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Beatriz Tavares – MD2 Anexos cutâneos São estruturas que surgem de modificações da epiderme ainda na vida embrionária; são elas: folículo pilossebáceo, glândulas sudoríparas e unhas. Folículo pilossebáceo Composto de folículo piloso, glândula sebácea e músculo eretor do pelo, é sempre provido de terminações nervosas; em algumas regiões (axilas, púbis, mama etc.) desembocam no folículo as glândulas apócrinas. Os folículos pilossebáceos existem em toda a pele, exceto nas regiões palmoplantares e em algumas regiões da genitália, denominadas por isso de pele glabra. Apresentam importância para a proteção da pele contra agressões físicas (mecânicas e radiação solar) e impedem a perda de calor para o ambiente. Folículo piloso Os pelos são estruturas delgadas e queratinizadas que se desenvolvem na vida embrionária como uma projeção de queratinócitos modificados (tricócitos) para dentro da derme; isso ocorre por influência de células mesenquimais que, mais tarde, constituem a papila folicular, que se localizam na porção mais inferior. A cor, o tamanho e a disposição deles variam de acordo com a cor da pele e a região do corpo. São observados em quase toda a superfície corporal, com exceção de algumas regiões bem delimitadas, como palmas da moas e planta do pé. Organização histológica: Histologicamente, é dividido em: 1. Infundíbulo, que se estende de sua abertura do folículo até o nível de abertura da sua glândula sebácea; faz parte do canal pilossebáceo. 2. Istmo, se estende do infundíbulo até o nível da inserção do músculo eretor do pelo; 3. Saliência folicular, que faz protrusão a partir do folículo piloso, próximo da inserção do musculo eretor do pelo e que contem células- tronco epidérmicas; e 4. Segmento inferior no folículo, apresenta um diâmetro uniforme, exceto na base onde se expande para formar o bulbo piloso. A base do bulbo é invaginada por um tufo de tecido conjuntivo frouxo vascularizado que é a papila dérmica ou folicular. As demais células que formam o bulbo, incluindo as que circundam a papila dérmica de tecido conjuntivo, são designadas como matriz do pelo, a qual é formada por células da matriz. As células da matriz imediatamente adjacentes à papila dérmica representam uma população de células contendo células-tronco epidérmicas. A proliferação dessas células é responsável pelo crescimento do pelo. Elas se diferenciam em células produtoras de queratina do pelo e formam a conjuntiva do folículo piloso, a bainha radicular interna. OBS: Se observa também a existência de melanócitos dispersos nessa camada germinativa, os quais contribuem com melanossomos para as células pilosas em desenvolvimento Beatriz Tavares – MD2 A bainha radicular interna é uma cobertura celular de múltiplas camadas, que circunda a parte profunda do pelo. Ela tem três camadas: 1. A camada de Henle, que consiste em uma única camada de células cuboides. Essas células estão em contato direto com a parte mais externa do folículo piloso, a bainha radicular externa, que é uma invaginação da epiderme. 2. A camada de Huxley, que consiste em uma camada simples ou dupla de células achatadas. 3. A cutícula da bainha radicular interna, que consiste em células pavimentosas, cuja superfície livre externa está voltada para a haste do pelo E a haste do pelo vai ser organizada em 3 camadas: 1. A medula que forma a parte central da haste e contém uma coluna de células grandes queratinizadas frouxamente conectadas contendo queratina mole. A medula está presente somente nos pelos espesso. 2. O córtex é a camada mais desenvolvida e responde por aproximadamente 80% da massa total do pelo. Envolve a medula e é composto de células corticais preenchidas com filamentos intermediários de queratina dura. O córtex determina a textura, a elasticidade e a cor do pelo. 3. A cutícula da haste do pelo é a camada mais externa do pelo. Contém várias camadas de células pavimentosas queratinizadas semitransparentes sobrepostas. Essas células se assemelham a escamas de peixe se afastando do folículo piloso. A cutícula protege o pelo de lesão física e química e determina a sua porosidade. Contextualização da cutícula: quando se vai ao cabelereiro e eles recomendam uma hidratação capilar para fechas as cutilas do pelo. Isso porque as células da cutícula ficam como escamas revestindo o pelo e quando essas cutículas estão abertas o cabelo fica arrepiado; a hidratação fecha as cutículas deixando elas bem grudadas no córtex. Fases de desenvolvimento do pelo O folículo piloso passa, cíclica e permanentemente, por três fases caracterizadas por modificações na sua porção inferior, o bulbo, que sofre processo de retração e expansão, e, por isso, é considerada como a porção transitória do folículo, enquanto a porção superior é permanente. A fase anágena: se caracteriza por ter o bulbo e a papila foliculares bem desenvolvidos, com sua extremidade situada na derme profunda ou hipoderme; a matriz, composta apenas de células amplificadoras transitórias, portanto com número limitado de possíveis mitoses, se encontra em plena atividade mitótica, dando origem a uma haste de pelo terminal, em geral grossa e pigmentada. É a fase de crescimento ativo, com duração de 2 a 3 anos, corresponde a 85% dos pelos. A próxima fase: a catágena, é quando, aparentemente por sinalização da papila, as células da matriz e da bainha interna iniciam processo de apoptose e interrompem suas mitoses, provocando a retração da porção inferior do folículo até o nível da protuberância e da inserção do músculo eretor. É a fase de involação, com duração de 2 semanas, correspondendo a 1% dos pelos. Beatriz Tavares – MD2 A terceira fase: é a fase telógena ou de repouso, quando as células da papila, agora bastante diminuída de volume, parecem emitir sinais capazes de aumentar a atividade mitótica das células-tronco, presentes na protuberância do folículo, fazendo surgir novo contingente de TAC, responsáveis pela expansão do bulbo e pelo estabelecimento de uma nova fase anágena. É a fase de queda, com duração de 3 a 4 meses, correspondendo a 13% dos pelos. Funções do pelo Além da função sensorial, da colaboração na homeostasia térmica, da proteção aos raios UV e dos aspectos estéticos, os folículos pilosos têm importância capital no processo de reparação tecidual, funcionando como reservatório de células-tronco epidérmicas, presentes na sua protuberância. Em relação aos hormônios andrógenos, os folículos podem ser indiferentes (supercílio, região occipital), estimulados positivamente (barba, axilas, púbis) ou estimulados negativamente (área frontoparietal do couro cabeludo). Ps: A cor do pelo depende dos melanócitos localizados entre a papila e o epitélio da raiz, que fornecem melanina às células do córtex e da medula do pelo por processo semelhante ao que ocorre na epiderme. Músculo eretor do pelo O músculo eretor do pelo é um músculo liso que emerge da porção superior da derme, logo abaixo da epiderme, e se insere obliquamente no folículo piloso. Sua extremidade distal é composta por várias fibras musculares que se projetam em ramificações ao nível da derme papilar. Se acredita que na zona de inserção do músculo eretor do pelo, chamada de bulge, haja células- tronco epiteliais responsáveis pela regeneração dos folículos, desempenhando um papel crítico no ciclo de crescimento dos folículos pilosos. A contração do músculo puxa o pelo para uma posição mais vertical, tornando-o eriçado. Classicamente, se acreditava que cada músculo eretor do pelo se relacionasse com um folículo piloso. No entanto, alguns estudos recentes sugerem que, na verdade, a unidade muscular mantémrelação com uma unidade folicular inteira, o que gera possíveis evidências quanto à participação do músculo eretor do pelo na secreção do sebo. Glândula Sebácea As glândulas sebáceas se desenvolvem como evaginações da bainha externa da raiz do folículo piloso, produzindo geralmente várias glândulas por folículo. As glândulas sebáceas se situam na derme não tendo na pele da palma das mãos e a da planta dos pés. Os seus ductos são revestidos por epitélio estratificado e geralmente desembocam nos folículos pilosos. Se trata de uma glândula holócrina, na qual as células se rompem, liberando todo o seu conteúdo; deste, o componente lipídico é secretado, enquanto as outras estruturas celulares podem ser recicladas. Formação e secreção do sebo: A porção secretória da glândula é mais frequentemente polilobular, constituída, na área central, por células claras, cujo citoplasma é espumoso e rico em lipídios, enquanto a parte periférica é formada por células basais germinativas. Então, para a formação do sebo, essas células basais proliferam e se diferenciam em células arredondadas, que acumulam no citoplasma o produto de secreção, de natureza lipídica. Os núcleos tornam-se gradualmente condensados e desaparecem. Aí, as células mais centrais morrem e se rompem, formando a secreção sebácea. Beatriz Tavares – MD2 Por fim, tanto o produto secretor quanto os restos celulares são descarregados da glândula como sebo dentro do infundíbulo de um folículo piloso, que forma o canal pilossebáceo com o ducto curto da glândula sebácea. Novas células são produzidas por mitose das células da camada basal da glândula. O processo de produção do sebo a partir de mitoses das células basais até a sua secreção leva em torno de 8 dias. Sobre o sebo O sebo é constituído principalmente por esqualeno, colesterol, ésteres do colesterol, ésteres graxos e triglicerídios; os triglicerídeos, ao sofrerem ação enzimática das bactérias do folículo, dão origem aos ácidos graxos livres. O sebo colabora na formação do manto lipídico com atividade antimicrobiana, emulsificadora de substâncias e de barreira protetora. Glândulas Sudoríparas Glândulas sudoríparas écrinas ou merócrinas São glândulas tubulares espiraladas que se localizam por toda a pele e são muito numerosas, exceto em algumas regiões como a glande. Os ductos dessas glândulas se abrem na superfície da pele. Consiste em dois segmentos: um segmento secretor, localizado profundamente na derme ou na parte superior da hipoderme, e um segmento ductal menos espiralado, que leva a secreção diretamente à superfície epidérmica. Existem três tipos de células no segmento secretor da glândula: as células claras e as células escuras, que consistem em células epiteliais secretoras, e as células mioepiteliais, que são células epiteliais contráteis. 1. As células claras se caracterizam pela existência de quantidades abundantes de glicogênio; estão entre as células escuras e as mioepiteliais; As células claras apresentam muitas dobras da membrana plasmática, uma característica das células que participam do transporte transepitelial de fluido e sais. Essas características estruturais sugerem que a função das células claras seja produzir a parte aquosa do suor. 2. As células escuras se caracterizam por um RER bem desenvolvido e grânulos secretores; são adjacentes ao lumen; 3. As células mioepiteliais se limitam à face basal do segmento secretor; O citoplasma contém numerosos filamentos contráteis (de actina); A contração dessas células é responsável pela rápida expressão do suor da glândula. Beatriz Tavares – MD2 O ducto da glândula se abre na superfície da pele e segue um curso em hélice ao atravessar a epiderme. Se apresenta constituído por epitélio cúbico estratificado (duas camadas de células), que repousa sobre a membrana basal. Essas glândulas estão sob controle hipotalâmico por meio de terminações simpáticas de característica única, por utilizarem a acetilcolina, e não norepinefrina como neurotransmissor; a acetilcolina estimula a secreção do suor e a contração das células mioepiteliais, promovendo a sudorese, que atinge, em média, 100 mL/dia em uma pessoa bem aclimatizada; durante exercícios intensos ou em dias de extremo calor pode chegar a 1 a 2 L/h. Principal responsável pela termorregulação do corpo humano em decorrência da perda evaporativa de calor. Glândulas sudoríparas apócrinas Além das glândulas sudoríparas merócrinas, nas axilas, nas regiões perianal e pubiana, bem como na aréola mamária, existem glândulas de maior tamanho com partes secretoras muito dilatadas, que são as glândulas sudoríparas apócrinas, localizadas na derme e na hipoderme. Os ductos dessas glândulas desembocam em um folículo piloso, e o lúmen de suas partes secretoras é dilatado. A secreção é ligeiramente viscosa e inodora, mas adquire um odor desagradável e característico pela ação das bactérias da pele. Na mulher, as glândulas apócrinas axilares passam por alterações durante o ciclo menstrual. As glândulas apócrinas são inervadas por fibras adrenérgicas, enquanto as merócrinas o são por fibras colinérgicas. As glândulas de Moll da margem das pálpebras e as de cerume do ouvido são glândulas sudoríparas modificadas. Sobre o suor: O suor secretado por essas glândulas é uma solução extremamente diluída, que contém pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia e ácido úrico. O suor, que inicialmente é semelhante a um ultrafiltrado isotônico do plasma, composto por NaCl, K, lactato, ureia, amônia e traços de aminoácidos e proteínas, após a reabsorção de NaCl e HCO3 pelas células ductais, dá origem à secreção hipotônica que chega na superfície. Ao alcançar a superfície da pele, o suor evapora, fazendo baixar a temperatura corporal. Os catabólitos encontrados no suor mostram que as glândulas sudoríparas participam da excreção de substâncias inúteis para o organismo. Classificação das glândulas exócrinas quanto ao modo de secreção As glândulas exócrinas podem ser classificadas, de acordo com o modo de liberação da sua secreção, como merócrinas, holócrinas e apócrinas. Nas glândulas merócrinas, como o pâncreas e a glândula sudorípara, a secreção é liberada por exocitose, sem perda de outro material celular. Nas glândulas holócrinas, como as glândulas sebáceas, o produto de secreção é eliminado juntamente com toda a célula, processo que envolve a destruição das células repletas de secreção. Um tipo Beatriz Tavares – MD2 intermediário é o apócrino, encontrado na glândula mamária, em que o produto de secreção, é secretado junto com porções do citoplasma apical das células. Unhas As unhas são placas de células queratinizadas localizadas na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos e se originam na matriz ungueal e repousam sobre os leitos ungueias. O leito ungueal consiste em células epiteliais que são contínuas com o estrato basal e o estrato espinhoso da epiderme. A parte proximal da unha, a raiz da unha, está enterrada em uma prega da epiderme e cobre as células da zona germinativa ou matriz. A matriz contém uma variedade de células, incluindo células-tronco, células epiteliais, melanócitos, células de Merkel e células de Langerhans. As células-tronco da matriz dividemse regularmente, migram para a raiz da unha e, nesse local, se diferenciam e produzem a queratina da unha. O acréscimo constante de novas células na raiz e a sua queratinização são responsáveis pelo crescimento da unha. À medida que cresce, a placa ungueal se move sob o leito ungueal A área branca em formato de crescente próximo da raiz da unha, a lúnula, deve a sua cor à camada opaca e espessa de células da matrizparcialmente queratinizadas nessa região. A borda da prega cutânea que cobre a raiz da unha é o eponíquio ou cutícula. A cutícula também é composta de queratina dura. Uma camada epidérmica espessada, o hiponíquio, fixa a borda livre da placa ungueal à ponta do dedo Beatriz Tavares – MD2 Minoxidil É uma vasodilator que atua aumentando a duração da fase anágena, contribuindo para o aumento da densidade capilar. O pico de ação é notado por volta de 16 semanas do uso, e após seis meses de descontinuação o quadro retorna a seu estádio inicial Finasterida O hormônio DHT é a di-hidrotestosterona. Esse hormônio é um derivado da testosterona. Quando em níveis adequados, o hormônio DHT é ótimo para a nossa saúde. Porém, como em qualquer outro desequilíbrio hormonal, apresentar altos níveis desse hormônio pode não ser tão benéfico. Estudos mostram que a calvície padrão masculina ocorre em homens que apresentam níveis elevados de DHT. Uma maior quantidade de DHT em mulheres pode causar o efeito oposto observado nos homens. Enquanto eles sofrem com a calvície, elas podem sofrer com crescimento de pelos comuns em pessoas do sexo masculino. Para evitar isso, usa-se ta finasterida, que se trata de inibidor da 5α-redutase tipo 2, que reduz em dois terços a transformação de testosterona em DHT. A finasterida não reduz as ações fisiológicas da testosterona, diminuindo apenas as concentrações de DHT que é o principal hormônio que causa perda de cabelo em homens. Cortisol No caso da pele, ele está relacionado ao aumento da oleosidade, agravando o quadro de acne e espinhas. Atua também diminuindo a fase de crescimento dos fios, o que causa a queda acentuada dos cabelos. Hormônios A distribuição dos pelos é influenciada, em grau considerável, pelos hormônios sexuais; incluem, no homem, os pelos faciais pigmentados e espessos, que começam a crescer na puberdade, e os pelos púbicos e axilares, que se desenvolvem na puberdade em ambos os sexos. No homem, a linha de implantação dos cabelos tende a retroceder com a idade; em ambos os sexos, os cabelos se adelgaçam com a idade, devido à secreção reduzida de estrogênio e hormônios semelhantes ao estrogênio. Beatriz Tavares – MD2 Acne: é de uma doença genético-hormonal, autolimitada, de localização pilossebácea, com formação de comedões, pápulas, pústulas e lesões nodulocísticas, que podem surgir durante a evolução e que, dependendo da intensidade, o processo inflamatório leva a abscessos e cistos intercomunicantes, com frequente êxito cicatricial. Patogenia Está relacionada com quatro parâmetros fundamentais: aumento da secreção sebácea (seborreia decorrente da hiperplasia das glândulas sebáceas); ceratose do canal folicular com consequente estreitamento e retenção do sebo (comedogênese); colonização do ducto sebáceo pelo Propionibacterium acnes (cutibacterium acnes, mais recente); e inflamação. A acne, em toda a sua plenitude, é uma erupção polimorfa caracterizada por comedões (cravos), pápulas, pústulas e lesões nodulocísticas, com grau variável de inflamação e cicatrizes. Classificação: Acne não inflamatória: acne comedoniana (grau I). Acne inflamatória: acne papulopustulosa (grau II) acne nodulocística (grau III) acne conglobata (grau IV) acne fulminans (grau V). Acne comedoniana: Tem quatro tipos de comedões: microcomedões, comedões pretos ou brancos e macrocomedões; os primeiros não são percebidos clinicamente; os comedões pretos são abertos, com os poros dilatados e, no seu ápice, apresentam a cor escura devido à oxidação da melanina e lipídios na superficie, enquanto, nos brancos, os poros são pequenos, quase invisíveis e fechados; os macrocomedões seriam comedões de maior tamanho. Os comedões são essencialmente constituídos de sebo e queratina. Hormônios da puberdade As glândulas sebáceas têm maior atividade na época da puberdade, devido à ação hormonal androgênica, principalmente da testosterona. Ela é transformada, na célula sebácea, em di- hidrotestosterona, por intermédio da enzima 5α- redutase, sobretudo a do tipo 1. A di- hidrotestosterona se liga a determinados receptores proteicos, estimulando a lipogênese em razão do aumento desencadeado no volume das glândulas sebáceas. Roacutan As espinhas são habitualmente formadas por um processo que envolve o aumento da produção de sebo (oleosidade) pelas glândulas sebáceas, obstrução do folículo piloso e proliferação da Propionibacterium acnes, renomeada recentemente para Cutibacterium acnes. A isotretinoína é muito eficaz exatamente por agir diretamente nas causas da acne. O fármaco provoca contração das glândulas sebáceas e redução significativa da produção de sebo. Com menos sebo, há menor risco de obstrução dos poros da pele e menos alimento disponível para a Cutibacterium. Hiperidrose e Toxina Botulínica Essas glândulas (sudoríparas) estão sob controle hipotalâmico por meio de terminações simpáticas de característica única, por utilizarem a acetilcolina, e não norepinefrina como neurotransmissor; a acetilcolina estimula a secreção do suor e a contração das células mioepiteliais, promovendo a sudorese. Toxina botulínica (tipo A): bloqueia a liberação do neurotransmissor acetilcolina, ou seja, a transmissão sináptica, produzindo desnervação química eficaz da glândula e cessação temporária da sudorese excessiva. Beatriz Tavares – MD2 São doenças causadas por fungos ou cogumelos chamados dermatófitos. Estes fungos se alimentam de queratina e se localizam na pele, no pelo e nas unhas. Eles podem ser transmitidos diretamente (de homem para homem, de animal para homem e da terra para o homem) e também indiretamente, por meio de materiais contaminados com escamas de pele parasitadas pelos cogumelos. Estas infecções são mais comuns em países de clima quente e úmido, sendo que os de clima tropical e subtropical são os mais afetados. Como a mesma espécie pode causar infecções em diferentes localizações do corpo, dependendo da área afetada, pode haver sintomas distintos. Diversos quadros clínicos bem individualizados podem ser descritos. Os mais comuns são: dermatofitose do corpo (Tinea corporis), dermatofitose dos pés (Tinea pedis), dermatofitose ungueal ou onicomicose, dermatofitose do couro cabeludo (Tinea capitis), dermatofitose das dobras da virilha (Tinea cruris) e nas dobras dos pés (vulgarmente chamada de pé de atleta). O quadro mais comum na pele sem pelo, ou pele glabra, é representado por lesões avermelhadas, descamativas, isoladas ou confluentes, de modo que a parte externa é a mais ativa. No couro cabeludo pode se apresentar sob a forma de placa de alopecia. A dos pés pode aparecer de forma aguda representada por vesículas bastante pruriginosas na região plantar ou de forma crônica como descamação fina sem muita sintomatologia, ou seja, coceira. Já as dermatofitoses ungueais ou onicomicoses, se caracterizam por lesões destrutivas se iniciando pela borda livre da unha, de cor branco- amarelado. Na virilha, as lesões são avermelhadas, descamativas, muito pruriginosas e afetam parte ou toda a área do púbis, expandindo-se para região abdominal inferior e também para as nádegas, em casos extensos. O pé de atleta pode afetar as dobras interdigitais e vir acompanhado de onicomicose. Pessoas com diabetes mellitus e déficit de retorno venoso devem cuidar muito da saúde dos pés e evitar o intertrigo, que serve de porta de entrada para infecções bacterianas no tecido mole das pernas, causando quadros de erisipela (infecção cutânea). Pacientes imunodeprimidos podem ter quadros extensos e difíceis de tratar. Figura 1Tínea Capitis Figura 2 tinea Corporis Figura 3Tinea PedisFigura 4 Pé de atleta Beatriz Tavares – MD2 Imunidade Inata e Adaptativa aos Fungos Inata: Os principais mediadores da imunidade inata contra os fungos são os neutrófilos, macrófagos e ILCs. Macrófagos e células dendríticas percebem os organismos fúngicos através dos TLRs e receptores do tipo lectina, chamados dectinas, que reconhecem β-glucanas na superfície dos fungos. Esses macrófagos e células dendrtiticas liberam citocinas que recrutam e ativam neutrófilos diretamente ou via ativação de ILCs residentes teciduais (As células linfoides inatas (ILC) são linfócitos que não expressam receptores para o reconhecimento específico de antígenos e que são ativados por citocinas produzidas por outras células). Os neutrófilos provavelmente liberam substâncias fungicidas, como as espécies reativas de oxigênio e as enzimas lisossômicas, e fagocitam os fungos para o killing intracelular. Adaptativa: Muitos fungos extracelulares deflagram fortes respostas Th17, que são dirigidas, em parte, pela ativação de células dendríticas pela ligação de glicanas fúngicas à dectina-1. As células dendríticas ativadas por meio desse receptor de lectina, estimulam a diferenciação de células TCD4+ naive em células Th17 por meio de IL1, 6 e 23. As células Th17 estimulam inflamação, enquanto os neutrófilos recrutados e monócitos destroem os fungos. As respostas Th1 são protetoras nas infecções fúngicas intracelulares, como a histoplasmose, porém essas respostas podem deflagrar uma inflamação granulomatosa que causa importante de lesão tecidual no hospedeiro nessas infecções Estresse O sistema imunológico reage ao estresse, através de componentes da imunidade inata pelos monócitos e macrófagos, e componentes da imunidade adaptativa através dos linfócitos T help. O estresse é, portanto um potencial supressor da proliferação e das respostas imune celular pelos linfócitos Th1, principalmente pela supressão da IL-2, reduzindo a produção de TNFα, o IFN-γ, de células natural killers (NK) e macrófagos. O estresse também suprime as resposta imune humoral mediada por anticorpos, inibe a produção de linfócitos Th2 e as citocinas IL-4, IL-5, IL-6, IL-10. A IL-10 suprime a síntese de IL-12 pelos monócitos, macrófagos e linfócitos B. Os glicocorticoides inibem a produção da IL - 12 e IL-2. Sendo que a IL-12 é responsável pela diferenciação dos linfócitos Th1, e a IL-2 responsável pela proliferação dos mesmos. A supressão desses dois fatores é suficientemente capaz de suprimir, fragilizar e reduzir a capacidade do sistema imune responder a estímulos, dificultando assim, uma resposta inflamatória e desestabilizando as atividades do sistema imunológico.
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