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DEMÊNCIAS Valéria Fernandes de Oliveira DEMÊNCIA Condição caracterizada por declínio cognitivo comparado a um nível prévio do indivíduo, com comprometimento de suas funções sociais e funcionais. 35.000.000 de casos em todo o mundo, em 2010 IMPACTO: social e econômico $604.000.000.000 x 3 EPIDEMIOLOGIA Brasil: ▹ Prevalência entre 5,1 a 17,5% Média 11,5% > que outras regiões do mundo EPIDEMIOLOGIA ▹ Prevalência entre subtipos variam entre estudos ▹ Alzheimer lidera em número de casos Fonte: Boff, Sekya e Bottino (2015) População idosa ⬆ incidência doenças que causam demências (vasculares, degenerativas...) FATORES ASSOCIADOS Analfabetos Fonte: Boff, Sekya e Bottino (2015) FATORES ASSOCIADOS ▹ Envelhecimento ▹ Escolaridade ▹ Sexo ▹ Mulheres – fatores socioculturais difícil associação ANATOMIA DAS DEMÊNCIAS ▹ Resultam de distúrbios de redes neuronais específicas em grande escala ▹ Localização e gravidade da perda →manifestações clínicas. ▹ As demências diferem nos perfis de déficit neurotransmissor relativo Comportamento e humor Vias noradrenérgicas, serotoninérgicas e dopaminérgicas Atenção e memória Vias colinérgicas DESENVOLVIMENTO Déficit Cognitivo • Memória • Linguagem • Perceptomotor • Resolução de problemas Início • Abrupto • Insidioso • Precoce • Tardio Progressão • Estática • Oscilante • Gradativa • Reversível ou não Subtipo etiológico + comum + comum + comum AVALIAÇÃO DO PACIENTE ▹ Anamnese ▸ IDEAL: comparar longitudinalmente performances cognitivas ▸ Paciente e acompanhante ❑ Observar alterações da linguagem e memória ❑ Percepção das próprias dificuldades AVALIAÇÃO DO PACIENTE ▹ Anamnese ▸ História criteriosa ❑ Caracterizar os domínios cognitivos acometidos ❑ Gravidade do acometimento ❑ Início, duração e ritmo de evolução ❑ Alterações comportamentais, determinar fase (DFT e Demência com Corpos de Lewi) + distúrbios do sono ❑ Antecedentes pessoais e familiares ▪ doenças neurológicas e sistêmicas ▪ medicações ❑ Hábitos de vida ▪ Etilismo Funções executivas Habilidades Visuoespaciais Memória Linguagem Comportamento Depressão Infecções Intoxicações AVALIAÇÃO DO PACIENTE ▹ Anamnese ▹ Avaliação funcional ▸ ABVD e AIVD ❑ Escala de Katz ❑ Escala de Lawton ▹ Exame Neurológico geral ▹ Avaliação cognitiva ▹ Investigar causa → exames laboratoriais e neuroimagem Fonte: http://www.saude.sp.gov.br AVALIAÇÃO DO PACIENTE ▹ Anamnese ▹ Avaliação funcional ▹ Exame Neurológico geral ▸ Sinais (ex.: Parkinsonismo, depressão, euforia) ▸ Transtornos do movimento ▸ Alterações sensibilidade profunda ▸ Presença de reflexos primitivos ▹ Avaliação cognitiva ▹ Investigar causa → exames laboratoriais e neuroimagem AVALIAÇÃO DO PACIENTE ▹ Anamnese ▹ Avaliação funcional ▹ Exame Neurológico geral ▹ Avaliação cognitiva ▸ Todos os domínios ▸ Testes de rastreio ▸ Escala CDR ▹ Investigar causa → exames laboratoriais e neuroimagem Funções executivas Habilidades Visuoespaciais Memória Linguagem Praxias, gnosias MEEM Fonte: Harrison, 2015 EXAMES LABORATORIAIS E NEUROIMAGEM Fonte: Harrison, 2015 Fonte: https://emedicine.medscape.com Fonte: Harrison, 2015 ▹ Investigar causa ▸ Neuroimagem estrutural ▸ EEG ▸ Exame LCR ▸ Neuroimagem funcional ▸ Hemograma ▸ Creatinina ▸ Vitamina B12 ▸ Hormônio tireoestimulante ▸ Albumina ▸ Transaminases hepáticas ▸ Reações sorológicas para sífilis ▸ Testagem para vírus HIV OBRIGATÓRIOS Diagnóstico ▹ Principalmente clínico ▹ Especificar subtipo ▸ Conforme entidade etiológica 16 SUBTIPO – Doença de Alzheimer (DA) ▹ Patologia ▸ Atrofia nos lobos temporais, parietais e córtex frontal lateral. Mais grave: lobo temporal e núcleo basal de Meynert ▸ Microscopia: placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares * Evidências sugerem que oligômeros → disfunção celular→ + polimerização amiloide e formação de fibrila → placas neuríticas (amiloide Aβ, neurites distróficas, tau- imunorreativas e micróglia ativada; proteoglicanas, Apo ɛ4, α- antiquimotripsinae outras proteínas) * Emaranhados neurofibrilares: compostos de fibrilas citoplasmáticas neuronais com proteínas tau ▸ Bioquimicamente: ↓ níveis corticais de proteínas e neurotransmissores ↓ Acetilcolina, colina acetiltransferase, receptores colinérgicos nicotínicos ↓ Noradrenérgica e serotonérgica 17 SUBTIPO – Doença de Alzheimer ▹ Epidemiologia: causa mais comum no idoso; história familiar; diabetes ▸ Genética: DAF de início precoce – mutações no gene APP, PS-1 e PS-2; população geral – Apo ɛ ▹Padrão típico: inicia com declínio da memória, expandindo-se p/ déficits visuoespaciais e de linguagem ▸ 20% queixas não relacionadas a memória → Interferem nas AVDs (supervisão) → Linguagem comprometida I. Denominação II. Compreensão III. Fluência → Apraxia 18 Perda de memória perceptível para paciente e cônjuge e cai 1,5 DP do normal em testes de memória padronizados→DCS. 50% → evoluem para DA SUBTIPO – Doença de Alzheimer ▹Estágios avançados: ▸Perda de discernimento e raciocínio cognitivo ▸Delírios (furto, infidelidade) ▸Síndrome de Capgras – 10%; contrário a DCL ▸Perda das inibições e agressão x passividade e retraimento ▸Alterações sono-vigília ▸Marcha arrastada, com rigidez muscular associada à lentidão e inadequação dos movimentos ▸Mudos, rígidos, incontinentes, confinados ao leito ▸Ajuda para ABVDs 19 SUBTIPO – Doença de Alzheimer Diagnóstico Altamente sugestivos, 90% confirmados à necropsia 20 Declínio lentamente progressivo da memória e da orientação RM ou TC com apenas atrofia cortical difusa ou posterior e hipocampal Resultados normais de exames laboratoriais Fonte: https://www.researchgate.net SUBTIPO – Doença de Alzheimer Tratamento ▹ Sem cura ▹ Ênfase na melhora a longo prazo dos problemas comportamentais e neurológicos associados ▸ Recursos de auxílio à memória – caderno de notas, lembretes diários ▸ Atividades: Prazerosas Desagradáveis ▸ Adaptar o domicílio ▸ Parar de dirigir ▸ Perda de independência → agrava confusão, agitação e raiva SUBTIPO – Doença de Alzheimer Tratamento Farmacológico ▹ Donepezila – 10mg/dia ▹ Rivastigmina – 5mg 2x/dia OU adesivo 9,5mg/dia ▹ Galantamina – 24mg/dia ▹ Memantina – 10mg 2x/dia ▹ Eficácia apenas modesta para DA ▹ É comum depressão nos estágios iniciais: ▸ ISRS ▹ Para agitação, insônia, alucinações e beligerância: ▸ Risperidona, quetiapina e olanzapina Inibem colinesterases Bloqueia receptores de glutamato de N-metal- D-aspartato (NMDA) hiperexcitados Esses fármacos estão associados a aumento, segundo os cuidadores, da pontuação da função dos pacientes e a aparente redução da taxa de declínio dos escores de testes cognitivos. SUBTIPO – Demência Vascular (DV) ▹ Fisiopatologia ▹ Sintomas dependem do território vascular afetado ▸ Infartos subcorticais – funções executivas, memória, linguagem, praxias, alucinações, delírios, alterações da marcha e esfincteriana ▹ Progresso também variável, pode ser mais devagar que DA 23 Demência por múltiplos infartos •Vários AVE, grandes ou pequenos → comprometeem diversas áreas do encéfalo •Depende do volume total de córtex lesionado e se hemisfério esquerdo •EF: Déficits neurológicos focais, como hemiparesia, sinal de babinski unilateral, defeitos dos campos visuais •Neuroimagem: múltiplas áreas de infarto •Anamnese+achados neurorradiológicos a diferenciam da DA, porém às vezes co-ocorrem Doença difusa da substância branca •Leucoaraiose/ leucoencefalopatia arteriosclerótica subcortical/ Doença de Binswanger •Anormalidades bilaterais da substância branca subcortical •Por vezes associada a infartos lacunares •Pode ter início insidioso e progressão lenta OU deterioração escalanoda (típica da por múltiplos infartos SUBTIPO – Demência Vascular (DV) ▹Demência associada a doença cerebrovascular e uma relação estabelecida entre ambos. ▸ Início de uma síndrome demencial dentro de 3 meses após um AVC ▸Deterioração abruptadas funções cognitivas ▸Déficits cognitivos com aparecimento em degraus ▹Reforçam diagnóstico: ▸ Presença precoce de distúrbios da marcha. Ex.: Marcha apráxica ▸ Relato de desequilíbrio ▸ Paralisia pseudobulbar ▸Urgência urinária precoce ▸Mudanças na personalidade ou humor ▹Fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e tabagismo, história familiar 24 SUBTIPO – Demência Vascular (DV) Tratamento ▹Recuperação da função cognitiva perdida → IMPROVÁVEL ▸Oscilações com períodos de melhora são comuns ▹Prevenção de lesão isquêmica nova ▸Estabilização ou remoção das causas subjacentes 25 SUBTIPO – Demência Frontotemporal (DFT) ▹ 2ª causa de demência degenerativa mais frequente na população com < 65 anos. ▹ Macroscopicamente: atrofia assimétrica dos lobos frontais e temporais ▹ Microscópico: presença de tau ou TDP-43, 90% dos pacientes; e FUS, 10% dos pacientes nos neurônios e glia ▸ TAU→ ganho tóxico ▸ TDP-43 e FUS→ papéis em investigação ▹ 40% dos pacientes possuem história familiar positiva ▹ 10% herança autossômica dominante ▸ MAPT→ alteração ou perda da função de tau ▸ GRN→ progranulina Variante Comportamental ▹ ↓Empatia ▹ Afeto Inapropriado ▹ Irritabilidade ▹ Perda de autocrítica ▹ Apatia ▹ Preferência alimentar ▹ Hipersseuxualidade ▹ Comportamento de utilização ▹ Comportamento antissocial ▹ Hiperrreligiosidade ▹ Comportamento Compulsivo SUBTIPO – Demência Frontotemporal Alteração linguagem Demência semântica: ▹ Distúrbio da linguagem fluente ▹ Perda progressiva conhecimento e compreensão de palavras, faces, objetos e emoções ▹ Parafasias semânticas Afasia Progressiva disfluente ▹ Agramatismo ▹ Apraxia de fala ▹ Parafasia fonêmicas SUBTIPO – Demência Frontotemporal (DFT) ▹ Memória preservada; deficiência do planejamento, discernimento ou linguagem predominam na fase inicial ▸ Perda da inervação serotonérgica cortical é muito observada ▸ Sistema colinérgico é preservado SUBTIPO – Demência Frontotemporal (DFT) Tratamento ▹ Não há terapias que detenham a progressão ou melhorem os sintomas ▹ Sintomático ▸ ISRS – depressão, hiperoralidade, compulsões e irritabilidade ▸ Antipsicóticos – distúrbios motores SUBTIPO – Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL) ▹ 2ª causa de demência degenerativa ▹ Patologia ▸ Corpúsculos de Lewy e neurites de Lewy o α-sinucleína o Ubiquitina o Proteínas neurofilamentares ▸ Tronco encefálico, amígdala, giro do cíngulo, neocórtex o Substância negra ▸ SE carga de placas de amiloide e ENF → variante da DA com corpúsculos de Lewy SUBTIPO – Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL) ▹ Quadro demencial progressivo com: ▸ Parkinsonismo em geral simétrico e com pouco tremor ▸ Alucinações visuais (fases iniciais) o Síndrome de Capgras manifesta-se precoce ▸ Flutuação cognitiva – 90% ▹ Apoiam diagnóstico: ▸ Hipersensibilidade aos neurolépticos ▸ Quedas ▸ Distúrbios do sono REM ▸ Parassonia ▸ Preservação relativa da memória Muitos casos de síndrome de demência parkinsoniana são unificados por patologia por CL Demência precedendo ou sucedendo parkinsonismo em um ano→ DCL SUBTIPO – Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL) ▹ Exame cognitivo: ▸ Pior desempenho: testes de atenção, habilidades visuoespaciais e praxias construcionais ▸ Memória relativamente preservada ▹ Neuroimagem → atrofia parietal posterior e hipocampos maiores que na DA ▹ SPECT e PET cerebral demonstram alteração de perfusão ou do metabolismo em regiões parietais posteriores e occipitais ▹ Resposta do parkinsonismo à levodopa é pequena ▸ Pode induzir delirium alucinatório → fornece indícios iniciais para o diagnóstico de DDP ▸ Delirium remite após correção do fator precipitante ▸ Manifestações clínicas DCL persistem SUBTIPO – Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL) ▹ Tratamento ▸ Inibidores da colinesterase – ↓ alucinose, estabiliza sintomas ilusionais, ajuda com DSR ▸ Programas de exercícios ▸ Antidepressivos ▸ Antipsicóticos atípicos – psicose o Piora síndromes extrapiramidais ▸ Dopaminérgicos OUTRAS CAUSAS DA DEMÊNCIA Doenças Priônicas Doença de Huntington Hidrocefalia Normobárica Alcoolismo crônico Deficiência de timina Síndrome de Korsakoff Deficiência de vitamina B12 Deficiência de ácido nicotínico Meningite crônica Infecção pelo HIV Neurosífilis Papovavírus Tuberculose Fungos e protozoários Hipotireoidismo Hipo e hiperparatireoidismo Vasculite Insuficiência Hepática Disfunção suprarrenal Síndrome de Cushing Insuficiência renal Insuficiência pulmonar Exposição Crônica a metais Demência pugilística Amnésia global transitória Complexo ELA/ parkinsonismo/ Demência de Guam Esclerose múltipla Doenças pulmonares Hematoma subdural crônico Pós-anoxia Pós-encefalite Doença de Whipple Neoplasias do SNC primárias e metastáticas Encefalite límbica paraneoplásica Distúrbio epiléptico não motor Leucodistrofia metacromática Amnésia psicogênica Transtornos psiquiátricos Uso crônico de drogas OBRIGADA! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ▹ BOFF, M. S.; SEKYIA, F. S.; BOTTINO, C. M. C. Revisão sistemática sobre prevalência de demência entre a população brasileira. Revista de Medicia, v. 94, n. 3, p. 154-61, set. 2015. ▹ HAUSER S. L.; JOSEPHSON S. A. Neurologia clínica de Harrison. 3ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2015. ▹ NITRINI, R. A neurologia que todo médico deve saber. 2ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2003. ▹ PARMERA, J.; NITRINI, R. Demências: da investigação ao diagnóstico. Revista de Medicina, v. 94, n. 3, p. 179-184, 21 dez. 2015.
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