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FUNDAMENTOS DE GESTÃO AULA 1 Prof. Cláudio Aurélio Hernandes 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula vamos falar a respeito de alguns conceitos básicos de gestão. Ela está dividida em cinco temas principais: 1. Introdução à gestão de organizações; 2. Organização de trabalho não profissional; 3. A lógica da gestão profissional; 4. Organizações, processos, sistemas e pessoas; e 5. Caos e complexidade organizacional. O objetivo principal desta aula é fazer uma introdução à gestão de organizações e, para isso, definiremos o que é gestão e o que são organizações. Discutiremos inicialmente as organizações de trabalho não profissional para entendermos a lógica do trabalho e da gestão profissional. Por fim, refletiremos a respeito das organizações sob o ponto de vista dos processos, sistemas e pessoas. Chegaremos ao ponto de compreender que as organizações têm sempre algum nível de caos e de complexidade, ou seja, organizações são fenômenos complexos cujas variáveis nem sempre são plenamente conhecidas. Por essa razão, a gestão organizacional é tão necessária. CONTEXTUALIZANDO Para contextualizar, vamos refletir sobre coisas limitadas em nossas vidas: dinheiro para comprarmos coisas, tempo para nos dedicarmos a uma determinada atividade, roupas para estarmos sempre na moda, espaço para guardarmos bugigangas, quartos para recebermos visitas, atenção para nos concentrarmos em problemas complexos etc. Muitas coisas de nosso dia a dia são limitadas, de modo que somos obrigados a otimizar sua utilização. Isso é, em certa medida, fazer gestão. Toda vez que nos preocupamos com a utilização de um recurso limitado, estamos fazendo a gestão desse recurso. Conseguimos aproveitar melhor o nosso tempo quando planejamos sua utilização de forma que haja tempo para que possamos fazer tudo o que precisamos. Quando chegamos a uma situação em que vemos que não teremos tempo hábil para fazer tudo o que devemos, podemos, por exemplo, utilizar critérios para definir o que fazer primeiro. Isso é fazer gestão de seu tempo. Da mesma forma, mesmo sem saber, fazemos a gestão de uma série de outras coisas. Porém, quando falamos de gestão 3 profissional, as coisas são ainda mais sérias e, para isso, contamos com muitas ferramentas e metodologias que podem nos auxiliar. O gestor é o indivíduo que faz a gestão. Ele pode ser um administrador com formação na área (que é o ideal), ou não (que é o mais comum). Muitos profissionais atualmente se dedicam à gestão sem serem administradores. Engenheiros muitas vezes criam suas próprias empresas de engenharia, médicos e dentistas, suas clínicas de saúde, advogados, seus escritórios de advocacia etc. Quando isso acontece, eles passam a desempenhar menos funções técnicas de sua área de formação e mais atividades de gestão de suas equipes. Da mesma forma, muitas outras pessoas criam seus próprios negócios e passam a fazer gestão. Algumas vezes por necessidade, outras vezes por terem espírito empreendedor. Todas essas pessoas e profissionais precisam compreender as ferramentas básicas de gestão para que tenham maior chance de sucesso em suas atividades. Por isso, tem sido cada vez mais comum que esses profissionais procurem uma formação em gestão. TEMA 1 — INTRODUÇÃO À GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES Antes de nos aprofundarmos no conceito de gestão, precisamos esclarecer o termo organização, que é muito comum para nós, administradores e gestores; nós o usamos para designar empresas, corporações, firmas, associações e outros tipos de entidades estruturadas racionalmente para determinados fins. Na maioria das vezes poderíamos substituir o termo “organização” por “empresa”, mas não o fazemos porque “organização” é um conceito bem mais abrangente e nos ajuda a dizer que um gestor profissional é tanto capaz de gerir uma empresa, quanto um sindicato, ou uma organização não governamental (ONG). Ou seja, a gestão de organizações envolve diversos tipos de organizações, não apenas aquelas formalmente constituídas ou cuja finalidade é a obtenção de retorno econômico-financeiro. Podemos, portanto, definir uma organização como sendo duas ou mais pessoas trabalhando de forma coordenada e racional para atingir um ou mais objetivos comuns. Nesse contexto, a gestão organizacional tem por objetivo auxiliar na estruturação e coordenação organizacional, tendo em vista os seus objetivos. 4 A gestão de organizações está diretamente relacionada ao processo de planejamento, organização, liderança e controle em uma organização. Nesse sentido, o foco da gestão organizacional recai sobre recursos, processos, sistemas, pessoas e tudo mais que possa ocorrer no âmbito organizacional. Entretanto a gestão tem amplitude definida, pois podemos tanto fazer a gestão de toda uma organização se formos proprietários, por exemplo, como fazer a gestão de um setor ou departamento. Desse modo, a amplitude da gestão será dada pela posição hierárquica que o gestor ocupar nessa organização. Em geral, o termo gestor designa o administrador que atua em cargos de gerência nos níveis intermediários das organizações. Esse nível também é chamado de nível tático das organizações. Figura 1 – Estrutura hierárquica das organizações Em uma organização convencional, as decisões estratégicas são formuladas no nível mais alto, pelos administradores de topo. Essas decisões e estratégias devem chegar ao nível operacional para que sejam levadas a efeito, e isso é feito pelos administradores de nível intermediário ou gestores. Dessa forma, os gestores desse nível têm um papel fundamental: fazer com que estratégias complexas e com metas sejam comunicadas de forma objetiva aos níveis organizacionais ligados à execução das tarefas. Nesse caso usamos o termo organização convencional porque a forma como as organizações elaboram e executam suas estratégias tem evoluído e, embora a área de estratégia organizacional seja uma das mais estudadas na área de administração, a cada dia as organizações encontram novas formas de gerar Nível tático: Implantação das estratégias e planejamento de médio prazo; Escopo limitado à área ou função organizacional. Nível operacional: Ações de curto prazo; Escopo limitado à área ou função organizacional. Nível tático: administradores/ gestores que atuam sobre áreas da organização e podem ou não gerenciar outros gestores. Nível operacional: gestores que atuam sobre áreas da organização liderando equipes. Nível estratégico: Estratégias de longo prazo; Escopo institucional. Nível estratégico: administradores que atuam sobre toda a organização e gerenciam outros administradores. 5 diferenciais competitivos. Nesse sentido, muitas vezes o modo convencional de se fazer estratégia dá lugar a novos modos inovadores. O processo de gestão organizacional está assentado sobre quatro pilares: o planejamento, a direção, a organização e o controle (PDOC). Juntos eles formam o processo administrativo em organizações e, por isso, vamos detalhar cada um deles a seguir. Observe que, embora os apresentemos separadamente, na prática, eles acontecem de forma simultânea e complementar e são parte de um processo maior, que é a própria gestão organizacional como um todo. Planejamento – Uma boa gestão se inicia com planejamento. Esse é o primeiro passo da gestão eficaz, pois é por meio dele que se decidem objetivos, metas e formas de atingi-los. Planejar é decidir antecipadamente todos os passos importantes de uma organização para que as decisões possam ser bem pensadas, e não – como se faz muitas vezes – tomadas em momentos de crise, sem tempo para analisar os problemas e as possíveis alternativas. Quando não planejamos nossas ações em geral, temos de lidar com situações de improviso, com a falta de alternativas,ou mesmo ficamos impossibilitados de aproveitar alguma oportunidade. O planejamento organizacional pode ser de longo, médio ou curto prazo. Os planos de longo prazo são associados às questões estratégicas que englobam as organizações como um todo, os planos de médio prazo devem estar associados aos de longo prazo e atingem principalmente as áreas funcionais das organizações, marketing, gestão de pessoas, produção etc. Os planos de curto prazo derivam dos planos de médio prazo e estão associados às atividades mais operacionais das organizações, as chamadas atividades-fim. Organização – Até então, temos usado o termo “organização” para designar uma pessoa jurídica, como uma empresa. Todavia a palavra também pode ser usada para o processo de organizar. Nesse sentido, organização refere-se ao processo de estruturação organizacional e de alocação de recursos. Em um processo de organização, define-se, por exemplo, a estrutura organizacional. Dito de outra forma, é estabelecido como as atividades de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas. 6 A estruturação de uma organização demanda uma série de subprocessos e, dentre eles, são importantes a divisão de trabalho, a departamentalização e o estabelecimento de políticas de coordenação. Todas essas questões estão ligadas à estrutura formal da organização que é aquela que podemos ver normalmente representada em organogramas. Quadro 1 – Como se estrutura uma organização Estrutura organizacional: a forma pela qual as atividades de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas. Divisão de trabalho: a decomposição de uma tarefa complexa em componentes, de modo que os indivíduos sejam responsáveis por um conjunto limitado de atividades e não pela tarefa como um todo. Departamentalização: agrupamento em departamentos de atividades de trabalho que sejam semelhantes ou logicamente conectadas. Coordenação: integração das atividades realizadas pelas partes separadas de uma organização para alcançar objetivos organizacionais. Fonte: Stoner; Freemann, 1994. Direção – A gestão organizacional é feita por pessoas, para pessoas e por meio de pessoas. Já a direção refere-se aos aspectos humanos ligados à gestão, e tem como temas importantes relacionados a ela a liderança, a comunicação, a motivação e a coordenação. A liderança é dada pela relação entre líderes e liderados, com os primeiros influenciando as ações dos segundos. É o processo de dirigir e influenciar as atividades relacionas às tarefas dos membros de um grupo (Stoner; Freemann, 1994). Bons líderes são capazes de fazer com que as pessoas desenvolvam melhor seus trabalhos individualmente e em equipes. A liderança pode ser baseada na autoridade, no carisma ou na tradição, mas atualmente é consenso de que a liderança mais efetiva é a situacional na qual a forma de liderar se adapta ao contexto e às pessoas. Controle – Refere-se ao processo de verificação sobre o que foi planejado e os resultados. O controle é a atividade de conferência de resultados, mas não é realizado apenas ao final de um processo: ele pode e deve estar presente em todas as etapas intermediárias, a fim de que se possa saber antecipadamente se o planejamento realizado está ou não sendo efetivo. Controlar significa usar dados e informações para saber do 7 que ocorre na organização e, para isso, os gestores precisam de bons sistemas de informações gerencias que permitam a tomada de decisões com base em dados reais e relevantes. Stoner e Freeman (1999) dividem a função de controle em quatro elementos: (i) estabelecer padrões de desempenho; (ii) medir o desempenho atual; (iii) comparar esse desempenho com os padrões estabelecidos; e (iv) caso sejam detectados desvios, executar ações corretivas. Cada uma dessas etapas demandará um processo de reflexão para adequação ao contexto de cada organização e situação específica. Figura 2 – Fluxo de controle de uma atividade Fonte: Adaptado de Stonner e Freeman, 1999. TEMA 2 — COMPETÊNCIAS GERENCIAIS Para Katz (1955), há três tipos de habilidades importantes para os administradores: as técnicas, as humanas e as conceituais. Habilidades técnicas seriam aquelas ligadas ao fazer, à atividade operacional propriamente dita. Em uma padaria, por exemplo, seria literalmente saber misturar os ingredientes e “colocar a mão na massa” para fazer pães. As habilidades humanas referem-se ao relacionamento interpessoal. Ao trabalhar em equipe essas habilidades permitem que haja sinergia e contribuem para uma boa qualidade de vida no trabalho e melhores resultados em termos de resultados. Esse tipo de habilidade é necessário a todos, mas absolutamente essencial a gestores e quaisquer indivíduos em posição de liderança. Por fim, as habilidades conceituais dizem respeito a conhecimentos, teorias etc. São muito necessárias para lidar com conceitos abstratos Estabelecer padrões e métodos para medir o desempenho Medir o desempenho O desempenho está ok? Iniciar ações corretivas Não fazer nada 8 Habilidades humanas complexos. Das três habilidades, é a mais dependente de nossa capacidade de acessar, manter e relacionar conceitos racionalmente. Conforme o estudo de Hersey e Blanchard (1976, citado por Stoner; Freeman, 1994), à medida que os administradores sobem na hierarquia organizacional, precisam de menos habilidades técnicas e mais habilidades conceituais. A ideia é que, quanto mais próximos da alta direção, menos os administradores precisam se envolver com questões técnicas ou operacionais. Essas atividades, então, passam a ser delegadas para outras pessoas. Observe essa relação na Figura 3: note que as habilidades humanas são necessárias em todos os níveis organizacionais, porém sobretudo no nível intermediário – justamente o nível mais associado às atividades de gestão. O gestor médio precisa ter desenvolvidos todos os três tipos de habilidades, mas especialmente precisa ter habilidade humana, pois sua principal atividade está ligada à coordenação de equipes. Figura 3 – Habilidades dos gestores de acordo com a hierarquia da organização Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2000. Para além do conceito de habilidade, está o de competência, sobre o qual psicólogos e administradores debatem desde a década de 1970. Embora haja ainda hoje propostas diversas, parece que há consenso em torno de Fleury e Fleury (2001) que definem competência como: “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Os autores apontam para a convergência das várias definições para três vertentes que se dirigem para a formação de competência: conhecimentos, habilidades e atitudes. Talvez seja essa a noção mais conhecida e disseminada de competência: o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes capazes de gerar valor na execução de uma tarefa. Nível institucional Nível intermediário Nível operacional Alta direção Gerência Supervisão Habilidades conceituais Habilidades técnicas 9 Do ponto de vista da gestão, a competência gerencial é aquela por meio da qual o gestor faz com que suas equipes obtenham resultados melhores, com menos esforço, maior qualidade e menor uso de recursos, considerando os objetivos estratégicos organizacionais. Dessa forma: Conhecimento → saber Habilidades → saber fazer Atitudes → como e por que fazer Considerando essas vertentes, podemos dizer que: Aquele que sabe, mas não sabe fazer, é um indivíduo teórico; Aquele que sabe fazer, mas não entende como fazer, é um indivíduo prático; Aquele que sabe, sabe fazer, como e por que fazer é um indivíduo competente. Devemos aindarefletir sobre um aspecto muito interessante da competência gerencial: por muito tempo, conhecimentos e habilidades foram as únicas coisas valorizadas para efeito de gestão organizacional, pelo simples fato de que, para muitas organizações, não importava como atingir suas metas desde que elas fossem atingidas. Essa forma de pensar se aproxima do pensamento de Maquiavel (2011), segundo o qual os fins justificam os meios. Atualmente a forma como os gestores atuam tem sido tão (ou mais) importante quanto os conhecimentos e as habilidades envolvidos nessa atuação. Em outras palavras, a maneira pela qual administradores e gestores têm tomado decisões e conduzido processos organizacionais tem sido cada vez mais valorizada pelas organizações e pela própria sociedade. Não basta atingir as metas, é preciso que as ações sejam éticas, moralmente corretas, socialmente justas e ambientalmente sustentáveis. TEMA 3 – A LÓGICA DA GESTÃO PROFISSIONAL No final do século XIX discutia-se a importância da gestão no âmbito das indústrias. Engenheiros realizavam estudos e propunham teorias para a elevação da eficiência e da produtividade industrial e, nesse processo, houve dois que ficaram marcados na história como os principais precursores da administração. 10 Um deles era o francês Henry Fayol (1989), que defendeu, no início do século passado, a ideia de que as organizações precisavam ser agrupadas em funções que seriam comuns a todas elas: Funções técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa; Funções comerciais, relacionadas com a compra, venda e trocas; Funções financeiras, relacionadas com a captação de recursos; Funções de segurança, relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas; Funções contábeis, relacionadas com custos, registros, balanços, inventários e estatísticas; Funções administrativas, relacionadas com a integração das outras cinco funções. Para Fayol, a função administrativa é a responsável pela coordenação de esforços e pela harmonia dos atos das demais. O autor defendia, ainda, a formação de administradores para o exercício da função administrativa, além da existência de uma doutrina administrativa, ou seja, o início da administração como uma área de estudo e uma ação profissional. Seus estudos ficaram registrados como sendo os da Administração Clássica. O outro precursor famoso foi Frederick Taylor, que também defendia a ideia de que a administração deveria ser executada por pessoas preparadas para a função. Além disso, postulava que deveria haver estudos científicos que substituíssem improvisos e métodos irracionais na condução das ações das empresas. Assim, sua proposta era o desenvolvimento da Administração Científica, pautada em princípios gerais e em conhecimentos comprovados por estudos científicos. Em sua obra, Taylor (1990) salienta que a adoção da Administração Científica poderia trazer os seguintes benefícios: Ciência, em lugar de empirismo; Harmonia, em vez de discórdia; Cooperação, não individualismo; Rendimento máximo, em lugar de produção reduzida; Desenvolvimento de cada homem, no sentido de alcançar maior eficiência e prosperidade. 11 Fayol fez proposições sobre a estruturação das empresas, focou na formação de uma estrutura hierárquica que facilitasse a coordenação e o comando. De certa forma, propunha a unificação da empresa em torno de um só objetivo e um só comando. Já Taylor preocupava-se mais com a racionalização das tarefas executadas pelos operários. Sua meta era a realização de uma organização racional do trabalho (ORT). Ambos, portanto, propunham a racionalidade na gestão. Racionalidade diz respeito ao uso da razão para resolver problemas. Em outras palavras: o uso de métodos, metodologias, ferramentas e outras formas de melhorar a previsão e o controle de processos, bem como o estabelecimento das diferenças entre fatos reais e suposições. A lógica da gestão profissional está ligada, desta maneira, a uma ação racional no âmbito organizacional. A racionalidade administrativa faz alinhamento entre resultados e ações, de modo que as ações são pensadas tendo em vista os resultados desejados. Nesse sentido, a gestão tende a ser pragmática, ou seja, só interessa aquilo que leva ao resultado esperado. O pragmatismo é uma corrente filosófica do final do século XIX e, assim, os primeiros estudos sobre gestão foram muito influenciados por ela. Além de racional, a gestão profissional é prática. Teorias ainda nos servem como apoio para decisões, no entanto o efeito é sempre medido pelo resultado prático. Podemos dizer que há um cálculo utilitário de consequência na ação e, dessa forma, os gestores pautam suas ações baseados no retorno que poderão ou não obter. Essa forma de compreensão da ação administrativa derivou correntes de pensamento, como a escola da Administração por Objetivos (APO) na década de 1960, metodologias como o Objective and Key Results (OKRs), e métodos como Getting Things Done (GTD), que serão estudados oportunamente. Das reflexões que propusemos até agora, resta a conclusão de que a lógica da gestão profissional, ou da administração, está pautada em uma racionalidade prática com cálculo utilitário de consequências. Isso explica por que conceitos como eficiência, eficácia, efetividade e retorno sobre o investimento (ROI) são tão importantes no contexto da gestão profissional. Contudo, aqui cabe uma importante reflexão: os fins sempre justificam os meios? Essa tem sido uma questão central nas discussões envolvendo responsabilidade e ética empresarial, bem como nas questões sobre 12 sustentabilidade. A legitimidade das ações organizacionais pode ser tão ou mais importante que os aspectos técnicos. Em outras palavras, mesmo que uma organização dê lucro, se não tiver legitimidade, pode se tonar inviável. Uma profunda reflexão sobre legitimidade organizacional pode ser apreciada no trabalho de Rossoni (2016), no entanto, como exemplo didático, podemos citar a indústria do cigarro, que nas últimas décadas tem tido cada vez menos consumidores. Como descrevem Portes e Machado (2018), sucessivas campanhas e regulamentações têm mudado a opinião pública em relação ao fumo. Assim, ainda que o negócio seja lucrativo, a queda sucessiva de legitimidade transformou uma grande indústria de marcas famosas em um mau negócio (veja mais em <https://exame.abril.com.br/blog/branding-consumo- negocios/o-ultimo-suspiro-da-industria-do-tabaco/>). Portanto, embora a lógica administrativa tenha um viés que considera as questões técnicas envolvendo a racionalidade prática com cálculo utilitário de consequências, outras questões também devem ser aventadas como a relação da organização com seu contexto social. É interessante observar que tanto Fayol quanto Taylor foram muito criticados por terem focado demasiadamente na questão da eficiência organizacional. Contudo, em sua obra Princípios de administração científica, Taylor (1990) deixa claro que o “princípio da administração deve ser o de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado”. Dessa forma, na visão de Taylor, a administração deveria gerar prosperidade tanto para as organizações quanto para as pessoas que nela trabalham. Taylor, Fayol e outros de sua época procuravam criar diretrizes que, ao serem seguidas, proporcionariam melhores resultados para as indústrias e, por isso, suas teorias são classificadas como prescritivas. Um outro tipo de teoria possível é a descritiva, que é aquela que procura descrever uma determinada situação ou um fenômeno para facilitar sua compreensão. É o caso das teorias propostas por Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão que estudou, entre outras coisas, os fenômenos organizacionais. Weber (1947) descreve o funcionamentode uma organização ideal em seu modelo burocrático: neste estão presentes aspectos da lógica organizacional que, em grande medida, permanecem nas organizações contemporâneas: hierarquia estritamente bem- definida, normatização por regulamentos e linhas de autoridade claras. Para 13 Weber, a organização ideal teria os objetivos pensados de forma racional e a divisão de trabalho seria declarada explicitamente. Além disso, ele enfatiza a competência técnica (profissional) e avaliações de desempenho pelo mérito (Stoner; Freemann, 1994). TEMA 4 — ORGANIZAÇÕES, RACIONALIDADES, CAOS E COMPLEXIDADE 4.1 As organizações na sociedade As organizações servem à sociedade à medida que proporcionam a satisfação de necessidades e desejos, funcionando, ainda, como instituições capazes de regular a vida social. Na sociedade moderna, dependemos de hospitais, escolas, governos, indústrias, delegacias de polícia, sindicatos, órgãos de classe e muitas outras organizações que sustentam a vida civilizada. É também importante ter a noção de que as organizações existem para realizar ações que pessoas isoladas não seriam capazes de fazer. Uma boa explicação para isso pode partir das coisas que existem à sua volta. Peguemos como exemplo uma simples caneta: quantas pessoas trabalharam para que essa caneta existisse? Temos a indústria do petróleo na produção do plástico ou do acrílico, a indústria siderúrgica na produção das partes metálicas, a indústria química que produziu a tinta; houve um trabalho de design para dar forma à caneta, um trabalho de engenharia para fazê-la funcionar, uma equipe de marketing para divulgar o produto, contadores, vendedores, distribuidores. Muitas pessoas são conectadas para a produção das coisas mais simples. A preservação do conhecimento é outra responsabilidade que as organizações detêm. Quando ainda predominava, na sociedade, o trabalho artesanal, antes da Revolução Industrial no século XVIII, o conhecimento e a técnica pertenciam apenas ao artesão, que os transmitia aos seus aprendizes. Uma das consequências da Revolução Industrial foi a transferência desse tipo de saber para as organizações, as quais geram, armazenam e disseminam conhecimentos de acordo com seu contexto. Algumas organizações são especialmente estruturadas para isso, como universidades e centros de pesquisa; outras o fazem de forma indireta, como empresas privadas comerciais. As organizações proporcionam ainda a existência de carreiras. Embora cada um de nós possa realizar seu próprio trabalho e sua geração de renda, temos a possiblidade de trabalhar em organizações corporativas em associação 14 com outras pessoas. Ainda que indústria e comércio sejam as áreas mais lembradas nesse contexto, podemos citar também igrejas, repartições públicas, escolas, hospitais, ONGs e muitas outras organizações nas quais podemos trabalhar. É preciso, portanto, dada a infinidade de organizações que existem em nossa sociedade, distingui-las, para que possamos compreender melhor os elementos que orientam suas ações. 4.2 Instituições, organizações e empresas Quando usamos os termos “instituições”, “organizações” e “empresas” podemos estar nos referindo a um mesmo objeto. No entanto, por definição, são conceitos distintos, e esse é o primeiro passo da diferenciação que temos de fazer quando abordamos o tema organizações. Ao nos referimos ao termo “instituição”, na sociologia distinguimos as práticas sociais que se reproduzem entre gerações e em diversas sociedades. Assim como a prática de empréstimo bancário se tornou uma prática social desde a Idade Média na Europa, os empreendimentos bancários são considerados instituições, pois carregam consigo uma prática social recorrente. O mesmo podemos afirmar da prática do casamento, reconhecido como uma instituição social, visto que representa uma prática social percebida nas diversas sociedades e que sela um contrato de união entre dois indivíduos. Portanto, quando falamos de instituições, podemos estar nos referindo a práticas sociais, e também a práticas realizadas no contexto de organizações específicas – como os bancos – e nesse ponto é que podem coincidir os conceitos. O emprego do termo “organização” refere-se a um ordenamento social constituído essencialmente por pessoas que se associam a fim de atingir objetivos específicos (Blau; Scott, 1979), os quais podem estar associados a finalidades diversas, desde a defesa de ideias, princípios e valores, como no caso de entidades religiosas e ONGs ambientais, passando pela defesa de interesses públicos, como ocorre com as organizações de Estado, até a geração de renda e produção de bens para comercialização, como acontece com as cooperativas agrícolas ou grandes indústrias, por exemplo. E é aqui que podemos distinguir uma organização social de uma organização empresarial ou simplesmente de uma empresa. Nem toda organização social constitui uma empresa, visto que esta última está essencialmente associada à produção de 15 bens e serviços voltados para coletividades. As empresas podem estar vinculadas ao Estado e, portanto, ter caráter público, como podem ser privadas, e tal condição também determinará diferentes lógicas de atuação. 4.3 Racionalidade e organizações Quando reconhecemos que os fatores que motivam a ação entre os diversos tipos de organizações e empresas podem ser diferenciados, podemos afirmar que diferentes racionalidades orientam o comportamento e as decisões de indivíduos e grupos sociais que as compõem. Vamos exemplificar: quando analisamos um órgão de Estado, como uma secretaria municipal de saúde, entendemos que os dirigentes adotam como princípios (ao menos em teoria) o atendimento eficiente aos cidadãos que pagam os impostos e que sustentam a manutenção deste e de outros órgãos municipais. Portanto, os profissionais adotam não apenas regras, mas princípios que orientarão as decisões na gestão pública. Já em um empreendimento familiar em que os membros do grupo social, envolvendo um casal e filhos, que administram uma propriedade rural, por exemplo, estão preocupados com a geração de renda cujo objetivo é o de garantir o sustento das necessidades familiares e, ao mesmo tempo, a preservação do patrimônio da propriedade rural em benefício dos filhos que futuramente devem herdá-la. A racionalidade envolvida nas decisões do grupo familiar envolve, portanto, não apenas o cálculo utilitário visando à geração de riquezas e à busca pela eficiência de um negócio, mas as decisões são tomadas para conciliar as relações familiares entre seus membros com a manutenção de uma atividade produtiva. Por fim, em uma empresa privada, responsável pela contratação formal de empregados e que atue na produção e comercialização de bens, a lógica que governa as decisões dos seus executivos está fortemente vinculada à capacidade de geração de riquezas, geralmente sob uma condição mais impessoal do que no exemplo da organização familiar citado anteriormente. Se houver falta de demanda ou ineficiência na gestão de custos, possivelmente haverá demissões ou reordenamentos da capacidade produtiva. Assim, é preciso compreender que cada tipo de organização é regida por diferentes racionalidades e ou lógicas de ação e que as empresas dos setores público e privado são apenas alguns exemplos de organizações possíveis. Este 16 entendimento é fundamental para compreender que nem sempre os princípios que regem a gestão eficiente em uma empresa podem se aplicar a outros tipos de organização que sigam lógicas de ação diversas. Este panorama é complementado ainda por outra variável à qual denominamos de complexidade. 4.4 Caos e complexidade De acordo com Maximiano (2002), o termo “complexidade” representa o “grande número de problemas e variáveis em uma situação [...], quanto maior o número de problemas e variáveis,mais complexa é considerada a situação”. O termo “caos”, por outro lado, significa desordem e aparentemente uma situação complexa que pode ser interpretada como desordenada e caótica. No entanto, as organizações contemporâneas, e principalmente as empresas, convivem em contextos inter-relacionados considerados complexos, assim como podem ser considerados complexos os desafios enfrentados por elas para se manterem vivas e competitivas. Lidar com situações complexas, portanto, passou a ser uma necessidade e, desta maneira, tornou-se o alvo de estudos de diversos pesquisadores e administradores. No próximo tema, trataremos de alguns aspectos relacionados à abordagem sistêmica, que busca lidar justamente com a compreensão de situações complexas em diversas áreas do conhecimento – entre elas a gestão de empresas e de organizações em geral. TEMA 5 — ABORDAGEM SISTÊMICA E PROCESSOS Enquanto algumas abordagens de investigação das organizações e da administração de empresas ao longo do século XX deram ênfase à gestão eficiente de seu ambiente interno, como é o caso da administração científica de Taylor e do modelo japonês de produção, segundo Maximiano (2002), havia uma lacuna que considerasse as variáveis do ambiente externo da organização como fatores de influência sobre as organizações. Portanto, a abordagem sistêmica desenvolvida na segunda metade do século XX por intelectuais e investigadores de diversas áreas tem influenciado a forma como enxergamos os problemas que envolvem as organizações. Com base em estudos nas mais diversas áreas do conhecimento, como biologia 17 (realizados pelo biólogo austríaco Von Bertalanffy) e sociologia (pelo alemão Niklas Luhmann e pelo estadunidense Talcott Parsons, sociólogos), a abordagem sistêmica pressupõe que contextos com alta complexidade devem ser compreendidos como sistemas que recebem influência de diversas variáveis. 5.1 A ideia de sistema A ideia de sistema, segundo Maximiano (2002), pressupõe um todo que pode ser decomposto em partes ou subsistemas. De acordo com o autor, assim como em organismos vivos, as organizações podem ser compreendidas como sistemas que podem ser divididas em ao menos dois subsistemas: o técnico e o social. O sistema técnico compreende os recursos físicos e abstratos que independem do ser humano, como a definição da missão e dos objetivos da organização, a divisão do trabalho, as instalações, as tecnologias e os processos de trabalho. Já o sistema social compreende os indivíduos, os grupos, as relações sociais, o clima organizacional, as motivações, as atitudes e a cultura organizacional. A noção de sistema pressupõe também uma estrutura representada por uma dinâmica que permite simplificar o conjunto de sistemas que envolvem uma estrutura complexa como a organização. Assim como em estruturas biológicas vivas, compreende-se que a organização recebe entradas (inputs) que sofrem a ação de um processo específico, entregando, ao ambiente onde há outros sistemas inter-relacionados, saídas ou resultados decorrentes do processamento das entradas. Para exemplificar, podemos descrever a matéria- prima como input em uma unidade fabril de uma indústria. As saídas representam o produto final processado na unidade de fabricação e que vão alimentar outros sistemas, como uma rede de lojas comerciais. Essas lojas constituem unidades de processamento que têm como saída a comercialização para clientes externos. É nas operações de um sistema que ficam delimitados os processos que produzem os resultados esperados. Os processos geralmente compreendem períodos específicos para a operação de resultados, e esses períodos servem de referência para o bom desempenho da organização. Portanto, os processos que envolvem a transformação de insumos, em uma loja de sanduíches, por 18 exemplo, devem manter padrões de tempo de produção e de qualidade específicos a fim de atender às necessidades dos clientes. Isso significa dizer que deve haver controles de qualidade, de tempo de produção e de atendimento para que as entradas se revertam nas saídas esperadas. A compreensão da dimensão complexa da organização como sistema pressupõe ainda que o controle sobre o processo produtivo não seja a única preocupação do gestor do empreendimento, que tem outros sistemas a serem considerados, como o sistema que gerencia e mantém o quadro de empregados, o sistema que gerencia a área contábil e financeira, o sistema que acompanha e gerencia a imagem da organização perante a comunidade. Todos esses sistemas pressupõem, dessa forma, variáveis que, ao serem processadas, entregam algum tipo de resultado inter-relacionado. Outro conceito embutido na perspectiva sistêmica é a retroalimentação ou feedback. A retroalimentação representa os sinais de desempenho identificados nas saídas do sistema com base na análise dos resultados dos processos envolvidos nele. Significa, ainda, que a avaliação do desempenho do sistema servirá de subsídio para o aperfeiçoamento do seu desempenho. Quando uma organização apresenta resultados de venda baixos, essa informação pode ser avaliada e estudada, uma vez que tais resultados podem estar associados à redução da qualidade dos produtos, constituindo uma causa interna ou devido à baixa demanda externa em função de uma crise econômica, por exemplo. Identificada a real causa do desempenho, o gestor poderá tomar decisões adequadas para reverter o desempenho ou rever estratégias. A compreensão sistêmica da organização pressupõe, assim, lidar com os chamados indicadores. Esses indicadores podem avaliar tanto os resultados ou as saídas quanto as operações envolvidas no próprio processo de transformação de entradas em saídas. Figura 4 – Exemplificação de um sistema 19 A compreensão de que os processos representam a forma de ação das organizações, e de que as várias partes que a compõem podem ser compreendidos como sistemas complementares com processos interligados, representa também um modo de análise do funcionamento de sistemas organizacionais. A gestão por processos representaria então um modo de analisar e decidir com base no que se denomina de mapeamento de processos. O gestor, com base no mapeamento das atividades pricipais do negócio, das atividades meio e das atividades de apoio, pode estabelecer modos de atuação mediante uma visão sistêmica de encadeamento entre os diversos processos que compõem as operações da empresa. Existem diversas metodologias de diagnóstico organizacional e gestão baseadas na visão por processos, mas, nesse momento, o importante é que você tenha em mente que as diversas atividades desempenhadas em uma organização empresarial podem ser compreendidas como um encadeamento de processos, cada um com suas entradas e saídas que irão alimentar outros processos complementares. TROCANDO IDEIAS Imagine que você acabou de se formar na faculdade e prestou um concurso público para uma empresa estatal, assumindo um cargo na área administrativa. Quais seriam as principais diferenças e similaridades que caracterizam a sua atuação no âmbito da área administrativa em uma empresa pública em relação ao setor privado? NA PRÁTICA Você agora integra uma equipe multidisciplinar responsável por avaliar e melhorar o desempenho de uma linha de produção de uma fábrica de móveis, desde a aquisição de insumos até o serviço de pós-venda. Se você adotar uma perspectiva sistêmica de diagnóstico e análise da organização, terá de dividir as diversas etapas da atividade produtiva em sistemas com processos envolvendo entradas e saídas. Sabe-se que o primeiro sistema consiste na aquisição de matéria-prima: madeira em estado bruto, como entrada, e que após seu processamento o resultado compreende tábuas retas para beneficiamento e manufatura. 20 Quatro sistemas produtivos ou etapas com entradase saídas são identificados entre o primeiro sistema identificado na etapa anterior e o último sistema, compreendendo o resultado final em produto comercial. Busque avaliar e justificar quais medidas deverão ser tomadas nos diferentes processos dos sistemas subsequentes ao primeiro sistema de beneficiamento de madeira bruta caso o gestor aperfeiçoe esse processo com a aquisição de maquinário novo para melhorar seu depempenho em termos de quantidade produzida por minuto. Explicação: caso haja essa melhora no desempenho do sistema que processa o beneficiamento da madeira bruta, haverá a necessidade de que toda a cadeia de processamentos subsequentes tenha sua velocidade e sua capacidade aumentadas. Caso contrário, a produção de tábuas irá se acumular causando aumento de gastos com estoque. FINALIZANDO Até aqui você travou contato com um conteúdo introdutório a respeito das noções de gestão e organizações. Conceitos como direção e controle e a distinção entre instituições, organizações e empresas constituem elementos fundamentais para que sigamos adiante nesta jornada. Ainda que elementos relativos à gestão de organizações possam ser evidenciados ao longo de diversos períodos históricos, foi ao longo do século XX que elas assumiram as características dos dias atuais. A complexidade e inter- relação que as organizações mantêm em um ambiente interconectado torna a gestão das organizações um desafio imenso. As práticas gerenciais e o modo como enxergamos as atividades de uma organização constituem, portanto, habilidades que exigem não apenas capacitação, mas boa dose de experiência prática, pois cada realidade é única em suas características. O gestor de uma organização que tem um perfil generalista vai lidar com uma infinidade de variáveis técnicas, humanas, sociais e econômicas – inclusive ainda mais diversas do que em outras profissões especialistas que se atêm essencialmente a atividades técnicas, por exemplo. 21 REFERÊNCIAS BLAU, P.; SCOTT, W. R. Organizações formais. São Paulo: Atlas, 1979. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. FAYOL, H. Administração industrial e geral. 10. ed. São Paulo: Atlas,1989. FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. C. C. Construindo o conceito de competência. Revista de Administração Contemporânea, v. 5, p. 183-196, 2001. HERSEY, P.; BLANCHARD, K. H. 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