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Material Teórico Profª Marlene Lessa cod CivilGeralCDSG202101_ a03 Direito Civil Parte Geral Pessoas Jurídicas 2 Das Pessoas Jurídicas Desde os tempos mais remotos, o homem percebeu que sozinho não podia cumprir e realizar grandes feitos. Então, conjugando esforços com seus iguais passou a: fazer grandes empreendimentos, buscar fins que ajudassem à comunidade e aprendeu a atuar em conjunto. Através da união houve a “polarização de atividades em torno do grupo reunido”. “Daí decorre a atribuição de capacidade jurídica aos entes abstratos assim constituídos, gerados pela vontade e necessidade do homem. Surgem, portanto, as pessoas jurídicas, ora como conjunto de pessoas, ora como destinação patrimonial, aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações” (VENOSA)1. O Código Civil trata da questão das pessoas jurídicas do art. 40 ao 69 e 75. Segundo DEFINIÇÃO de Silvio Rodrigues, pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem, capazes de ser sujeitos de direitos e obrigações na ordem civil. 1 VENOSA, Sílvio de Salvo. Op cit p. 242. NOÇÃO: Pessoas jurídicas, portanto, são entes abstratos com personalidade jurídica própria, criados pelo homem para consecução de finalidade específica. 3 Com o advento da Declaração de Direitos de Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019), as empresas ganharam um fundamento de validade importante para desenvolvimento de suas atividades. Diz o art. 3o. da lei: Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o crescimento econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal: I - desenvolver atividade econômica de baixo risco, para a qual se valha exclusivamente de propriedade privada própria ou de terceiros consensuais, sem a necessidade de quaisquer atos públicos de liberação da atividade econômica; II - desenvolver atividade econômica em qualquer horário ou dia da semana, inclusive feriados, sem que para isso esteja sujeita a cobranças ou encargos adicionais, observadas: a) as normas de proteção ao meio ambiente, incluídas as de repressão à poluição sonora e à perturbação do sossego público; b) as restrições advindas de contrato, de regulamento condominial ou de outro negócio jurídico, bem como as decorrentes das normas de direito real, incluídas as de direito de vizinhança; e c) a legislação trabalhista; III - definir livremente, em mercados não regulados, o preço de produtos e de serviços como consequência de alterações da oferta e da demanda; IV - receber tratamento isonômico de órgãos e de entidades da administração pública quanto ao exercício de atos de liberação da atividade econômica, hipótese em que o ato de liberação estará vinculado aos mesmos critérios de interpretação adotados em decisões administrativas análogas anteriores, observado o disposto em regulamento; V - gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no exercício da atividade econômica, para os quais as dúvidas de interpretação do direito civil, empresarial, econômico e urbanístico serão resolvidas de forma a preservar a autonomia privada, exceto se houver expressa disposição legal em contrário; VI - desenvolver, executar, operar ou comercializar novas modalidades de produtos e de serviços quando as normas infralegais se tornarem desatualizadas por força de desenvolvimento tecnológico consolidado internacionalmente, nos termos estabelecidos em regulamento, que disciplinará os requisitos para aferição da situação concreta, os procedimentos, o momento e as condições dos efeitos; VII - (VETADO); VIII - ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais paritários serão objeto de livre estipulação das partes pactuantes, de forma a aplicar todas as regras de direito empresarial apenas de maneira subsidiária ao avençado, exceto normas de ordem pública; IX - ter a garantia de que, nas solicitações de atos públicos de liberação da atividade econômica que se sujeitam ao disposto nesta Lei, apresentados todos os elementos necessários à instrução do processo, o particular será cientificado expressa e imediatamente do prazo máximo estipulado para a análise de seu pedido e de que, transcorrido o prazo fixado, o silêncio da autoridade competente http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art170p 4 importará aprovação tácita para todos os efeitos, ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei; X - arquivar qualquer documento por meio de microfilme ou por meio digital, conforme técnica e requisitos estabelecidos em regulamento, hipótese em que se equiparará a documento físico para todos os efeitos legais e para a comprovação de qualquer ato de direito público; XI - não ser exigida medida ou prestação compensatória ou mitigatória abusiva, em sede de estudos de impacto ou outras liberações de atividade econômica no direito urbanístico, entendida como aquela que: a) (VETADO); b) requeira medida que já era planejada para execução antes da solicitação pelo particular, sem que a atividade econômica altere a demanda para execução da referida medida; c) utilize-se do particular para realizar execuções que compensem impactos que existiriam independentemente do empreendimento ou da atividade econômica solicitada; d) requeira a execução ou prestação de qualquer tipo para áreas ou situação além daquelas diretamente impactadas pela atividade econômica; ou e) mostre-se sem razoabilidade ou desproporcional, inclusive utilizada como meio de coação ou intimidação; e XII - não ser exigida pela administração pública direta ou indireta certidão sem previsão expressa em lei. Outra relevante contribuição para o Código Civil, decorrente da Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, foi o artigo 49-A: Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) A Instrução Normativa No. 81, de 10 de junho de 2020, do Ministério da Economia dispôs sobre a desburocratização das normas que regem o Registro Público das empresas. Muito se pretende avançar para facilitar o ajuste da economia com meios de auxílio às pessoas jurídicas de direito privado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 5 Da Classificação das Pessoas Jurídicas Segundo a classificação clássica ou da lei: O artigo 40 do Código Civil, traz a classificação das pessoas jurídicas, dividindo-as em: Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público*, interno ou externo, e de direito privado+. O critério diferenciador mostrado neste artigo é a soma do sujeito e da relação jurídica envolvida. Daí a diferenciação entre as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado. *DIREITO PÚBLICO é aquele que regula relações em que o Estado é parte, regendo a organização e atividade do Estado, considerado em si mesmo, em relação com outro Estado e suas relações com particulares, quando procede em razão de seu poder soberano e atua na tutela do bem coletivo2. As pessoas jurídicas de direito público, agem buscando o bem comum, da coletividade, considerando sua supremacia, sua prevalência sobre o interesse individual.+Já as pessoas jurídicas de DIREITO PRIVADO possuem interesses e fins dos indivíduos que as criaram, seguindo objetivos individuais, privados. Assim, se, por um lado, a capacidade para a pessoa natural é plena, a capacidade da pessoa jurídica é limitada à finalidade para a qual foi criada (VENOSA3). Então, esquematizando...PESSOAS JURÍDICAS... 2 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil op. cit. p. 34. 3 VENOSA. Sílvio de Sávio. Op cit. p. 251. 6 DIREITO PÚBLICO (finalidade pública) Autarquia é ente criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizadas. É entidade que faz parte da administração indireta, como pode ser classificado o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), etc. São consideradas como demais entidades, mencionadas no Código Civil (C.C.) as associações e fundações públicas. Fundação Pública é a entidade dotada de personalidade jurídica, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por outros órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes, sendo que elas adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às fundações. São exemplos de fundações públicas: a FUNAI (Fundação Nacional do Índio – sua instituição é decorrente da Lei 5.371, de 5 de dezembro de 1967), a FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), Fundação Biblioteca Nacional, entre outros. O consórcio público é apresentado segundo duas modalidades de associação entre as pessoas jurídicas políticas (União, Estado, Distrito Federal, Município), que podem dar origem a uma pessoa jurídica de direito privado ou de direito INTERNO (art. 41 CC) • Municípios • Estados Membros • União • Distrito Federal • Autarquias1 e demais entidades públicas criadas por lei2 EXTERNO Países e Pessoas de Direito Internacional Público Exemplo: de Pessoas de Direito Internacional Público: União Aduaneira (MERCOSUL – para alguns, União Européia etc.), Organização das Nações Unidas (ONU), Santa Sé (Igreja Católica como organismo internacional), INTERPOL, FMI, UNESCO, etc. 7 público. Um exemplo apontado pela doutrina é o COPATI (Consórcio para Proteção Ambiental do Rio Tibagi). O consórcio público com personalidade jurídica de direito público não é uma associação, mas sim uma autarquia e chama-se associação pública. DIREITO PRIVADO (finalidade privada - art. 44 CC) Obs. Há ainda, neste quadro, como mencionamos as Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (Lei 12.441/2011) – Trata-se da empresa constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não poderá ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Para poder ser reconhecida, a empresa deve ter em seu nome empresarial a expressão "EIRELI", após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. AUTARQUIAS são, por exemplo, INSS, IBAMA, CADE, USP, INCRA etc. entidades que devem perseguir a finalidade pública. Este artigo inclui os seguintes: • CONSÓRCIOS PÚBLICOS que cumprem finalidade pública: Ex. Consórcios para preservação de rios (COPATI – Rio Tibagi, PN). • FUNDAÇÕES PÚBLICAS. Ex. Fundação Biblioteca Nacional, FUNASA, FUNARTE etc. • AGÊNCIAS REGULADORAS. Ex. ANEEL, ANATEL, ANVISA, ANTT etc. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS • Sociedades • Associações • Partidos Políticos • Organizações Religiosas • Fundações • Empresas Individuais 8 Sociedade É a união de pessoas e bens visando um fim comum. Podem ser as sociedades: SIMPLES para exercício de profissões, para dedicação a um fim científico, literário, artístico, intelectual. Tem como fim a atividade escolhida. Não são sociedades cujos elementos o caracterizam como empresas. Exemplo: Sociedade Literária Castro Alves; Sociedade de Advogados; Sociedade de Tradutores do Brasil, etc. Tem como caracteres: ser constituída por pessoas que levarão a sociedade através de sua constituição por contrato (de fins artísticos, intelectuais e científicos) no Registro Civil de Pessoas Jurídicas a fim de lhe constituir personalidade jurídica própria. SOCIEDADES EMPRESÁRIAS para exercer atividade empresarial ou comercial. Tem organização específica, estrutura econômica e como fim, pretendem o lucro. O Código Civil aponta, taxativamente, modalidades societárias, quais sejam: • Sociedade em nome coletivo (art. 1040) - Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Portanto, quem quiser participar arcará perante terceiros, pela empresa, de modo ilimitado e em conjunto com seus sócios. Este tipo social é bastante antigo e remonta a Idade Média na Itália. Todos os sócios respondiam pela atividade desenvolvida em conjunto. • Sociedade em comandita simples (art. 1045) - Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. Este tipo social era atribuído a época das grandes navegações. Era firmado um contrato determinando ao capitão do navio o direito de gerir o capital dado pelos donos de quotas que financiavam a viagem. Havendo lucro, cada detentor de quota recebia, na proporção os lucros, considerando o que havia investido. O capitão era incumbido em seu nome e risco, pela atividade. No caso de insucesso da missão era responsável perante os 9 terceiros (tripulação, mercadorias para alimento durante a viagem, etc.). • Sociedade em comandita por ações (ainda previsto no art. 280 da Lei 6.404/76) – de pouca utilização prática. É a mesma forma da sociedade anterior, porém, todos possuem a divisão do capital em ações. A sociedade poderá comerciar sob firma ou razão social, da qual só farão parte os nomes dos sócios- diretores ou gerentes. Ficam ilimitada e solidariamente responsáveis, nos termos da lei, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes, figurarem na firma ou razão social. • Sociedade em conta de participação (art. 991 do Código Civil) – Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais, dos resultados correspondentes. Obriga-se perante terceiro tão- somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. Pode ser exemplificada quando investidores aceitamparticipar de um empreendimento, por exemplo. O dinheiro é dado para aqueles que vão realizá-lo. A empreiteira é a sócia ostensiva. Os investidores, os sócios ocultos. Depois de pronto empreendimento, a empreiteira entrega o resultado alcançado para os sócios investidores. • Sociedade Limitada – (art. 1052 do Código Civil). Grande número de empresas no Brasil tem esta estrutura social. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Portanto, colocados os bens, valores ou créditos na empresa, os sócios ficam resguardados sobre a responsabilização que eventualmente terceiros venham a exigir. Somente em caso de fraude, má direção por parte dos administradores ou outros casos específicos, poderá a empresa ter a desconsideração da personalidade jurídica decretada por juiz, atingindo o patrimônio pessoal dos sócios (este pedido pode ser requerido na própria petição inicial movida pelos interessados diretamente contra os sócios) – art. 134, Parágrafo 2o. do Código de Processo Civil em vigor: § 2o Dispensa-sea instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. 10 Na estrutura jurídica da sociedade limitada, a Declaração De Direitos Da Liberdade Econômica, instituiu a sociedade limitada unipessoal, a qual, no art. 1.052, parágrafos 1o. e 2o. do Código Civil determina a abertura da empresa por um único instituidor. O instrumento de constituição, deste tipo de sociedade, deve ser compatível com o contrato social. • Sociedade Anônima – (Lei 6.404/76) - A companhia (Cia.) ou sociedade anônima (S.A.) terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. O estatuto social define o objeto de modo preciso e completo. A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. Ainda sobre as sociedades é possível adaptá-las em outra classificação. Esta outra classificação das pessoas jurídicas é aquela que leva em conta a sua estrutura, dividindo-as em: Universitas Personarum Consiste na reunião de pessoas e se dividem em: sociedades e associações. ASSOCIAÇÕES São entidades sem fins lucrativos (CC Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos), criadas para cumprir as finalidades (ou interesses) de seus associados cuja ênfase pode ser: religiosa (organizações religiosas)4, cultural, benemérita, recreativa, científica, literária, esportiva, educacional, moral etc. O patrimônio da associação é formado pela contribuição, pela ajuda dos sócios, visando cumprir os fins almejados. Devem sua existência legal a inscrição de seus estatutos sociais nos órgãos competentes. Exemplo: APAE, Associação dos Advogados, Associação de Pais e Mestres, etc. 4 Código Civil, art. 44 § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 11 Veja a regulamentação do CÓDIGO CIVIL: Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) I – destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11127.htm#art2 12 indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. Universitas bonorum ou fundação É a reunião de bens destinados ao cumprimento de certas finalidades.A principal distinção entre corporações e fundações, é que: a primeira visa a realização de fins internos, voltados para o bem de seus membros, e por eles mesmos estabelecidos, ao passo que a segunda tem objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor. FUNDAÇÃO Na fundação, um patrimônio, uma universalidade de bens estão afetados, e são destinados pelo fundador, para realizar certa finalidade. A personalização da fundação decorre da ordem jurídica. O termo “fundatio” é a palavra latina que designa FUNDAR. A fundação é constituída por testamento e escritura pública reservando bens, patrimônio, dinheiro, para uma finalidade lícita. Cabe ao Ministério Público analisar o estatuto e fiscalizar a instituição. Veja o que dispõe o CÓDIGO CIVIL: Art. 62.Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá- la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) I – assistência social (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;(Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) III – educação;(Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 13 X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. PARTIDOS POLÍTICOS São associações civis assecuratórias, no interesse do regime democrático, da autenticidade do sistema representativo e defensoras dos direitos fundamentais definidos na Constituição Federal5. OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO EMPRESA PÚBLICA • Formada por CAPITAL EXCLUSIVO da UNIÃO; • Detentora de Patrimônio PRÓPRIO; • CRIADA POR LEI para desenvolver atividade necessária para suprir contingências ou conveniência administrativas. • Exemplo: Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA • CRIADA por lei; • Explora atividade sob forma de SOCIEDADE ANÔNIMA; • Ações (maioria) da União ou entidade de Administração Indireta; • Exemplo: Banco do Brasil, Petrobrás, Eletrobrás. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm#art1 14 Características Suas normas obedecem ao regime de direito empresarial e trabalhista. Estão sujeitas a certos PRINCÍPIOS de rigidez no trato com a coisa pública. Ex. licitações, prestações de contas etc. VEJA o que diz a CONSTITUIÇÃO FEDERAL: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. § 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. § 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. 5 DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado op.cit. p.94. 15 PERSONALIDADE JURÍDICA Toda criação de pessoa jurídica de direito privado obedece ao: ATO CONSTITUTIVO e ao REGISTRO PÚBLICO. Sem esses dois requisitos a pessoa jurídica não tem personalidade, ou seja, não pode por si só, ser alvo de direitos e obrigações. Em caso de defeito na constituição da pessoa jurídica o Código Civil estipulou o prazo de 3 anos (contado do registro ou sua publicação) para desconstituir a pessoa jurídica: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. ENTES DESPERSONALIZADOS Sem registro, em regra, entidades não podem adquirir direitos e obrigações por si só. São entes sem personalidade. Há, todavia, os denominados de entes com personificação anômala. São entidades que possuem aptidão para terem deveres e contraírem obrigações, mas por serem grupos despersonalizados ou um conjunto de direito, obrigações, pessoas e bens são tratados com características próprias. Ex. massa falida, espólio, condomínio, sociedades de fato, herança jacente e vacante etc. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA/ TEORIA DA PENETRAÇÃO Merece destaque a questão atinente à sua desconsideração. Com efeito vimos que a existência da pessoa jurídica é distinta da de seus membros. Em caso de abuso da personalidade jurídica (desvio da finalidade ou confusão patrimonial) o juiz poderá atingir o patrimônio pessoal dos sócios ou administradores da empresa ou da pessoa jurídica, se essa tenha sido utilizada de maneira fraudulenta, causando prejuízo a 16 terceiros. Desconsiderando a pessoa jurídica, o juiz atinge os verdadeiros causadores dos danos e fraudes. Mas acontece que a desconsideração não significa que a dissolução da pessoa jurídica irá ocorrer. Na verdade, o juiz impõe que os danos causados incidam sobre o patrimônio dos responsáveis pela situação, afastando a repercussão patrimonial da empresa ou pessoa jurídica, que ainda possui condições para operar. Determina o artigo 50 do Código Civil, com as alterações advindas da Declaração de Direitos de Liberdade Econômica que, a confusão patrimonial da sociedade ou desvio de sua finalidade social podem ocasionar a desconsideração de relações obrigacionais da empresa, atingindo sócios ou administradores: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Mesmo assim, a pessoa jurídica pode permanecer para ser liquidada (art. 51 do CC). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 17 Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Atualmente, no Direito Brasileiro, esta regra está prevista, tanto do Código de Processo Civil – como foi mencionado, quanto no art. 28 e parágrafos do Código de Defesa do Consumidor e no Código Tributário Nacional (art. 135). Todo este aparato legislativo foi pensado com intuito de restabelecer a funcionalidade da pessoa jurídica no âmbito social. Realmente, se ela foi concebida para “realizar os interesses coletivos” (Fábio Konder Comparato), não se pode permitir que o abuso e/ou a má administração frustrem o escopo da empresa. Daí a possibilidade de colocar os sócios ou administradores como agentes causadores das dívidas contraídas, retirando da esfera da empresa, a responsabilidade pelos atos praticados, porque, comprovadamente, episódios – aparentemente lícitos – foram organizados para desviar valores ou subtrair de outro sócio benefícios que teria. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO As empresas respondem pelos atos danosos que causarem em decorrência das atividades exercidas. É a chamada responsabilidade extracontratual ou aquiliana – por ato omissivo (deixar de fazer algo que deveria praticar em virtude de lei ou norma) ou comissivo (praticar ato ou evento danoso). Também incide quando seu representante, mandatário, responsável praticar ato em nome da pessoa jurídica. As empresas também respondem pelos compromissos e obrigações assumidos em decorrência de negócios jurídicos firmados. Neste caso, é a responsabilidade contratual. Aqui são cabíveis perdas e danos em caso de descumprimento de cláusula ou cumprimento parcial do contrato. 18 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO O poder público pode causar prejuízo a alguém, o que gera a obrigação de reparar o dano patrimonial e/ou moral, provocado por ação ou omissão da administração pública. A responsabilidade civil da administração é a que impõe à Fazenda Pública a obrigação de compor o dano causado a terceiros, por agentes públicos, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las. Sejam as pessoas, de Direito Privado ou Direito Público, se sujeitam à ordem jurídica. Sendo a responsabilidade da Administração Pública (ou do Estado) consequência do Estado de Direito, tais pessoas devem responder pelos seus comportamentos que venham a violar esta ordem jurídica. A atividade administrativa se subordina à lei (princípio da legalidade), não podendo a Administração dela se afastar sob pena de praticar ato inválido, devendo o responsável sujeitar-se às penas disciplinares, cíveis e criminais, e em alguns casos até sanção política. A teoria da Responsabilidade Civil da Administração evoluiu da irresponsabilidade para responsabilidade com culpa. Depois, para responsabilidade sem culpa, conforme segue: Evolução das teorias: • Irresponsabilidade Origem do direito Público: negava-se a responsabilidade (“O Rei não pode errar”). Os representantes do rei também eram abrangidos por tal princípio, porém não de forma absoluta. Na França o funcionário poderia ser responsabilizado quando o ato lesivo pudesse ser direto e relacionado a um comportamento seu. Mas gozavam, os funcionários, de uma “garantia administrativa” (qualquer ação contra eles dependia de prévia autorização do conselho do Estado Francês). • Responsabilidade CivilistaVeio como influência do Liberalismo. O Estado ficou assemelhado ao indivíduo, para que pudesse ser responsabilizado pelos atos culposos. Não é necessária a identificação da culpa individual para caracterizar a responsabilidade do Estado • Teoria da Culpa Administrativa – responsabilidade subjetiva do Estado. Para Celso A. Bandeira de Melo: “responsabilidade subjetiva é a obrigação que incumbe a alguém em razão de um procedimento contrário ao Direito – culposo ou doloso – consistente em causar um dano a outrem ou deixar de impedi-lo quando obrigado a isto”. 19 O prof. Hely Lopes Meirelles complementa: “Esta teoria representa o estágio de transição entre a doutrina subjetiva da culpa civil e a tese objetiva do risco administrativo”. • Teoria do Risco Administrativo – Responsabilidade Objetiva do Estado. Para Hely Lopes Meirelles a teoria do risco administrativo faz surgir a obrigação de indenizar o dano, quando há ato lesivo e injusto causado à vítima, pela Administração Pública. Esta teoria se baseia no risco que a atividade pública gera para os administrados e na possibilidade de acarretar danos a terceiros, impondo-lhes um ônus não suportado por todos. • Teoria do Risco Integral É a modalidade radical da doutrina do risco administrativo, abandonada na prática, por conduzir ao abuso e à iniquidade social. Por essa maneira extremada, a Administração ficaria obrigada a indenizar todo e qualquer dano suportado por terceiros, ainda que resultante de culpa ou dolo da vítima. Essa teoria chegou a constar do texto constitucional – que foi alterado – dizia o então artigo 21, XXIII, letra “d” (alínea hoje modificada): “d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa” • Responsabilidade Civil da Administração Pública no Direito Brasileiro Está prevista no artigo 37, § 6º, Constituição Federal de 1988, foi adotada a Teoria da Responsabilidade Objetiva – risco administrativo. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Verifica-se a adoção da Teoria da Responsabilidade Objetiva – do risco administrativo, no que concerne à responsabilidade civil da Administração Pública. Alguns aspectos devem ser observados ao se analisar a teoria do risco administrativo: ➔ Os sujeitos que comprometem o Estado Acarretam a responsabilidade da Administração Pública os danos causados no próprio exercício da atividade pública do agente, como também aqueles que só puderam ser produzidos graças ao agente público prevalecer-se dessa condição. O que interessa é saber se sua qualidade de agente público foi determinante para a conduta lesiva. 20 Na medida em que a Administração defere a realização de atividade administrativa a seus servidores, ela responde pelos danos que eles, nesta condição, causam a terceiros. ➔ Conduta lesiva que enseja responsabilidade a) Comportamento comissivo (“facere”). Exemplo: espancar preso e causar lesões definitivas. b) Comportamento omissivo (“non facere”). O Estado deveria agir, por imposição legal, não o fez ou agiu deficientemente, abaixo do padrão normal de eficiência. c) O legislador constituinte só cobriu o risco administrativo da atuação ou inação dos servidores públicos; não responsabilizou objetivamente a administração por atos predatórios de terceiros, nem por fenômenos naturais. ➔ A reparação do dano O dano deve ter características: a) O dano deve corresponder à lesão a um direito da vítima - além de lesão econômica, deve ser jurídica. b) O dano certo e real - não futuro. Portanto, a pessoa jurídica de direito público é obrigada a indenizar os prejuízos (patrimoniais e morais) causados a terceiro: Pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de culpa e dolo (conforme art. 37, § 6º da Constituição Federal). Também o diz o art. 43 do CC: Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Portanto: A Responsabilidade civil do Estado, na forma OBJETIVA (teoria do risco administrativo) faz surgir a obrigação de indenizar o dano, pelo ato lesivo e injusto causado à vítima, pela Administração. O Estado deve ressarcir o dano causado por agente à terceiros, na execução de sua função pública. Importante: Neste tipo de responsabilização NÃO HÁ NECESSIDADE DA PROVA DA INTENÇÃO DE LESAR, BASTA PROVA DE DANO, o NEXO ENTRE O ATO LESIVO e o DANO. 21 Ex. ambulância de hospital público, a caminho de prestar socorro a vítima de acidente, passa na fase vermelha do sinal e danifica um veículo de particular. A responsabilidade é objetiva por parte do Estado/Administração. Entretanto, em caso de ação de regresso contra o agente do Estado, ou em caso de o lesado ingressar com ação contra o funcionário, a responsabilidade passará a ser subjetiva. Se o lesado escolher, por exemplo, acionar o motorista da ambulância e não o Estado ele terá que provar a intenção (dolo) ou a negligência, imperícia ou imprudência (culpa) do profissional envolvido. AÇÃO REGRESSIVA A pessoa jurídica, para se ressarcir dos prejuízos causados por seus agentes, terá direito ao regresso, ou seja, descontará os prejuízos do funcionário público ou será indenizado por ele. Neste caso, cabe à pessoa jurídica provar que houve dolo ou culpa do agente causador do dano para que ele venha a ressarci-la (Estado). Não restando comprovada não haverá indenização. Trata, o caso em tela, de responsabilidade por fato de outrem. Nas lições de Alvino Lima: “A responsabilidade civil pelo fato de outrem se verifica todas as vezes em que alguém responde pelas consequências jurídicas de um ato material de outrem, ocasionando ilegalmente um dano a terceiro. Em matéria de responsabilidade pelo fato de outrem, a reparação do dano cabe a uma pessoa que é materialmente estranha à sua realização”6. Venosa ainda afirma que o responsável pela reparação está ligado ao causador do dano por um liame jurídico, em situação de subordinação ou submissão, em caráter permanente ou eventual. PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE A pessoa jurídica também está protegida em relação ao seu nome, marca, honra objetiva, imagem, dano moral, quebra de sigilo, direito à boa reputação: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. (CC). 6 LIMA, Alvino apud VENOSA, Silvio de Salvo. Op. Cit. p. 265. 22 DOMICÍLIO Da pessoa jurídica de direito público é a sede de seu respectivo governo: CC - Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; Da pessoa jurídica de direito privado é o lugar onde funcione a sua sede, diretoria ou administração ou onde esteja determinado em seu ato constitutivo: IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocanteàs obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. FIM DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO As pessoas jurídicas podem ser extintas das seguintes formas: a) dissolução (artigo 1.033 do Código Civil): Art. 1033 - Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV - a falta de pluralidade dos sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Parágrafo Único - Não se aplica o disposto no item IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas 23 Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada...(observada a lei no que for atinente). . b) determinação legal - o juiz dissolve com base na Constituição Federal, artigo 5º, XIX: “as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- se, no primeiro caso, o trânsito em julgado”. Dizem, ainda, o art. 1.034 e seguintes do Código Civil que: Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade. Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas judicialmente quando contestadas. Art. 1.036. Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente. Parágrafo único. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desde logo, a liquidação judicial. c) por ato do governo - cassação de autorização de funcionamento (atos opostos aos fins da pessoa jurídica ou contrários ao interesse público).
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