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Oncologia (05/06/2020) Câncer de próstata Epidemiologia: - A incidência de câncer de próstata (CAP) aumentou continuamente durante mais de 20 anos. - A mortalidade aumenta conforme aumenta a incidência. - 1987: superou a linha dos 100 casos por cada 100.000. - 1992: a maior incidência de 191 casos por cada 100.000. - Descendeu desde 1992 até 1995 para logo estabilizar-se. - Melhor capacidade de detecção: estudo do antígeno prostático específico (PSA) e ecografia transretal (ETR). - O risco de sofrer CAP aumenta rapidamente com a idade. - 1991 nos EUA foi registrada uma taxa máxima de mortalidade ajustada pela idade de 27 por cada 100.000. - Incidência de 1% aos 67 anos (raça negra). - Incidência de 1% aos 72 anos (caucásicos). Etiologia: - Se desconhece a causa do CAP, ainda que tenha vários fatores que se associem a um maior risco: · Demografia · Antecedentes familiares de CAP · Hormônios (relação com a testosterona) · Outros fatores (fatores dietéticos, raça negra tem maior predisposição e tem CAP em idade mais jovem) Demografia: - Risco menor: Taiwan e Japão - Risco intermédio: EUA e Europa - Risco máximo: Suécia - Os homens de raça negra se afetam com uma frequência de 30% maior que os homens caucásicos. - Os homens de raça negra também podem ter menores taxas de sobrevivência. Obs.: hoje é muito difícil que um paciente com CAP morra pela doença, mas sim por outra doença, já que é um paciente mais velho. Antecedentes familiares de CAP: - No pai ou irmão aumenta o risco do paciente 7 vezes acima da população geral, se lhe diagnosticou aos 50 anos. Hormônios e outros fatores de risco: - Aumento do aporte de vitamina A. - Diminuição do aporte de vitamina D. - Exposição laboral ao cadmio. Obs.: os oncologistas não costumam receitar vitaminas aos pacientes com câncer, somente lhes indicam uma boa dieta e que pratiquem atividade física, pois o aporte de vitaminas pode servir de “vitamina” também ao tumor, fazendo com que ele cresça mais. Anatomia patológica: - Mais frequente: adenocarcinoma - Pouco frequentes: CCT (carcinoma de células transicionais), carcinoma microcítico, carcinoma epidermoide e sarcoma Localização: - O CAP tende a ser multifocal (por isso, quando colhemos a biópsia necessitamos de no mínimo 12 amostras). - Frequentemente se origina na zona periférica da próstata (cápsula cirúrgica): 75%. Isso facilita a resseção transureteral (RTPU). Mecanismos de disseminação: - A biologia dos CAP dependem do grau tumoral. - Os tumores de baixo grau: no geral permanecem localizados. Mas, podem causar invasão a vainas nervosas, metástases por cadeias linfáticas e metástases a distância sem afecção ganglionar. Anatomia prostática: - As metástases ósseas, sobretudo a nível da coluna vertebral são as mais frequentes devido a inervação da próstata. - Pela localização da próstata, o tumor pode invadir a bexiga e o reto. O paciente pode ter muita dor quando invade as ramas prostáticas no nervo pélvico. - Ao invadir a bexiga pode causar hematúria. - Ao invadir o reto pode causar retorragia e tato retal patológico. - As metástases mais frequentes são as metástases ósseas. Localização das metástases: - Lesões metastásicas osteoblásticas densas. - Lesões osteolíticas não características. - O paciente também pode ter metástases hepáticas, pulmonares e cerebrais (raro). Síndromes paraneoplásicas associadas: - Fibrinólise sistêmica - Alterações neuromusculares Obs.: esse paciente apresentaria alterações sanguíneas e debilidade muscular. Diagnóstico: - Sinais e sintomas: · CAP precoce é assintomático · Se detecta por tato retal (TR) e concentração plasmática de PSA; rara vez em RTUP por hiperplasia · Disuria, tenesmo, nicturia, oliguria, gotejo pós-miccional e hematúria · Aparição súbita e progressão rápida de obstrução urinária · Dor lombar ou pélvica: metástase · Alterações neurológicas como paraplegia e a incontinência: metástases raquídeas extradurais (síndrome de compressão medular) - Exploração física: · Comprovar a presença de induração ou nódulos: pétreos e indolores (uma próstata normal é como palpar a ponta do nariz) · Explorar sulcos laterais e vesículas seminais palpáveis (anômalas) · Avaliar gânglios inguinais: metástase · Buscar metástases a distância: palpar os pontos dolorosos em ossos · Exploração neurológica para descartar compressão medular pelo tumor Diagnóstico diferencial com patologias que aumentam o volume da próstata: - Prostatite aguda: · Infecção bacteriana · Disúria, dor e febre · Dor a palpação · Próstata sem dureza · Urocultivo (+) - Prostatite crônica e granulomatosa: · Infeção bacteriana, TB, micótica ou protozoária · Massa similar ao CAP · Requer biópsia - Hiperplasia nodular (HPB): · >30 anos · 80% aos 80 anos · Obstrução urinária · Biópsia de nódulos palpáveis - Outras possibilidades: · Cálculos, amiloidose, adenomas benignos e infarto de nódulos hiperplásicos · Obstrução ou massa Provas diagnósticas: · Habituais · PSA · Fosfatase ácida · Biópsia · Gamagrafia óssea · TC e RM (melhor a RM para fazer uma avaliação pré-cirúrgica da próstata, ela avalia melhor os gânglios pélvicos) Provas habituais: · Análise de urina · Hemograma completo · PFH e renal · Fosfatase alcalina · Cálcio · Radiografias de tórax Antígeno prostático específico (PSA): - Serina protease e marcador característico da próstata. - Só devemos pedir quando temos um tato retal suspeito. - Sua determinação aumenta as biópsias e o diagnóstico. - Incrementa o rendimento do TR e da afecção limitada ao órgão particular. - Falsos positivos: 15% dos pacientes com hiperplasia nodular, também em inflamação, cirurgia ou endoscopia prostática. A biópsia prostática eleva o PSA durante 6 a 8 semanas. Rara vez o câncer de pâncreas, parótidas ou de mama. PSA livre: - Fração do PSA que não está unida às antiproteases do plasma. - Diminuição do cociente entre o PSA total se associa a provável CAP. - Pacientes com PSA elevado e sem sinais suspeitos em palpação se recomenda observação após uma biópsia (-) se o cociente PSA livre:PSA total for >25%. PSA específico para a idade: - A concentração de PSA aumenta com a idade nos pacientes sem CAP, devido a hiperplasia de próstata. Índices de densidade do PSA: - São modificações matemáticas do PSA. - A zona de transição (ZT) tem uma localização central; é uma das partes produtoras de PSA e aumenta de tamanho na HPB. - Ajuste de [ ] plasmática de PSA pelo volume: · Densidade de PSA= PSA/volume de glândula · PSA ZT= PSA/volume de ZT Utilidade clínica do PSA: - Detectar tumores primários ou recorrentes: · Volume muito pequeno · Diagnóstico e seguimento - Não é método exclusivo de detecção sistemática: · Útil em combinação com TR (tato retal) - PSA em combinação com biópsia guiada por ETR (ecografia transretal): · 4 a 10 ng/mL (20%) · >10 ng/mL (60%) - Enfermidade metastásica: · Prévia elevação progressiva · Buscar recidiva local com EF ou ETR · Assintomáticos com PSA <10 ng/mL Técnicas de biópsia: - Biópsia com agulha grossa guiada por ETR: 6 a 12 biópsias de base, vértice e parte média, ao longo de duas linhas laterais paralelas. · Aspecto hipoecoico na ETR (30% isoecoico) · PSA >4 ng/mL= 24% · PSA >4 ng/mL + TR suspeitoso + lesão hipoeicoica= 45% - RTPU: pode-se encontrar CAP em aproximadamente 5% das RTPU que se realizaram por hiperplasia benigna (achado acidental). Obs.: lembrando de sempre fazer múltiplas tomas de biópsia, visto que é um tumor multifocal. Gamagrafia óssea: - Utilizada para detectar metástases ósseas - Positiva - Baixa probabilidade - PSA <10 ng/mL - Assintomático (às vezes o paciente não tem sintomas ósseos, mas tem metástases ósseas) TAC ou RM: - RM: extensão tumoral a gânglios ou pelve, para ver bem a glândula prostática, para ver bem a parede lateral da pelve, para avaliar o tumor primário. - TAC: metástase a pulmão, fígado, SNC - Pontuação de Gleason elevada - PSA >20 ng/mL Estratificação de risco: - Baixo risco: PSA <10 ng/mL, Gleason ≤6, estágio clínico I-IIA. - Risco intermédio: PSA 10 a 20 ng/mL, Gleason 7, estágio clínicoIIB-IIC. - Risco alto: PSA >20 ng/mL, Gleason 8-10, estágio clínico III-IV. - O que é importante saber é que a classificação de risco leva em conta o PSA, o Gleason e o estágio clínico. Obs.: a partir desse ano a classificação passou a ser risco muito baixo, risco baixo, risco intermédio favorável, risco intermédio desfavorável, risco alto e risco muito alto. Essa classificação é para sabermos qual tratamento escolher. Escore de Gleason: - 2 a 6: bem diferenciado - 7: moderadamente diferenciado - 8 a 10: pobremente diferenciado Obs.: usado para saber o grau de risco do paciente. Obs.: a estratificação da próstata vai ate grau V, sendo que a maioria dos tumores só tem grau I, II, III e IV. A maior grau, pior prognóstico. Fatores prognósticos: - Afetação de glândulas seminais - Extensão mais além da cápsula prostática - Avaliação de PSA elevado e sua cinética - Ferramentas preditivas Prevenção de detecção precoce: - Detecção precoce por PSA elevado (T1c), dá lugar a identificação de mais pacientes com a doença limitada ao órgão. - American Cancer Society recomenda: · Detecção sistemática de PSA e TR aos 50 anos · Detecção sistemática aos 40 anos em homens com antecedentes familiares ou fator de risco racial Generalidades e filosofia: - O tratamento de todos os estágios é controvertido. - Evolução prolongada: sobrevivência a 15 anos desde o diagnóstico, inclusive sem tratamento. Alguns países optam por nem tratar os pacientes com risco muito baixo (Gleason <6, PSA <10). - Enfermidade do adulto maior (falecem por outras afecções). - Médicos diferem em uso de RT, cirurgia, manipulação hormonal. O que a Dra quer que saibamos bem: - Variedade histológica mais importante: adenocarcinoma - Importância do TR junto com o PSA, não se pede PSA só, ele é um complemento do TR. - Deve-se fazer exploração sistemática dos homens a partir dos 50 anos ou dos 40 em casos específicos. - Determinar se o paciente tem uma enfermidade localizada ou metastásica. - Saber que o tratamento vai depender da estratificação de risco, que depende do valor do PSA, do Gleason e da estratificação clínica.
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