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CURSO CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
DISCIPLINA: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 
TEMA 06: ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL 
 
TEXTO PARA APOIO AO ESTUDO 
 
Índices de Estrutura de Capital 
 
São os indicadores que buscam evidenciar as principais características do Balanço Patrimonial, sendo os 
indicadores de endividamento os principais representantes deste grupo, possuindo a função de avaliar os níveis de 
endividamento de uma empresa. Seus principais índices são: 
 
✓ Endividamento Geral; 
✓ Nível de Capitalização ou Participação do Capital de Terceiros; 
✓ Endividamento Financeiro; e 
✓ Composição do Endividamento. 
 
Adicionalmente, também existem o indicador de análise denominado Imobilização do Patrimônio Líquido, que 
não possui a finalidade de mensurar o nível de endividamento de uma empresa e sim, verificar o seu nível de 
investimento em ativos imobilizados. 
 
Estes conceitos e indicadores serão debatidos neste capítulo. 
 
 
Endividamento Geral (Endger) 
 
Este indicador é o mais tradicional deste grupo de índices. Este índice revela se uma empresa é muito ou pouco 
endividada, ou seja, se usa muito ou pouco capital de terceiros onerosos. Expressa a proporção de recursos de 
terceiros financiando o Ativo e, complementarmente, a parcela do Ativo financiada pelos recursos próprios 
(Patrimônio Líquido). Sua fórmula é simples e está representada a seguir: 
ENDGER = Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo 
Ativo 
Não existe um nível de endividamento geral ideal, sendo este tema muito estudado por modernas teorias de 
finanças. O que é fato, é que algum nível de endividamento é inevitável e até saudável para qualquer empresa. Quanto 
maior o quociente mais endividada está a empresa e maior será o risco dela não conseguir pagar os seus 
compromissos. Seu resultado não deve ser maior que 100%, sendo o ideal um valor entre 40% e 60%, com exceção aos 
bancos que apresentam valores maiores, visto que grande parte dos seus ativos pertencem a credores. Valores acima 
de 75% indicam alto endividamento e alto risco para os investidores. Um grau de endividamento de 30% significa que 
a empresa está financiando 30% dos seus ativos através do capital de terceiros (dívidas) e 70% através de recursos 
próprios (patrimônio líquido). 
 
Como forma de sedimentar o cálculo deste indicador, segue exemplo prático. 
 
 
Contas 
X1 X2 Contas X1 X2 
Disponibilidades 200 500 
Estoques 500 1.000 Adiantamentos de Clientes 1.000 1.500 
Outros 1.300 1.500 Outros 3.000 2.000 
Ativo Circulante 2.000 3.000 Passivo Circulante 4.000 3.500 
Investimentos 1.000 2.000 PELP 1.000 2.500 
Ativo Imobilizado 3.000 5.000 PL 1.000 4.000 
ATIVO 6.000 10.000 PASSIVO 6.000 10.000 
 
O ENDGER dos dois exercícios está calculado a seguir: 
 
ENDGER X1 = (4.000 + 1.000) / 6.000 = 0,83 
 
ENDGER X2 = (3.500 + 2.500) / 10.000 = 0,6 
 
Nível de Capitalização (CAP) ou Participação do Capital de Terceiros (PCT) 
 
Este indicador mensura o mesmo nível de endividamento apurado pelo endividamento geral, sendo apenas 
demonstrado de forma diferente. A sua fórmula está representada a seguir: 
 
CAP = Patrimônio Líquido 
Passivo Total 
Apesar de mensurar a mesma informação da ENDGER, o CAP é mais utilizado pelo mercado financeiro, por ser 
mais instintivo o seu entendimento. 
 
Como forma de sedimentar o cálculo deste indicador, segue exemplo prático. 
 
Contas X1 X2 Contas X1 X2 
Disponibilidades 200 500 
Estoques 500 1.000 Adiantamentos de Clientes 1.000 1.500 
Outros 1.300 1.500 Outros 3.000 2.000 
Ativo Circulante 2.000 3.000 Passivo Circulante 4.000 3.500 
Investimentos 1.000 2.000 PELP 1.000 2.500 
Ativo Imobilizado 3.000 5.000 PL 1.000 4.000 
ATIVO 6.000 10.000 PASSIVO 6.000 10.000 
O CAP dos dois exercícios está calculado a seguir: 
 
CAP X1 = 1.000 / 6.000 = 0,167 ou 16,7% 
 
CAP X2 = 4.000 / 10.000 = 0,4 ou 40% 
 
 
Endividamento Financeiro (ENDFIN) 
 
Este indicador tem a finalidade de mensurar o nível de endividamento financeiro de uma empresa. Apesar do 
CAP ser mais utilizado no mercado financeiro pela sua simplicidade, este indicador possui maior grau de informação 
no Brasil. Isso se deve a enorme importância dos níveis de endividamento para as empresas brasileiras, consequência 
das altíssimas taxas de juros do mercado financeiro nacional, o que torna extremamente arriscado manter elevados 
níveis de endividamento no Brasil. A sua fórmula está descrita a seguir: 
ENDFIN = Endividamento Financeiro 
Patrimônio Líquido 
Vale ressaltar que qualquer dívida com a incidência de taxas de juros deve ser considerada como endividamento 
financeiro, que também é denominado Passivo Oneroso. 
 
Como forma de sedimentar o cálculo deste indicador, segue exemplo prático. 
 
Contas X1 X2 Contas X1 X2 
Disponibilidades 200 500 
Estoques 500 1.000 Passivos Onerosos 1.000 1.500 
Outros 1.300 1.500 Outros 3.000 2.000 
Ativo Circulante 2.000 3.000 Passivo Circulante 4.000 3.500 
 
 Passivos Onerosos 500 2.000 
 Outros 500 500 
 PELP 1.000 2.500 
Investimentos 1.000 2.000 
Ativo Imobilizado 3.000 5.000 PL 1.000 4.000 
ATIVO 6.000 10.000 PASSIVO 6.000 10.000 
 
O ENDFIN dos dois exercícios está calculado a seguir: 
 
ENDFIN X1 = (1.000 + 500) / 1.000 = 1,5 ou 150% 
 
ENDFIN X2 = (1.500 + 2.000) / 4.000 = 0,875 ou 87,5% 
 
 
Composição do Endividamento (COMPEND) 
 
Este indicador é muito tradicional neste grupo de índices. Tem por objetivo apurar o perfil temporal do 
endividamento com terceiros. Sua fórmula é simples e está representada a seguir: 
COMPEND = Passivo Circulante 
 Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo 
Não existe um perfil de endividamento geral ideal, sendo este tema muito estudado por modernas teorias de 
finanças. Entretanto, é extremamente perigoso um perfil concentrado no curto prazo (mais de 50%). Mas, para que 
esta consideração seja confirmada em uma análise, é necessária a análise de outros aspectos do endividamento, tais 
como o custo financeiro dos mesmos, o nível de geração de caixa, a possibilidade concreta de renovação das dívidas 
em caso de necessidade e o perfil temporal dos financiamentos. 
 
Como forma de sedimentar o cálculo deste indicador, segue exemplo prático. 
 
Contas X1 X2 Contas X1 X2 
Disponibilidades 200 500 
Estoques 500 1.000 Adiantamentos de Clientes 1.000 1.500 
Outros 1.300 1.500 Outros 3.000 2.000 
Ativo Circulante 2.000 3.000 Passivo Circulante 4.000 3.500 
Investimentos 1.000 2.000 PELP 1.000 2.500 
Ativo Imobilizado 3.000 5.000 PL 1.000 4.000 
ATIVO 6.000 10.000 PASSIVO 6.000 10.000 
O COMPEND dos dois exercícios está calculado a seguir: 
 
COMPEND X1 = 4.000 / (1.000 + 4.000) = 0,8 ou 80% 
 
COMPEND X2 = 3.500 / (3.500 + 2.500) = 0,58 ou 58% 
 
 
Imobilização do Patrimônio Líquido (IMOPL) 
 
Indicador que mensura o nível de capital investido em ativos permanentes. Este indicador tem fundamental 
importância para análises de bancos e outras instituições financeiras, uma vez que deter elevada liquidez é 
fundamental para operar com eficiência nestes mercados. Para empresas não financeiras, elevado grau de 
imobilização também pode ser arriscado, pois pode significar que existem valores relevantes de ativos imobilizados 
ociosos, o que pode comprometer o desempenho futuro e, até mesmo, comprometer a competitividade da empresa 
no futuro. 
 
A sua fórmula está descrita a seguir: 
 
IMOPL = Ativos (Investimentos + Imobilizado + Intangível) 
 Patrimônio Líquido 
Como forma de sedimentar o cálculo deste indicador, segue exemplo prático. 
 
Contas X1 X2 Contas X1 X2 
Disponibilidades 200 500 
Estoques 500 1.000 Passivos Onerosos 1.000 1.500 
Outros 1.300 1.500 Outros 3.000 2.000 
Ativo Circulante 2.000 3.000 Passivo Circulante 4.000 3.500 
 
 Passivos Onerosos 500 2.000 
 Outros 500 500 
 PELP 1.000 2.500 
Investimentos 1.000 2.000Ativo Imobilizado 3.000 5.000 PL 1.000 4.000 
ATIVO 6.000 10.000 PASSIVO 6.000 10.000 
 
O IMOPL dos dois exercícios está calculado a seguir: 
 
IMOPL X1 = 4.000 / 1.000 = 4 
 
IMOPL X2 = 7.000 / 4.000 = 1,75 
 
Comentários Finais 
 
Este grupo de indicadores apresentam relevantes distorções em virtude da inexistência de registro contábil da 
inflação. 
 
Apesar de este fato acarretar grande prejuízo às análises das demonstrações financeiras brasileiras, estes 
indicadores possuem, no entendimento do Matarazzo, extrema importância para o entendimento da situação das 
empresas nacionais. Esta importância se deve das elevadíssimas taxas de juros do mercado financeiro brasileiro, as 
maiores do mundo, que resulta em grande risco para as empresas que operam com alta alavancagem. 
 
Dessa forma, o autor recomenda que, apesar das distorções citadas, este grupo de indicadores possua grande 
relevância na determinação da opinião sobre a situação financeira de uma empresa, com utilização de, no mínimo, 
dois tipos de indicadores de endividamento. 
 
 
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE MATERIAL DE APOIO AO ESTUDO FORAM EXTRAÍDAS DAS SEGUINTES 
PUBLICAÇÕES: 
 
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e analise de balanços. Livro texto. 8 ed. São Paulo. Atlas 2006 .376p. ISBN 
978.85.224.4235.5 
 
IUDICIBUS, Sergio de. Análise de Balanços:10ed. São Paulo. Atlas, 2009 xxii, 258p ISBN 978 85 224 5421 1 
 
MATARAZO, Dante Carmine. Analise Financeira de Balanços abordagem gerencial: Livro texto 7 ed. São Paulo: Atlas 
2010.

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