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Conceito e quadro clínico Doença celíaca: A doença celíaca é uma doença hereditária causada pela sensibilidade a uma fração de gliadina do glúten, uma proteína encontrada no trigo; proteínas similares estão presentes na cevada e no centeio. Em um indivíduo geneticamente predisposto, células T sensíveis ao glúten são ativadas quando peptídeos epítopos derivados do glúten são apresentados. A resposta inflamatória provoca a característica atrofia dos vilos da mucosa do intestino delgado. A apresentação clínica é variável. Alguns pacientes são assintomáticos ou apenas apresentam sinais de deficiência nutricional. Outros têm sintomas gastrointestinais significativos. A doença celíaca pode se manifestar na infância depois da introdução de cereais na dieta. A criança tem dificuldades de se desenvolver, apatia, anorexia, palidez, hipotonia generalizada, distensão abdominal e perda de massa muscular. As fezes são amolecidas, esfareladas, com cor de barro e mal cheirosas. Crianças mais velhas podem apresentar anemia ou dificuldade para crescer normalmente. Nos adultos, cansaço, fraqueza e anorexia são mais comuns. Diarreia leve e intermitente algumas vezes é o sintoma inicial. A esteatorreia (fezes malcheirosas, pálidas, volumosas e gordurosas) varia de leve a grave (7 a 50 g de gordura/dia). Alguns pacientes têm perda ponderal, raramente o suficiente para ficarem emagrecidos. Anemia, glossite, estomatite angular e úlceras aftoides são geralmente vistas nesses pacientes. Manifestações da deficiência de vitamina D e cálcio (p. ex., osteomalácia, osteopenia, osteoporose) são comuns. Tanto homens como mulheres podem ter fertilidade reduzida; mulheres podem não ter períodos menstruais. Cerca de 10% dos pacientes têm dermatite herpetiforme, exantema papulovesicular pruriginosa simetricamente distribuída nas áreas extensoras dos cotovelos, joelhos, coxas, ombros e couro cabeludo. Esse exantema pode ser induzido por dieta rica em glúten. Intolerância à Lactose: Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose (açúcar do leite). O problema é resultado da deficiência ou ausência de uma enzima intestinal chamada lactase. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção. Este problema ocorre em cerca de 25% dos brasileiros. Os sintomas mais comuns são náusea, dores abdominais, diarreia ácida e abundante, gases e desconforto. A severidade dos sintomas depende da quantidade ingerida e da quantidade de lactose que cada pessoa pode tolerar. Em muitos casos pode ocorrer somente dor e/ou distensão abdominal, sem diarreia. Os sintomas podem levar de https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/miscel%C3%A2nea-de-dist%C3%BArbios-em-lactentes-e-crian%C3%A7as/incapacidade-de-ganhar-peso-igp https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-bolhosas/dermatite-herpetiforme alguns minutos até muitas horas para aparecer. A peristalse, ou seja, o movimento muscular que empurra o alimento ao longo do estômago pode influenciar o tempo para o aparecimento dos sintomas. Apesar de os problemas não serem perigosos eles podem ser bastante desconfortáveis. Colite ulcerativa: Também conhecida como retocolite ulcerativa, a colite ulcerativa é uma condição que assola as extremidades do intestino grosso (reto e cólon), causando uma inflamação na região que pode ou não ter úlceras, além de ser crônica. A colite ulcerativa afeta somente a mucosa do intestino grosso e pode chegar a se espalhar pela extensão do órgão, sendo que é o tamanho das áreas atingidas pela colite ulcerativa que determina a gravidade e severidade dessa condição. Na colite ulcerativa, as lesões normalmente não chegam a atingir o intestino delgado. A colite ulcerativa normalmente apresenta sintomas que são relacionados ao funcionamento do intestino, mas também pode fazer com que o paciente sofra de condições como o eritema nodoso, que consistem em caroços doloridos e avermelhados que surgem nos braços e pernas e que são causados por um inchaço na gordura da pele. Pacientes com colite ulcerativa também podem apresentar, por exemplo, alterações no funcionamento do fígado. Entre os sintomas mais comuns de colite ulcerativa, podemos destacar: diarreia frequente e constante, que acontece principalmente após a realização de alguma refeição; fezes eliminadas juntamente com a presença de muco, sangue e até mesmo pus; sangramento anal; Perda do apetite; cólicas abdominais; perda de peso; anemia; febre leve; náuseas e vômitos ocasionais; e feridas na boca. Doença de Crohn: A doença de Crohn é uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal. Ela afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. A doença de Crohn é crônica e provavelmente provocada por desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. A doença de Crohn habitualmente causa diarreia, cólica abdominal, frequentemente febre e, às vezes, sangramento retal. Também podem ocorrer perda de apetite e perda de peso subsequente. A diarreia pode se desenvolver lentamente ou começar de maneira súbita, podendo haver também dores articulares e lesões na pele. Na Doença de Crohn a dor abdominal e a diarreia frequentemente surgem após as refeições. São comuns dores articulares (dores nas juntas), falta de apetite, perda de peso e febre. Outros sintomas precoces da doença de Crohn são lesões da região anal, incluindo hemorroidas, fissuras, fístulas e abscessos. Amebíase: Infecção parasitária do cólon causada pela ameba Entamoeba histolytica. A amebíase é uma infecção mais comum em áreas tropicais com más condições de saneamento. Ela é disseminada pela ingestão de alimentos crus, como frutas, que podem ter sido lavados com água local contaminada. A maioria das pessoas com amebíase é assintomática, mas transmite os cistos nas fezes de forma crônica. Os sintomas da invasão dos tecidos no cólon são • Alternância entre constipação e diarreia • Flatulência • Dor abdominal em cólica Podem ocorrer sensibilidade no fígado ou cólon ascendente e febre, e as fezes podem conter muco e sangue. Giardíase: Infecção intestinal causada pelo parasita giárdia. A giardíase se espalha por alimentos ou água contaminada ou por contato pessoal. É mais comum em áreas com más condições de saneamento e água contaminada. Trofozoítos de Giardia prendem-se firmemente à mucosa duodenal e ao jejuno proximal e multiplicam-se por divisão binária. Alguns parasitas transformam-se no ambiente em cistos resistentes, que são disseminados pela via fecal-oral. Giardíase é a doença parasitária intestinal mais comum nos EUA. A transmissão pela água é principal fonte de giardíase. A transmissão também pode ocorrer por meio da ingestão de alimento contaminado e de contato direto de pessoa para pessoa, em especial em instituições para deficientes mentais e creches, ou entre parceiros sexuais. Cistos de Giardia permanecem viáveis na superfície da água e são resistentes aos níveis de cloração de rotina. Animais silvestres também podem servir como reservatórios. Dessa forma, corredeiras provenientes de montanhas, assim como a cloração de sistemas de abastecimento de água municipais com filtração deficiente, foram implicadas nas epidemias transmitidas pela água. Há 8 grupos genéticos (conjuntos) de G. duodenalis. Dois infectam seres humanos e animais; os outros só infectam animais. As manifestações clínicas parecem variar de acordo com o genótipo.Muitos casos de giardíase são assintomáticos. Contudo, pessoas assintomáticas podem eliminar cistos infecciosos. Os sintomas da giardíase aguda geralmente se manifestam 1 a 14 dias (média de 7 dias) depois da infecção. São normalmente leves e incluem diarreiaaquosa fétida, cólicas e distensão abdominais, flatulência e eructação, náuseas intermitentes, desconforto epigástrico e, algumas vezes, leve grau de mal-estar e anorexia. A giardíase aguda normalmente dura 1 a 3 semanas. A má absorção de gordura e açúcar pode provocar perda ponderal significante em casos graves. Não são encontrados sangue ou leucócitos nas fezes. Um subgrupo de pacientes infectados desenvolve diarreia crônica com fezes fétidas, distensão abdominal e eructação fétida. Perda ponderal significativa pode ocorrer. A giardíase crônica ocasionalmente provoca desenvolvimento precário em crianças. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndromes-de-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-da-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o
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