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Rafaela Pelloi - Medicina UFGD Diverticulose ● Divertículos são saliências (apêndices) em forma de pequenas bolsas devido a um processo de herniação. São mais comuns no cólon que em qualquer segmento do trato intestinal. Uma dieta pobre em fibras vegetais (alimentos não digeridos) é o principal fator para desenvolver divertículos devido à constipação intestinal. A prevalência da diverticulose é maior em idosos por diminuição da síntese de colágeno, o que causa um divertículo falso, de pulsão e não hipertônico. ● Há dois exemplos na prática clínica que devem ser lembrados: 1) O divertículo de Meckel é um divertículo verdadeiro, congênito, formado por um brotamento do intestino delgado primitivo. Na maioria das vezes este é assintomático e descoberto acidentalmente por estudos radiológicos da porção superior do trato intestinal. Os sintomas só aparecem quando sangram, pois os vasos retos que irrigam as alças intestinais ao serem expostos pela herniação entram em contato com as fezes endurecidas que causa rompimento dos mesmos. Outro mecanismo responsável pelo sangramento é a secreção do ácido clorídrico pela mucosa gástrica ectópica responsável por causar uma úlcera péptica do íleo. 2) O divertículo de Zenker possui classificações importantes, são elas: ● FALSOS e VERDADEIROS: ➔ Falsos → são divertículos que contém apenas mucosa e submucosa ➔ Verdadeiros → contêm todas as camadas, mas são raros no cólon. São os divertículos congênitos ● HIPERTÔNICOS E NÃO HIPERTÔNICOS: ➔ Hipertônicos → são divertículos volumosos formados pela tonicidade da parede intestinal. Essa tonicidade é decorrente do espessamento da camada de músculos circulares e encurtamento das tênias, bem como pela deposição de elastina entre as células musculares e as tênias que leva ao encurtamento da tênia e ao acotovelamento da musculatura circular. ➔ Não hipertônicos → não há alteração da espessura da musculatura, mas tem emergência dos divertículos no final da tênia e vasos retos por deposição de colágeno. Sintomas ● A maioria dos pacientes com diverticulose não complicada são assintomáticos. Quando sintomático possui: dor espasmódica; constipação; dor em fossa ilíaca esquerda; massa tubular palpável em fossa ilíaca esquerda; diarreia paradoxal. Rafaela Pelloi - Medicina UFGD Diagnóstico ● É feito por exame de Enema Opaco onde se verifica: divertículo ao contraste, constrição do cólon e espasmo da parede colonica. Ou pelo exame de Colonoscopia onde se visualizam as imagens dos divertículos. ● O diagnóstico diferencial é feito pela avaliação da ausência de sinais sistêmicos de inflamação que é o ponto principal de diferença da diverticulite bem como o sangramento (hemorragia digestiva baixa capaz de gerar anemia ferropriva) que é uma complicação comum da diverticulose. Tratamento ● Nas situações assintomáticas o tratamento é baseado nas seguintes recomendações: ➔ Dieta rica em fibras (cereais, frutas e vegetais) para evitar complicações inflamatórias pois o divertículos sempre permanecerá ali ➔ Analgésicos se necessário em caso de cólica ➔ Relação médico-paciente deve ser valorizada ➔ Aumento de ingestão líquida ● O tratamento cirúrgico é indicado em casos de complicações como: ➔ Hemorragia cuja manifestação clássica é a hematoquezia (eliminação de sangue vivo pelas fezes), mas em algumas vezes quando a motilidade do trato é lenta os sangramentos podem aparecer como melena. Esse quadro pode causar anemia e/ou instabilidade hemodinâmica que indicam necessidade cirúrgica de colectomia subtotal (retirada de todo o cólon mas poupa o reto com anastomose ileorretal) ➔ Raramente se indica colectomia para situações não complicadas Rafaela Pelloi - Medicina UFGD Diverticulite ● Diverticulite é o termo usado para designar a macro ou microperfuração de um divertículo, que pode ter tanto repercussões limitadas, quanto uma inflamação peritoneal chamada de peridiverticulite capaz de gerar os sintomas e evoluir com abscesso, fístulas ou peritonite generalizada. Fisiopatologia ● Os divertículos são sacos que aparecem no intestino grosso, principalmente no cólon sigmóide, em pontos de fraqueza intestinal, mais especificamente onde os vasos penetram. ● Está relacionado a diminuição da ingesta de fibras leva ao aumento da pressão intraluminal no cólon sigmóide → a pressão intraluminal aumenta devido a contrações peristálticas exageradas. ● A diverticulite inicia com a impactação de uma partícula, fecal ou não que obstrui o óstio do divertículo. O divertículo obstruído passa a ter seu fluxo venoso e arterial, bem como a drenagem de secreções comprometidas. ● Evolução: proliferação bacteriana local e erosão da mucosa, que culmina em micro ou macroperfuração do divertículo, iniciando a chamada peri diverticulite. ● A passagem de ar e bactérias para a cavidade peritoneal pode evoluir com abscesso ou peritonite generalizada. ● O abscesso pode determinar fístulas, sendo a mais comum é a que se estabelece com a bexiga (colovesical), cujo tratamento é cirúrgico, pois a cronificação do processo pode promover a formação de fibrose em resposta ao processo de microperfuração. ● Vale lembrar que: Somente um divertículo está envolvido de cada vez e a infecção no interior do divertículo não se relaciona com o quadro. Rafaela Pelloi - Medicina UFGD Sintomas ● Dor abdominal por descompressão brusca localizada na fossa ilíaca esquerda ● Flatulência associada à dor ● Constipação ou aumento das evacuações com dor ● Disúria sugere fístula e aderência à bexiga ● Náusea ou vomito dependendo da localização e da intensidade da dor ● Febre ● Distensão abdominal associada à obstrução no local da dor ● Sangramento nas fezes ● Leucocitose ● Perfuração livre na cavidade ● Massa palpável ● Manifestações ginecológicas ● Fístula colovesical Tratamento ● A severidade do processo inflamatório e infeccioso é que vai determinar o tratamento da diverticulite. ● 25% dos pacientes necessitam de tratamento cirúrgico, sendo que a mortalidade operatória está em torno de 5%. ● Caso seja realizado o tratamento medicamentoso, cerca de 33% dos pacientes tem recorrência do quadro, assim é instituída a dieta rica em fibras que previne tal recorrência. Mas caso esta ocorra o terceiro episódio de diverticulite, a colectomia eletiva deve ser indicada. ● Para pacientes que exibem sinais de inflamação exuberante com febre, leucocitose, descompressão dolorosa em flanco esquerdo devem ser: ➔ Hospitalizados ➔ Jejum; aspiração nasogástrica; hidratação parenteral ➔ Antibioticoterapia ● Caso o paciente melhore entre 48-72 horas, este pode receber altar e completar o esquema antibiótico com fármacos orais e retornar para avaliação. ● O tratamento cirúrgico por ressecção do sigmóide com colostomia é indicação absoluta em casos de complicações da diverticulite que são: ➔ Perfuração com peritonite purulenta ou peritonite fecal é a complicação mais grave e requer reposição volêmica, antibioticoterapia e laparotomia de urgência. ➔ Abscesso é drenado, e a dieta zero, a antibioticoterapia e o suporte parenteral são mantidos para que cerca de 6 semanas após a drenagem, um procedimento cirúrgico definitivo seja realizado ➔ Obstrução ➔ Fístulas com infecção urinária Classificação ● Essa classificação visa estratificar o estágio evolutivo e gravidade das diverticulites complicadas.
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