mecânica do estrato córneo é importante para facilitar a penetração e invasão dos folículos pilosos. As hifas fúngicas disseminam-se na superfície do pêlo e, posteriormente, migram para o bulbo do pêlo, produzindo enzimas queratolíticas que permitem a penetração em sua cutícula. Neste ponto, o fungo estabelece um equilíbrio entre o crescimento para baixo e a produção de queratina ou é expelido. Os dermatófitos possuem um sistema enzimático capaz de quebrar as ligações S-S da queratina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Escamas • Pelame fraco • Prurido ou lambedura discreta • Lesões circulares (vulcão) alopécicas • Pode ocorrer lesão em Kérion • Pode ocorrer granuloma dermatofílico por invasão de camadas profundas por imunossupressão DIAGNÓSTICO CULTIVO MICOLÓGICO Coletar pelo da borda da lesão e enviar ao laboratório. O resultado do cultivo pode demorar de 15-30 a dias. LAMPADA DE WOOD É a utilização da luz negra. Os metabólitos queratinolíticos do M. canis são fluorescentes (cor verde-maçã). É um exame válido apenas ao M. canis, mas que pode ser falso-negativo porque apenas 50% dos M. canis são produtores de metabólitos fluorescentes. EXAME MICROSCÓPICO DIRETO No exame microscópico direto o material colhido deve ser tratado com clarificantes, como o hidróxido de potássio (potassa) em uma concentração de10- 30%, para que as estruturas fúngicas presentes possam será adequadamente visualizada ao microscópio. Observar hifas septadas, ramificadas ou não e artroconídeos. TÉCNICA DO CARPETE É o mais utilizado para pesquisa de animais assintomáticos. Um carpete estéril é friccionado sobre a área de lesão no animal e colocado sobre uma placa de Ágar Mycosel por cerca de 15 minutos. Amostras de pelame retiradas da borda da lesão também podem ser semeadas em ágar Sabouraud com cloranfenicol e ágar Mycosel. Todas as semeaduras são incubadas a 25ºC. TRATAMENTO: TÓPICO (XAMPUS) • Clorexidine3% • Miconazol2% • Cetoconazol 2% • Terbinafina 2% SISTÊMICO • Griseofulvina - 50mg/kg/SID por 6 semanas • Cetoconazol - 5/10mg/kg/SID por 6 semanas • Itraconazol - 5/10mg/kg/SID por 6 semanas • Terbinafilina -10/20mg/kg/SID por 6 semanas OUTROS Higienização ambiental com Hipoclorito
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