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FUNGOS VENENOSOS E PATOGÊNICOS

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DESCRIÇÃO
Intoxicações e doenças causadas pela ingestão de micotoxinas ou cogumelos venenosos e micoses superficiais, cutâneas, subcutâneas e sistêmicas.
PROPÓSITO
Compreender as doenças causadas pela ingestão de micotoxinas ou de cogumelos venenosos, bem como as doenças que os fungos causam, um
importante subsídio para atuação na prevenção e no diagnóstico desses problemas de saúde humana e animal.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o micetismo e a micotoxicose
MÓDULO 2
Identificar as micoses superficiais, cutâneas e subcutâneas
MÓDULO 3
Reconhecer as micoses sistêmicas e oportunistas
INTRODUÇÃO
Os fungos microscópicos (filamentosos, bolores e leveduras) e os macrofungos (cogumelos) podem apresentar diversas vantagens ecológicas e
econômicas com usos variados. Entretanto, muitos deles podem provocar perdas incalculáveis na agricultura por causa das pragas fúngicas em
cultivos ou, então, gerar grande impacto na saúde individual e coletiva com micoses cada vez mais resistentes ao tratamento.
As doenças fúngicas estão mais presentes no nosso dia a dia do que imaginamos. O conhecido “ "pé de atleta" é uma micose, assim como o
“sapinho”, que costuma aparecer na boca de bebês e crianças pequenas. As principais manifestações clínicas e os locais acometidos pelos fungos
estão intimamente ligados ao modo como eles obtêm seus nutrientes. Como esses seres secretam suas enzimas no substrato, isso pode lesionar os
tecidos vivos quando estão parasitando animais e humanos, estimulando uma resposta imunológica frente à agressão e presença do patógeno.
As micoses são divididas em grupos, de acordo com as doenças que causam e seus agentes etiológicos.
MICOSES
Infecção causada for fungos, seja na pele, cabelo ou órgãos.
SAPINHO
As crianças pequenas também podem ser acometidas pelas micoses, como é o caso do “sapinho”.
 
Autor: Victoria 1 / Fonte: Shutterstock
PÉ DE ATLETA
O pé de atleta é uma micose comum que acomete os seres humanos.
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Autor: sruilk / Fonte: Shutterstock
MÓDULO 1
 Descrever o micetismo e a micotoxicose
As enzimas secretadas pelos fungos durante seu metabolismo podem, em alguns casos, ser tóxicas ou até mesmo letais para quem as ingere. A
micotoxicose e o micetismo são as doenças relacionadas à ingestão das micotoxinas secretadas (fungos filamentosos) ou presentes nas estruturas
fúngicas (cogumelos), respectivamente. A principal diferença dessas duas doenças refere-se ao agente causador, e veremos quais são os organismos
e mecanismos envolvidos em cada uma delas.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MICETISMO
Micetismo é o termo utilizado para as intoxicações ocorridas por ingestão de cogumelos venenosos. A causa mais comum está relacionada ao
consumo de cogumelos tóxicos colhido da natureza, que são confundidos com os comestíveis. Como os compostos tóxicos dos cogumelos são
resistentes às alterações físico-químicas, não sendo destruídas pelo calor da cocção ou do congelamento, seu poder letal continua intacto mesmo
após a preparação dos alimentos.
 
Autor: AquaSketches / Fonte: Shutterstock
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INGESTÃO DE COGUMELOS VENENOSOS
O micetismo, intoxicação ocasionada pela ingestão de cogumelos venenosos.
PREPARAÇÃO DOS ALIMENTOS
O cozimento dos cogumelos venenosos não é suficiente para neutralizar as toxinas.
A maioria dos envenenamentos ocorre por acidente, mas parte deles também pode acontecer por ingestão proposital de cogumelos com efeitos
alucinógenos. Erro na identificação, no entanto, também pode ser fatal e levar a mais um caso de micetismo.
Em alguns casos, os sintomas após a ingestão dos cogumelos venenosos serão autolimitados, mas outros poderão ser fatais. As toxinas desses
cogumelos podem ter propriedades psicotrópicas, nefrotóxicas, gastrotóxicas, hemolíticas, hepatotóxicas, neurotóxicas. Em alguns casos, podem
englobar dois ou mais efeitos adversos. Em muitos deles, também ocorre letalidade, pois não existe um tratamento padronizado ou um antídoto eficaz
para os casos dessa intoxicação.
A maioria das intoxicações por cogumelos venenosos produzirá algum desconforto gastrointestinal, que costuma ser o primeiro sintoma relatado.
Anteriormente, os médicos tentavam prever o curso do micetismo baseados no tempo de aparecimento dos primeiros sintomas, sugerindo que o
surgimento antes de seis horas pós-ingestão mostrava um prognóstico de toxicidade limitada. Porém, aos poucos, isso vem mudando, pois se
percebeu que não existe um padrão, principalmente à medida que novos cogumelos venenosos são conhecidos e novos casos são relatados.
DESCONFORTO GASTROINTESTINAL
Os primeiros sintomas do micetismo, geralmente, são desconfortos gastrointestinais.
PROGNÓSTICO
Traça um possível desdobramento dos sintomas baseados nas informações clínicas e laboratoriais.
Por isso, a seguir, trataremos dos tipos de micetismo de acordo com os sintomas que estão relacionados, e não com o tempo de aparecimento deles.
MICETISMO GASTROINTESTINAL
Muitos cogumelos produzem toxinas que causam distúrbios gastrointestinais por possuírem compostos irritantes a esses órgãos e, mesmo
apresentando estruturas químicas distintas, essas toxinas podem causar os mesmos sintomas. Além disso, muitos macrofungos que produzem
toxicidade sistêmica severa também podem gerar toxicidade gastrointestinal como sintomas iniciais. O tempo para o aparecimento dos primeiros
sintomas após a ingestão gira em torno de 20 a 30 minutos, podendo acontecer até quatro horas após a ingestão.
Os principais sintomas podem ser:
1
Náuseas
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2
Cólicas
3
Vômitos
4
Mal-estar
5
Algumas vezes, diarreia e dor abdominal
CÓLICAS
Cólicas podem ser um dos sintomas gastrointestinais do micetismo.]
Apesar de todos esses sintomas, na maioria dos casos de micetismo gastrointestinal, o prognóstico é favorável e os sintomas desaparecem em torno
de um ou dois dias. Entretanto, a resposta individual a esse tipo de envenenamento é muito variada, desde ligeiro desconforto e dor até casos
extremos de diarreia intensa com desidratação.
Apesar de ser uma experiência bem desagradável, a desidratação é a complicação mais comum nesse caso de micetismo. Por causa da perda
significativa de fluidos nos vômitos e quadros diarreicos, é necessária a reposição imediata de água e eletrólitos.
MICETISMO GASTROINTESTINAL
É necessária a reposição de água e eletrólitos nos casos extremos de desidratação por causa do micetismo gastrointestinal
Apesar das manifestações clínicas serem semelhantes, várias espécies de cogumelos podem desencadear esses sintomas; inclusive, alguns podem
iniciar com esses sintomas e piorarem o quadro com outras manifestações mais graves. Como ainda existe muito a ser descoberto, são exemplos de
cogumelos já descritos por causarem micetismo gastrointestinais:

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Autor: Tomasz Czadowski / Fonte: Shutterstock
RUSSULA EMETICA
O cogumelo Russula emetica já foi descrito como causador do micetismo gastrintestinal.
BOLETUS SATANAS
O micetismo gastrointestinal pode ser causado após a ingesta do cogumelo Boletus satanas.
 
Autor: flaviano fabrizi / Fonte: Shutterstock


 
Autor: krolya25 / Fonte: Shutterstock
HYPHOLOMA FASCICULARE
Inúmeros cogumelos Hypholoma fasciculare podem causar micetismo gastrointestinal.
MICETISMO NEUROTÓXICO
Neste caso de micetismo, as toxinas podem atuar causando sintomas diretamente ligados ao sistema nervoso simpático ou parassimpático, ou, ainda
mais precocemente, sintomas gastrointestinais. Para os sintomas relacionados ao sistema nervoso parassimpático, o início pode ocorrer entre 15 e 30
minutos depois da ingestão, e os primeiros sintomas são vômitos, sudorese intensa, diarreia, cólicas, salivação profusa, lacrimejamento, podendo
causar ainda convulsão, excitação nervosa, delírio e dispneia.
Apesar de alguns casos resultarem em coma, o micetismo neurotóxico não é tão grave, e poucas vezeso paciente vai a óbito.
A principal toxina responsável por esse quadro de micetismo neurotóxico do sistema nervoso parassimpático é a muscarina. Esse composto atua
diretamente no estímulo das terminações nervosas, e isso explica a maioria dos sintomas relacionados. O efeito da muscarina pode ser anulado
com atropina, por isso o tratamento dos pacientes intoxicados com essa toxina é baseado em lavagem gástrica e administração da atropina.
A intoxicação por muscarina é comum, pois baixas doses podem promover o mesmo efeito do haxixe (Cannabis indica ou C. sativa). Então, buscando
pelo efeito recreativo, muitas pessoas acabam se intoxicando e colocando a vida em risco. Ao contrário do que o nome possa sugerir, a muscarina
não é tão abundante no cogumelo Amanita muscaria, sendo presente em maior quantidade em outros cogumelos, como Clitocybe rivulosa e
Inocybe erubescens.
SUDORESE INTENSA
A sudorese intensa pode ser um dos sintomas do micetismo neurotóxico
DISPNEIA
Falta de ar ou dificuldade respiratória.
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TERMINAÇÕES NERVOSAS
As terminações nervosas parassimpáticas são os alvos da muscarina, principal toxina que causa o micetismo neurotóxico.
 
Autor: whitehoune / Fonte: Shutterstock
ATROPINA
É um alcaloide que interfere na ação da acetilcolina.
CLITOCYBE RIVULOSA
 
Autor: ressormat / Fonte: Shutterstock
O cogumelo Clitocybe rivulosa também produz um composto tóxico chamado muscarina.
INOCYBE ERUBESCENS
 
Autor: Kazakov Maksim / Fonte: Shutterstock
O Inocybe erubescens produz a muscarina em altas doses, e seu consumo é potencialmente nocivo.
Já na toxicidade do sistema nervoso central, os sintomas podem começar de 15 a 30 minutos após a ingestão e podem durar até seis horas. Por atuar
nesse sistema, os principais sintomas estão relacionados a alucinações visuais e auditivas. Também há alteração da percepção de espaço-tempo e
extrassensorial, hipertensão, midríase, arritmias, taquicardia e, em alguns casos mais graves, infarto do miocárdio. A toxina responsável por essa
alucinação é a psilocibina, presente em cogumelos como Psilocybe spp., Paneolus spp., Stropharia spp.
MIDRÍASE
 
Autor: mikeledray / Fonte: Shutterstock
A midríase é a dilatação anormal da pupila e pode estar relacionada ao micetismo neurotóxico do sistema nervoso central.
PSILOCYBE SPP
 
Autor: jacobbrown2397 / Fonte: Shutterstock
Os cogumelos do gênero Psilocybe são os principais produtores de psilocibina.
PANEOLUS SPP
 
Autor: Vlad Vahnovan / Fonte: Shutterstock
Os cogumelos Panaeoulos também produzem a psilocibina, toxina alucinógena.
STROPHARIA SPP
 
Autor: Ksenia Lada / Fonte: Shutterstock
A psilocibina, toxina alucinógena, também pode ser encontrada em cogumelos do gênero Stropharia.
Por ainda não existir antídoto para as toxinas de ambos os casos, o tratamento é baseado em suporte ao paciente. Caso ele apresente quadros de
convulsão ou agitação, barbitúricos e benzodiazepínicos podem auxiliar no controle.
MICETISMO HEPATOTÓXICO
Nesse caso de micetismo ocorre o comprometimento do fígado, sendo mais grave do que os outros tipos, podendo desencadear hepatite ou
insuficiência hepática aguda.
FÍGADO
No micetismo hepatotóxico, o fígado é o órgão mais comprometido pelas toxinas.
A progressão clínica, neste caso, pode ser dividida em quatro estágios:
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
1
Fase quiescente ou latência: é a fase assintomática, que pode durar de 6-24h antes de aparecerem os primeiros sintomas gastrointestinais.
2
Fase gastrointestinal: dura entre 1 e 2 dias e é acompanhada por gastroenterites, vômitos, diarreia e dor abdominal.


3
Remissão clínica: as enzimas hepáticas começam a aumentar dentro de 16-48h após a ingestão e podem aumentar apesar da aparente melhora
clínica.
4
Insuficiência hepática aguda ou falência múltipla dos órgãos: dentro de 2 a 7 dias ocorre insuficiência hepática ou de vários órgãos, sendo a
insuficiência hepática fulminante à manifestação de toxicidade grave.

Cerca de 4 a 16 dias depois da ingestão do cogumelo, na maioria dos casos fatais, ocorrerá o óbito do paciente. Nos casos de envenenamento mais
leves, os pacientes podem se recuperar, contudo muitos desenvolvem hepatite crônica.
As toxinas envolvidas no micetismo hepatotóxico são as amatoxinas e giromitrinas. Os cogumelos contendo amatoxina causam a maioria das
fatalidades por micetismo, isso porque doses pequenas dessa toxina (0,1mg de amatoxina/kg de peso corporal) podem ser letais para os indivíduos
adultos.
A intoxicação acontece principalmente devido a um equívoco na identificação dos cogumelos comestíveis, que podem ser confundidos com os
tóxicos, como os do gênero Amanita (A. phalloides, A. rubescens, A. verna e A. virosa), Lepiota (L. brunneoincarnata) e Galerina (G. marginata).
Observe algumas características desses cogumelos:

 
Autor: Vlad Siaber / Fonte: Shutterstock
A. PHALLOIDES
Amanita phalloides é um dos cogumelos mais letais registrado até o momento.
A. RUBESCENS
Os cogumelos Amanita rubescens também figuram entre os cogumelos causadores de micetismo.
 
Autor: Ljubomir Trigubishyn / Fonte: Shutterstock


 
Autor: yauhenka / Fonte: Shutterstock
A. VERNA
A amatoxina presente no Amanita verna é responsável pelo potencial tóxico desses cogumelos.
A. VIROSA
O micetismo hepático pode ocorrer após a ingestão de cogumelos Amanita virosa.
 
Autor: KHANISTHA SRIDONCHAN / Fonte: Shutterstock


 
Autor: Yuriy Bartenev / Fonte: Shutterstock
L. BRUNNEOINCARNATA
O cogumelo Lepiota brunneoincarnata também produz amatoxina.
G. MARGINATA
O cogumelo Galerina marginata por ser frequentemente confundido com cogumelos comestíveis; figura entre as espécies responsáveis pela
intoxicação.
 
Autor: igor.kramar.shots / Fonte: Shutterstock

Assim como para os outros casos de micetismo, não existe um antídoto para a intoxicação por esses cogumelos, tampouco tratamentos
padronizados. Então, nos casos de micetismo hepatotóxico, o tratamento inclui cuidados de suporte intensivo, com atenção aos desequilíbrios de
fluidos e eletrólitos, distúrbios de coagulação e hipoglicemia.
MICETISMO NEFROTÓXICO
 
Autor: Pixel-Shot / Fonte: Shutterstock
 A função renal pode ser comprometida em decorrência do mau funcionamento hepático pela intoxicação por cogumelos venenosos.
O micetismo nefrotóxico acontece muito em decorrência do resultado da lesão hepática, que eleva a liberação de substâncias que consequentemente
estressam e aumentam a função renal. Além desse dano indireto à insuficiência hepática, existem toxinas que danificam diretamente o tecido do rim,
como as orelaninas.
O período de incubação da nefrotoxicidade pode ser de dias ou semanas, por isso é difícil correlacionar os danos renais com o envenenamento por
cogumelos. Inicialmente, o paciente poderá ter dores nas costas e flancos abdominais, acompanhada de forte sede. Esse paciente pode apresentar
hematúria, leucocitúria, proteinúria, poliúria e, dependendo da gravidade, insuficiência renal progressiva. Nos casos mais raros, ocorre anúria.
O tratamento é de suporte, pois não existe um antídoto para orelaninas. Por isso, o tratamento é sintomático e, para eliminar as toxinas causadoras
da nefrotoxicidade, pode-se realizar hemodiálise. Em casos mais graves, o transplante renal tem sido recomendado. Os principais cogumelos
produtores de orelanina são dos do gênero Cortinarius (C. speciosissimus, C. rubellus e C. orellanosus).
HEMATÚRIA
Presença anormal de hemácias na urina.
LEUCOCITÚRIA
Aumento do número de leucócitos na urina.
PROTEINÚRIA
Presença anormal de proteínas na urina.
POLIÚRIA
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Micção excessiva.
ANÚRIA
Baixa na produção de urina.
CORTINARIUS RUBELLUS
O cogumelo Cortinarius rubellus produz orelanina, que é uma potente nefrotoxina.
 
Autor: Mang Kelin / Fonte: Shutterstock
MICETISMO HEMATOTÓXICOA toxicidade para as células sanguíneas pode acontecer pela presença de toxinas com atividade hemolítica ou então pela produção de anticorpos que
deveriam atacar as toxinas do cogumelo, mas também causam hemólise mediada por imunocomplexos.
No caso da toxicidade mediada pelos imunocomplexos, os sintomas podem começar menos de seis horas após a ingestão e incluem gastroenterite e
choque. Podem ocorrer nefrite intersticial e insuficiência hepatorrenal, sendo necessária a realização de hemodiálise. Essa forma de micetismo está
principalmente associada ao cogumelo Paxillus involutus. Já para os casos de cogumelos que produzem hemolisinas, o paciente pode apresentar
hemoglobinúria transitória, icterícia e desconforto abdominal. Apesar do prognóstico favorável, podem ocorrer óbitos. Nesse caso, a transfusão é o
tratamento mais adequado. O cogumelo Gyromitra esculenta já foi associado a esse tipo de micetismo.
HEMÓLISE
As hemácias podem sofrer hemólise em alguns casos de micetismo, agravando ainda mais o quadro do paciente.
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 ATENÇÃO
 
Autor: Adam J / Fonte: Shutterstock
O cogumelo Paxillus involutus podem produzir toxinas com atividade hemolítica.
 ATENÇÃO
 
Autor: Nata Naumovec / Fonte: Shutterstock
O cogumelo Gyromitra esculenta podem produzir toxinas com atividade hemolítica.
MICOTOXICOSE E AS MICOTOXINAS
A micotoxicose é a intoxicação ocasionada por ingestão das micotoxinas, que são estruturas químicas de baixo peso molecular com grande variedade
estrutural. De modo geral, quando comparadas às toxinas bacterianas, elas são relativamente mais simples. Por causa dessa característica, muitas
técnicas precisam ser empregadas para a detecção ou remoção dessas toxinas nos alimentos. Consequentemente, seu controle também é difícil.
As micotoxinas são metabólitos secundários secretados por bolores (fungos filamentosos), e sua ingestão, inalação ou seu contato podem causar
sintomas leves ou outros que podem até levar à morte do paciente. Essas toxinas são produzidas por fungos microscópicos, que podem crescer como
contaminante de vegetais, como cereais e grãos. Essa contaminação pode acontecer em qualquer etapa: no cultivo, na colheita, no transporte ou
até no armazenamento.
Observe mais alguns aspectos das micotoxinas:
BOLORES
Os fungos filamentosos (bolores) são os responsáveis pela produção das micotoxinas.
CEREAIS
Os fungos filamentosos que crescem nos cereais apresentam grande risco à saúde.
GRÃOS
O crescimento de fungos filamentosos nos grãos gera riscos à saúde por causa da produção das micotoxinas.
TRANSPORTE
Os cereais estão expostos a uma possível contaminação por fungos produtores de micotoxinas em todo o processo, incluindo o transporte.
ARMAZENAMENTO
O armazenamento dos cereais requer controle rigoroso para impedir a contaminação por fungos produtores de micotoxinas.
Além da bioquímica e fisiologia dos fungos produtores de micotoxinas, condições ambientais podem contribuir diretamente na produção dessas
micotoxinas, como umidade, composição do alimento, pH, temperatura, interação microbiana e tantos outros fatores que, quando controlados,
auxiliam na redução da contaminação. Assim como as toxinas dos cogumelos, as micotoxinas são termoestáveis e podem permanecer no alimento
mesmo depois da morte dos fungos por cozimento ou congelamento.
O principal problema relacionado às micotoxinas são os efeitos crônicos e cumulativos que podem induzir o aparecimento de câncer, principalmente
hepático. Isso se deve ao fato de essas toxinas interferirem na replicação do DNA, causando efeitos teratogênicos ou mutagênicos. Historicamente,
as micotoxinas vêm ocasionando grandes perdas, e não só econômicas. Desde a Idade Média, há relatos mortes por causa de micotoxicose, sendo
relevante até os tempos modernos. No esquema a seguir, vemos a linha do tempo dos marcos históricos da micotoxinas.
COZIMENTO
As micotoxinas são termoestáveis e não se degradam mesmo com o cozimento do grão.
TERATOGÊNICOS
Compostos que podem interferir no desenvolvimento fetal.
MUTAGÊNICOS
Compostos que podem mudar o DNA, que não pode ser recuperado, sendo posteriormente transferido para as células da próxima geração.
MICOTOXINAS
Associada ao consumo de pão feito com farinha de cereais contaminados com fungos.
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
 
Autor: mayk.75 / Fonte: Shutterstock
EUROPA MEDIEVAL
Ergotismo
Associação ao consumo de pão feito com farinha de cereais contaminados por fungos.
1930
Identificação do alcaloide responsável pelo ergotismo
Claviceps purpurea
Claviceps paspali
 
Autor: Henri Koskinen / Fonte: Shutterstock


 
Autor: Wikimedia Commons / Fonte: Shutterstock
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Episódios de intoxicação na Rússia durante a Segunda Guerra Mundial
A aleucia tóxica alimentar matou milhares de soldados na Rússia que consumiram alimentos com cereais cobertos por neve, atacados por fungos
produtores de micotoxinas.
1960
Marco histórico do reconhecimento das micotoxinas
Centenas de aves morreram em várias regiões da Inglaterra, depois de alimentadas com rações contaminadas da África e do Brasil.
 
Autor: kornnphoto / Fonte: Shutterstock

AFLATOXINA
 
Autor: Aleksandar Malivuk / Fonte: Shutterstock
A aflatoxina é uma das micotoxinas mais conhecidas e estudadas. Essas micotoxinas são altamente instáveis e provenientes de cumarínicos
policíclicos insaturados, apresentando alto poder patogênico. A aflatoxina é produzida por fungos filamentosos do gênero Aspergillus, sendo a
principal espécie o A. flavus, que pode ser encontrada em todo o mundo, preferencialmente em ambientes úmidos e quentes, estando distribuída na
África, Austrália, Ásia tropical e América Latina.
A. FLAVUS
O fungo filamentoso Aspergillus flavus é o principal produtor de aflatoxina.
 
Autor: OneMashi / Fonte: Shutterstock
AFLATOXINA
A aflatoxina apresenta grande risco para a saúde e pode estar presente em muitos grãos.
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Atualmente, são conhecidos 17 compostos pertencentes a essa classe de micotoxinas, porém os mais importantes são as B1, B2, G1 e G2,
naturalmente encontradas em alimentos feitos com milho, trigo, feijão, entre outros. As aflatoxinas também podem ser detectadas nas fezes, urina,
nos músculos, tecidos comestíveis e no leite dos animais que se alimentam de rações contaminadas com essas micotoxinas.
 
Autor: KOOKLE / Fonte: Shutterstock
 Aspergillus flavus crescendo em grãos de milho com a coloração esverdeada.
Tanto em humanos quanto em animais, as aflatoxinas podem causar danos hepáticos e tumores. Podem ser ingeridas com cereais deteriorados e são
metabolizadas pelo fígado, tornando-se um potente carcinogênico. São facilmente absorvidas pelo intestino delgado e duodeno por difusão passiva
devido à sua característica lipofílica e baixo peso molecular.
Após a absorção, essas micotoxinas seguem para o fígado pelo fluxo sanguíneo, acumulando-se nesse órgão por causa da permeabilidade da
membrana do hepatócito. É possível que a eliminação da aflatoxina ocorra, primeiro, pela bile e, depois, pela urina; já houve detecção em menor
quantidade no leite materno.
Já foram detectados níveis preocupantes de aflatoxinas em alimentos como granola e o nosso arroz branco de todos os dias, podendo causar danos
a longo prazo na saúde humana. Outro alimento que é constante alvo do ataque de fungos produtores de aflatoxina é o amendoim.
ARROZ BRANCO
 
Autor: Lucknumber8 / Fonte: Shutterstock
Aflatoxinas podem ser encontradas no arroz por causa do crescimento de fungos do gênero Aspergillus.
AMENDOIM
 
Autor: Bolgarchuk Roman / Fonte: Shutterstock
Os fungos do gênero Aspergillus também podem crescer em amendoim, liberando aflatoxinas.
Por causa dos efeitos tóxicos, existe legislação própria que visa minimizar os impactos dessas micotoxinas nos alimentos, bem como protocolos e
testes de controle de qualidade para evitar ou diminuir essa contaminaçãopara níveis mais seguros.
OCRATOXINA
A ocratoxina apresenta principalmente efeitos nefrotóxicos, sendo produzida por fungos do gênero Aspergillus e Penicillium. Em 1965, foi descrita
pela primeira vez como metabólito secundário do A. ochraceu.
Ela se divide em três tipos distintos:
OCRATOXINA A
Apresenta uma molécula de cloro em sua composição.
OCRATOXINA B
Não apresenta potencial tóxico.
OCRATOXINA C
Composto por etil éter da ocratoxina A, sendo menos tóxica do que ela.
PENICILLIUM
Fungos do gênero Penicillium podem produzir ocratoxina.
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Autor: Kateryna Kon / Fonte: Shutterstock
A ocratoxina A é a mais tóxica e a mais frequente. Além do efeito nefrotóxico, apresenta efeitos carcinogênicos, teratogênicos e imunossupressores.
Essa toxina é comumente encontrada no café, nos cereais ou pães.

 
Autor: RomarioIen / Fonte: Shutterstock
NEFROTÓXICO
O principal efeito tóxico da ocratoxina está relacionado aos rins.
CAFÉ
A ocratoxina pode ser encontrada em grãos de café.
 
Autor: CHOWCHOW_K / Fonte: Shutterstock

A ocratoxina é absorvida lentamente pelo trato gastrointestinal, sendo essa a principal via de contaminação. Geralmente, ocorre uma absorção rápida
no estômago por conta de sua característica ácida e mais lenta ao longo do percurso intestinal.
Os efeitos nefrotóxicos são observados principalmente nos mamíferos não ruminantes, causando alterações na osmolaridade da urina, aumento dos
rins e poliúria. A função renal é afetada devido ao aumento do rim e pela presença de necrose tubular renal associada à redução da atividade
enzimática, que favorece o surgimento dos adenomas renais e tumores. Em gestantes, a ocratoxina A pode causar deformações no sistema nervoso
do feto.
 
Autor: SciePro / Fonte: Shutterstock
 Em gestante, o principal risco da ocratoxina está 
nas deformações do sistema nervoso central do feto.
CITRINA
Essa micotoxina é encontrada principalmente nos pães mofados, em grãos de aveia mofados, centeio, cevada, milho, trigo, arroz e em tantos outros
grãos e derivados de cereais. Testes laboratoriais mostraram que a citrina tem potencial nefrotóxico, porém, até o momento, não foram encontradas
evidências do impacto desta toxina na saúde humana. As principais vítimas da citrina são os animais domésticos, especialmente os suínos, quando
se alimentam de rações e cereais contaminados com o fungo Penicillium citrinum.
Conheça mais alguns detalhes dos fungos de citrina e onde são encontrados:
GRÃOS DE AVEIA MOFADOS
 
Autor: Timmary / Fonte: Shutterstock
O fungo produtor de citrina pode ser encontrado em grãos de aveia mofados.
ANIMAIS DOMÉSTICOS
 
Autor: Chendongshan / Fonte: Shutterstock
Os animais domésticos são os que mais sofrem os efeitos da citrina, que pode estar presente nas rações.
PENICILLIUM CITRINUM:
CEREAIS CONTAMINADOS
 
Autor: Breck P. Kent / Fonte: Shutterstock
Observe o Penicillium citrinum, produtor da toxina citrina, crescendo em uma laranja.
ESTERIGMATOCISTINA
Essa micotoxina tem atividade hepatocarcinogênica, e este grupo é composto por oito diferentes toxinas capazes de inibir a síntese de DNA. Fungos
produtores como Aspergillus versicolor, A. nidulans e A. rugulosus têm predileção por crescer em aveia, trigo e café.
 
Autor: Henri Koskinen / Fonte: Shutterstock
 Fungo filamentoso crescendo nos grãos de trigo.
A. NIDULANS
Aspergillus nidulans produtor da micotoxina esterigmatocistina.
 
Fonte: Wikipedia
PATULINA
A patulina é uma micotoxina termorresistente e pode ser encontrada em produtos armazenados, onde os fungos do gênero Aspergillus, Byssochlamys
ou Penicillium (P. patulum, P. claviforme e P. expansum) podem crescer. O P. expansum é estudado desde a década de 1940 por apresentar potencial
antibiótico, porém também foi observado que, quando ele cresce em alimentos, especialmente em frutos em deterioração , apresentam potencial
fitotóxico , carcinogênico, teratogênico e pode causar lesões nos pulmões, rins e no fígado. Por ser fitotóxico, nas plantas, essa micotoxina cliva as
ligações peptídicas e a celulose, especialmente das maçãs.
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A maior incidência de patulina no Brasil é no suco de maçã e nos alimentos para crianças à base dessa fruta, porém não é observada em alimentos
sólidos. Lembrando que, apesar de quase não consumirmos suco de maçã puro, atualmente a maioria dos sucos industrializados têm suco de maçã
em sua composição. A detecção dessas toxinas em alimentos não é tão simples e necessita de técnicas complexas, como ensaios imunoquímicos e
cromatográficos.
FRUTOS EM DETERIORAÇÃO
O Penicillium expansum produdor da micotoxina patulina pode crescer em frutas em deterioração.
FITOTÓXICO
Tóxico para as plantas e vegetais.
SUCO DE MAÇÃ
A patulina é muito encontrada no suco de maçã.
TRICOTECENOS
Nesta classe, estão agrupadas mais de cem micotoxinas por apresentarem a mesma estrutura química e receberam esse nome por causa do primeiro
composto a ser descrito, a tricotecina. Vários fungos podem produzir a micotoxina, como Trichoderma e Fusarium. Apesar de tantas toxinas e
gêneros que as produzem, menos de dez são de interesse médico por contaminarem os alimentos.
A ação dessas toxinas inibe a síntese de proteínas de RNA e DNA, acarretando efeitos hemorrágicos e imunossupressores. O os tricotecenos são
encontrados geralmente em cevada, no milho, centeio e trigo.
 
Autor: BENPOL / Fonte: Shutterstock
 Os fungos do gênero Trichoderma são produtores da micotoxina tricotecenos.
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Após a ingestão dos tricotecenos, os principais sintomas são perda de peso e apetite, diminuição das células sanguíneas e diminuição do
crescimento. Nos suínos, podem ocorrer múltiplos processos hemorrágicos no estômago, esôfago ou fígado. Além disso, pode apresentar efeito
imunossupressor, que impacta diretamente a reprodução desses animais.
SUÍNOS
Os suínos são susceptíveis aos tricotecenos que podem estar presentes na ração.
ZEARALENONAS
A zearalenona é formada por uma molécula de lactona ácida resorcílica e pode ser produzida por inúmeras espécies de Fusarium, como F. culmorum
e F. graminearum. Essa micotoxina possui afinidade por milho e seus derivados, principalmente com grão armazenado em local que tem excesso de
umidade e temperaturas com oscilações entre dias quentes e noites frias. O clima do local em que os grãos são armazenados influencia diretamente
na produção de zearalenonas.
 
Autor: Rafael Zarate / Fonte: Shutterstock
 Os fungos do gênero Fusarium podem produzir zearalenonas.
ARMAZENAMENTO EM LOCAL
O clima do local em que os grãos são armazenados influencia diretamente na produção de zearalenonas
Essa toxina não apresenta importância médica, pois não foi comprovado nenhum dano aos seres humanos, porém o impacto econômico ocorre
principalmente na criação de suínos por causar impotência reprodutora. Nesses animais, a zearalenona tem função estrogênica não esteroide, sendo
conhecida por seus efeitos estrogênicos, que inclui infertilidade, atrofia testicular, desenvolvimento precoce das mamas, redução da gravidez, entre
outros, impactando o rebanho de suínos.
Essa micotoxina é frequentemente encontrada em produtos agrícolas, como farelo de trigo, farelo de arroz, silagem, milho, trigo e sorgo.
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ZEARALENONA
A reprodução dos suínos pode ser afetada quando eles ingerem a zearalenona.
FUMONISINAS
Cerca de 16 toxinas fazem parte da classe das fumonisinas, sendo B1 e B2 as primeiras a serem descritas após isolamento de culturas de Fusarium
moniliforme. Várias espécies do gênero Fusarium podem produzir essa toxina, e esses fungos são normalmente encontrados no milho.
 
Autor: sruilk / Fonte: Shutterstock
 O Fusarium moniliforme produz fumosinas 
e foi o primeiro a ser descrito.
Os sintomas em humanos e animais são os mais variados, podendo apresentar diarreia, inanição, falta de ar, anorexia, perda de tônus muscular,
encefalopatiae necroses no fígado, podendo evoluir para quadros mais graves. A toxina B1 não é tão bem absorvida pelo trato gastrointestinal quanto
a B2, por isso ela é eliminada mais facilmente por excreção biliar. Apesar do quadro clínico ser grave e inspirar cuidados, mais de 70% dos casos de
intoxicação pela fumonisina são tratáveis.
 
Autor: THALERNGSAK MONGKOLSIN / Fonte: Shutterstock
 O milho pode ser atacado pelo Fusarium spp. 
e ser contaminado com a fumosina.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a regulamentação das micotoxinas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O MICETISMO OCORRE APÓS A INGESTÃO DE COGUMELOS VENENOSOS PRODUTORES DE TOXINAS E AS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PODEM SER AS MAIS VARIADAS POSSÍVEIS. A RESPEITO DO TRATAMENTO DO
MICETISMO, É CORRETO AFIRMAR:
A) Para os pacientes que apresentam micetismo gastrointestinal, a administração de carvão ativado e lavagem gastrointestinal é suficiente.
B) Não existe um antídoto eficaz para as toxinas, então a maioria da terapia é baseada no tratamento dos sintomas e suporte do paciente.
C) Os casos de micetismo hepatotóxico pode ser revertido apenas com o paciente realizando hemodiálise e, em alguns casos, transfusão de sangue.
D) O antídoto para os casos mais graves de micetismo são eficazes somente quando administrado nas primeiras 12 horas do aparecimento dos
sintomas.
E) Nos casos neurotóxicos do micetismo o paciente precisa ser imediatamente submetido a exames neurais para verificação do dano neurológico.
2. MICOTOXICOSE É A INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO DE ALIMENTOS CONTAMINADOS COM MICOTOXINAS QUE
SÃO PRODUZIDAS POR FUNGOS FILAMENTOSOS (BOLORES). DENTRE AS TOXINAS RELACIONADAS A SEGUIR
QUAIS APRESENTAM EFEITOS TÓXICOS PARA OS HUMANOS?
A) Citrina e patulina.
B) Aflatoxina e ocratoxina.
C) Tricoteceno e zearalenona.
D) Fumosina e citrina.
E) Zearalenona e fumosina.
GABARITO
1. O micetismo ocorre após a ingestão de cogumelos venenosos produtores de toxinas e as manifestações clínicas podem ser as mais
variadas possíveis. A respeito do tratamento do micetismo, é correto afirmar:
A alternativa "B " está correta.
 
Devido às características químicas, estruturais e fisiológicas não existe um antídoto eficaz para as toxinas dos cogumelos venenosos. Então, o
tratamento do paciente com micetismo é, na maioria das vezes, um suporte dos sintomas que eles apresentam.
2. Micotoxicose é a intoxicação por ingestão de alimentos contaminados com micotoxinas que são produzidas por fungos filamentosos
(bolores). Dentre as toxinas relacionadas a seguir quais apresentam efeitos tóxicos para os humanos?
A alternativa "B " está correta.
 
As aflatoxinas e ocratoxinas são duas classes de toxinas que apresentam potencial efeito tóxico para humanos e animais, impactando a saúde e a
economia.
MÓDULO 2
 Identificar as micoses superficiais, cutâneas e subcutâneas
Os fungos podem causar doenças a praticamente qualquer organismo vivo, e a infecção em animais e humanos gerada por esses microrganismos
são chamadas de micoses. A pele é um órgão que está em constante contato com o mundo exterior e, consequentemente, com os mais diversos
microrganismos, podendo ser parasitada pelos fungos.
Para entender essa classificação, precisamos revisar como é a estrutura da pele humana (Figura 1), pois a classificação das micoses está
diretamente relacionada à qual porção da pele elas causam doenças.
 
Autor: solar22 / Fonte: Shutterstock
 Figura 1: A pele pode ser dividida em três camadas, e as micoses podem se desenvolver em cada uma delas.
 ATENÇÃO
As micoses são classificadas de acordo com o local que atingem o hospedeiro e os agentes que a causam.
No vídeo, podemos ver, de modo detalhado, as etapas que englobam o diagnóstico micológico, que é extremamente importante para a definição da
doença e o curso do tratamento que precisa ser realizado.
MICOSES SUPERFICIAIS
As micoses superficiais são as mais comuns, e, com certeza, você já teve ou terá essa doença em algum momento da sua vida. Essas micoses são
mais incômodas do que letais, pois muitas delas podem causar uma aparência desagradável à pele. Os fungos causadores das micoses superficiais
atingem apenas as camadas mais superficiais da pele. Por não invadirem os tecidos vivos, podem não disparar reações inflamatórias no hospedeiro.
 
Autor: ilusmedical / Fonte: Shutterstock
 Esquema das micoses superficiais causadas pelos 
fungos que crescem na camada mais superficial da pele.
PITIRÍASE VERSICOLOR
A pitiríase versicolor, popularmente conhecida por “pano branco” ou “micose de praia”, é causada pelas leveduras lipofílicas (Tem afinidade pelos
lipídeos.) do gênero Malassezia. Essa levedura faz parte da microbiota normal da pele e do couro cabeludo, mas, por causa de algum desequilíbrio,
ela começa a crescer mais do que o normal e gera manchas hiperpigmentadas ou hipopigmentadas.
Conheças alguns aspectos a seguir da pitiríase versicolor:
1
 
Autor: shutting / Fonte: Shutterstock
PANO BRANCO
O popular “pano branco” é causado pelas leveduras do gênero Malassezia.
HIPERPIGMENTADAS
A pitiríase versicolor pode apresentar manchar hiperpigmentadas.
 
Autor: Dermatology11 / Fonte: Shutterstock
2
3
 
Autor: Dermatology11 / Fonte: Shutterstock
HIPOPIGMENTADAS
Manchas hipopigmentadas causadas pelas leveduras do gênero Malassezia.
Geralmente, essas manchas aparecem em regiões com maior concentração ou produção de sebo. Por isso, é comum aparecerem em tronco, tórax,
pescoço, ombros. Essa micose pode ser crônica e atinge homens e mulheres de igual forma, sendo mais frequente em adolescentes e jovens adultos.
O crescimento exacerbado da Malassezia pode interferir na produção de melanina e, quando expostas ao sol, as manchas são evidenciadas, por isso
são comumente associadas a uma “doença de praia”.
O diagnóstico dessa micose é simples e pode ser feito coletando-se escamas dessas manchas com posterior tratamento com hidróxido de potássio
(KOH 10-20%) para visualização em microscópio. As leveduras de Malassezia spp. são redondas ou ovaladas, agrupadas ou isoladas, com
brotamento que lembra um pino de boliche.
O cultivo dessas leveduras é mais complexo devido à sua exigência nutricional por lipídeos, necessitando de suplementação do meio de cultura com
ácidos graxos de cadeia longa (exemplos: óleo de girassol, milho e oliva).
PINO DE BOLICHE
Microscopia eletrônica da estrutura das leveduras de Malassezia.
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Autor: Janice Haney Carr, USCDCP / Fonte: Pixnio
 
Autor: Mr.Cheangchai Noojuntuk / Fonte: Shutterstock
 O uso de shampoo próprio para o tratamento como - shampoo com sulfeto de selênio (2,5%) - pode ser suficiente para tratar a pitiríase versicolor.
Geralmente, o tratamento pode ser tópico com o uso de hipossulfito de sódio (40%), shampoo com sulfeto de selênio (2,5%) ou com derivados
imidazólicos, sendo indicada administração oral de antifúngicos somente quando as lesões são muito extensas ou em quadros com recidivas. Mesmo
seguindo o tratamento adequadamente, a coloração da pele pode demorar meses para voltar ao normal.
TINEA NIGRA
A tinea nigra é uma micose assintomática e benigna do extrato córneo, que provoca o aparecimento de manchas marrom ou enegrecidas, geralmente
nas palmas das mãos ou na sola dos pés. Essa micose é causada por uma levedura melanizada chamada Hortaea werneckii e tem predileção por
indivíduos jovens. No Brasil, essa micose foi descrita em maior número na região Nordeste.
 
Fonte: Wikimedia Commons
 A tinea nigra é caracterizada pelo aparecimento de 
manchas escuras na palma das mãos ou sola dos pés.
Não existe nenhum grande comprometimento fisiológico, sendo apenas necessário o cuidado no diagnóstico diferencial de fitotomelanose e
melanoma. O diagnóstico pode ser feito pelo exame direto das escamas da pele clarificada com KOH 10-20% e a cultura dessas escamas em Ágar
Sabouraud dextrose, apresentando um crescimento lento. O tratamento da tinea nigra pode ser feito com soluções ceratolíticas,antifúngicos ou ácido
salicílico.
 
Autor: Mohd Firdaus Othman / Fonte: Shutterstock
 As colônicas da Hortaea werneckii são escuras pela presença de melanina.
PIEDRA BRANCA
A piedra branca, diferente das outras micoses superficiais que atingem a camada mais superficial da pele, acomete somente os pelos ou fios de
cabelos. Também é uma micose benigna, e o principal sintoma está relacionado aos nódulos claros que aparecem ao redor do fio. Essa micose é
comumente confundida com lêndeas dos piolhos, por sua aparência semelhante, porém, nos casos de pediculose, há prurido intenso e alta taxa de
transmissão, o que não ocorre com a piedra branca.
NÓDULOS CLAROS
A piedra branca pode causar nódulos brancos nos fios do cabelo, parecidos com lêndeas de piolhos.
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Fonte: Wikimedia Commons
LÊNDEAS DOS PIOLHOS
Os ovos dos piolhos são facilmente confundidos com piedra branca.
 
Autor: khunkorn / Fonte: Shutterstock
Apesar de já haver relatos no mundo todo, essa micose é mais comum em locais de clima temperado e tropical. O costume de prender os cabelos
ainda molhados e o uso excessivo de cremes favorecem o aparecimento dessa micose por manter a umidade por mais tempo nos fios.
Seu agente causador é o gêneroTrichosporon e o diagnóstico pode ser feito observando-se os nódulos ao microscópio após a clarificação com KOH
10-20%, onde serão vistas estruturas hifas com artoconídios e alguns blastoconídios.
A colônia do Trichosporon cresce rapidamente em Ágar Sabouraud com coloração creme ou branca. O principal tratamento é o corte dos fios para
tirar a parte que está com os nódulos, podendo-se associar o uso de imidazólicos tópicos, e raramente são necessários antifúngicos orais.
TRICHOSPORON
As leveduras do gênero Trichosporon são responsáveis por essa micose
PIEDRA NEGRA
Assim como a piedra branca, a piedra negra é uma micose assintomática, benigna, que acomete os pelos causado o aparecimento de nódulos
escuros, que são firmemente aderidos aos fios. Essa micose é considerada endêmica na região amazônica, já que a elevada umidade relativa do ar e
as altas temperaturas favorecem o aparecimento dessa micose em ambos os sexos, preferencialmente em jovens.
 
Autor: schankz / Fonte: Shutterstock
 O corte do cabelo parasitado é o tratamento mais indicado.
Seu agente causador é o fungo melanizado Piedraia hortae, e o exame direto do nódulo clarificado por KOH 20-40% evidencia estruturas
características desse fungo. O cultivo em meio Sabouraud dextrose com cloranfenicol tem crescimento lento e apresenta coloração escura. O
tratamento mais indicado é o corte do cabelo parasitado com uso tópico de derivados imidazólicos.
MICOSES CUTÂNEAS
DERMATOFITOSE
A dermatofitose é uma micose causada por fungos denominados “dermatófitos”, e esse grupo fúngico é composto por microrganismos que têm
afinidade com queratina. Por causa dessa exigência nutricional, os dermatófitos são frequentemente encontrados parasitando tecidos de animais e
humanos ricos em queratina, causando lesões em pele e pelos.
Esses fungos não costumam parasitar tecidos mais profundos, porque não são capazes de crescer em temperaturas mais elevadas, em torno de
37°C, e necessitam de queratina para sua sobrevivência.
Essa micose é uma das infecções de pele mais prevalentes do mundo, porém, apesar de serem incômodas e muitas vezes persistentes, não são
debilitantes, tampouco fatais. Essa micose também pode ser chamada de “tinha” ou “tinea” e recebe o nome da localização corporal em que se
encontra, geralmente regiões úmidas e quentes do corpo, como descrito no quadro a seguir.
As lesões com aparência típica dessa micose apresentam borda circular inflamada, com vesículas e pápulas que ficam ao redor da área de pele ainda
não parasitada. Quando os dermatófitos atacam os pelos ou as unhas, é possível verificar um espessamento e enfraquecimento das unhas e pelos
quebradiços.
Imagem Doença Localização
Tinea corporis Pele glabra e lisa.
 
Autor: Dermatology11 / Fonte: Shutterstock
 
Autor: Photohubsanctuary / Fonte: Shutterstock
Tinea pedis
(pé de atleta)
Espaços entre os dedos dos pés.
 
Autor: TisforThan / Fonte: Shutterstock
Tinea cruris
(coceira do jóquei)
Virilha.
Tinea capitis Couro cabeludo ou fios de cabelo.
Endótrix: fungo dentro do fio.
Ectótrix: fungo na superfície do
fio.
 
Autor: Zay Nyi Nyi / Fonte: Shutterstock
 
Autor: MC MEDIASTUDIO / Fonte: Shutterstock
Tinea ungueal
(onicomicose)
Unhas.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O grupo dos dermatófitos engloba mais de 40 espécies que pertencem a três gêneros: Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton. De acordo com
o habitat, eles podem ser classificados em zoofílicos, geofílicos ou antropofílicos. Os animais são os hospedeiros principais dos dermatófitos zoofílicos
e, quando o humano é parasitado por esses fungos, ele geralmente adquiriu a infecção por contato direto com animal infectado.
 
Autor: OneMashi / Fonte: shutterstock
 O Trichophyton mentragrophytes é um dermatófito que pode causar lesões em humanos e animais.
O M. canis é o mais encontrado parasitando gatos e cães, já o T. mentagrophytes var. mentagrophytes pode ser encontrando causando micoses em
pequenos animais, como cobaias ou bovinos. Os dermatófitos geofílicos são encontrados vivendo no solo, e animais e os humanos infectam-se por
meio de contato direto com a área contaminada.
No Brasil, o geofílico mais comum é o M. gypseum. Já os antropofílicos fazem seu ciclo apenas pela passagem humano-humano. Geralmente, essa
transmissão ocorre por contato indireto de objetos contaminados, como roupas, sapatos, lençóis etc.
Os mais comuns no Brasil são T. mentagrophytes var. interdigitale, T. rubrum, T. tonsurans e E. floccosum. A transmissão de dermatófitos entre
homens, animais e solo pode ocorrer por contato direto com os fungos ou por escamas da pele e pelos contaminados, como ilustra o diagrama.
 
Autor: OneMashi / Fonte: Shutterstock
 Cultura do dermatófito geofílico Microsporum gypseum.
 
Autor: Alex Yuzhakov / Fonte: Shutterstock
 Esquema ilustrativo das vias de transmissão dos dermatófitos entre solo, humanos e animais.
Os dermatófitos apresentam características macro e micromorfológicas que são capazes de distinguir seu gênero e sua espécie. De modo geral,
todos apresentam hifas hialinas e septadas, com formação de macro e microconídios, e é por meio da observação dos macroconídios que podemos
diferenciá-los.
Os fungos do gênero Microsporum têm macroconídios fusiformes, septados com paredes espessas e rugosas e poucos microconídios. O gênero
Epidermophyton produz macroconídios piriformes com paredes lisas e 2 a 4 células que podem estar isolados ou em forma de cachos. Os
macroconídios do gênero Trichophyton são multisseptados, cilíndricos, com paredes lisas, e seus microconídios podem ser piriformes, ovais ou
redondos.
Observe algumas características desses fungos a seguir:
1
 
Autor: Putita / Fonte: Shutterstock
MICROSPORUM
Os macroconídios do Microsporum são fusiformes de parede espessa e septados.
EPIDERMOPHYTON
O gênero Epidermophyton apresenta macroconídios piriformes com parede lisas.
 
Autor: Putita / Fonte: Shutterstock
2
3
 
Autor: Putita / Fonte: Shutterstock
TRICHOPHYTON
Os macroconídios dos Trichophyton são multisseptados e cilíndricos.
Além das características dos conídios, outras estruturas morfológicas também auxiliam na identificação dos fungos que não produzem macroconídios,
como hifas em raquete, espirais, pectinadas, candelabro fávico e clamidoconídios.
O surgimento das lesões de dermatofitose ocorre em três etapas:
1
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Após o contato do fungo com o hospedeiro, pode ocorrer um período de incubação variável, que depende de alguns fatores, principalmente do
hospedeiro.
PERÍODO DE INVASÃO RADIAL
Nesse momento, há o crescimento das hifas e a produção das enzimas que degradam a queratina.
2
3PERÍODO REFRATÁRIO
As hifas começam a se fragmentar, produzindo as estruturas de resistência chamadas de “artroconídios”.
Nos pelos, esse processo é mais simples. O dermatófito invade o folículo piloso, o pelo perde o brilho e se quebra com muita facilidade. Quando a
invasão é extensa no couro cabeludo, pode haver o aparecimento de placas de tonsura, geralmente causadas por Microsporum canis ou Trichophyton
tonsurans.
O diagnóstico é realizado pela análise das escamas de pele, fios de cabelo, fragmentos de unhas ou pelos, coletados preferencialmente das bordas
das lesões por serem a área ativa da dermatofitose. Após o material ser clarificado com KOH 10-30%, é possível observar as hifas hialinas septadas e
eventualmente a presença de artroconídios entre as escamas.
O crescimento das colônias em Ágar Sabouraud com cloranfenicol e cicloheximida auxilia no diagnóstico e na definição da espécie por meio da
análise da micromorfologia. A macromorfologia dos dermatófitos pode ter diversos aspectos, como algodonoso, aveludado ou pulverulento, e a
coloração é variável.
 
Autor: Jojoe Wang / Fonte: Shutterstock
 Os artroconídios podem ser observados entre as 
escamas e são característicos dos dermatófitos.
Para alguns dermatófitos, a macromorfologia da colônia é bem típica, como no caso do T. rubrum, que apresenta coloração vermelho-escura, e do M.
canis, com pigmentação amarelo-ouro.
O tratamento das dermatofitoses pode ser sistêmico ou tópico, com uso de ácido salicílico ou antifúngicos, como cetoconazol ou clotrimazol. O
tratamento sistêmico é realizado por via oral com antifúngicos da classe dos azóis, como o itraconazol e o fluconazol. Por causa da natureza dos
fungos e da localização das lesões, principalmente as onicomicoses, o tratamento, muitas vezes, pode ser demorado, levando até meses, em alguns
casos.
T. RUBRUM
O Trichophyton rubrum produz uma coloração avermelhada típica desta espécie.
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Fonte: Wikimedia Commons
M. CANIS
O verso do cultivo do Microsporum canis apresenta pigmentação amarela característica dessa espécie.
 
Fonte: Wikimedia Commons
Além dos fungos do grupo dos dermatófitos, as leveduras do gênero Candida também podem causar micoses de pele, unhas ou de mucosa em
pacientes com alguma predisposição. As leveduras deste gênero já fazem parte da microbiota de indivíduos saudáveis, seja na mucosa oral, seja na
vaginal, seja no trato gastrointestinal. Quando ocorre algum desequilíbrio no hospedeiro, isso favorece o crescimento da Candida, e elas começam a
filamentar e invadir o tecido saudável.
 
Fonte: Wikipedia
 A candidíase de pele pode acometer regiões quentes e úmidas, como a região entre os dedos dos pés.
 
Autor: Pattikky / Fonte: Shutterstock
 Leveduras do gênero Candida também podem causar doenças de pele, mucosa e unhas.
A Candida albicans é a espécie prevalente, seguida por outras espécies, como C. parapsilosis, C. glabrata. As principais regiões acometidas pelas
lesões são os espaços entre os dedos das mãos e dos pés, virilha e embaixo das mamas, pois são locais que retêm maior umidade.
É muito comum o aparecimento da candidíase em crianças pequenas que usam fraldas, decorrente de uma reação da urina em contato com a pele,
causando maior retenção de umidade e, consequentemente, aumento da quantidade de leveduras, sendo muito incômodo.
 
Autor: Kseniia Vladimirovna / Fonte: Shutterstock
 As assaduras dos bebês podem ser causadas pelas leveduras do gênero Candida.
Devido à presença da Candida na microbiota normal de seres humanos, ela tem distribuição mundial, sem predileção por sexo ou idade. As micoses
de unhas causadas por essas leveduras são comuns nas mãos, principalmente de pessoas que costumam trabalhar com as mãos molhadas o tempo
todo ou em constante contato com produtos químicos abrasivos, que podem lesionar unhas e pele.
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DOS PÉS
A candidíase de pele pode acometer regiões quentes e úmidas, como a região entre os dedos dos pés
APARECIMENTO DA CANDIDÍASE
As assaduras dos bebês podem ser causadas pelas leveduras do gênero Candida
Já a candidíase oral é rara em adultos e mais frequente em recém-nascidos, sendo popularmente conhecida como “sapinho”. Em pacientes adultos, já
foi muito associada a casos de HIV/AIDS. Geralmente, as lesões apresentam-se como placas esbranquiçadas na mucosa oral, localizadas tanto no
palato mole quanto na língua . Como a manifestação clínica mais comum associada às leveduras do gênero Candida, candidíase vaginal causa
muito incômodo, corrimento esbranquiçado e prurido.
Estima-se que cerca de 70% das mulheres podem desenvolver essa micose na fase adulta.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
 Língua com placas brancas características da candidíase oral.
MICOSES DE UNHAS
As micoses de unhas causadas pelo gênero Candida acometem principalmente pessoas que trabalham com as mãos ou os pés molhados por
muito tempo.
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Autor: OHishiapply / Fonte: Shutterstock
CANDIDÍASE VAGINAL
A candidíase vaginal é uma das manifestações que acomete comumente as mulheres.
 
Fonte: Wikimedia Commons
 
Autor: David A Litman / Fonte: Shutterstock
 Coloração de Gram - As leveduras do gênero Candida podem filamentar em parasitismo.
O diagnóstico baseado em exame direto de amostras clínicas pode ser feito utilizando KOH (20 ou 40%), ou coloração de Gram, que poderá
evidenciar estruturas de pseudo-hifas, células de leveduriformes e hifas verdadeiras. Em ágar Sabouraud dextrose, as Candidas crescem
rapidamente, apresentando coloração creme cerca de 48 horas após o cultivo.
No caso das candidíases, antes de ser feito o tratamento com antifúngicos, é necessário equilibrar os fatores predisponentes do paciente, afinal de
contas a Candida faz parte da microbiota normal. O tipo de tratamento e a medicação utilizada vão depender principalmente da manifestação clínica,
podendo ser feito com uso de nistatina, compostos de iodo ou antifúngicos azólicos.
 
Autor: Pattikky / Fonte: Shutterstock
 As colônias de Candida apresentam coloração 
creme e crescimento rápido.
MICOSES SUBCUTÂNTEAS
As micoses subcutâneas atingem tecidos mais profundos da pele e, em algumas situações, podem até se disseminar para outros locais a partir do
ponto de inoculação. Os agentes dessas micoses têm a característica em comum de serem saprófitas de solo. Isso significa que esses fungos são
principalmente encontrados no solo, associados à matéria orgânica vegetal em decomposição.
Eventualmente, esses microrganismos causam doenças quando entram em contato com o tecido subcutâneo do hospedeiro por meio de traumas
feitos principalmente por estruturas vegetais contaminadas com esses fungos. Por causa dessa forma traumática de transmissão, essas doenças são
agrupadas e podem ser chamadas de “micoses de inoculação traumática”.
Seu tratamento depende principalmente do agente etiológico e da localização da lesão.
ESPOROTRICOSE
A esporotricose é a micose subcutânea mais prevalente da América Latina e é classicamente causada por fungos dimórficos do gênero Sporothrix.
Antigamente, acreditava-se que apenas o S. schenckii causava essa micose, mas, com o avanço tecnológico, foi possível diferenciá-lo em outras
espécies. Então, atualmente, as espécies patogênicas mais importantes desse gênero são S. globosa, S. schenckii e S. brasiliensis.
Os fungos do gênero Sporothrix podem ser encontrados principalmente em zonas tropicais e subtropicais associados à matéria orgânica em
decomposição. O S. schenckii pode ser achado no mundo todo, já o S. globosa é mais encontrado na Ásia, enquanto o S. brasiliensis ainda é restrito
à América do Sul.
Como em todas as micoses subcutâneas, para a transmissão da esporotricose, é necessário um trauma cutâneo, geralmente causado por alguma
matéria orgânica vegetal contaminada com o fungo, que pode ser um espinho, um tronco de árvore ou um galho. Por conta da transmissão clássica
por matéria orgânica vegetal, essamicose é conhecida como a “doença do jardineiro” ou a “doença das roseiras”, porque é comumente associada
a ferimentos ocasionados por essas plantas.
Apesar dessa via clássica de transmissão, no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, a esporotricose assumiu caráter zoonótico, o que significa que
existe um animal, o gato doméstico com esporotricose, envolvido na transmissão dessa doença. O gato com esporotricose, ao mesmo tempo em
que é um hospedeiro vítima dessa micose, também pode transmiti-la para outros animais ou humanos a partir de mordidas e arranhões.
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DIMÓRFICOS
Os fungos dimórficos são aqueles que conseguem assumir tanto a forma filamentosa com micélio quanto a forma de levedura, dependendo da
situação. No caso do Sporothrix, na natureza, ele é encontrado como filamentoso e, quando está parasitando um animal ou humano, torna-se
levedura.
Observe mais alguns aspectos desse tipo de micose:
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DOENÇA DO JARDINEIRO
A esporotricose é conhecida em todo o mundo como a doença do jardineiro por causa da maior exposição desses profissionais aos fungos.
DOENÇA DAS ROSEIRAS
A esporotricose foi muito associada à manipulação de roseiras, pois seus espinhos podem causar lesões na pele que inoculam o fungo no tecido
subcutâneo.
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O GATO DOMÉSTICO COM ESPOROTRICOSE
A briga entre os gatos é a principal forma de transmissão da doença entre esses animais.
ANIMAIS
Outros animais, como os cães, podem ser afetados pela esporotricose quando feridos por um gato doente.
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HUMANOS
Os gatos com esporotricose podem transmitir a doença para seus tutores, cuidadores e veterinários.
Em humanos, a manifestação clínica mais comum é a linfangite nodular ascedente, e, a partir do ponto onde ocorreu o trauma de inoculação, o
fungo pode seguir os vasos linfáticos adjacentes, causando nódulos pelo percurso, que podem ulcerar. Também ocorrem casos de cutânea fixa,
disseminada, e muito raramente extracutâneas (por exemplo: ossos, pulmão).
 
Autor: Mohamad Naguib Rais / Fonte: Shutterstock
 Na esporotricose humana, nódulos podem 
ulcerar no membro que sofreu o trauma.
 
Fonte: Carlos V com um cachorro de Titian Vecellio / Wikipedia
 
Fonte: Carlos V com um cachorro de Titian Vecellio / Wikipedia
As lesões em gatos ocorrem nas patas, na cauda e, principalmente, na cabeça, pois são os locais mais expostos durante as brigas que favorecem a
transmissão da esporotricose, mas é muito comum verificar gatos com a esporotricose disseminada.
Ao contrário do que é visto para micoses superficiais e cutâneas, o exame direto do material da lesão dos humanos raramente evidencia a presença
das leveduras. Por isso, nesses casos, é sugerido realizar biópsia para análise histopatológica com ácido periódico de Schiff (PAS) ou
metenamina-prata de Gomori.
 As lesões nos felinos são ulceradas e não costumam cicatrizar como um ferimento comum.
ESPOROTRICOSE DISSEMINADA
A manifestação clínica do gato está muito associada ao tempo que o tutor demora para levar esse animal ao veterinário.
Contudo, para gatos com esporotricose, o exame direto pela citologia por imprint com a coloração de Panótico Rápido é suficiente para evidenciar
muitas leveduras e auxiliar no diagnóstico.
O cultivo de Sporothrix é feito em Ágar Sabouraud dextrose acrescido de antibióticos, para inibir o crescimento de bactérias contaminantes. Ele tem
um crescimento rápido, e as colônias podem aparecer em torno de três a sete dias. Além da observação da micromorfologia característica com
conidióforos em forma de margarida e hifas septadas hialinas, o teste de conversão térmica é extremamente importante para a identificação desse
gênero.
Essa termoconversão pode ser feita usando um meio de cultura rico, como o BHI (Infusão de cérebro e coração bovinos) incubados a 37°C, quando
serão observados o aparecimento de colônias cremes, cerebriformes e com micromorfologia compatível com as leveduras.
O tratamento de escolha da esporotricose humana e felina é a administração oral do itraconazol e pode durar meses. Nos casos que não respondem
bem a essa terapia, são associados iodeto de potássio ou anfotericina B.
MUITAS LEVEDURAS
O exame direto das lesões dos felinos apresenta abundantes leveduras.
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Autor: LindseyRN / Fonte: Shutterstock
MARGARIDA
A micromorfologia do Sporothrix apresenta estruturas em forma de margarida.
 
Fonte: Wikipedia
COLÔNIAS
As colônias filamentosas do Sporothrix são inicialmente claras e escurecem com o tempo.
 
Fonte: Wikipedia
CROMOBLASTOMICOSE
A cromoblastomicose ou cromomicose é uma micose subcutânea granulomatosa com evolução lenta, também causada a partir de um trauma
cutâneo. Os agentes causadores dessa micose são fungos demáceos pertencentes aos gêneros Fonsecaea, Rhinocladiella, Cladophialophora e
Phialophora.
A espécie Phialophora verrucosa é mais comum em regiões frias, principalmente na América do Norte. O Cladophialophora carrionii também já foi
isolado em território brasileiro, assim como na Venezuela e na Austrália.
No Brasil, a espécie predominante é a Fonsecaea pedrosoi, e os casos ocorrem principalmente no estado do Pará. Ainda que sejam vários gêneros e
espécies a causar a cromoblastomicose, os sintomas clínicos e as estruturas parasitárias são os mesmos.
A manifestação clínica é caracterizada pela formação de nódulos cutâneos verrucosos com desenvolvimento lento e, depois, podem aparecer
vegetações papilomatosas, que podem ulcerar ou não. Quando esses nódulos estão em conjunto, podem ter um aspecto de “couve-flor” nos estágios
mais avançados.
CUTÂNEOS VERRUCOSOS
A cromomicose pode apresentar placas ou nódulos que podem ulcerar ou não.
 
Fonte: Wikimedia Commons
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Autor: Slatan / Fonte: Shutterstock
 Os pacientes acometidos pela cromoblastomicose frequentemente são trabalhadores rurais.
Geralmente, localiza-se em membros inferiores por causa do ponto de inoculação, que pode ser um trauma causado por uma enxada durante o
trabalho rural, ou até mesmo um corte ou arranhão por estruturas vegetais contaminadas com esses fungos.
Por causa da natureza desses fungos, essa doença está comumente associada a trabalhadores rurais, lavradores e agricultores, que estão
diariamente expostos aos nichos ambientais desses fungos.
O diagnóstico micológico direto feito a partir das crostas das escamas ou do pus pode revelar estruturas de coloração marrom e globosas, que
geralmente estão agrupadas. Essas estruturas septadas em dois planos chamadas de corpos escleróticos ou muriforme são características dessa
micose subcutânea.
CORPOS ESCLERÓTICOS
O corpo esclerótico ou muriforme é um achado característico no exame direto da cromoblastomicose.
 
Fonte: Wikimedia Commons / licença Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported
Para o cultivo laboratorial desses fungos, é necessário o uso do Ágar Sabouraud sem antibióticos, e eles crescem lentamente, com aparência
aveludada ou algodonosa, com coloração que varia de esverdeada a marrom-escura ou preta. A identificação das espécies ocorre por meio da
observação das estruturas de reprodução microscópicas.
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Autor: OneMashi / Fonte: Shutterstock
 As colônias dos fungos que causam a cromoblastomicose podem ser de esverdeadas a pretas e com crescimento lento.
Essas estruturas de reprodução podem ser de três tipos distintos associados aos gêneros que os produzem:
TIPO CLADOSPÓRIO - GÊNERO CLADOSPORIUM
 
Fonte: Wikimedia Commons
A produção dos conídios do tipo cladospório é em cadeia.
TIPO RINOCLADIELA - GÊNERO RHINOCLADIELLA
 
Fonte: Wikimedia Commons
Os conídios do tipo rinocladiela estão dispostos ao longo do conidióforo em forma de “escova de mamadeira”.
TIPO FIALÓFORA - GÊNERO PHIALOPHORA
 
Fonte: Wikimedia Commons
Os conídios do tipo fialófora estão dispostos no topo do conidióforo como um “vaso de plantas”.
Curiosamente, o gênero Fonsecaea pode apresentaros três tipos de corpos de frutificação, sendo mais frequentes os tipos rinocladiela e cladospório.
O tratamento da cromomicose dependerá da forma clínica e do tempo de evolução, que, em alguns casos, pode chegar a anos. Ao contrário de outras
micoses, o tratamento apenas com antifúngicos como anfotericina B, itraconazol ou 5-fluorocitosina não é suficiente, sendo necessária a associação
com eletrocoagulação, tratamento cirúrgico para remoção dos nódulos ou crioterapia.
MICETOMA
Os micetomas podem ser causados por espécies de bactérias (Nocardia ou Actinomyces) ou por fungos de vários gêneros. Os micetomas causados
por fungos são denominados “eumicetomas” ou “micetoma eumicótico”. Os fungos causadores do eumicetoma produzem suas hifas emaranhadas
como grãos, que apresentam tamanhos diversos, e coloração que pode ser branca, amarelada a preta.
De modo geral, após o trauma que inocula o fungo no tecido subcutâneo, ocorre aumento da região lesionada com posterior aparecimento de fístulas
e produção dos grãos com pus. No Brasil, os números de casos são baixos, sendo mais frequentes em países do Oeste da África (Senegal, Congo,
Sudão e Madagascar) e na Índia. Os sítios anatômicos mais acometidos são braços, pernas e pés, pois esses são os locais mais susceptíveis aos
traumas cutâneos por onde o fungo penetra.
Conheça um pouco mais sobre os traumas:
GRÃOS COM PUS
As lesões do eumicetoma podem ulcerar e liberar pus e os grãos característicos dessa micose.
BRAÇOS
Os membros superiores podem ser acometidos após ferimentos com matéria orgânica vegetal contaminada.
PERNAS
As pernas podem ser acometidas pelo eumicetoma por causa do ponto de inoculação.
PÉS
Os pés são frequentemente acometidos por serem mais expostos aos nichos ambientais dos fungos durante os trabalhos rurais.
Os fungos mais envolvidos nos casos de eumicetomas são Pseudallescheria boydii (grãos brancos), Pirenochaeta romeroi (grãos pretos), Madurella
mycetomatis (grãos pretos) e Acremonium recifei (grãos brancos). Na América do Sul, o agente mais encontrado é o Madurella grisea. Esses fungos
são achados principalmente em madeira, solos e vegetais e, por isso, também os homens, que são produtores rurais, agricultores e lavradores, são
os mais acometidos.
O diagnóstico pode ser confirmado pelo achado dos grãos com diferentes texturas, tamanhos e cores. A observação das características
macroscópicas dos grãos pode ajudar na identificação do fungo, porém a definição exata da espécie ocorre em associação aos achados da
micromorfologia da cultura e do grão. Em alguns casos, são necessários testes complementares, como bioquímicos, para auxiliar na identificação do
fungo.
 
Autor: OneMashi / Fonte: Shutterstock
 O Pseudallescheria boydii 
é um dos fungos causadores do eumicetoma.
MODAL
Os trabalhadores rurais são os principais pacientes acometidos pelo eumicetoma
Dentre as micoses subcutâneas, o tratamento do eumicetoma é o mais complicado porque é necessária drenagem cirúrgica, uso de antifúngicos
intralesionais (Anfotericina B, miconazol, cetoconazol, itraconazol, entre outros) e, em casos mais graves, amputação do membro acometido.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A DERMATOFITOSE É UMA MICOSE QUE ACOMETE A PELE E OS PELOS DE HUMANOS E ANIMAIS E NÃO TEM
POTENCIAL LETAL, PORÉM PODE SER MUITO INCÔMODA. TRÊS GÊNEROS FÚNGICOS FORMAM O GRUPO DOS
DERMATÓFITOS. QUAIS SÃO ELES?
A) Hortaea, Malassezia e Tonsurans.
B) Candida, Piedraia e Trichosporon.
C) Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton.
D) Trichosporon, Malassezia e Epidermophyton.
E) Sporothrix, Trichosporon e Piedraia.
2. INDEPENDENTEMENTE DO AGENTE CAUSADOR, AS MICOSES SUBCUTÂNEAS COMPARTILHAM UMA
CARACTERÍSTICA EM COMUM. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE AS CARACTERÍSTICAS COMUNS
QUE ESSAS MICOSES COMPARTILHAM:
A) A forma de transmissão das micoses subcutâneas ocorre por um trauma cutâneo.
B) As micoses subcutâneas são causadas por fungos demáceos melanizados.
C) O tratamento das micoses subcutâneas é sempre com antifúngicos e cirurgias.
D) No diagnóstico das micoses subcutâneas o cultivo é sempre feito em ágar Sabouraud com antibióticos.
E) O exame direto sempre evidencia estruturas de hifas hialinas septadas, em alguns casos com artroconídios.
GABARITO
1. A dermatofitose é uma micose que acomete a pele e os pelos de humanos e animais e não tem potencial letal, porém pode ser muito
incômoda. Três gêneros fúngicos formam o grupo dos dermatófitos. Quais são eles?
A alternativa "C " está correta.
 
Os fungos que pertencem ao grupo dos dermatófitos são os do gênero Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton, pois são os que causam
dermatofitose, tanto em humanos quanto em animais.
2. Independentemente do agente causador, as micoses subcutâneas compartilham uma característica em comum. Assinale a alternativa
correta sobre as características comuns que essas micoses compartilham:
A alternativa "A " está correta.
 
A característica que une as micoses subcutâneas é a necessidade de um trauma cutâneo que inocula o fungo na pele.
MÓDULO 3
 Reconhecer as micoses sistêmicas e oportunistas
MICOSES SISTÊMICAS
Assim como as micoses subcutâneas, as micoses sistêmicas são agrupadas por apresentarem várias características em comum. Essas micoses têm
distribuição geográfica limitada e, por essa característica, também podem ser conhecidas como “micoses endêmicas”.
Os fungos causadores das micoses sistêmicas podem ser encontrados no solo, em excremento de animais e em matéria orgânica vegetal rica em
nutrientes. A principal forma de transmissão é pela inalação dos esporos fúngicos ou conídios, sendo o pulmão o primeiro e principal órgão acometido.
Apesar disso, a maior parte das infecções pulmonares é autolimitada e assintomática. Mesmo com alto potencial infeccioso ambiental, um indivíduo
com micose sistêmica não transmite para outros humanos ou animais.
ENDÊMICAS
São endêmicas aquelas doenças que acometem a população de uma região geográfica específica.
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Autor: solar22 / Fonte: Shutterstock
 A principal forma de transmissão das micoses sistêmicas ocorre pela inalação dos conídios dispersos no ar.
O tratamento das micoses depende principalmente do agente etiológico e da localização da lesão. Para entender melhor quais são os antifúngicos e
os mecanismos de ação de cada um deles, veja o vídeo.
HISTOPLASMOSE
A histoplasmose clássica é causada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum var. capsulatum e pode ser encontrada em várias partes do mundo,
sendo endêmica nos Estados Unidos (regiões leste e centrais). Na África, principalmente nos países tropicais, a histoplasmose é causada pelo
Histoplasma duboisii. Embora a histoplasmose seja rara no Brasil, houve aumento no número de casos registrados depois do advento do HIV/AIDS.
A principal característica desse fungo é que ele tem preferência por crescer em solo que é abundantemente contaminado com fezes de aves ou
morcegos. A transmissão ocorre por inalação dos conídios do Histoplasma, que podem ser dispersos no ar durante a limpeza de locais, como
galinheiros, sótãos com morcegos ou então quando são revirados materiais do solo dentro de cavernas.
Nas regiões endêmicas, é comum um aumento significativo no número de casos após a escavação do solo para construção ou então por exploração
de cavernas infestadas de morcegos.
Após a inalação do conídio, ocorre a primo-infecção no pulmão. Na maioria dos indivíduos, esse quadro inicial é assintomático, subclínico, e passa
despercebido ou é confundido com resfriados ou gripe. Apesar de não apresentar sintomas claros e debilitantes, esse primeiro contato com o fungo
pode deixar sequelas, como calcificações nodulares residuais no pulmão, parecido com o que acontece com a tuberculose.
 
Fonte: Wikimedia Commons
 Radiografia torácica mostra infiltrado pulmonar difuso 
devido à histoplasmose pulmonar aguda causada por H. capsulatum.
Muito raramente, mas podendo ocorrer, o H. capsulatum se dissemina e atingeoutros órgãos, como rins, fígado, baço, pâncreas, testículos e ainda
ocorre a manifestação clássica com lesões na mucosa orofaríngea. Um fator agravante para a histoplasmose é a ocorrência de coinfecção com outros
agentes, como o Mycobacterium tuberculosis, que causa tuberculose, dificultando ainda mais o tratamento e diagnóstico.
A histoplasmose disseminada pode ocorrer em indivíduos com alguma debilidade imunológica, como pacientes submetidos a quimioterapias
imunossupressoras ou então pacientes com AIDS.
FEZES DE AVES
O Histoplasma capsulatum pode ser encontrado crescendo em fezes de aves
MORCEGOS
As cavernas ou locais onde há morcegos podem ser favoráveis para o crescimento do Histoplasma capsulatum
GALINHEIROS
A limpeza de galinheiros pode dispersar conídios de Histoplasma capsulatum que estejam crescendo nas fezes
SÓTÃOS COM MORCEGOS
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Os sótãos com morcegos são locais propícios para o crescimento do Histoplama capsulatum
CALCIFICAÇÕES NODULARES RESIDUAIS NO PULMÃO
Radiografia torácica mostra infiltrado pulmonar difuso devido à histoplasmose pulmonar aguda causada por H. capsulatum.
 
Autor: LindseyRN / Fonte: Shutterstock
 No hospedeiro, o H. capsulatum se transforma em leveduras.
O H. capsulatum é dimórfico, o que significa que, ao parasitar as células do sistema retículo endotelial, transforma-se em leveduras pequenas, ovais
ou redondas. Na natureza, esse fungo cresce como filamentosos com hifas hialinas e macroconídios mamilonados ou tuberculados, que lembram a
semente de mamona.
Em laboratório, é possível observar as duas fases, crescendo o fungo a 25°C, para verificar sua fase filamentosa, e a 37°C, quando observamos as
leveduras. O espécime clínico coletado para diagnóstico da histoplasmose pode ser biópsia, escarro, raspado de lesões superficiais, urina e aspirados
de medula óssea, nos casos de histoplasmose disseminada.
Os cortes histológicos podem ser corados com metenamina-prata de Gomori, calcofluorado branco ou ácido periódico de Schiff, quando serão
observadas estruturas compatíveis com leveduras. O crescimento do Histoplasma em laboratório é lento, podendo levar até quatro semanas para o
aparecimento das primeiras colônias.
 
Autor: Putita / Fonte: Shutterstock
 O Histoplasma capsulatum na natureza se apresenta como fungo filamentoso.
FILAMENTOSOS COM HIFAS HIALINAS E MACROCONÍDIOS
MAMILONADOS
O Histoplasma capsulatum na natureza se apresenta como fungo filamentoso.
METENAMINA-PRATA DE GOMORI
A coloração metenamina-prata de Gomori evidencia, em tons de marrom, as células fúngicas e, em azul, as outras estruturas do hospedeiro
As colônias desse fungo têm aparência algodonosa e branca, sem nenhuma característica muito peculiar que o identificaria, por isso é muito
importante realizar a termoconversão em laboratório para verificar sua mudança para a fase leveduriforme.
Além dos métodos clássicos de identificação pelo exame direto e cultura, também é possível realizar testes sorológicos, como o teste de
imunodifussão, que detecta anticorpos contra o H. capsulatum no soro dos pacientes infectados. Quando os anticorpos contra o antígeno M desse
fungo são detectados, indicam que a histoplasmose está ativa.
 
Autor: David A Litman / Fonte: Shutterstock
 A coloração metenamina-prata de Gomori evidencia, em tons de marrom, as células fúngicas e, em azul, as outras estruturas do hospedeiro.
Para os casos assintomáticos ou com sintomas leves, não há indicação de tratamento, porque a resolução da doença ocorrerá de forma espontânea.
Nos casos pulmonares mais graves, é indicado o uso de itraconazol, e, para os casos de histoplasmose disseminada, o tratamento de escolha é
anfotericina B. Não existe uma forma 100% eficaz de prevenção, mas evitar locais onde o fungo possa crescer ou áreas endêmicas é a melhor forma
de evitar a histoplasmose.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE
 
Autor: Naeblys / Fonte: Shutterstock
 A paracoccidioidomicose acontece em toda a América Latina.
A paracoccidioidomicose também pode ser conhecida como a “blastomicose da América”, pois essa doença acontece principalmente na América
Latina, estendendo-se da Argentina até o México, já sendo descritos casos aqui no Brasil em estados como São Paulo, Paraná e Rondônia.
O agente causador dessa micose é o fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis, porém, como foi poucas vezes isolado na natureza, ainda não se
sabe ao certo seu habitat natural. Embora acredite-se que ele também está associado à matéria orgânica vegetal, pois muitos dos pacientes
acometidos são trabalhadores rurais, também já foi associado à caça ao tatu. Assim como em todas as micoses sistêmicas, a
paracoccidioidomicose não é contagiosa.
 
Autor: LightField Studios / Fonte: Shutterstock
 Os trabalhadores rurais são os mais acometidos pela paracoccidioidomicose.
A transmissão ocorre por inalação dos conídios do P. brasiliensis, que pode causar lesões iniciais nos pulmões. Ao contrário do que acontece com a
histoplasmose, nessa lesão inicial, o fungo pode ficar latente dentro de um granuloma por anos ou décadas, até que possa ser reativado novamente
e, enfim, causar a paracoccidioidomicose.
Por essas características, essa micose é considerada crônica e pode disseminar-se para outros locais no organismo a partir do pulmão, como tecido
mucocutâneo, baço, linfonodos, fígado, glândulas suprarrenais etc. Uma manifestação típica dessa micose são lesões dolorosas na mucosa oral.
 
Fonte: Wikimedia Commons
 Manifestação mucocutânea da paracoccidioidomicose.
O diagnóstico pode ser realizado pela observação de estruturas leveduriformes características do P. brasiliensis em amostra de escarro, secreções,
pus etc., ou por avaliação histopatológica de biópsias. As leveduras desse fungo podem apresentar-se isoladas ou com brotamentos ao redor da
célula-mãe, lembrando um timão de barcos.
 
Fonte: Wikimedia Commons
 As leveduras do P. brasiliensis apresentam brotamentos ao redor da célula-mãe.
O crescimento em meio de cultura pode demorar de duas a quatro semanas. Também é possível aplicar testes sorológicos para auxiliar no
diagnóstico e acompanhamento terapêutico da paracoccidioidomicose.
 
Fonte: Wikimedia Commons
 As leveduras do P. brasiliensis pode demora até 4 semanas para começar a crescer.
O tratamento é baseado na manifestação clínica e no estado geral do paciente, podendo ser feita uma combinação terapêutica de sulfamidas com
itraconazol, trimetoprim, anfotericina B ou miconazol. Por ser uma micose de curso crônico, seu tratamento também é demorado e, mesmo depois da
cura clínica, micológica e sorológica, é necessário continuar com uma dose de manutenção do antifúngico por cerca de dois anos.
MUCOCUTÂNEO
Manifestação mucocutânea da paracoccidioidomicose.
COM BROTAMENTOS
As leveduras do P. brasiliensis apresentam brotamentos ao redor da célula-mãe.
CRESCIMENTO EM MEIO DE CULTURA
As leveduras do P. brasiliensis pode demora até 4 semanas para começar a crescer.
CURA CLÍNICA
É quando os sintomas desaparecem.
MICOLÓGICA
Ocorre quando não é mais possível evidenciar estruturas fúngicas nas amostras coletadas ou então sem crescimento no cultivo.
SOROLÓGICA
Acontece quando não há mais detecção de anticorpos contra antígenos do P. brasiliensis.
COCCIDIOIDOMICOSE
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A coccidioidomicose é causada por fungos dimórficos do gênero Coccidioides, e as espécies mais conhecidas são C. immitis e o C. posadasii. Ambas
as espécies são endêmicas nos Estados Unidos, mas também podem ser encontradas no México, na América Central e no Sul. No Brasil, já houve
relato de casos nos estados do Piauí, Ceará e Maranhão.
Diferente dos outros fungos que têm preferência por locais de clima úmido, esse gênero tem predileção por crescer como saprófita de solo de áreas
semidesérticas e desérticas.
 
Autor: Kenneth Keifer / Fonte: Shutterstock
 Ao contrário dos outros fungos, o Coccidioides tem 
preferência por crescer

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