Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PLANEJAMENTO ALIMENTAR E ELABORAÇÃO DE CARDÁPIOS Disciplina: Práticas Dietéticas III Prof. Gardênia Pinheiro Gomes Plano alimentar Deve cobrir os requerimentos nutricionais do organismo; Proporcionar adequadamente todos os nutrientes em quantidade e em qualidade; Deve calculado levando-se em consideração uma série de fatores que segue abaixo: • Idade • Sexo • Altura • Estado nutricional atual • Atividade física • Condições fisiológicas (gestação, lactação, crescimento, terceira idade, doença de base) • Hábitos de vida, restrições religiosas, condições socioeconômicas. • Sazonalidade O planejamento da alimentação saudável não consiste apenas na enumeração de um conjunto de quantidades recomendadas de nutrientes, devendo cumprir certas exigências como o equilíbrio entre todos os nutrientes e sua adequação a todos os indivíduos. Como recomendação clássica para a elaboração de uma alimentação equilibrada, seguem-se as Leis da Alimentação criadas pelo médico argentino Pedro Escudero. O primeiro centro latino-americano de formação em nutrição foi criado na Argentina, pelo médico Pedro Escudero, personalidade científica altamente destacada, de tendências humanistas e elevado carisma. Pedro Escudero (1877-1963) LEIS DA ALIMENTAÇÃO Em 1926, na América Latina, a emergência da Nutrição foi fortemente influenciada pelo médico argentino Pedro Escudero, criador do Instituto Nacional de Nutrição, da Escola Nacional de Dietistas em 1933 e do Curso de Médicos "Dietólogos" da Universidade de Buenos Aires. Em 1937 Pedro Escudero criou as Leis da Alimentação. 1ª LEI DA QUANTIDADE 2ª LEI DA QUALIDADE 3ª LEI DA HARMONIA 4ª LEI DA ADEQUAÇÃO LEIS DA ALIMENTAÇÃO – PEDRO ESCUDERO A quantidade de alimentos deve ser suficiente para: Cobrir as exigências energéticas do organismo, mantendo a saúde; Para satisfazer essas exigências são considerados: sexo, idade, estado fisiológico, atividade física entre outros. A quantidade de alimentos ingeridos deve ser suficiente para manter o organismo em equilíbrio. 1ª LEI DA QUANTIDADE As calorias que ingerimos devem ser suficientes para permitir o cumprimento das atividades de uma pessoa. TMB / GET Deve haver uma distribuição entre os alimentos, portanto a dieta deve atender às necessidades calóricas de cada nutriente específico. Macronutrientes 2ª LEI DA QUALIDADE A dieta deve ser completa em sua composição, para oferecer ao organismo todas as substâncias que o integram, ou seja, deve possuir todos os tipos de nutrientes necessários diariamente. A alimentação deve ser variada na tentativa de fornecer todos os tipos de nutrientes. É importante que as refeições tenham todos os grupos alimentares importantes para se garantir todos os nutrientes possíveis para suprir as necessidades do organismo. Grupos de alimentos: Energéticos: ricos em carboidratos, exemplo: cereais, raízes e tubérculos. Reguladores: ricos em fibras, vitaminas e minerais, exemplo: frutas, verduras, hortaliças, legumes. Construtores: ricos em proteínas, exemplo: carnes, ovos, peixes, frangos, leguminosas. 3ª LEI DA HARMONIA Equilíbrio na quantidade da ingestão de nutrientes, ou seja, deve haver uma relação de proporção entre eles. A quantidade de diversos nutrientes que integram a alimentação deve guardar uma relação de proporção entre si. Nessa lei podemos encaixar dois pontos fundamentais na boa nutrição: HARMONIA DAS CORES E BIODISPONIBILIDADE O fator da biodisponibilidade tem por definição: “Fração de qualquer nutriente ingerido que tem o potencial para suprir demandas fisiológicas em tecidos alvos.” VITAMINA C FERRO EXCESSO DE FIBRAS Quando ocorre o oposto, um nutriente atrapalha a absorção do outro, chamamos de antagonismo ou fator anti-biodisponibilidade. A alimentação deve ser apropriada às condições fisiológicas (gestante, nutriz, criança, adulto, idoso) ou patológicas, bem como aos hábitos alimentares e condições sócias econômicas do indivíduo. 4ª LEI DA ADEQUAÇÃO A alimentação deve se adequar às necessidades nutricionais do organismo, tanto para a manutenção da saúde como em estados de doença, além de atender necessidades psicológicas, sócio-econômicas e culturais do indivíduo. Dessa forma, a adequação para cada faixa etária, cada fase da vida, os gostos, os tabus alimentares, tudo isso deve ser respeitado na hora de elaborar um cardápio. Para avaliação e planejamento do cardápio é necessário: Cardápio é uma lista de preparações culinárias que compõe as refeições de um dia ou de um período determinado. 1. Identificar as características individuais (atividade, hábitos alimentares, doenças); 2. Calcular a TMB do cliente/paciente; 3. Determinar o valor energético total (VET); 4. Calcular a distribuição do VET e de macronutrientes pelas refeições diárias. Nutrientes que fornecem calorias ao nosso organismo: Álcool fornece calorias (~7kcal) NÃO é nutriente! Carboidratos (~ 4 Kcal/g) Proteínas (~ 4 Kcal/g) Lipídios (~ 9 Kcal/g) Recomendação de Macronutrientes de acordo com a Organização Mundial de Saúde e Instituto de Medicina dos Estados Unidos Os percentuais de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras totais) e açúcares livres são a partir do valor energético total da dieta (VET). Macronutrientes OMS, 2003 DRI / IOM, 2002 Carboidratos totais 55 a 75% 45 a 65% Açúcar livre <10% <25% Proteínas 10 a 15% 10 a 35% Gorduras totais 15 a 30% 20 a 35% Vamos praticar? Exercício • De acordo com as recomendações das DRIs (2002), qual é a quantidade média de gorduras em gramas, que um paciente de 30 anos precisa, baseando-se numa dieta de 2500kcal? Assinale a alternativa CORRETA. Para isso, considere as seguintes recomendações de macronutrientes das DRIs: (CHO = 45 a 65% VET; Proteínas = 10 a 35% VET; Gorduras totais = 20 a 35% VET). • A) 69,4g • B) 97,2g • C) 76,3g • D) 82,9g Perfil Lipídico Nutriente Quantidade (% do VET) Gordura total 15 – 30% Ácidos graxos saturados < 10% Ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs) 6 – 10 % Ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFAs) 5 - 8% Ácidos graxos poli-insaturados n-3 (PUFAs) 1 – 2% Ácidos graxos trans < 1% Ácidos graxos monoinsaturados (MUFAs) pela diferença* VET = valor energético total * Cálculo: Gordura total – (Ácidos Graxos saturados + Ácidos Graxos polinsaturados + Ácidos Graxos trans). Fonte: WHO, 2003. Technical Report Series, 916. Colesterol total da dieta < 300 mg / dia (OMS, 2003) Sódio < 2 g / dia (OMS, 2014) < 1,5 g / dia (DRI/IOM, 2005) Fibras 25 g mulheres e 38 g homens / dia (DRI/IOM, 2005) Frutas e hortaliças ≥ 400 g / dia (OMS, 2003) Outras recomendações: De acordo com Assis (1997) e Sá (1990), a distribuição do valor energético total da dieta, segundo refeições deverá ficar da seguinte maneira: ASSIS (1997) SÁ (1990) TIPO DE REFEIÇÃO % do VET Desjejum 20 a 25 20 Lanche 5 -- Almoço 35 a 40 30 a 40 Lanche 10 a 15 10 Jantar 15 a 25 30 a 40 Ceia 5 -- EX: em um dieta de 1800 kcal, de acordo com a proposta de Sá, a distribuição das refeições ficaria da seguinte maneira: 1800 Kcal ------- 100% x -------- 20% = 360 Kcal SÁ (1990) TIPO DE REFEIÇÃO Distribuição calórica Desjejum 20% 360 kcal Lanche -- -- Almoço 30 a 40% 720 kcal Lanche 10% 180 kcal Jantar 30 a 40% 540 kcal Ceia -- -- Total 1800 kcal TIPO DE REFEIÇÃO NÚMERO DE REFEIÇÕES E PERCENTUAL DE DISTRIBUIÇÃO DO VET Três Quatro Cinco Seis Desjejum 30% 20 a 25% 20% 20- 25% Colação - - - 5% Almoço 40% 35% 30% 30- 35% Lanche - 10 a 15% 10% 5-10% Jantar 30% 25 a 30% 30% 25% Ceia - - 10% 5% O quadro abaixo mostra um exemplo da distribuição percentual de calorias a partir do VET, segundo número de refeições do dia: Orientações: Não é recomendado deixar o almoço com MENOS de 25% das calorias totais; Refeições com grandes volumes são de difícil digestão, podendo diminuir a concentração do indivíduo parao trabalho; O desjejum deve ser uma refeição completa, visto que é a 1ª refeição do dia, após um período de jejum prolongado; Refeições ricas em gordura durante o período de trabalho prejudicam o desempenho. Número de Refeições 3 ou 4 refeições diárias: Café da manhã, almoço, lanche e jantar. Componentes do cardápio Tipo de refeições Alimentos Café da manhã Leite / café Pão Fruta ou suco Lanches Leite / café Pão Fruta ou suco Almoço e Jantar Entrada (vegetais crus ou cozidos); Prato principal, Guarnição; Prato base; Sobremesa (opcional) Orientações: Entrada Presença de alimentos reguladores ou energéticos. Ex: Sopas com torradas, saladas (vegetais crus ou cozidos) Prato principal Presença de alimentos construtores Ex: Carnes ou substitutos (peixes, aves, ovos) Guarnição Presença de alimentos reguladores. Ex: Vegetais crus, cozidos, grelhados ou assados Prato base Presença de alimentos energéticos e proteicos (leguminosas) Ex: Arroz ou macarrão (cereais) + Feijão ou lentilhas ou ervilhas ou grão de bico ou cevadinha (leguminosas) Roteiro de elaboração de cardápios Ter todos os nutrientes que o organismo necessita em quantidades adequadas. Presença de todos os grupos nas refeições principais; Evitar a monotonia alimentar.; Ex: arroz, feijão, couve flor gratinada, frango grelhado, suco de abacaxi (neste caso, o cardápio está sem cor, portanto, não está atrativo) Não vincular preparações a dias da semana; Ex: Peixe na sexta feira, feijoada aos sábados. Variar constantemente a forma de servir um mesmo alimento durante a semana. Ex: Evitar colocar alimentos do mesmo grupo na mesma refeição. Ex: arroz + purê de batata + polenta Não utilizar mais do que um alimento frito ou assado por refeição; Ex: Misture as textura: cozido, grelhado, assado, refogado, frito, empanado. Ingredientes: cuidado para não repetir os mesmos ingredientes e também alimentos semelhantes em composição e sabor. Ex: Canja de galinha de entrada Frango assado de prato principal. Creme de ervilhas e vagem no vapor. Suco de laranja com mamão Sobremesa - mamão com cassis Disponibilidade: observar a sazonalidade dos alimentos, além de mais baratos, levam menos agrotóxicos e possuem mais nutrientes. Vamos praticar? Exercício – grupos de 5 a 10 pessoas 1. Cardápio para 5 dias para atendimento de executivos de uma multinacional – Normocalórica 2. Cardápio para 5 dias para uma socialite de São Paulo - Normocalórica 3. Cardápio par 5 dias para adolescentes jogadores de futebol - Hiperproteica 4. Cardápio para 5 dias para um grupo de crianças com baixo peso – Hiperglicídica e Hiperproteica 5. Cardápio para 5 dias para adulta que quer emagrecer com intolerância à lactose
Compartilhar