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Diverticulite - Beatriz Almeida

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1 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 
Doença Diverticular dos Cólons 
Os divertículos podem ser adquiridos ou congênitos e 
afetar tanto o intestino delgado quanto o cólon. 
• São geralmente múltiplos e na maioria dos casos 
predominam no sigmoide. 
• Comum em idosos. 
Herniação da mucosa e submucosa através de defeitos 
da camada muscular no ponto mais fraco na parede do 
cólon. 
• Os divertículos congênitos são herniações de toda a 
espessura da parede intestinal. 
• Os divertículos adquiridos são herniações da mucosa 
e submucosa. 
• Diverticulose: assintomático. 
• Doença Diverticular: sintomática. 
• DD não complicada: sem inflamação 
• DD complicada: com inflamação ou complicação. 
• DD recorrente: > 1 ano sintomática, sem 
inflamação. 
Forma hipertônica (myochosis coli): aumento da 
pressão intracolônica força as camadas mucosa e 
submucosa → herniação através de pequenas fendas na 
camada muscular. Dieta pobre em fibras é o principal 
fator de risco. 
Fatores de risco: 
• Idade avançada 
• Consumo elevado de carne vermelha 
• Obesidade + HAS 
• Dieta pobre em fibras 
• Atividade física reduzida 
• Gestações múltiplas 
• Nível socioeconômico alto 
• Síndrome de Marfan 
Complicações: diverticulite 25% e hemorragia 
digestiva baixa 15%. 
Fisiopatologia: 
• Motilidade colônica: 
o Degeneração neuronal: redução dos neurônios 
mioentéricos, das células gliais mioentéricas, e das 
células intersticiais de Cajal. 
o Hipertrofia muscular 
• Alterações da microbiota: predomínio de 
proteobactérias na diveticulite. 
• Fatores hereditários: predomínio de alguns genes. 
• Extenso infiltrado inflamatório à microscopia. 
• Expressão aumentada de citocinas pró-inflamatórias. 
↓ Fibras → ↓ volume fecal → ↑ pressão intraluminal→ 
↑ tensão da parede colônica → hipertrofia muscular 
Formas de apresentação: 
• Diverticulose: forma mais comum 75-85%, 
diagnosticada ao acaso. 
• Doença Diverticular não complicada: dor 
abdominal em cólica constante, localizada em 
quadrante inferior esquerdo, exacerbada com 
alimentação e aliviada com flatos, flatulência e 
distensão abdominal, diarreia. 
o Exame físico: sem anormalidade, mas pode haver 
alça sigmoide dolorosa, dor localizada na FIE ou 
hipogástrio tipo pulsátil. (técnica: paciente em 
decúbito dorsal → palpação fixa do sigmoide → 
elevação do MIE). 
• Doença Diverticular complicada: diverticulite, 
perfuração, hemorragia, fístulas ou obstrução. 
• Diverticulite: acomete cerca de 10-25%, cólon 
sigmoide afetado em 80%, idade, duração e número 
de divertículos elevados aumentam o risco de 
diverticulite. 
o Dor intensa, persistente e súbita, localizada no QIE, 
acompanha náuseas, vômitos, anorexia, febre e 
calafrios, alterações do hábito intestinal, HDB. 
o Exame físico: sensibilidade no QIE, massa palpável no 
local da inflamação, abdome distendido, timpânico e 
RHA aumentados, sinal do Psoas, Obturador e 
Blumberg positivos, toque retal e doloroso. 
• Perfuração: divertículos maiores, pode ser 
acompanhada de fístulas, abscesso ou peritonite. 
• Hemorragia: divertículos do lado direito são mais 
acometidos, o sangramento é autolimitado e cessa 
rápido, recidiva de 30% após primeiro episódio, 
colonoscopia é o método recomendado. 
• Fístulas colovesicais: mais comuns, acomete 
mais homens, podem ser o primeiro sintoma de DDC 
sintomas urinários associados com sintomas 
intestinais, o diagnóstico é feito por tomografia. 
• Fístulas colocutâneas ou estercorais: 
diagnóstico a partir de abscesso na parede 
abdominal, no exame do abdome visualiza-se o 
 
2 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 
orifício fistuloso, há eliminação de material purulento 
e fezes, a fistulografia pelo orifício fistuloso confirma 
diagnóstico. 
• Fístulas colonentéricas: aderência da serosa 
sigmoideana com alças do intestino delgado, quadro 
desinteriforme (ácidas, liquefeita e alimentares), 
diagnóstico por enema opaco ou trânsito de intestino 
delgado. 
Diagnóstico: 
Diverticulose: achado incidental, exames de rotina 
(sangue oculto nas fezes etc), colonoscopia para 
rastreamento câncer colorretal. 
DD não complicada: enema opaco (número, 
tamanho e localização), aumento de casos de carcinoma 
colorretal (CCR), colonoscopia (mais segura e precisa). 
Enema opaco: avalia a extensão anatômica da doença, 
alterações morfológicas. Pontos negativos: tempo do 
exame, exposição à radiação, baixa adesão e risco de 
complicações. 
Diverticulite: leucograma, VSH, PCR, Calprotectina 
fecal. Radiologia simples de tórax e abdome, tomografia 
computadorizada. 
Tomografia computadorizada: útil no diagnóstico 
da Diverticulose e diverticulite, diferencia a forma 
complicada da não complicada. Classificação de Burcley e 
Classificação de Hinchey (peritonite) 
Classificação de Burcley: 
Leve: espessamento da parede cólica + densificação 
de gordura. 
Moderado: espessamento > 3mm + abscesso 
pequeno 
Grave: espessamento > 5mm + abscesso > 5mm 
Colonoscopia: principal método para diagnóstico e 
seguimento, atenção para a Diverticulose maciça no 
sigmoide, útil no diagnóstico diferencial. 
Diagnóstico diferencial: 
• Síndrome do intestino irritável 
• Carcinoma colônico 
• Apendicite aguda 
• Doenças inflamatórias intestinais e pélvicas 
• Colite isquêmica 
Tratamento: 
• É uma condição benigna, com 70% assintomáticos. 
• Aumentar a ingesta de alimentos ricos em fibras: 
cereais, frutas e vegetais. 
• Suplementação dietética de fibras: psyllium, farelo de 
trigo e metilcelulose. 
• Ingesta balanceada de carne vermelha. 
• Aumentar a ingesta hídrica: 2 a 2,5L/dia. 
• Antiespasmódicos/Analgésicos (não opiáceos) para a 
cólica da síndrome do intestino irritável. 
Doença Diverticular não complicada: melhora 
dos sintomas e resolução da inflamação ou infecção: 
antibioticoterapia para gram + e anaeróbios 
(Cefalosporina + Metronidazol). 
Doença Diverticular complicada: formas leves – 
tratamento ambulatorial: dieta líquida e antibióticos 7 a 10 
dias (Fluorquinolona + Metronidazol). Formas graves – 
internação: hidratação venosa + antibipicoterapia EV 
(gram -) + antiesplasmóticos. Cirurgia: perfuração ou 
sepse. 
Mesalazina: inibe os fatores da cascata inflamatória, 
inibe a produção de IL-1 e radicais livres, tem atividade 
antioxidante intrínseca. 
Probiótico: produção de IgAm síntese de IL10, efeito 
antibacteriano → inibe a inflamação.

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