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1 MEDCEL – Extensivo Programado. By: Letícia Moreira Batista Trombofilias e Gestação Conceito: Trombofilias são distúrbios hemostáticos, hereditários ou adquiridos que podem predispor o paciente a fenômenos tromboembólicos Classificação: Adquiridas – Síndrome antifosfolípide (SAF) Hereditárias o Deficiência de antitrombina o Deficiência da proteína S o Deficiência da proteína C o Hiper-homocisteinemia o Mutação genética do fator V (Fator de Leiden) o Mutação genética do fator II (Protrombina) Em quem devo investigar? Problemas placentários o Ocorrência passada ou recente de qualquer evento trombótico o Aborto de repetição: 3 abortamentos consecutivos do mesmo parceiro o Óbito fetal prévio: Feto anatomicamente normal o Pré-eclâmpsia grave ou eclampsia- formas graves o Descolamento prematuro de placento prévio o Restrição de crescimento fetal grave o Insuficiência placentária prévia o História familiar Gestação = oportunidade Por que? Gestação e puerpério potencializam a predisposição a trombose com incidência de 4 a 50 vezes maior quando comparado com não gestantes Hiperestrogenismo Estase venosa Aumento de fatores de coagulação Lesão endotelial Trombofilias Hereditárias: Mutação do fator V de Leiden: o É a mais comum das hereditárias o Caucasianos o Mutação do gene localizado no cromossomo 1 o Autossômica dominante o Resistência a ação das proteínas C e S o Diminui a inativação do fator V (pró-coagulante) o Heterozigota: 2 a 15% da população geral o 20 a 40% das mulheres, vão ter 1 episódio de trombose na vida o Homozigota: Rara – Se presente, risco de 80 a 100x maior de evento tromboembólico Mutação genética do fator II (Protrombina): o Aumento de 150 a 200% dos níveis de protrombina (pró- coagulante) o 2 a 3% da população mundial é heterozigota o Aumenta 2 a 3 vezes a chance de tromboembolismo Deficiência da proteína C: o Glicoproteína dependente de vitamina K o Sintetizada pelo fígado o Inibe fatores V e VIII ativados – função o Níveis são mantidos na gestação: Diferente da proteína S, que tem uma queda natural o Herança autossômica dominante de penetrância incompleta o 0,2 a 0,5% prevalência o 5 a 20% de chances de evento tromboembólico o Homozigose: Morte neonatal por púrpura fulminante o Deficiência da proteína C: Atividade inferior a 72% (Ministério da Saúde). Deficiência da proteína S: Redução esperada na gravidez o Proteína Vitamina K dependente o Cofator para atividade anticoagulante da proteína C o Herança autossômica recessiva Simplificando a cascata de coagulação: Proteínas C e S – Anticoagulantes naturais quando ativadas Proteína C ativa proteína S e ambas controlam a formação de trombina com a inibição dos fatores V e VIII Antitrombina (III) – Inibidor da trombina tendo papel anticoagulante 2 MEDCEL – Extensivo Programado. By: Letícia Moreira Batista o 0,8% população geral o Homozigose: Morte neonatal por purpura fulminante o Deficiência da proteína S: Atividade inferior a 55% (Ministério da Saúde). o Chance de 5 a 20% de evento tromboembólico Deficiência de antitrombina: o A mais trombogênica das trombofilias o Anticoagulação plena, não é profilática o Risco de 70 a 90% de evento o Autossômica dominante o Homozigose é letal o 1:5000 indivíduos o 1% das pacientes com tromboembolismo: Raro o Deficiência de antitrombina: Atividade inferior a 85% (Ministério da Saúde). Hiper-homocisteinemia o Maior chance de trombose arterial e venosa o Ativação do fator V (protrombótico) no endotélio o Inibe ativação da proteína C | Alteração na fibrinólise e função plaquetária o 2 a 3x mais chance de evento o Homocisteína: Produto intermediário da metionina em cisteína o Enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) o Mutação pontual C677T (Avaliação não orientada – Atenção se homozigose com elevação de homocisteína sérica (só faz se houver aumento) o Cistationina beta sintetase o Vitamina B6 COFATORES! o Ácido fólico Pode haver alterações o Vitamina B12 Trombofilias Adquidiras: Síndrome dos anticorpos antifosfolípides – SAF Estado de hipercoagulabilidade mediada por autoanticorpos trombogênicos Critérios clínicos: Com evidência imaginológica ou de anatomia patológica 1 ou mais episódio de trombose venosa ou arterial (imagem ou evidência histológica) 3 abortamentos espontâneos, consecutivos e inexplicados antes das 10 semanas de gestação 1 ou mais óbitos fetais/abortos, com mais de dez semanas e com produto conceptual morfologicamente normal 1 ou mais partos prematuros antes das 34 semanas, decorrentes de doença hipertensiva específica da gestação grave, eclampsia ou insuficiência placentária Critérios laboratoriais: Anticoagulante lúpico no plasma materno em 2 ou mais ocasiões com intervalo de pelo menos 12 semanas Anticardiolopina IGG/IGM em títulos moderados a altos em 2 ou mais ocasiões com intervalo de 12 semanas (> 40 MLP ou GLP ou > percentil 90) medidos por Elisa AntiB-2-glicoproteína 1> percentil 90 IGG ou IGM no plasma materno em 2 ou mais ocasiões com intervalo de 12 semanas, medidos por Elisa CUIDADO: Há elevação dos anticorpos antifosfolípides em titulação baixa em outras situações: Tromboses de outras etiologias Infecções: Sífilis, HIV, mononucleose, hepatites Medicamentos Anemias hemolíticas Atrofia alba de Milian – úlceras de pele Mielite transversa Tratamento: Medidas antitrombose Meia elástica Elevação de membros Atividade Física Anticoagulação – De maneira profilática ou plena AAS ou ácido fólico para algumas IMPORTANTE: Individualizar caso a caso, planejar a gestação, investigar patologias associação e suplementação correta. AAS: Indicado para pacientes com SAF ao diagnóstico de gravidez Suplementação com ácido fólico 5/dia por 3 meses antes da gestação e durante todo o período Anticoagulação: - Quem já fazia uso? Mudar dicumarínicos para heparina no diagnóstico de gravidez - Quem não fazia? Iniciar após USG obstétrico inicial precoce 5-6s – Pois se não é uma gravidez viável, pode ter mais risco do que benefício para a mulher Checar se tópica e viável - Dose profilática: Para a grande maioria das trombofilias Heparina de baixo peso (enoxaparina) Critérios Diagnósticos: Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia 1 ou mais critérios clínicos + 1 ou mais critérios laboratoriais 3 MEDCEL – Extensivo Programado. By: Letícia Moreira Batista 40 mg SC por dia Dalteparina 5.000 UI/dia Nadroparina 1.850 UI/dia Heparina não fracionada: 2.500 a 5.000 UI de 12 em 12h, de forma a não alterar o TTPA - Anticoagulação plena: Enoxaparina 2mg/kg/dia Daltaparina 100 UI/kg 12/12h Heparina não fracionada mantendo TTPA entre 1,5 e 2,5 Pré-Natal: Consultas mensais ou quinzenais até 20ª semana Depois, consultas quinzenais ou semanais Avaliação com dopplervelocimentria: Riscos de trombose placentária e insuficiência placentária o Aa. Uterinas para ver a invasão placentária o Aa. Umbilical Parto: Via obstétrica Atenção para a anticoagulação: Parar anticoagulação 24h antes do parto e AAS 7 dias antes Programar parto? Ministério da Saúde não se pronuncia sobre isso. Meias elásticas durante o procedimento Orientar a não usar dose de anticoagulantes em caso de início de contrações, antes de uma avaliação médica! Puerpério: Reiniciar heparina 6 a 8 horas após o parto Meia elástica Deambulação precoce Dicumarínicos não possuem contraindicação ao aleitamento materno, podendo ser reintroduzidos em caso de altíssimo risco de trombose Manter anticoagulação por 6 semanas Tromboembolismo na gestação: Importante causa de morte materna no mundo e 10x mais comum em gestantes Obesidade Idade >35 (10x maiscomum) Varizes de MMII Imobilização prolongada Hiperestímulo ovariano Neoplasia Trombofilias Cardiopatias Nefropatias Doenças do colágeno TVP: Formação de colágeno no sistema venoso profundo Mm. Inferiores Aumento de risco no pós parto para cesariana 90% na gestação ocorre na perna esquerda, sendo 72% na veia iliofemoral (com + chance de embolia pulmonar) e 9% nas veias inferiores Diagnóstico: Mais difícil, pois seus sintomas são facilmente confundidos com os da gestação normal – Sinal de Homan (dor a dorsiflexão do pé) é inespecífico e pode ser encontrado em 50%. Se houver forte suspeita, deve-se iniciar a anticoagulação até confirmação diagnóstica. USG com Doppler MMII RNM para avaliação de veias pélvicas TEP: 2/3 dos casos ocorrem no puerpério Se sugestivo, pedir exames subsidiários, lembrando que gestante tem alteração de gasometria. ECG também pode estar alterado, fisiologicamente, além disso, dímero D aumenta na gestação até 10x. Ecocardiograma (por ser pouco invasivo), mas só dá sinais indiretos. Cintilografia pulmonar: É segura, estudo ventilação/perfusão. Tomografia helicoidal (radiação segura), angiografia é o padrão ouro, mas uso restrito. Tratamento: Anticoagulação plena durante a gestação e até 6s após parto: Enoxaparina 2mg/kg dia Daltaparina 100 UI/kg 12/12h Heparina não fracionada mantendo TTPA entre 1,5 – 2,5 Se ocorrer no fim da gestação, manter por até 6 meses Efeitos colaterais a heparina (Principalmente a não fracionada) Plaquetopenia – Dosagem mensal de plaquetas Redução do cálcio ósseo com risco de osteoporose – Indicar suplementação de cálcio e atividades físicas leves Reação cutânea – Suspender e mudar para baixo peso
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