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Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA PROBLEMA 2 – ABERTURA: SÍNDROMES ICTÉRICAS: A icterícia representa um dos sinais semiológicos de maior importância, sendo evidenciada pela coloração amarelada da pele, escleróticas e mucosas, que reflete a elevação da concentração sérica de bilirrubina para valores próximos a 3-5 mg/dL (hiperbilirrubinemia). Dados os impactos diretos à aparência do paciente, esse sinal é notado de forma precoce, induzindo a busca por atendimento médico. Icterícia evidente pela esclera e região sublingual amareladas Para que a bilirrubina seja visível nos tecidos, ela deve se ligar a proteínas específicas na pele ou nas mucosas, processo que leva em torno de 1 a 2 dias. A eliminação desse pigmento, por sua vez, é mais lenta, justificando a possibilidade de observar icterícia durante a diminuição de bilirrubina em valores até 1,5 mg/dL. Valores de bilirrubina sérica normais e indicadores de icterícia A bilirrubina é formada, principalmente, a partir da degradação de hemoglobina (80% do total), o que justifica sua elevação em quadros com acentuação da hemólise. Todo esse processo envolve uma série de reguladores a nível plasmático e tecidual, de forma a controlar não só a síntese, como também o transporte e a excreção desse composto a partir dos sistemas digestório e excretor. Fluxograma de formação da bilirrubina A formação de bilirrubina conjugada, mais solúvel e de fácil excreção, ocorre a partir da interação desta com a bilirrubina-UDP- glucoronosil-transferase (UGT), envolvendo gasto ativo de energia. A ausência dessa enzima pode levar a quadros congênitos de icterícia. De forma contrária à bilirrubina direta, que é facilmente excretada pelo organismo, sua fração indireta é citotóxica, podendo causar, em concentrações muito elevadas, encefalopatia grave, principalmente em neonatos. Normalmente, a ligação com a albumina impede a ocorrência desses efeitos lesivos. Principais características das frações de bilirrubina Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA ASPECTOS CLÍNICOS E PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PARA ICTERÍCIA: O principal e mais evidente achado clínico um paciente com icterícia é o surgimento de uma tonalidade amarelada progressiva na pele ou mucosas, que deve ser confirmado a partir da observação cutânea, associada à investigação sublingual e das escleras, sempre com iluminação adequada. Dependendo da localização do quadro basal, a tonalidade da pode assumir pequenas alterações, como na icterícia verdínica (obstrução de vias biliares), icterícia flavínica (palidez típica de pacientes com anemia hemolítica) ou icterícia rubínica (base alaranjada, comum em hepatites). O consumo excessivo de alimentos ricos em betacaroteno pode levar a um quadro de pseudoicterícia (carotenemia), tornando a pele alaranjada. Nesses casos, não há hiperpigmentação em áreas externas à pele, nem alterações na bilirrubina. Carotenemia (dir.) e comparação com a palma da mão de um indivíduo sem o quadro A presença de alguns outros sintomas associados à icterícia pode ajudar a identificar a etiologia do quadro. Os mais referidos são: Perda de peso: mais comum em pacientes com neoplasioas ou cirrose, nesse caso podendo estar oculta pela ascite; Sintomas prodrômicos típicos (ex.: febre baixa, mal-estar, mialgia): tipicamente antecedem quadros de hepatite viral; Febre com calafrios e dor abdominal: compõem, junto à icterícia, a Tríade de Charcot, indicativa de quadros obstrutivos; o Isoladamente, crises de dor abdominal também podem ser sinal de obstruções. Prurido: comum em quadros colestáticos; Sangramentos gastrintestinais: podem ser fruto de ruptura de varizes ou de neoplasias, nesse caso podendo ser acompanhada por “fezes prateadas” (acolia + sangue); Quadros hemorrágicos gerais: decorrentes de deficiências de vitamina K (hipotrombinemia pós-obstrutia) ou após dano hepático; Colúria: indica que a icterícia tem origem na elevação de bilirrubina direta (por injúria hepática ou quadros colestáticos); o Acolia fecal: a despigmentação das fezes é sugestiva de obstruções biliares próximas ao intestino, também comum na colestase. Colúria (”urina em coca-cola”) e acolia fecal Confusão mental episódica: pode ocorrer na cirrose hepática descompensada. Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA De forma geral, a icterícia pode ser classificada quanto ao predomínio da fração aumentada de bilirrubina (direta ou indireta), o que também possibilita a divisão quanto à localização da etiologia (pré, intra ou pós-hepática). Alterações fisiológicas causadoras de icterícia conforme a localização anatômica Sabe-se que a hiperbilirrubinemia indireta está associada a causas pré-hepáticas ou hepáticas, ao passo que o aumento da bilirrubina direta pode ser provocado por alterações hepáticas ou pós-hepáticas. Etiologias mais frequentemente associadas à hiperbilirrubinemia não-conjugada Etiologias mais comuns para a icterícia por bilirrubina conjugada Assim, distinguem-se: Etiologias pré-hepáticas: estão inclusas nesse grupo todas as alterações que ocorram antes da entrada de bilirrubina (não conjugada) nos hepatócitos. o Elevação da produção do heme: pode ocorrer em quadros de doenças mieloproliferativas ou displásicas, em diversas apresentações de anemia ou após envenenamento por chumbo, bem como nas demais situações em que a eritropoese se dê de forma defeituosa. No caso das anemias hemolíticas, nem sempre há manifestação clínica ictérica, porém essa origem deve ser investigada, considerando malária, leishmaniose ou disfunções hematológicas congênitas. o Redução na recaptação hepática de bilirrubina: está associada principalmente ao efeito competitivo de outros medicamentos sobre a captação de bilirrubina (ex.: rifampicina, novobiocina ou contrastes usados na avaliação da colestase). Nesses casos, a icterícia regride após cerca de 48h da interrupção do uso. Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA Diagnósticos diferenciais para a icterícia pré-hepática Causas intra-hepáticas: o Diminuição da conjugação de bilirrubina: as principais manifestações associadas a esses fatores dizem respeito à icterícia neonatal (fisiológica entre o 2º e o 5º dia de vida, com resolução espontânea), e à icterícia do leite materno, ambas decorrentes da baixa secreção da UDP- glucoronosil-transferase. A icterícia neonatal se torna clinicamente relevante quando a bilirrubina indireta ultrapassa 20 mg/dL, o que favorece o desenvolvimento de encefalopatia bilirrubínica (kernicterus), de consequências possivelmente letais. Algumas disfunções congênitas, como as Síndromes de Gillbert e Crigler-Najjar também estão associadas à icterícia por hiperbilirrubinemia indireta, dessa vez como resultado da inibição parcial ou total da ação da UDP- glucoronosil-transferase. Diferenças entre as principais causas congênitas de hiperbilirrubinemia indireta Alguns medicamentos também podem a levar à inibição da atividade dessa enzima, como gentamicina, rifampicina, antirretrovirais inibidores de protease e benzoato estradiol. Essa possibilidade de elevação da bilirrubinemia é ainda maior em pacientes com Síndrome de Gilbert, sedo necessária uma avaliação criteriosa antes da prescrição. o Alterações na excreção da bilirrubina conjugada: destacam-se, dentre as possíveis etiologias para esse quadro, as síndromes de Dubil- Johnson e de Rotor, ambas marcadas por hiperbilirrubinemia direta ou mista. Esses são quadros benignos, sem quaisquer outras alterações laboratoriais,não sendo necessário tratamento. Principais características associadas às síndromes que acometem a excreção de bilirrubina o Doenças hepatocelulares: quadros de lesão ou inflamação hepática, sejam eles causados por álcool, vírus Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA ou medicamentos, podem resultar em icterícia, uma vez que afetam a integridade dos canalículos biliares e levam ao extravasamento de bile nos hepatócitos. O comprometimento normalmente é misto. Nesse tipo de acometimento há alterações tanto em enzimas hepáticas quanto na avaliação da função do fígado. o Colestase intra-hepática: esse tipo de acometimento pode apresentar origem autossômica recessiva (colestase intra-hepática recorrente benigna ou colestase intra-hepática familiar progressiva), autoimune (cirrose biliar primária e colangite esclerosante primária), por infecções diversas (protozooses, amiloidose, tuberculose ou sarcoidose), linfomas ou interações medicamentosas (uso de penicilinas, acetaminofeno, esteroides anabolizantes ou contraceptivos orais). Possíveis etiologias para icterícia de origem intra- hepática Causas pós-hepáticas: correspondem a obstruções nas vias biliares, normalmente sugeridas pela associação entre hiperbilirrubinemia e fosfatase alcalina elevada. As principais causas variam conforme a idade do paciente, mas, na fase aguda, são comuns a colelitíase, tumores, colangite, pancreatites, infecções parasitárias e estenoses pós-cirúrgicas. Principais diagnósticos diferenciais em icterícia pós- hepática SEMIOTÉCNICA E EXAMES COMPLEMENTARES EM ICTERÍCIA: ANAMNESE E EXAME FÍSICO: Na anamnese de um paciente com icterícia, alguns pontos merecem foco especial, como: Identificação: o Idade: permite direcionar o raciocínio diagnóstico para as manifestações mais comuns conforme a faixa etária. Em jovens, a icterícia pode ser causada por hepatites e quadros hemolíticos; Em adultos, além da hepatite, doenças das vias biliares e intoxicações são mais frequentes; nos idosos, as doenças malignas são majoritárias. o Sexo: homens são mais acometidos por cirrose, hepatites ou neoplasias, ao passo que mulheres tem maior Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA tendência a cálculos biliares e cirrose biliar primária; o Ocupação: profissionais de saúde, trabalhadores da indústria e agricultores são frequentemente expostos a toxinas ou material biológico contaminado; História da doença atual: o Duração dos sintomas: a extensão da sintomatologia permite diferenciar infecções de neoplasias, por exemplo; o Presença de perda de peso e redução do apetite; o Associação com sintomas prodrômicos (descritos anteriormente). História patológica pregressa: o Histórico de doenças hepáticas ou hemolíticas; o Presença de antessentes familiares com icterícia; o Realização de cirurgias abdominais prévias; o Uso de álcool ou drogas; o Uso de medicamentos potencialmente hepatotóxico; o Comportamentos de risco para hepatites/HIV. Viagens recentes a locais endêmicos para leishmaniose. As gestantes devem ser atentamente investigadas, pois a icterícia porde ser fruto de colestase gravídica (resolução pós- parto), pré-eclâmpsia e suas complicações, ou esteatose aguda da gravidez (quadro de evolução potencialmente fatal). Ao exame físico, são cruciais, para além da aferição de sinais vitais e da análise de pele e mucosas, a análise do fígado e da vesícula biliar, a saber: Exame do fígado: o Inspeção: a observação deve ocorrer de forma lateral e tangencial, porém abaulamentos são comuns somente frente a grandes massas hepáticas ou em obstruções volumosas da vesícula biliar. Nesse caso é possível observar elevações arredondadas no quadrante superior direito do abdome; o Percussão: auxilia a estabelecer os limites hepáticos, definindo seu tamanho e orientando a palpação futura. É útil principalmente em suspeitas de alteração do volume hepático. Essa medição se inicia na projeção das linhas hemiclavicular e medioesternal, seguindo em direção à margem inferior das costelas, buscando pela transição entre macicez (borda inferior do fígado) e timpanismo. Tamanho normal do fígado o Palpação: deve ser realizada de forma superficial e profunda, avaliando a sensibilidade a dor, a presença de irregularidades em sua superfície e a consistência hepática. Pacientes com cardiopatias podem apresentar refluxo hepatojugular, identificado por turgência de veias jugulares após a compressão do fígado. o Ausculta: sopros e atritos podem ser identificados nas hepatites ou em neoplasias. Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA Aspectos do fígado ao exame físico nas principais doenças hepáticas Exame da vesícula biliar: essa estrutura normalmente não é acessível à palpação, apenas em situações patológicas, como neoplasias e obstruções (vesiculares ou em ductos). O sítio adequado para a palpação, denominado ponto cístico, pode ser encontrado na interseção entre os arcos costais e o reto abdominal. Correlações entre achados do exame clínico e a etiologia da icterícia DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Na avaliação de um paciente com icterícia, alguns exames devem ser inicialmente solicitados, como: Dosagem de bilirrubina: o Bilirrubina total (VR: até 1 mg/dL ou 17 micromol/L); o Bilirrubina direta (VR: até 0,4 mg/dL ou 7 micromol/L). Hemograma, contagem de reticulócitos, hepatoglobina e LDH; Fosfatase alcalina (VR: 35-104 U/L ♀ e 40-129 U/L ♂); Gamaglutamil transferase (VR: 8-41 U/L ♀ e 12-73 U/L ♂); Aminotransferases: o AST (VR: até 31 U/L ♀ e até 37 U/L ♂); o ALT (VR: 31 U/L ♀ e 41 U/L ♂); Tempo de protrombina (VR: 11 a 13,7 segundos); Dosagem de albumina (VR: 3,3 a 5 g/dL). Durante a avaliação dos resultados, a presença de hiperbilirrubinemia deve ser investigada, de forma a detectar a fração (conjugada ou não conjugada) alterada. Assim, as possibilidades observadas são: Aumento na concentração de bilirrubina não conjugada (indireta): é necessário avaliar o hemograma, reticulócitos, LDH (lactato- desidrogenase) e níveis de hepatoglobina. Na presença de enzimas hepáticas normais, a icterícia não é decorrente de lesão do fígado, podendo ser atribuída à ocorrência de hemólise ou erros inatos ao metabolismo de bilirrubina (ex.: síndromes de Crigler-Najjar e Gillbert, ambas congênitas). Elevação na bilirrubina conjugada (direta): a análise laboratorial deve priorizar a fosfatase alcalina e as aminotransferase. Quando sua concentração é normal, o diagnóstico deve ser direcionado para síndromes congênitas que potencializem a conjugação da bilirrubina (síndrome de Rotor ou síndrome de Dublin-Johnson). Comparação entre possíveis etiologias para o acúmulo de frações da bilirrubina Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA Em quadros de alteração nos níveis séricos de enzimas hepáticas, cabe determinar qual o predomínio desse desequilíbrio (fosfatase alcalina ou aminotransferase). Assim, destacam-se: Predomínio da elevação de fosfatase alcalina: nessas condições, é provável a existência de uma obstrução de vias biliares ou de colestase intra-hepática. Se o aumento do tempo de protrombina for corrigido com administração de vitamina K, observa-se alteração na capacidade absortiva intestinal, condizente com quadro obstrutivo (ainda mais provável na presença de acolia fecal). Algumas outras doenças hepáticas podem cursar com aumento da fosfatase alcalina, como sarcoidose e tuberculose, ou até mesmo acometimentos externos ao fígado, como distúrbios ósseos, porém, normalmente nãoapresentam icterícia como sintoma. Aumento de aminotransferase: essa alteração implica na presença de dano hepatocelular, sendo as principais causas associadas às hepatites, sejam elas virais ou alcoólicas. Dentre os achados do primeiro grupo, encontram-se, na fase aguda, níveis de transaminases bastante elevados, podendo ultrapassar 1000 U/L, ao passo que, em manifestações crônicas, esses valores se mantém aumentados, porém em até 2 a 3x dos valores normais. Na hepatite alcoólica, observa-se uma acentuação desproporcional na concentração de AST, que pode ter valores duas vezes maiores que a ALT, sendo que ambas se encontram com dosagem > 500 U/L. Como preditores de gravidade, são encontrados hipoalbulinemia e tempo de protrombina prolongado, não reversível com vitamina K. Fluxograma de solicitação e interpretação de exames laboratoriais em pacientes ictéricos Mesmo que os exames laboratoriais permitam um direcionamento mais refinado para o diagnóstico específico, nem sempre é possível chegar a conclusões estáveis com esses achados. Assim, podem ser solicitados sorologias para hepatites virais, autoanticorpos (cirrose e quadros autoimunes), perfil de ferro, dosagem de ceruloplasmina e alfa-1-antitripsina, ou até mesmo biópsia hepática. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM: Após a consolidação de suspeitas diagnósticas envolvendo obstrução biliar, exames de imagem são indicados de forma a identificar possíveis causas intra ou extra-hepáticas associadas à colestase. Assim, os métodos mais empregados são: USG de abdome: a sensibilidade para detecção de litíase biliar é de 96% (valor um pouco menor para dilatações da árvore biliar em geral), o que, somado ao baixo custo, maior acessibilidade em serviços de atenção à saúde e ao caráter não-invasivo, tornam-na uma ferramenta amplamente utilizada. Como desvantagens, destacam-se a dificuldade de execução em pacientes obesos e a incapacidade de transpor alças intestinais com gases. Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA USG de abdome evidenciando cálculos na vesícula biliar USG endoscópico: o transdutor é inserido no duodeno, de forma a garantir a visualização do trato biliar sem a interposição de gases (supera as limitações da USG abdominal). A sensibilidade para detecção de coledocolitíase é de 96%, podendo também ser usada para o diagnóstico de cálculos de pequeno tamanho e tumores pancreáticos. No entanto, esse é um exame mais invasivo e de custo elevado, reduzindo sua aplicabilidade prática. Coledocolitíase distal detectada numa ultrassonografia endoscópica Tomografia helicoidal de abdome: apresenta maior acurácia que a tomografia convencional na avaliação hepatobiliar, porém somente consegue identificar cálculos calcificados. O uso de contraste deve ser realizado com cautela, principalmente se o paciente tiver histórico de doença renal. Massa em vesícula biliar (circulada) detectada em TC helicoidal Colagiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE): esse método possibilita a visualização direta dos ductos pancreáticos e das demais vias biliares, com sensibilidade e especificidades muito elevadas (89 a 100%). Sua realização permite não só o diagnóstico de uma obstrução extra- hepática, mas também o seu tratamento, com remoção dos cálculos por papilotomia. No entanto, algumas condições afetam a utilização desse método, como o alto custo, o aspecto invasivo, e a possibilidade de complicações (destacam-se a pancreatite e sangramentos). Obstrução no ducto colédoco detectada pela CPRE Colangio-ressonância: mecanismo alterativo à CRPE, apresenta boa sensibilidade e especificidade na detecção do nível de possíveis obstruções, no entanto podem não Júlia Figueirêdo – DOR ABDOMINAL, DIARREIA, VÔMITO E ICTERÍCIA captar disfunções em vias biliares menores. Colangiografia percutânea trans- hepática: esse método consiste na inserção de uma agulha desde a pele até o parênquima hepático, favorecendo a observação das vias biliares periféricas. Sua acurácia e sensibilidade são elevadas, porém apresenta as mesmas complicações descritas para a CPRE, devendo ser realizada somente na impossibilidade de execução desta ou quando a obstrução está próxima ao ducto hepático. Estenose biliar (seta) detectada em colangiografia trans-hepática Fluxograma de avaliação de um adulto com síndrome ictérica
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