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BACTÉRIAS DO GÊNERO CLOSTRIDIUM

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BACTÉRIAS DO GÊNERO CLOSTRIDIUM 
PROF. LEANDRO ARAÚJO 
TÚLIO SCHITTINI SOARES DE OLIVEIRA 
 
 As bactérias do gênero Clostridium são Gram-positivas , fermentam carboidratos , são 
catalase e oxidase negativas, sendo a catalase um fator importante para diferencia-las do gênero 
Bacillus e necessitam de um meio enriquecido para crescerem. Nos esfregaços é possível 
visualizar uma morfologia de bacilos retos ou levemente curvados , possuem motilidade 
através de flagelos, e produzem endósporos que permitem a sobrevivência da bactéria em 
ambientes não propícios para seu crescimento na forma vegetativa, comumente provocam um 
aumento do volume da célula-mãe. A localização, forma e tamanho do endósporo permitem 
identificar, no esfregaço, o tipo de Clostridium. 
 A maioria das espécies patogênicas (20) desse gênero são anaeróbia estritas, ou seja, 
crescem somente na ausência de O2. Isso também as diferenciam dos Bacillus. Possuem um 
ótimo metabolismo com temperaturas entre 10o C e 65oC . 
 Ademais são divididos em 4 categorias, sendo 3 delas baseadas na toxicidade e nos tecidos 
por ela afetados e a última inclui patógenos menos importantes . São elas: Clostrídios 
neurotóxicos , que afetam a função neuromuscular sem lesão de tecido aparente; Clostrídios 
histotóxicos, que produzem lesões no tecido como o fígado e músculos e causar toxemia; 
Clostrídios enteropatogênicos e produtores de enterotoxemias, produzem lesões inflamatórias 
no trato gastrointestinal, juntamente com enterotoxemias; por último os outros Clostrídios, que 
causam doenças esporadicamente . 
 São encontrados geralmente no solo pois degradam matéria orgânica, fazem parte da 
microbiota intestinal do animal saudável , alguns podem estar isolados no musculo e fígado e 
podem causar doenças . 
 Para coleta de espécimes, são necessários fragmentos de tecidos afetados ou fluidos dos 
animais afetados, eles devem ser cultivados imediatamente após coletados e serem 
transportados em meio anaeróbio . O cultivo pode ser feito em ágar-sangue enriquecido com 
extrato de levedura , a vitamina k também é recomendado para cultivo e também a jarra de 
anaerobiose que contem Hidrogênio suplementado com 5-10% de CO2. 
 Para diferenciá-los podem ser usados os métodos de : morfologia colonial , onde as colônias 
apresentam uma zona dupla de hemólise porem sozinha não permite identificar; testes 
bioquímicos, neutralização de toxinas a partir de fluidos corporais, como o ELISA, PCR e 
bioensaios em camundongos; e cromatografia . 
 Os Clostrídios neurotóxicos ( C. tetani e C. botulinium) produzem neurotoxinas potentes. 
O C. tetani produz sua neurotoxina através de microrganismos que se multiplicam através de 
tecidos lesados. Já as do C. botulinium são produzidas por microrganismos que se replicam 
em matéria orgânica em decomposição ( silagem por exemplo) , ou em alimentos embalados a 
vácuo (anaerobiose) 
 O tétano é uma infecção aguda potencialmente fatal que atinge muitas espécies, 
especialmente os humanos e equinos. Causada pelo C. tetani , um bacilo gram-positivo , 
anaeróbio, com endósporos esféricos terminais, resistentes a fervura e agentes químicos , são 
destruídos apenas após 15 minutos na autoclave. Também é hemolítico . a infecção ocorre 
quando os endósporos entram na lesão em contato com solo ou fezes, como castração e tecido 
umbilical de animais jovens. O tecido morto da ferida cria condições anaeróbicas para o esporo 
germinar e replicar e produzir suas toxinas, a tetanolisina que é hemolítica e tetanospasmina , 
responsável pelos sinais clínicos do tétano. 
 Os sinais clínicos do tétano são espasmos provocados por estímulos de luz, som e toque, o 
animal também permanece consciente. Para diagnostico se observa o histórico anamnese, 
sinais clínicos, não depende de confirmação laboratorial, na necropsia não se tem lesões 
significativas , a presença do fator de entrada nem sempre é observada. 
 O botulismo é causado pelo C. botulinium , um gram-positivo anaeróbio que produz 
endósporos subterminais ovais , que germinam em carcaças e vegetação em decomposição e 
alimentos enlatados , produzem 8 tipos de toxinas muito potentes . É potencialmente fatal , e 
é associado a silagens de pobre qualidade, carcaças de frango , água contaminada e roagem de 
ossos. As toxinas agem nas junções neuromusculares dos nervos colinérgicos . 
 As exotoxinas elaboradas por bactérias em replicação provocam necrose e efeitos sistêmicos 
e podem ser letais. O mal de ano é causado pelo C. chaouvei, um gram-positivo formador de 
esporos resistentes a desinfetantes e que persiste no solo por muito tempo, ocorre nos meses 
quentes de chuva , de forma súbita. Os esporos após ingeridos atingem o fígado e vai pros 
músculos e permanecem isolados ate que o animal sofra um trauma que libera cortisol que 
estimula a germinação do esporo . As toxinas causam lesões iniciais nos tecidos , a produção 
de gás pela fermentação e aumenta a lesão. O diagnostico é feito por PCR, identificação de 
espécie por imunofluorescência direta, e do músculo lesionado . 
 Os que produzem enterotoxinas se proliferam no trato intestinal . Os C. perfrigens B,C e D 
são comuns em animais domésticos, são encontrados no solo e sobrevivem por vários meses 
e também fazem parte da microbiota intestinal normal. Mudanças na dieta e influencias 
ambientais favorecem a proliferação desses Clostrídios . Eles produzem várias exotoxinas 
potentes e imunologicamente distintas que causam efeitos sistêmicos das enterotoxemias. O 
diagnóstico e feito pelo cultivo em ágar-sangue onde pode ser observada a morfologia da 
colônia e pelo teste CAMP positivo com S. agalactiae, além de bioteste em camundongos com 
neutralização de toxinas.

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