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Capítulo 15 - Dois povos e duas culturas

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CAPÍTULO PRÓLOGO: Dois mundos, dois povos e duas culturas: Os indo-europeus e os semitas ( judeus e arábes )
RENAN MENEGHELLI·SEXTA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2018·READING TIME: 6 MINUTES
Vimos como os filósofos do Helenismo assimilaram os antigos filósofos gregos, e como alguns foram fundadores de seitas religiosas. Plotino prestou homenagem a Platão como se se tratasse de um redentor da humanidade. Mas, como sabemos, no mesmo período nasceu um outro redentor fora do âmbito cultural greco-romano. Refiro-me a Jesus de Nazaré. Vamos ver neste capítulo como o cristianismo foi penetrando no mundo greco-romano.
Jesus era judeu, e os judeus pertencem à cultura semítica. Os gregos e os romanos pertencem à cultura indo-europeia. Podemos constatar que a civilização europeia tem duas raízes. Antes de observarmos melhor como é que o cristianismo se mistura lentamente com a cultura greco-romana, vamos tratar dessas duas raízes.
“Os indo-europeus”
Designamos por “indo-europeus” todos os países e culturas onde se falam línguas indo-européias. Pertencem a este grupo todas as línguas européias, exceto as línguas ugrofínicas (lapão, finlandês, estônio e húngaro) e basco. A maior parte das línguas indianas e iranianas pertencem à família lingüística indo-européia. Há cerca de quatro mil anos, os primeiros indo-europeus viviam provavelmente na região do mar Negro e do mar Cáspio.
Pouco depois, essas tribos indo-europeias começaram a migrar para o Sudeste, para o Irão e para a índia; para o Sudoeste, para a Grécia, Itália e Espanha; para Oeste, através da Europa Central, para Inglaterra e França; para Noroeste, para a Escandinávia; e para o Norte, para a Europa de Leste e Rússia. Por toda a parte, os indo-europeus foram-se misturando com as culturas anteriores, se bem que a religião e a língua indo-europeias desempenhassem um papel dominante.
Tanto os antigos escritos indianos védicos como a filosofia grega e inclusivamente a mitologia de “Snorri” estão, portanto, escritos em línguas aparentadas. Este parentesco não se limita às línguas. As línguas aparentadas correspondem geralmente a ideias aparentadas. Por isso podemos falar de uma “cultura indo-europeia”.
A cultura dos Indo-europeus era principalmente caracterizada pela crença em vários deuses diferentes, ou seja, pelo “politeísmo”. Encontramos em toda a área indoeuropéia nomes de deuses, muitos termos religiosos importantes e expressões semelhantes. Vou dar alguns exemplos: Os antigos hindus veneravam o deus “Dyaus”. Em grego, este deus chama-se “Zeus”, em latim “Júpiter” (na realidade “Iovpater”, ou seja, "pai Iov"), e em antigo nórdico “Tyr”. Os nomes Dyaus, Zeus, Iov e Tyr são, portanto, diferentes variantes da mesma palavra.
Talvez ainda te lembres que os Vikings no Norte da Europa veneravam deuses a que chamavam “ases”. Também encontramos este termo para "deuses" no conjunto do âmbito indo-europeu. Em antigo hindu (sânscrito), os deuses chamam-se “asura”, em antigo persa “ahura”. Uma outra palavra para deus em sânscrito é “deva”, em persa “daeva”, em latim “deus” e em antigo nórdico “tivurr”.
No Norte da Europa havia ainda um grupo próprio de divindades da fertilidade (por exemplo, Njõrd, Freyr, Freyja). Estas divindades eram designadas “vanes”. Esta palavra é aparentada com o nome da deusa latina da fertilidade “Vênus”. Em sânscrito há o termo aparentado “vani”, que significa "prazer" ou "desejo". Determinados mitos apresentam em toda a área indo-européia um claro parentesco.
Quando Snorri fala acerca dos antigos deuses nórdicos, alguns mitos fazem recordar mitos hindus que foram narrados dois ou três mil anos antes. Obviamente, os mitos de Snorri estão relacionados com a natureza nórdica e os indianos com a natureza indiana. Mas muitos dos mitos têm um núcleo que aponta para uma origem comum.
Podemos afirmar que não é por acaso que a filosofia grega nasceu justamente no âmbito da cultura indo-européia. As mitologias indiana, grega e nórdica apresentam claros princípios de um pensamento filosófico ou "especulativo".
Os indo-europeus procuravam ter conhecimento da evolução do mundo. Podemos inclusivamente seguir em toda a área indo-europeia um termo preciso para "conhecimento" ou "saber" de cultura para cultura. Em sânscrito, este termo é “vidya”. Esta palavra é idêntica à palavra grega “idea”, que como sabes, desempenha um papel importante na filosofia de Platão. Do latim conhecemos a palavra “video”, que para os romanos significava simplesmente "ver". (Só nos nossos dias é que "ver" é quase sinônimo de fixar o tela da televisão). Do inglês conhecemos as palavras “wise” e “wisdom” (sabedoria), em alemão “weise” e “Wissen”. Em norueguês temos a palavra “viten”. A palavra norueguesa "viten" tem, portanto, as mesmas raízes que a palavra indiana "vidya", a grega "idea" e a latina "video".
Em traços largos, podemos verificar que a visão era o sentido mais importante para os indo-europeus. Entre os indianos e entre os gregos, entre os iranianos e os germanos, a literatura é caracterizada por grandes visões cósmicas. (Temos de novo a palavra "visão", que vem do verbo latino "video".) Além disso, era costume nas culturas indo-européias produzir pinturas e esculturas dos deuses e dos acontecimentos mitológicos.
Finalmente, os indo-europeus tinham uma “concepção cíclica da história”. Significa que para eles a história decorre circularmente – ou em "ciclos" - tal como as estações do ano alternam entre Verão e Inverno. Não há um verdadeiro começo nem um verdadeiro fim da história. Trata-se de civilizações diversas que nascem e perecem na alternância constante entre nascimento e morte. Ambas as grandes religiões orientais - hinduísmo e budismo - são de origem indo européia.
O mesmo é válido para a filosofia grega, e vemos claros paralelismos entre o hinduísmo e o budismo por um lado e a filosofia grega por outro. Ainda hoje o hinduísmo e o budismo estão fortemente influenciados pela reflexão filosófica.
Frequentemente se põe em evidência que no hinduísmo e no budismo o divino está presente em tudo (panteísmo) e que o homem pode alcançar a unidade com Deus através do conhecimento religioso.
Para isso, é geralmente necessária uma grande concentração e meditação. No Oriente, a passividade e o recolhimento são um ideal religioso. Na Grécia, era frequente pensar-se que o homem tinha de viver uma vida de ascese - ou retiro religioso - para libertar a sua alma. Alguns elementos da vida monástica medieval remontam a essas concepções do mundo greco-romano. Em muitas culturas indo-europeias a crença na “metempsicose” era também muito importante; assim, no hinduísmo, o objetivo de cada crente é ser libertado um dia da migração das almas. E sabemos que Platão também acreditava na migração das almas.

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