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O Cuidado de Enfermagem a Pacientes com Complicações NEUROLÓGICAS Prof.Rogério Menezes Destaques das Diretrizes da AHA 2010 para RCP e ACE CASO CLÍNICO Acidente vascular cerebral Paciente do sexo masculino, 68 anos, foi admitido com afasia grave de início 3,5 horas antes. Sem comorbidades. Ao exame, ritmo cardíaco irregular, FC 117 bpm, PA 190x120 mmHg. Glicemia capilar 142 mg/dL. Tomografia de crânio normal. Qual a melhor opção? AAS 200mg Tempo de início dos sintomas superior a 3 horas é contraindicação a trombólise Não tratar a pressão arterial e iniciar a alteplase Controle da pressão arterial e trombólise Opção D. 2 TIPOS Acidente vascular cerebral ISQUÊMICO HEMORRÁGICO 80% 20% Doenças diametralmente opostas, que podem se apresentar de forma semelhante. A proporção de AVC isquêmicos varia entre 68 e 87%. Doenças diametralmente opostas, que podem se apresentar de forma semelhante. A proporção de AVC isquêmicos varia entre 68 e 87%. Encefalopatia hipertensiva é um diagnóstico diferencial. 3 Lancet 2016; 388: 1459–544 EPIDEMIOLOGIA Ranking global de causas de morte (2015) Doença coronariana DOENÇAS CEREBROVASCULARES DPOC Infecções respiratórias baixas Câncer de pulmão HIV/AIDS Acidente vascular cerebral Figura da campanha mundial de combate ao AVC realizada em 2012. 4 Stroke 1993;24(1):35 ETIOLOGIA Classificação TOAST Aterosclerose de grandes vasos Embolismo cardioaórtico Oclusão de pequeno vasos Outras etiologias Indeterminada Acidente vascular cerebral Trombose de grandes vasos: arteriosclerose (mais comum), vasoconstrição, dissecção, displasia fibromuscular, arterites. Envolve artérias extracranianas (carótidas comum e interna, vertebrais) e intracranianas (polígono de Willis e ramos proximais). Esses vasos são fonte de embolia intra-arterial. Diferente da trombose, a embolia tipicamente acomete diferentes territórios vasculares simultaneamente. Causas: fibrilação e flutter atrial, cardiopatia valvar reumática, próteses valvares, infarto miocárdico recente (< 1 mês), disfunção ventricular esquerda sistólica grave, endocardite de Libman-Sacks, endocardite infecciosa, mixoma atrial, cirurgia de revascularização miocárdica (AVC ocorre em 2-6%), trombose venosa associada a forma oval patente, calcificação do ânulo mitral, miocardiopatia hipertrófica, placa aórtica complexa > 4 mm. Trombose de pequenos vasos: lipo-hialinose (mais comum) ou ateroma. Engloba ramos penetrantes oriundos dos grandes vasos e cursa com infarto lacunar, geralmente nos núcleos da base, cápsula interna, tálamo e ponte. A lipo-hialinose está associada a hipertensão e ao envelhecimento. Outras etiologias: hipoperfusão sistêmica (parada cardiorrespiratória, arritmia cardíaca, embolia pulmonar de alto risco, hemorragia), anemia falciforme, policitemia vera, trombocitose essencial, HIT, trombofilias. 5 Trombose de grandes vasos: arteriosclerose (mais comum), vasoconstrição, dissecção, displasia fibromuscular, arterites. Envolve artérias extracranianas (carótidas comum e interna, vertebrais) e intracranianas (polígono de Willis e ramos proximais). Esses vasos são fonte de embolia intra-arterial. Diferente da trombose, a embolia tipicamente acomete diferentes territórios vasculares simultaneamente. Causas: fibrilação e flutter atrial, cardiopatia valvar reumática, próteses valvares, infarto miocárdico recente (< 1 mês), disfunção ventricular esquerda sistólica grave, endocardite de Libman-Sacks, endocardite infecciosa, mixoma atrial, cirurgia de revascularização miocárdica (AVC ocorre em 2-6%), trombose venosa associada a forma oval patente, calcificação do ânulo mitral, miocardiopatia hipertrófica, placa aórtica complexa > 4 mm. Trombose de pequenos vasos: lipo-hialinose (mais comum) ou ateroma. Engloba ramos penetrantes oriundos dos grandes vasos e cursa com infarto lacunar, geralmente nos núcleos da base, cápsula interna, tálamo e ponte. A lipo-hialinose está associada a hipertensão e ao envelhecimento. Outras etiologias: hipoperfusão sistêmica (parada cardiorrespiratória, arritmia cardíaca, embolia pulmonar de alto risco, hemorragia), anemia falciforme, policitemia vera, trombocitose essencial, HIT, trombofilias. FATORES DE RISCO Acidente vascular cerebral 80% podem ser prevenidos! 7 FATORES DE RISCO Acidente vascular cerebral 8 Acad Emerg Med. 1997 Oct;4(10):986-90 TRIAGEM Acidente vascular cerebral Escala pré-hospitalar de Cincinnati. A presença de paralisia facial, diminuição da força nos braços ou dificuldade da fala tem sensibilidade de 100% e especificidade de 88%. 9 Neurology. 1999 Jul 13;53(1):126-31 EXAME FÍSICO Escala do NIH Nível de consciência Olhar conjugado Visão Paralisia facial Força dos braços Força das pernas Ataxia de membros Sensibilidade Linguagem Disartria Extinção ou desatenção Acidente vascular cerebral Escala do NIH da admissão tem forte correlação com desfecho em 7 dias e 3 meses. Quanto maior, pior. Valor ≥ 20 indica AVC grave. Limitação para avaliação da circulação posterior (questão da prova). 10 CUIDADOS GERAIS DESCARTAR HIPOGLICEMIA Manter saturação de oxigênio > 92% Cabeceira entre 0º e 15º Dois acessos venosos calibrosos Evitar febre Não tratar hipertensão arterial até 220/120 mmHg Acidente vascular cerebral Manter cabeceira baixa nas primeiras 24 horas. Elevar cabeceira a 30º quando houver risco hipertensão intracraniana, aspiração ou dessaturação. Tratar hipertensão quando PAS > 220 ou PAD > 120 ou emergência hipertensiva. 11 TROMBÓLISE Acidente vascular cerebral Estudos NINDS (1995) e ECASS 3, que mostraram benefício do fibrinólise até 4,5 horas do início dos sintomas. 12 TROMBÓLISE Acidente vascular cerebral Lancet 2014; 384: 1929–35 Metanálise envolvendo os principais estudos: NINDS, ECASS, ATLANTIS, EPITHET, IST-3. Quanto mais precoce a trombólise, melhor o desfecho. 13 TROMBÓLISE Reperfusão Alteplase 0,9 mg/kg → 10% em bolus e restante em 60 minutos Manter PAS ≤ 180 mmHg e PAS ≤ 105 mmHg Termo de consentimento NNT / NNH = 10 1 em 15 podem apresentar hemorragia grave Acidente vascular cerebral Tempo porta-agulha ≤ 60 minutos Fundamental definir o último momento em que o paciente estava assintomático. Definir com precisão o peso para ajuste da posologia. Dose máxima 90 mg. Nitroprussiato de sódio é o anti-hipertensivo de escolha. Outras opções: nitroglicerina, esmolol, metroprolol. Evitar cateterismo vesical, acesso venoso central e outros procedimentos invasivos nas primeiras 24 horas. 14 RISCO VS. BENEFÍCIO Acidente vascular cerebral Stroke. 2007;38:2215-2216 Ferramenta ilustrativa para conversar com pacientes e familiares, baseada nos resultados do estudo NINDS: de cada 100 pacientes com AVC submetidos a trombólise, 32 terão benefício e 3 sofrerão hemorragia cerebral sintomática. Ferramenta ilustrativa para conversar com pacientes e familiares, baseada nos resultados do estudo NINDS: de cada 100 pacientes com AVC submetidos a trombólise, 32 terão benefício e 3 sofrerão hemorragia cerebral sintomática. 15 COMPLICAÇÃO Risco de hemorragia cerebral 5-7% Se houver piora do déficit neurológico, queda do nível de consciência, cefaleia, vômitos ou elevação súbita da pressão arterial durante a infusão do trombolítico → interromper e repetir TC Em caso transformação hemorrágica: 10 unidades de crioprecipitado 6-8 unidades de plaquetas Parecer do neurocirurgião Acidente vascular cerebral Stroke. 2007;38(6):2001 Geralmente a transformação hemorrágica está associada a piora de 4 ou mais pontos na escala do NIH. Se descartar sangramento, reiniciar infusão do trombolítico. Repetir TC em 24 horas. 16 Geralmente a transformação hemorrágica está associada a piora de 4 ou mais pontos na escala do NIH. Se descartar sangramento, reiniciar infusão do trombolítico. Repetir TC em 24 horas OBSERVAÇÃO FLUXOGRAMA Acidente vascular cerebral Déficit neurológico focal súbito Sem hemorragia < 4,5 horas dos sintomas Sem contraindicação > 4,5 horas dos sintomas Contraindicação AAS 325 mg TROMBÓLISE TC crânio Após 24 horas 18 TROMBECTOMIAAcidente vascular cerebral Oclusão das artérias carótida interna direita e cerebral média (M1). Figura D mostra o resultado após trombectomia. 19 TEMPO É CÉREBRO Acidente vascular cerebral Pacientes com suspeita de AVC devem ser triados com a mesma prioridade que aqueles com infarto agudo do miocárdio ou trauma, independente da gravidade do déficit neurológico 20 ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO Definição Disfunção neurológica transitória causada por isquemia Ausência de infarto Acidente vascular cerebral Stroke. 2009;40(6):2276 Anteriormente, a definição era arbitrariamente baseada no tempo menor do que 24 horas, porém 30-50% desse grupo apresentava imagem compatível com infarto na ressonância. Geralmente, o déficit reverte em até 60 minutos. 21 ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO Pontos-chaves Risco de AVC nos primeiros dois dias de 4 a 10% Preferir ressonância a tomografia Estudo vascular Ecocardiograma e Holter Iniciar anti-agregação plaquetária e estatina Para pacientes com fibrilação atrial iniciar anticoagulação Acidente vascular cerebral Stroke. 2009;40(6):2276 Estudo vascular (mesmo para o AVC): angiografia cervical e intracraniana. Angiorressonância / angiotomografia ou Duplex de carótidas e vertebrais + Doppler transcraniano. 22 ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO Escore ABCD2 Acidente vascular cerebral Lancet 2007; 369:283 Idade ≥ 60 anos 1 < 60 anos 0 Pressão arterial após AIT Sistólica ≥ 140 mm Hg ou diastólica ≥ 90 mmHg 1 Sistólica < 140 mmHg e diastólica < 90 mmHg 0 Achado clínicos Fraqueza unilateral 2 Alteração da fala isolada 1 Outro 0 Duração dos sintomas ≥ 60 minutos 2 10 a 59 minutos 1 < 10 minutos 0 Diabetes Presente 1 Ausente 0 Age, blood pressure, clinical features, duration, diabetes. ABCD² escore: 0 a 3 corresponde a risco de AVC em 2 dois dias de 1%. Escore ≥ 3 é indicação de internação. 23 AVC HEMORRÁGICO Acidente vascular cerebral Intracerebral – 10% Subaracnoide – 10 % 24 MORTALIDADE Acidente vascular cerebral Neurology 2013;81:559–565 Intracerebral Subaracnoide Mortalidade em 30 dias, metade nos primeiros dois dias. Apenas 12-39% recuperam independência. HIC tem a maior letalidade entre os tipos de AVC (questão da prova). 25 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL ESPONTÂNEA Acidente vascular cerebral Etiologia HIPERTENSÃO – mais comum ANGIOPATIA AMILOIDE – idosos Malformação vascular – crianças Infarto hemorrágico Êmbolo séptico, aneurisma micótico Discrasias sanguíneas, anticoagulantes, trombolíticos Infecção do SNC Vasculites Drogas 26 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral N Engl J Med 2003;349:1019-26 Neurology. 2008 Sep 30; 71(14): 1084–1089 Varfarina aumenta o risco de HIC em 2 a 5 vezes. Novas anticoagulantes se mostraram equivalentes em estudos de não inferioridade. 27 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral Acomete artérias penetrantes, principalmente do putâmen. 28 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral Quadro clínico Sintomas progridem ao longo de minutos a horas Cefaleia, vômitos e rebaixamento do nível de consciência Déficit focal Convulsões em 4-29% 29 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral Cuidados gerais Evitar febre Glicemias entre 140-180 mg/dL Proxilaxia para TVP com compressor pneumático Evitar hipervolemia – agrava edema cerebral Prevenção de pneumonia aspirativa Não fazer anticonvulsivante profilático Parecer do neurocirurgião 30 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral Pressão arterial Estudo INTERACT2: redução da PAS para 140 mmHg é segura Na suspeita de hipertensão intracraniana, considerar redução mais lenta ↑PA ↑expansão hemorrágica ↓PA ↓perfusão cerebral N Engl J Med 2013;368:2355-65 31 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral Reversão da anticoagulação Varfarina: vitamina K, complexo protrombínico inativado (Beriplex®) Anticoagulantes orais diretos: antifibrinolíticos, DDAVP, complexo protrombínico Dabigatrana: diálise, idarucizumab Heparina: protamina Coagulopatia ou plaquetopenia: transfusão de plaquetas 32 HEMORRAGIA INTRACEREBRAL Acidente vascular cerebral Hipertensão intracraniana Cabeceira a 30º Analgesia e sedação Monitorização de PIC quando Escala de Glasgow < 8 – manter PCC entre 50-70 mmHg Bolus de manitol 1g/kg Hiperventilação – manter PaCO2 25-30 mmHg Drenagem de LCR com ventriculostomia 33 HEMORRAGIA SUBARACNOIDE Acidente vascular cerebral Dados gerais Maioria: ruptura de aneurisma sacular “PIOR CEFALEIA DA MINHA VIDA” Ínício abrupto Perda transitória do nível de consciência, náuseas, meningismo e dor lombar Meningite asséptica. 8-23% de ressangramento, geralmente nas primeiras 24 horas. 34 HEMORRAGIA SUBARACNOIDE Acidente vascular cerebral Escala de Hunt e Hess Grau Status neurológico 1 Assintomático ou cefaleia leve e discreta rigidez de nuca 2 Cefaleia intensa, rigidez de nuca 3 Sonolência ou confusão, sinal neurológico focal leve 4 Torpor, hemiparesia moderada a grave 5 Coma, descerebração Classificação clínica. 35 HEMORRAGIA SUBARACNOIDE Acidente vascular cerebral Escala de Fisher Grupo TC de crânio 1 Ausência de sangramento 2 Lâmina fina de sangramento < 1 mm de espessura 3 Lâmina de sangramento ≥ 1 mm 4 Hemorragia intracerebral ou intraventricular Classificação por imagem. 36 HEMORRAGIA SUBARACNOIDE Acidente vascular cerebral Complicações Ressangramento – 8-23% geralmente nas primeiras 24 horas Vasoespasmo – 20-30% geralmente próximo ao sétimo dia Aumento da pressão intracraniana Convulsões – 6-18% SIADH Hidrocefalia 37 HEMORRAGIA SUBARACNOIDE Acidente vascular cerebral Tratamento Monitorização da PIC PAS < 160 mmHg Abordagem do aneurisma: clipagem cirúrgica ou coiling endovascular Antifibrinolítico Nimodipino 60 mg 4/4h Não fazer anticonvulsivante profilático 38
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