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0832 - Planejamento Educacional e Prática.

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Planejamento Educacional e Práticas
Créditos e Copyright	
MARINO, Denise Mattos.
Planejamento Educacional e Práticas. Denise Mattos Marino: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES.Santos, 2009. (Material didático. Curso de Licenciatura em Pedagogia).
Modo de acesso: www.unimes.br
1. Pedagogia 2. Planejamento 3. Planejamento Educacional
CDD 371.102
Este curso foi concebido e produzido pela UNIMES Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A UNIMES Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
Copyright (c) UNIMES Virtual
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
Sumário
Aula 01_Colônia e Império: a força da tradição	5
Aula 02_Império e República: em busca de consenso	8
Aula 03_Primeira República: O Manifesto e o Plano	11
Aula 04_A Era Vargas: diferentes concepções	14
Aula 05_Segunda República:continuidade democrática	17
Aula 06_Ditadura Militar: governo da tecnocracia	19
Resumo_Unidade I	21
Aula 07_Contexto de ideias e de leis	22
Aula 08_Avaliação e Crítica	25
Aula 09_CONAE - Conferência Nacional da Educação	28
Aula 10_O Plano Nacional de Educação 2014/2024	31
Aula 11_Discutindo estratégias e metas – PNE 2014-2024	36
Aula 12_Desafio e Planejamento	40
Aula 13_Planejamento: definições	42
Aula 14_Concepções de Planejamento	44
Resumo_Unidade II	46
Aula 15_Planejamento Participativo: diferença e conceito	48
Aula 16_O Sentido da Participação	50
Aula 17_Visões Específicas	52
Aula 18_Diferenças Técnicas	54
Aula 19_Modelo	56
Resumo_Unidade III	58
Aula 20_Definição de Rumos	60
Aula 21_O Projeto Político Pedagógico: concepções.	62
Aula 22_O Projeto Pedagógico: ponto de partida e objetivos	64
Aula 23_O Projeto Pedagógico: conteúdos	66
Aula 24_O Projeto Pedagógico: ações	68
Aula 25_Práticas Educativas	70
Resumo_Unidade IV	72
Aula 26_Projeto Pedagógico: avaliação	74
Aula 27_Desenvolvimento dos Alunos	76
Aula 28_Planejamento, articulação e financiamento	78
Aula 29_Conhecer a realidade: indicadores externos	81
Aula 30_Indicadores Internos e Trabalho Coletivo	84
Aula 31_Elaboração, Apresentação e Avaliação	86
Aula 32_Plano Escolar e Plano de Ensino	88
Resumo_Unidade V	91
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Núcleo de Educação a Distância
4
	
  Aula 01_Colônia e Império: a força da tradição
  
No decorrer da sua vida, uma pessoa comum elabora diversos tipos de planejamento: planeja o dia, planeja um passeio, a venda de um carro, a mudança de emprego, um casamento, ou uma festa de aniversário.
No decorrer da sua vida profissional, um professor também elabora vários planos: planeja a sua aula, planeja a distribuição da matéria no decorrer do ano, planeja as avaliações, as atividades para trabalhar com os alunos dentro da sala de aula, ou atividades fora da sala de aula.
Na escola, assim como na vida, há diferentes níveis e concepções de planejamento. Nessa aula, vamos começar abordando o planejamento educacional na esfera do poder público federal. Portanto, o nosso assunto será o Plano Nacional de Educação.
Em geral, as pessoas costumam associar os assuntos, “plano” e “planejamento”, a coisas maçantes, burocráticas, aborrecidas. Para mostrar que pode não ser assim, vamos falar de Plano Nacional de Educação começando por uma época no Brasil em que não havia nem plano, nem nação e a educação era para muito poucos.
No período colonial (1500 – 1822), as principais atividades econômicas eram o extrativismo e a agricultura, a mão de obra era majoritariamente escrava e o trabalho pouco especializado. Numa sociedade assim organizada, a educação contava muito pouco.
As famílias da elite e da diminuta camada média da população supriam suas necessidades de educação e instrução com professores particulares que ensinavam em suas próprias casas ou nas casas dos seus alunos e, principalmente, nas escolas mantidas pelas ordens religiosas. A educação superior era, em geral, completada na Europa.
Podemos dizer que a educação era tratada como uma questão de ordem privada, embora, nesse período, começasse a tomar corpo a ideia de educação como função do Estado. 
Todavia, no Brasil colonial o Estado ficava distante, na metrópole: vivíamos à sombra da Coroa portuguesa. 
No século XVIII, o primeiro ministro Marquês de Pombal, adepto das ideias iluministas, comandou algumas reformas na educação em Portugal, que tiveram alguns reflexos na educação brasileira. A medida mais conhecida foi a expulsão dos jesuítas. Mas a reforma contou com outras medidas que faziam parte da tentativa de implantar o ensino público oficial. A Coroa nomeou professores para ministrarem as aulas régias de disciplinas isoladas, estabeleceu planos de estudos e definiu métodos de ensino. 
A reforma do ensino não se aprofundou na Colônia por razões que, hoje, nos parecem bastantes atuais: ações desconexas e fragmentadas, desvio de recursos, baixa remuneração e má formação dos professores, falta de continuidade nas propostas, ausência de fiscalização etc. 
Após a Independência [1822], a educação passou a integrar as preocupações de parte das elites que disputavam o controle do recém-fundado Estado brasileiro. O conceito de civilização corrente na época, não era condizente com a imagem de uma jovem nação de analfabetos e iletrados.
 A partir de 1823, a Assembleia Nacional Constituinte passou a discutir a criação de um sistema nacional de instrução pública, inspirado nos ideais da Revolução Francesa.
 A Assembleia foi dissolvida pelo imperador e a lei não foi cumprida. Assim como não foi cumprida a lei posterior, de 1827, que determinava a criação de “escolas de primeiras letras” em todas as cidades, vilas e lugarejos do país.
Alguns anos depois, o Ato Adicional de 1834, diminuiu ainda mais a possibilidade de criação de um sistema educacional nacional ao estabelecer a descentralização do ensino: a educação superior destinada à elite ficou aos cuidados da Coroa, enquanto as escolas elementar e secundária ficaram a cargo das províncias (futuros estados). 
Atualmente, as novas leituras da educação no período colonial e nas primeiras décadas do Império brasileiro tendem a reavaliar o papel das reformas pombalinas. Elas consideram que as reformas guiadas por uma mentalidade ilustrada promoveram uma renovação metodológica, de conteúdos e de organização. No entanto, as mudanças não conseguiram se aprofundar porque entraram em choque com a mentalidade jesuítica de um ensino religioso, elitista, retórico e disciplinador que sobrevivia na própria sociedade. 
Considere a realidade em que você vive. Identifique situações em que as forças conservadoras ou a tradição tentam dificultar a implantação de novas ideias. De quais maneiras elas atuam no contexto ou na situação que você está considerando? Quais argumentos costumam usar?
Na próxima aula estudaremos um pouco mais da educação no Império e nos primeiros tempos da República. Ainda não veremos um Plano Nacional de Educação, mas a educação assumiu um lugar de destaque nos debates sobre os problemas nacionais.
 
Aula 02_Império e República: em busca de consenso
Planejamento implica definição de objetivos. Uma comunidade só pode estabelecer um plano sobre qualquer assunto ou atividade se houver concordância entre os membros dessa coletividade sobre aquilo que se busca alcançar.
Excetuando-se as comunidades primitivas, as sociedades humanas são comunidades complexas nas quais nem sempre existe a uniformidade de opiniões ou de interesses. Em geral, nessas sociedades as pessoas se dividem em grupos segundo condições econômicas variadas, diferentes modos de vida ou cultura e situação social. Na maior parte das vezes, o consenso precisa ser construído por meio de debates, negociações e acordos.
Durante o Império brasileiro (1822 – 1889), a educação tornou-se tema de disputa entre os diversos grupos. A falta de consenso em torno do assuntofez com que a política educacional do período se assemelhasse à colcha de Penélope[1]: num dia desmanchava-se o que tinha sido tecido no outro.
Na primeira metade do século XIX, o jogo de forças e a disputa de interesses, em diversos momentos, colocaram em lados opostos os tradicionais latifundiários e os novos latifundiários que viriam a compor a burguesia urbano industrial; os defensores da continuidade do escravismo e os abolicionistas; os liberais e os conservadores; os defensores da monarquia e os da república; os adeptos do catolicismo e os do novo ideário positivista. Isso sem contar que dentro dos grupos assim classificados, havia divergências que colocavam em confronto os membros entre si. O resultado disso é que, principalmente no que se refere à educação, preponderou a falta de direção e de planejamento. Conforme Fernando Azevedo:
 
[...] a educação teria de arrastar-se através de todo o século XIX, inorganizada, anárquica, incessantemente desagregada. Entre o ensino primário e o secundário não há pontes ou articulações: são dois mundos que se orientam, cada um na sua direção.[2]
 
E a professora Aranha complementa:
 
Enquanto todos os países do mundo caminham em direção oposta, promovendo a educação nacional, nosso ensino perde ainda mais a unidade de ação. Não há vinculação entre os currículos dos diversos níveis, aliás, nem há propriamente currículo devido à escolha aleatória de disciplinas [...][3]
 
Apesar disso, em 1879, Leôncio de Carvalho apresentou um inovador projeto de reforma do ensino, que foi seguido pelo projeto do conselheiro Rodolfo Dantas em 1882. Ambos pecaram pelo excesso de idealismo e de liberalismo, segundo os críticos. Em seus pareceres aos projetos, Rui Barbosa defendeu a ampliação das ações do Estado na modernização do país, incluindo nelas a formação de um cidadão ativo “que somente terá direito a voto após ser qualificado — do jardim de infância aos cursos superiores — pela instrução pública e estatal”.[4]
A ideia de modernização do país por meio da superação do atraso ganhou corpo no final do século XIX. Aos poucos, construiu-se o consenso de que a educação nacional era condição indispensável para o progresso. A educação foi colocada no centro dos debates. As diversas camadas sociais, os diferentes grupos passaram a discutir as melhorias e mudanças no ensino. A educação ganhou a boca do povo, como se diz, e passou a integrar um projeto político de desenvolvimento nacional, como instrumento imprescindível para a regeneração da sociedade marcada por século de escravidão, analfabetismo e atraso.
A vantagem de olhar para o passado é encontrar pistas para reflexões sobre o presente. Diante do consenso que se formou no final do século XIX, em torno da educação como condição para o progresso do país, poderíamos nos perguntar: hoje em dia, existe um consenso sobre o papel ou a importância social da educação?
Qual seria? A educação faz parte de um projeto político nacional? Ela representa a mesma coisa para as diferentes camadas ou grupos sociais?
Na próxima aula estudaremos o surgimento da ideia de um Plano Nacional de Educação, ainda relacionado à ideia da educação como instrumento da transformação social.
Referências
[1] A Penélope a que nos referimos é a personagem da clássica história grega. Penélope era a esposa de Ulisses, o rei de Ítaca. Estando o mesmo ausente há muitos anos, ela foi pressionada a escolher um novo pretendente. Penélope prometeu que o faria assim que a colcha estivesse pronta. Então, passou a tecer durante o dia e desmanchar o trabalho à noite. Assim ganhou tempo, até o retorno do marido. A figura do “manto de Penélope” foi utilizada por Ilmar R. de Mattos para ilustrar a sua ideia sobre as medidas centralizadoras tomadas pelos conservadores proprietários de terras da segunda metade do século XIX.
[2] AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira: introdução ao estudo da cultura no Brasil.
Brasília: Ed. UnB, 1963, p. 568.
[3] ARANHA, Maria Lúcia de A. História da educação. São Paulo: Moderna, 1996,
p.154.
[4] HISDORF, Maria Lúcia S.. Op. cit., p.51.
NÚCLEO COMUM
92
Aula 03_Primeira República: O Manifesto e o Plano 
 
Em meio a tantas inovações introduzidas no Brasil a partir das últimas décadas do século XIX — fim da escravidão, indústria, imigração, urbanização, novos meios de comunicação e de transporte — a escola seguiu sendo vista em seu papel de renovadora da sociedade. Mas antes de transformar a sociedade, a escola precisava ser transformada. E para isso, contou com a aproximação com o mundo do trabalho e da ciência.
A Constituição republicana de 1891 manteve a dualidade do ensino: a educação superior e a secundária, destinadas à elite, eram incumbência da União; o ensino elementar e o profissional ficaram a cargo dos estados.
São Paulo, o ano de 1890 foi marcado pela grande Reforma da instrução pública. Cesário Motta Jr. mandou fazer um diagnóstico da situação do ensino e determinou que, dali em diante, os professores atuariam de acordo com um planejamento racional do sistema escolar. Foram criados os Grupos Escolares, reunindo as aulas primárias avulsas em um único edifício, onde os professores comandariam classes de alunos com o mesmo nível de aprendizagem, utilizando a mesma metodologia e conteúdos e sob uma única direção. Uma organização hierarquizada e racional semelhante à do trabalho, como observa Rosa F. de Souza.[1]
Mas a primeira ideia de um plano educacional em âmbito nacional surgiu na década de 1930, após um movimento político que rompeu a estrutura de poder republicana baseada na autoridade das oligarquias regionais. A ideia foi apresentada em 1932, num texto escrito por Fernando de Azevedo e assinado por outros 25 educadores e que ficou conhecido como “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”. Diz o documento:
 
Na hierarchia dos problemas nacionaes, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caractereconomico lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional.(...) todos os nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda crear um systema de organização escolar, à al tura das necessidades do paiz. Tudo fragmentário e desarticulado.[2]
 
Saviani chamou a atenção para a semelhança existente no Manifesto entre os conceitos de plano e de sistema educacional. Plano e sistema são encarados como a “organização lógica, coerente e eficaz do conjunto das atividades educativas levadas a efeito em uma sociedade determinada ou, mais especificamente, em um determinado país”.[3]
Os elaboradores do Manifesto da Educação Nova realizaram diagnósticos da situação da educação brasileira. Concluíram que a causa da “inorganização” — como eles diziam — da educação era que nas outras iniciativas ou nos planos anteriores faltava a definição dos fins da educação no seu aspecto filosófico e social; bem como da sua aplicação, referindo-se aos aspectos técnicos; e, finalmente, dos métodos científicos. Nesse sentido, o plano corresponderia à introdução da racionalidade científica no campo educacional. O próprio Manifesto afirma as vantagens dos estudos científicos aplicados à educação: “Os trabalhos científicos no ramo da educação já nos faziam sentir, em toda a sua força reconstrutora, o axioma de que se pode ser tão científico no estudo e na resolução dos problemas educativos, como nos da engenharia e das finanças.”[4]
 O Manifesto de 1932 revela influências do positivismo. Trata-se de uma corrente do pensamento que se desenvolveu inicialmente na França e se espalhou pelo mundo. O positivismo exalta a ciência como a única forma válida de se conhecer o mundo e o método das ciências da natureza como o mais eficaz. A observação, a experimentação e a matematização, segundo os positivistas, deveriam ser estendidas a todos os campos da atividade humana que se busca conhecer com rigor e objetividade. Desse modo, as ciências sociais teriam o mesmo êxito no estudo das sociedades e das atividades humanas que o das ciências da natureza no estudo dos aspectosfísicos do mundo. Vale a pena refletir sobre isso.
Na próxima aula veremos que, no período conhecido como Estado Novo, a concepção original de Plano Nacional de Educação foi alterada em função de interesses políticos.
Referências
[1] SOUZA, Rosa Fátima de. Tempos de infância, tempos de escola: A ordenação dotempo escolar no ensino paulista (1892-1933). Revista Educação e Pesquisa. São Paulo,
v. 25, n. 2, jul.-dez. 1999, p.127-143.
[2] O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,v. 65 n.150, maio/ago-1984, p.407-425.
[3] SAVIANI, Dermeval. Sistemas de ensino e planos de educação: O âmbito dos municípios.Revista Educação e Sociedade. Campinas, v.20, n. 69, 1999. Disponível em www. scielo.br/pdf/es/v20n69/a06v2069.pdf. Acessado em: 05.01.07.
[4] O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, op.cit.
Aula 04_A Era Vargas: diferentes concepções
  
Em sentido amplo, o planejamento pode ser definido como um processo que “visa dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro”[1]. Entretanto, o plano, que é um produto do processo de planejar, pode adquirir diferentes conotações no contexto político.
O movimento político de 1930 foi levado a cabo por um conjunto social bastante heterogêneo, liderado, dentre outros, por Getúlio Vargas. Diversas camadas e diferentes setores da sociedade se uniram para tomar o poder que estivera concentrado nas mãos das oligarquias regionais — especialmente na dos cafeicultores paulistas — durante o período conhecido como Primeira República (1889 – 1930).
Dentre os grupos que apoiaram a revolução, estava o dos educadores que assinaram o Manifesto de 1932, os pioneiros da educação nova, como ficaram conhecidos. Este grupo conseguiu exercer certa influência na elaboração da Constituição de 1934. O artigo 150 estabelecia como competência da União: “[...] fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do País.”[2]
Conforme o artigo 152, da mesma Lei, caberia ao Conselho Nacional de Educação elaborar e ao Poder Legislativo aprovar: “[...] as medidas que julgasse necessárias para a melhor solução dos problemas educacionais bem como a distribuição adequada de fundos especiais.”[3]
Para atender a determinação constitucional, o Conselho instaurado em 1931 foi reestruturado e passou a trabalhar sob a orientação de Gustavo Capanema, ministro da Educação desde 1934. Pelo menos dois signatários do Manifesto participaram da elaboração do anteprojeto do Plano: Lourenço Filho e Anísio Teixeira. O documento ficou pronto em 1937. Com os seus 504 artigos, o Plano se auto-intitulava “Código de Educação Nacional”.
Era um plano centralizador e minucioso que pretendia prever até o número de provas que as escolas deveriam fazer.
De acordo com alguns analistas, apesar da presença dos pioneiros na elaboração, o anteprojeto de 1937 revelava uma concepção de plano diferente da apresentada no Manifesto de 1932. Em vez da busca de racionalização da política educacional, o que se buscava agora era criar instrumentos de “controle político-ideológico através da política educacional”.[4] De qualquer modo, o Plano de 1937 não chegou a ser implementado. Em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas comandou um golpe que deu início a um período ditatorial conhecido como Estado Novo. Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, conhecida como “a polaca”. 
Gustavo Capanema, que continuava à frente do Ministério da Educação, passou a defender um sentido mais operacional para o plano que deveria servir como base e roteiro de ações do governo, definidas por uma lei geral do ensino ou um Código de Educação Nacional.
Porém, na sua gestão não foram elaborados nem o Código nem o plano. Em vez disso, foram decretadas as Leis Orgânicas do ensino, tratando de modo particular e ao mesmo tempo articulado, cada nível ou ramo do ensino.
Foram decretadas, sucessivamente, as leis do ensino industrial, do ensino secundário, do ensino comercial, do ensino primário, do normal e, finalmente, do ensino agrícola.
A reforma educacional de Capanema obedecia ao princípio de que a educação é um instrumento do Estado para formar cidadãos aptos a construírem a nação moderna, como trabalhadores ou como elite dirigente.
De acordo com alguns estudiosos da história da educação brasileira, além de reestruturar os níveis e ramos do ensino, as Leis Orgânicas de Capanema procuraram regulamentar o cotidiano escolar, prescrevendo normas para a construção dos prédios escolares, disciplina, comportamento no recreio, programação curricular ou métodos de leitura. 
Você seria capaz de estabelecer as diferenças entre “controle” e “planejamento”? Procure considerar também os eventuais pontos em comum.
Na próxima aula veremos mais uma alteração na concepção de Plano Nacional de Educação ocorrida no período denominado Segunda República (1946 -1964).
Referências
[1] PADILHA, Paulo R.. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógicoda escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001, p.63.
[2] Constituição Brasileira 1934, alínea a) do art 150, disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/137602/Constituicoes_Brasileiras_v3_1934.pdf?sequence=10
[3] Constituição Brasileira 1934, op.cit.
[4] SAVIANI, Dermeval. Op.cit.
Aula 05_Segunda República:continuidade democrática
As tentativas de controlar a educação devem-se, de um modo geral, a sua importância na formação da mentalidade das pessoas. Mas, não devemos esquecer que nas atividades educativas também estão envolvidos interesses econômicos.
Em 1945 deu-se o fim do Estado Novo. O país retornou ao regime político representativo. As forças políticas em ação decidiram estabelecer uma nova Constituição para substituir a de 1937. Todavia, “a polaca” foi usada como ponto de partida para a elaboração do novo texto constitucional.
No campo da educação também houve certa solução de continuidade. As Leis Orgânicas de Capanema continuaram vigentes e algumas delas foram publicadas após o fim do Estado Novo, em 1946.
Outra realidade que permaneceu foi a influência do grupo de educadores conhecido como os pioneiros da Escola Nova — os mesmos do Manifesto.Nesse período, assim como nos períodos anteriores, o debate educacional foi marcado pelas disputas entre os pioneiros e os católicos. Os pioneiros defendiam a educação gratuita, obrigatória, neutra, leiga, única, mista e oferecida pelo Estado. Os católicos eram contra o monopólio do Estado e a favor da liberdade de ensino e do ensino religioso. Esse e outros conflitos marcaram as discussões sobre educação e retardaram a elaboração do que viria a ser, efetivamente, o primeiro Plano Nacional de Educação do Brasil que foi previsto, inicialmente na Constituição de 1946. O primeiro anteprojeto foi apresentado em 1948, como resultado do trabalho de um grupo de educadores orientados por Lourenço Filho.
Nessa mesma época, também estavam em curso os debates que deveriam levar à elaboração da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Uma das polêmicas fora levantada por Santiago Dantas, que argumentava que a LDB deveria ser mais do que uma moldura jurídica; ela deveria determinar os objetivos, os meios e as formas de planejamento por meio das quais o Poder Público pudesse coordenar o desenvolvimento da educação nacional. De acordo com essa concepção, o Plano Nacional de Educação teria uma importância maior do que a própria Lei de Diretrizes e Bases.[1]
Contra a posição de Dantas havia a dos que defendiam limites à ação planificada do Estado, temendo, segundo argumentavam, que o aumento da ingerência estatal pudesse levar ao totalitarismo. Ao invés disso, propugnavam a liberdade de ensino e o direito das famílias escolherem a escola que consideravam melhor para seus filhos. Além disso, pretendiamque o Plano Nacional de Educação garantisse às escolas particulares — incluindo as religiosas — o acesso aos recursos públicos. Essa posição foi vitoriosa.
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação foi aprovada, em 1961, e o primeiro Plano Nacional de Educação aprovado em 1962, mas ficou reduzido a um instrumento de distribuição de recursos.[2]“. Era basicamente um conjunto de metas quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de oito anos”, concluíram os elaboradores do atual Plano Nacional de Educação, ao realizar a retrospectiva histórica do desenvolvimento do planejamento educacional no Brasil.[3]
Nessa altura do nosso estudo, creio que você já pode refletir sobre uma definição um pouco mais completa do Plano Nacional de Educação:
 
O estabelecimento de um plano de educação implica, preliminarmente, a definição de uma política educacional (...). Nesses termos, um plano de educação se define como um conjunto de medidas de natureza técnica, administrativa e financeira – a serem executadas num certo prazo – e selecionadas e escalonadas a partir de uma política educacional. Esse conceito de plano tem a sua principal vantagem no fato de pôr em relevo o que é realmente imprescindível: a definição de uma política educacional [4]. 
Na próxima aula veremos que o governo da coligação civil militar que governou o país entre 1964 e 1984 inseriu novos elementos no planejamento educacional, alterando mais uma vez o sentido do Plano Nacional de Educação.
[1] SAVIANI, Dermeval. Op.cit.
[2] Id., ibidem.
[3] PNE, 2000. op.cit.
[4] AZANHA, José M.P.. Planos e políticas de Educação no Brasil: alguns pontos para
reflexão. Disponível em: http://www.aordem.com.br/fdes/manzano/ppeb.doc
Aula 06_Ditadura Militar: governo da tecnocracia
 
Se um plano de educação reflete uma política educacional, esta por sua vez, reflete um projeto de sociedade.
Pela segunda vez no século XX, a democracia brasileira foi suprimida por um golpe que implantou um regime ditatorial. Dessa vez, em 1964, o golpe teve à frente os militares, embora o movimento tivesse sido articulado por vários setores da sociedade civil.
A ditadura militar adotava o modelo de desenvolvimento econômico e social capitalista que tinha como meta a aceleração do crescimento econômico por meio da racionalização dos processos produtivos e administrativos. Seguindo uma tendência que já vinha de décadas anteriores, os sucessivos governos militares lançaram planos em que foram definidas estratégias e metas para o desenvolvimento econômico em períodos de tempo determinados. A mesma tendência se manifestou na educação. A Lei 5692 que definiu a reforma do ensino, em 1971, determinou que caberia ao Governo Federal estabelecer e executar Planos Nacionais de Educação. 
Saviani comenta que o parágrafo único dessa lei determinava que o planejamento educacional deveria atender às diretrizes e normas e se integrar harmonicamente ao Plano Geral do Governo. Nesse contexto, diz ele, os planos setoriais de educação eram em decorrência dos Planos Nacionais de Desenvolvimento.[1]
A concepção de educação dos governos militares seguia uma orientação tecnicista, como resultado do esforço de transpor o modelo empresarial na escola. O objetivo era adequar a educação às necessidades de uma sociedade industrializada com ampliação do potencial tecnológico. De acordo com esse objetivo e com essa orientação, os educadores foram substituídos pelos tecnocratas na elaboração do planejamento educacional.
Comparando as ideia de plano do período de 1932 a 1962 com as desenvolvidas no período posterior até 1985, Saviani conclui que, no primeiro período, “o plano era entendido, grosso modo, como um instrumento de introdução da racionalidade científica na educação sob a égide da concepção escolanovista”; enquanto no período da ditadura militar a “ideia de plano se converte num instrumento de racionalidade tecnocrática consoante à concepção tecnicista de educação”.
A professora de filosofia Maria Lúcia de A. Aranha faz a seguinte reflexão:
 
[...] a educação tecnicista se encontra imbuída dos ideais de racionalidade, organização, objetividade, eficiência. Por isso as reuniões de planejamento definem objetivos instrucionais e operacionais rigorosamente esmiuçados, estabelecendo o ordenamento sequencial das metas a serem atingidas a fim de evitar “objetivos vagos”, que deem margem a interpretações diversas. Nessa perspectiva, o professor é um técnico que, assessorado por outros técnicos e intermediado por recursos técnicos, transmite um conhecimento técnico e objetivo.[2]
 
Considerando que o planejamento também implica certa concepção do trabalho docente, reflita sobre a imagem do professor apresentada por Maria Lúcia de A. Aranha.
Referências
[1] SAVIANI, Dermeval. Educação brasileira: Estrutura e sistema. 7ª ed., Campinas: AutoresAssociados, 1996.
[2] SAVIANI, Dermeval. Sistemas de ensino e planos de educação: o âmbito dos municípios.Revista Educação e Sociedade. Campinas, v.20, n. 69, 1999. Disponível em http://
www.scielo.br/pdf/es/v20n69/a06v2069.pdf
ARANHA, Maria Lúcia de A.. Op.cit, p.213.
Resumo_Unidade I
Na primeira unidade foi apresentado o desenvolvimento do conceito de Plano Nacional de Educação numa perspectiva histórica.
Esta perspectiva é muito importante para que você possa perceber que os conceitos de plano e de planejamento não são fixos ou imutáveis. Estes, assim como outros conceitos envolvidos na educação se relacionam a determinados contextos históricos e se transformam de acordo com eles.
Assim, vimos que, durante os períodos colonial e imperial, os responsáveis por pensar a questão educacional não cogitavam a ideia de plano ou de planejamento, embora já concebessem a ideia de um sistema público de ensino. A ideia de plano se consolidou, pela primeira vez, no período republicano, mais especificamente na década de 1930. Nesse contexto, predominou a ideia de plano “científico” capaz de conduzir a educação ao seu papel ativo na reconstrução da sociedade.
Essa ideia nunca foi de todo abandonada, mas sofreu alterações como a de 1937, que se preocupou em “planejar” no sentido de estabelecer uma ordenação legal.
Vimos, também, que, em 1962, o Plano Nacional de Educação incorporou a função de instrumento de distribuição dos recursos públicos, procurando articular as esferas federal, estadual e municipal.
E, finalmente, que após o golpe militar de 1964 até o período da redemocratização, em 1985, o Plano Nacional de Educação se transformou num instrumento de racionalidade tecnocrática.
Algumas dessas concepções de plano e planejamento permanecem até hoje, no todo ou em parte. Cabe a nós, analisarmos a época em que vivemos, a fim de definir qual o plano e o planejamento de que precisamos para resolver os nossos problemas e avançar.
Aula 07_Contexto de ideias e de leis
Vimos na aula 3 que, a primeira ideia de um Plano Educacional em âmbito Nacional surgiu na década de 1930 e foi apresentada em um documento conhecido como “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”. A primeira referência legal ao Plano Nacional da Educação foi expressa no artigo 150 da Constituição Federal Brasileira, de 1934. Entretanto, não há registro de pesquisas sobre o diagnóstico que apontava a situação e tampouco possíveis ações voltadas para a solução de problemas educacionais da época.
Diferentes concepções de educação resultam em planejamentos diferentes. A concepção de educação adotada por um país pode estar expressa na Constituição ou num conjunto de outras leis e documentos, como o próprio Plano Nacional ou relacionados a ele.
O primeiro Plano Nacional da Educação, formulado pelo Conselho Nacional da Educação, teve sua composição prevista pela Constituição de 1937, mas não foi colocado em prática devido à instituição do Estado Novo que, por sua vez, visava metas para a Educação que não se adequavam ao proposto pelo documento. 
Com o auxílio de certos grupos militares (tenentes) e apoiado pela classe burguesa, Vargas assume o poder em 1930, implantando, em 1937, o Estado Novo, comtraços ditatoriais. Isto significa que a sociedade política invade áreas da sociedade civil, subordinando-as ao seu controle. É o que ocorrerá com as situações de ensino.[1] 
Novamente em 1961, com a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, coube ao então Conselho Federal da Educação “[...] a tarefa de elaborar o Plano de Educação referente aos fundos nacionais do ensino primário, médio e superior”.[2]
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece no Artigo 214:
                
[...] o Plano Nacional da Educação de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir 
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas [...] [3]
 
O Plano Nacional da Educação também está previsto no Artigo 9º da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em dezembro de 1996. Além do Plano Nacional, a LDBEN indicou categorias e níveis para o planejamento escolar. O artigo 12 afirma que: ”Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de”:
• I-Elaborar e executar sua proposta pedagógica  [...][4]
E mais adiante, em seu artigo 13, a atual LDB indica caminhos para o planejamento dentro da escola. Estabelece que os docentes devem participar da elaboração da proposta pedagógica da escola, além de cumprir um plano de trabalho coerente com essa proposta.
A finalidade da lei de Diretrizes e Bases é adaptar os princípios constitucionais às situações reais das redes e sistemas escolares. Assim sendo, é natural que as diretrizes reproduzam os princípios estabelecidos na Constituição. Mas, há alguns conceitos presentes na LDB, assim como na Constituição Federal e no Plano Nacional de Educação, que acompanham uma tendência internacional de desenvolvimento educacional.
Em 1990, o Brasil participou da Conferência de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia. As posições consensuais dessa conferência foram sintetizadas na Declaração Mundial de Educação para todos, que estabelecia como meta principal a universalização do acesso à educação básica para todas as crianças, jovens e adultos dos países signatários, assegurando-se a equidade na distribuição dos recursos e um padrão mínimo de qualidade. Medidas como a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), hoje Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), através da Emenda Constitucional em dezembro de, 1996, estão em consonância com a Declaração.
Algumas noções e conceitos presentes na Constituição, na LDB e no Plano Nacional de Educação e que devem orientar o planejamento dos professores nas escolas são reflexos de tendências internacionais. É o caso, por exemplo, das ideias de autonomia na escola, flexibilidade dos programas, descentralização, participação da comunidade nas decisões da escola, formação continuada, superação da fragmentação no ensino e até mesmo a da importância da educação básica com finalidade própria, isto é, preparar os educandos para o pleno exercício da cidadania, para a participação no mundo do trabalho e para a continuidade dos estudos.
Todos esses princípios, noções e conceitos devem orientar o planejamento escolar, bem como o planejamento de cada um dos docentes. Ao professor, cabe a difícil tarefa de dar vida a esses princípios e ideias. É o professor que transforma a teoria em prática.
 
Na próxima aula, veremos algumas críticas feitas ao Plano Nacional de Educação 2001-2010. 
Referências
[1] FREITAG Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. São Paulo: Cortez e Moraes, 1979.
[2] SAVIANI, Demerval. História das idéias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.
[3] Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009.
[4] Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 9394/96.
Aula 08_Avaliação e Crítica
  
Considerando o princípio federativo consagrado pela Lei, o Plano Nacional de Educação tem que articular as ações nas esferas federal, estadual e municipal, respeitando a autonomia de cada uma delas. E, entre outras coisas, tem também que trabalhar com o conceito de educação básica, introduzido pela Lei de 1988, baseado na ideia de que as etapas de desenvolvimento da criança formam um conjunto orgânico.
Uma das principais diferenças entre os planos e os documentos que registram os princípios, é que estes costumam ser mais duradouros do que os primeiros. Enquanto proposição elementar, o princípio serve como fundamento ou base para organização de uma série de outros conhecimentos ou ideias.
Em 09 de janeiro de 2001, foi aprovado o Plano Nacional da Educação para o decênio 2001/2010, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso como Presidente da República. Apresentava 295 metas, número excessivo, que acabou por tirar o foco do que era prioridade. Muitas das metas deste Plano não podiam ser aferidas, dificultando o acompanhamento e as intervenções necessárias para ajustes das ações.
O aumento da parcela de 4% para 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a  Educação, proposta pela comissão foi, na época,  vetada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e  considerada causa principal das dificuldades para o alcance de metas do PNE (2001-2010).
Todo Plano prevê metas que precisam ser constantemente reavaliadas, quando não atingidas. É preciso identificar as razões do fracasso e, quando atingidas, é hora de estabelecer novos destinos.
Em junho de 2006, foi realizado seminário no Rio de Janeiro com o propósito de avaliar (e reavaliar) o Plano, estabelecendo comparações entre as metas propostas e os dados colhidos na realidade por meio dos censos escolares.
Concluiu-se que a meta para a Educação Infantil estabelecida pelo PNE 2001-2010, de atender 50% das crianças de 3 anos e 80% das de 4 a 6 anos até o ano de 2010, não seriam cumpridas na região sudeste.
Os relatórios elaborados pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais apontavam a necessidade de implementação de políticas educacionais visando à diminuição da repetência e da evasão; melhoria da qualidade das escolas no que diz respeito à formação dos docentes e à infraestrutura; política de ciclos, classes de aceleração e revisão dos critérios de avaliação de incentivos à permanência.[1]
Em última instância, essas políticas educacionais deviam ser implementadas nas escolas com o respaldo dos sistemas de ensino a que eram filiadas. Entretanto, segundo a avaliação do Ministério da Educação, até a data do seminário, apenas 20% dos municípios e 2% dos estados elaboraram seus planos municipais e estaduais de educação, respectivamente.[2]
Para grande parte dos professores que não dispõem dos dados e estatísticas oficiais, uma das principais causas da não consecução das metas propostas no PNE 2001-2010 foi a falta da continuidade nas ações governamentais. Os professores têm razão em sua crítica. Entretanto, o que é mais contraditório nessa história é que um dos papéis do Plano Nacional da Educação é dar unidade e coerência às ações públicas, uma vez que o documento define uma política de Estado, que está, portanto, acima dos governos.
Há quem diga que as metas do PNE anterior (2001-2010) não foram atingidas por falta de compromisso da sociedade com a educação e não apenas dos governos.
Por outro lado, outros afirmam que as metas eram “irreais”. E há, ainda, os que dizem que elas não foram atingidas por causa da tradição histórica, isto é, porque o Brasil é o país das leis não cumpridas e dos planos engavetados. Fora esses, há outros argumentos. Parodiando o dito popular, poderíamos dizer “em casa que não tem plano (no lugar de “pão”) todo mundo briga e ninguém tem razão”. Mas não é o caso. Nós temos um plano fundamentado na avaliação criteriosa do anterior.
No planejamentode qualquer empreendimento é preciso calcular os custos, definir a fonte e o montante dos recursos e, o que é tão importante: definir critérios para usar os recursos. Será que o motivo para os planos não saírem do papel é sempre a “falta de recursos” ou poderia ser “o mau uso dos recursos”? Pense um pouco e enumere algumas maneiras que você conhece de gastar mal o dinheiro. Tome como ponto de partida o seu próprio orçamento. O que é um recurso bem empregado e que traz retorno? O que é desperdício de dinheiro?
 
Na próxima aula vamos abordar um pouco do processo de construção do PNE atual que, contou com a participação de membros da sociedade brasileira, através do trabalho realizado pelos Membros da Comissão da CONAE.
 
Referências
[1] cf matéria jornalística publicada pela Associação Brasileira de Editores de Livros. Disponível em: <http://www.abrelivros.org.br/abrelivros> Acesso em 15 de jan.de 2007.
[2] Id. Ibidem. O Plano Nacional de Educação 2011-2020. Disponível em:<http://andreegg.opsblog.org/2011/05/27/o-plano-nacional-de-educacao-2011-2020/> Acesso em 15 de jan.de 2012.
Aula 09_CONAE - Conferência Nacional da Educação
Plano Nacional de Educação atual: processo de construção. A CONAE foi precedida e sua realização deliberada na Conferência Nacional da Educação Básica – CONEB, em abril de 2008. A comissão é constituída por 35 membros, contando com o Secretário Executivo Adjunto, Francisco das Chagas Fernandes como Coordenador Geral e foram atribuídas as competências para coordenar, promover e monitorar o desenvolvimento das etapas para a efetivação desta Conferência.
A Comissão foi constituída por:
[...] representantes das secretarias do Ministério da Educação, da Câmara e do Senado, do Conselho Nacional de Educação, das entidades dos dirigentes estaduais, municipais e federais da educação e de todas as entidades que atuam direta ou indiretamente na área da educação, ou seja, entidades estudantis, de pais, comunidade científica, movimentos sociais, centrais sindicais e confederações de empresários.[1]
A Conferência Nacional de Educação centrou-se nos estudos para elaboração do Plano Nacional de Educação, (2011-2020) e partiu da avaliação do PNE 2001-2010, visando à reflexão sobre as propostas e ações, como base para as Diretrizes e Estratégias da versão atual.
A supracitada avaliação do PNE (2001-2010) foi coordenada pela Universidade Federal de Goiás e contou com pesquisadores desta instituição, da Universidade Nacional de Brasília (UNB), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Antecipando a contribuição para as discussões sobre questões referentes à Educação Básica e Educação Superior na Conferência Nacional da Educação (CONAE), realizada em abril de 2010, Municípios e Estados brasileiros promoveram Conferências em que agentes públicos, profissionais da educação e membros da sociedade participaram, de forma efetiva, expondo e analisando situações e fatos pertencentes ao contexto referente à respectiva instância administrativa.
A Comissão Nacional Organizadora da CONAE elaborou um Documento-Referência, apresentado nas Conferências Estaduais pelos delegados presentes, como meio para fundamentar as discussões. A partir desta referência foram indicadas propostas e emendas que, após concluído o processo de votação regimental, integraram o relatório das Conferências Estaduais, considerados como Documentos Base para “[...] discussão e deliberação nas Plenárias Nacionais”.[2]
Os documentos produzidos nas Conferências Municipais, realizadas no primeiro semestre de 2009, foram analisados nas Conferências Estaduais por comissões designadas.
O objetivo desta sequência de discussões sobre Educação era o de garantir a participação da:
[...] sociedade brasileira no movimento de construção do novo Plano. A efetiva participação dos movimentos sociais e da sociedade civil bem como da sociedade política propicia as condições necessárias para que o novo PNE se consolide como política de Estado.[3]
 
Os eixos temáticos apresentados pela CONAE que embasaram estudos e discussões foram:
I - Papel do Estado na garantia do direito à educação de qualidade: Organização e Regulação da Educação Nacional.
II - Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação.
III - Democratização do Acesso. Permanência e Sucesso Escolar.
IV - Formação e Valorização dos Trabalhadores em Educação.
V - Financiamento da Educação e Controle Social.
VI - Justiça Social. Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade.
O trabalho desenvolvido pela Comissão da CONAE, sem dúvida, contribuiu para a elaboração de um Plano que, através da análise e reflexão das ações realizadas até o início da década, apresenta estratégias que apontam caminhos, visando o alcance das metas por uma Educação com qualidade.
Na próxima aula vamos mostrar algumas análises, diretrizes e objetivos do Plano Nacional da Educação, a fim de que você possa se familiarizar com a linguagem utilizada no planejamento educacional.
 
Referências
[1] http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/conae/texto_conae.pdf
[2] CONAE – Documento-Referência. Disponível em: http://www.infoescola.com/educ. Acesso em: 17 de jan. de 2012.
[3] CONAE – Documento-Referência. Disponível em: http://www.infoescola.com/educ. Acesso em: 17 de jan. de 2012.
 
Aula 10_O Plano Nacional de Educação 2014/2024
A mudança é um dos grandes desafios nas sociedades contemporâneas, em todos os setores, incluindo a educação.
A maior parte dessas sociedades é bastante aberta às inovações, por isso, as instituições precisam se reorganizar constantemente para poderem absorvê-las, sob o risco de se tornarem obsoletas. Entretanto, lidar com as mudanças não é tarefa fácil para um grande número de pessoas. Em muitos casos, o estudo do passado pode ajudar, à medida que a história nos mostra que as mudanças fazem parte do destino de todas as sociedades humanas. Não há sociedades sem mudanças. Há, isto sim, ritmos diferentes de transformação.
Algumas sociedades mudam mais rapidamente, outras mais lentamente, mas todas mudam.
Nos últimos anos, a Educação Brasileira, obteve importantes avanços através das melhorias como:
· A universalização da Educação Básica;
· Ampliação do Ensino Superior (REUNI) e Pós-Graduação, com recursos condicionados a ampliação de vagas em licenciaturas e cursos noturnos;
· Um sistema coerente de avaliação do Ensino Superior;
· A implantação do ENEM que paulatinamente visa substituir o vestibular;
· A instituição de cotas sociais e raciais nas universidades públicas.
Entretanto, há muito por fazer, pois apesar do exposto acima, a Educação Brasileira vem demonstrando baixíssimos índices de desempenho em comparação com outros países, de acordo com os resultados do PISA (Programme for InternationalStudentAssessment), Programa de Avaliação Internacional de Estudantes.
O público alvo da avaliação do PISA são estudantes na faixa-etária dos 15 anos, idade média da escolaridade básica obrigatória na maioria das nações e avalia os conhecimentos em Leitura, Matemática e Ciências. O indicador é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em 2012, o Brasil ocupou a 55ª posição entre os 65 países avaliados mantendo-se na mesma posição obtida em 2009. O resultado do desempenho dos estudantes brasileiros em leitura piorou e houve uma ligeira melhora em Matemática em relação à anterior. Importante ponderar que houve progresso na inclusão de alunos na escola. Em 2003, 65% dos jovens brasileiros de 15 anos estavam na escola. Já em 2012, a taxa passou para 78%. Parte desses novos estudantes são de comunidades rurais ou de grupos sociais vulneráveis, mudando consideravelmente o perfil do grupo de alunos que vem realizando o exame, segundo o relatório da OCDE. Este é um indicador de que as iniciativas e políticas educacionais estão apresentando resultados na direção de garantia do acesso e permanência na escola.
O Plano Nacional de Educação, inicialmente previsto para 2011-2020, foi sancionadopela Lei nº 13 005 de 25 de junho de 2014, passando a ter vigência a partir desta data. Mantém os principais pontos apontados pela CONAE e avança, pois ao contrário do ocorrido no Plano Nacional da Educação 2001-2010, contém previsão de gastos de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação até o final do decênio, ainda que não esteja indicada a participação da União, Estados e Municípios nesse índice. Também permaneceu a inclusão de programas como PROUNI (bolsas para alunos de baixa renda) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) no cálculo dos 10%.
Documento de tal importância, como é considerado o Plano Nacional de Educação, uma vez que envolve ações que visam à qualidade da Educação Nacional, contou com um processo criterioso para sua elaboração e posterior análise por parte de profissionais dos setores responsáveis na tramitação pelo  Congresso Nacional.
O PNE (2014-2024) inclui iniciativas importantes que devem ser refletidas nos resultados esperados e previstos nas metas apresentadas.
No Artigo 2º do documento encontramos suas Diretrizes:
I − erradicação do analfabetismo;
II − universalização do atendimento escolar;
III − superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação;
IV − melhoria da qualidade da educação;
V − formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI − promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII − promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país;
VIII − estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação
como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), que assegure atendimento
às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade;
IX − valorização dos (as) profissionais da educação;
X − promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade
e à sustentabilidade socioambiental.
Para analisar o alcance das metas previstas no PNE serão utilizadas as referências dos censos nacionais da educação básica e superior atualizados.
Uma das relevantes iniciativas que cabe à União está indicada no Art. 6º em que consta a promoção da realização de pelo menos duas Conferências Nacionais de Educação durante os dez anos de vigência do Plano, articulado e coordenado pelo Fórum Nacional de Educação, visando à avaliação e o monitoramento das metas e ações previstas pelo atual PNE.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB será utilizado para avaliar a qualidade do ensino a partir dos dados de rendimento escolar apurados pelo censo escolar da educação básica, combinados com os dados relativos ao desempenho dos estudantes apurados na avaliação nacional do rendimento escolar.
O IDEB é o indicador da educação brasileira criado pelo INEP, que reúne resultados do fluxo escolar e da média do desempenho das avaliações dos alunos.
O atual Plano Nacional da Educação é composto por 20 metas, todas mensuráveis e passíveis de acompanhamento e, em número bem menor do que as constantes no Plano anterior. As metas do PNE 2014-2024 sintetizam as urgências e exigem ações, orientadas pelas estratégias que as acompanham.
Metas previstas pelo PNE 2014-2024:
1.    Universalizar a Educação Infantil.
2.    Universalizar o Ensino Fundamental.
3.    Universalizar o Ensino Médio.
4.    Universalizar o atendimento a alunos especiais na Educação Básica.
5.    Concluir a alfabetização de todos até os 8 anos de idade.
6.    Levar a educação em tempo integral à metade das escolas públicas da Educação Básica.
7.    Atingir metas de desempenho no IDEB.
8.    Aumentar o tempo de escolarização dos jovens (18 a 29 anos) de setores sociais em desvantagem.
9.    Erradicar o analfabetismo e reduzir o analfabetismo funcional.
10. Incluir de forma integrada a formação profissional ao Ensino Fundamental e Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos (para 25% das matrículas).
11. Triplicar as matrículas na Educação Profissional técnica de nível médio..
12. Chegar a 33% da população de 18 a 24 anos no Ensino Superior.
13. Aumentar o percentual de mestres e doutores trabalhando no Ensino Superior.
14. Atingir a formação de 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.
15. Dar formação superior (licenciatura) à totalidade dos professores da Educação Básica.
16. Levar a formação em nível de pós-graduação à metade dos professores da Educação Básica.
17. Elevar a remuneração dos professores para atingir nível equivalente a de profissionais com mesmo nível de escolaridade que atuam em outras áreas.
18. Assegurar planos de carreira para professores em todos os sistemas de ensino em no máximo 2 anos, tomando como referência o piso salarial nacional.
19. Reformular os critérios de nomeação de diretores conforme mérito de desempenho e participação da comunidade ampliando a gestão democrática da educação.
20. Atingir o patamar de 7% do PIB no quinto ano de vigência da lei e de 10% do PIB ao final do decênio para investimento público em educação.
Na próxima aula discutiremos estratégias e a relação com as metas propostas pelo PNE 2014-2024.
 
http://pne.mec.gov.br/conhecendo-o-pne
 
Aula 11_Discutindo estratégias e metas – PNE 2014-2024
Como recurso para análise do PNE 2014-2024, foram selecionadas para esta aula, algumas metas, acompanhadas de uma síntese das estratégias para suas concretizações, como meio de análise do documento.
A meta 1 prevê a universalização, até 2016, do atendimento da população de 4 e 5 anos, e a ampliação até a vigência do plano, a oferta da educação infantil de forma a atender 50% da população de até 3 anos.
Constata-se que a previsão da oferta do atendimento na educação infantil para as crianças entre 4 e 5 anos de idade e as estratégias apontam para a colaboração entre as instâncias administrativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com a expansão da oferta da educação infantil nas redes públicas, segundo padrão de qualidade. Expansão com qualidade requer investimento em equipamentos, infraestrutura física, quadro de pessoal e recursos pedagógicos.
A meta 2 (dois) foca a universalização do ensino fundamental de 06 a 14 anos, o que, de acordo com pesquisas do INEP, foi contemplado em número de matrículas, ainda na vigência do plano anterior, na maioria dos estados brasileiros. Entretanto, algumas dificuldades persistem quando se discute sobre a permanência das crianças na escola. As estratégias para esta meta apontam desde acompanhamento e monitoramento da assiduidade, da oferta de transporte, até o investimento na formação do professor e na tecnologia como um dos recursos didáticos.
As estratégias para a meta 3 (três): “Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o fim da vigência do PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para, no mínimo, 85%, nesta faixa etária” exigem mudanças de posturas pedagógicas a partir de situações didáticas que permitam as relações “[...] entre teoria e prática”. Outra estratégia voltada também à manutenção do jovem neste nível de ensino é o oferecimento “[...] do ensino médio integrado à educação profissional [...]” objetivando a habilitação para uma profissão específica”.
A meta 4 prevê a inclusão de forma que  universalize, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com garantia de recursos humanos, físicos e materiais.
“Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade”, meta 5, requer estratégias que respeitem os ritmos individuais, através da organização por ciclos, com diversidade de métodos e de tecnologias educacionais a partir de instrumentos de avaliação eficientes.
A escola em tempo integral para toda a educação básica é meta que exige ampliação das instalações físicas, de formação dos recursos humanos e a articulaçãoda escola com espaços educativos e culturais.
Através de uma progressão matemática, a meta 7 pretende atingir até 2024 as médias no IDEB da tabela abaixo:
Para esta meta são previstas 25 estratégias que somadas e relacionadas às já propostas nas metas anteriores, defendem a equidade da aprendizagem.
Elevar a escolaridade média, alcançando um mínimo de 12 anos de estudo  para jovens de 18 a 29 ano oriundos das populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, requer estratégias voltadas para a manutenção na escola do jovem em desigualdade histórica de recursos, programas de desenvolvimento de tecnologias para correção de fluxo e fomentação de programas de educação de jovens e adultos. O acesso gratuito a exames de certificação da conclusão do ensino fundamental e médio é estratégia que considera o aproveitamento dos saberes de muitos que os constroem na prática. 
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar até a vigência do PNE, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional é a meta 9.  A mesma, demonstra que o analfabetismo no Brasil ainda é uma triste realidade e apresenta, como uma das estratégias, um programa de atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos.
 As metas 10 e 11 se referem à oferta de matrículas para a Educação Profissional e são estratégias relacionadas: o estímulo à conclusão da educação básica, a oferta de cursos de educação a distância e a diversificação curricular do ensino médio para jovens e adultos, integrando a formação integral à preparação para o mundo do trabalho. 
O investimento na formação superior através do fomento de vagas em instituições públicas de nível superior prioritariamente para a formação de professores, da elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais nas universidades públicas e expansão do financiamento estudantil, são estratégias voltadas às metas que visam o incentivo e a ampliação do acesso ao Ensino Superior.
 A meta 20 expõe a urgência da ampliação do investimento público em Educação o que, como citado na aula 8, influiu para que muitas metas previstas no PNE 2001-2011 não lograssem recursos para sua concretização.
É possível considerar que a elaboração de um Plano que apresenta estratégias claras e definidas, visando a concretização de metas objetivas e mensuráveis apresenta perspectivas otimistas para sua efetivação. 
O acompanhamento e avaliação, não só de especialistas e dos setores governamentais, como também, por toda a sociedade é essencial para redirecionar as ações em processo de desenvolvimento do plano.  
Leia o Plano Nacional da Educação – 2014-2014 disponível em nossa sala,  para aprofundar seus conhecimentos e realizar suas análises através das relações entre as metas propostas, as estratégias e a situação atual da Educação no Brasil.
 
 
Aula 12_Desafio e Planejamento
Em nossa sociedade o ritmo das mudanças é veloz. Em todos os setores, incluindo a educação, surge a insegurança: que novidades nos esperam? Qual será o novo caminho?
Qual deverá ser nosso próximo passo?
Palavras como “projeto”, “plano”, “programa”, “planejamento” aparecem como iniciativas que podem nos ajudar nesse tempo de incertezas.
Uma das transformações citadas em quase todas as análises e reflexões sobre o nosso tempo é a revolução da informação. Graças às novas tecnologias da informação tornou-se possível armazenar e, ao mesmo tempo, divulgar uma quantidade de informações inimaginável em outros tempos. Isso facilitou sobremodo as atividades de pesquisa e o acesso aos conhecimentos. Em qualquer parte do planeta e a qualquer hora é possível realizar uma pesquisa ou uma consulta ou, ainda, debater determinado tema com um grupo de pessoas fisicamente distantes.
Assim, vários locais, além da escola, se transformaram em espaços de circulação do conhecimento, ou melhor, espaços de circulação de dados e informações, não necessariamente de “conhecimento”. Informação e conhecimento não são necessariamente a mesma coisa. A informação é obtida por um processo de aquisição (de algum dado novo, por exemplo). O conhecimento implica intervenção do sujeito, o conhecimento tem de ser construído pelo sujeito por meio de algumas operações (comparação, contextualização e etc.) que tornam um dado significativo.
É exatamente na diferença entre esses dois conceitos que se situa o papel da escola hoje: ela deve preparar os indivíduos para lidar com a enorme quantidade de informação circulante em todos os espaços sociais, tornando-o capaz de selecionar, reunir, relacionar, comparar, analisas as informações transformando-as em conhecimento.
Nesse sentido, diz o professor LadilslawDowbor, a escola deixará de ser “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. Para que isso aconteça,a escola precisa ser transformada e “modernizada” no sentido preconizado por Schwartzman:
 
Ser moderno, no mundo de hoje, é poder conviver de forma adequada com os instrumentos da racionalidade em todos seus aspectos — na produção econômica, na organização política, na organização do espaço físico, na previsibilidade da vida e no planejamento do futuro.[1]
 
Para que essa transformação aconteça, a escola precisa ter um projeto. Ou como nos ensina Moacir Gadotti:
 
A escola [...] precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e a longo prazo, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros
curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras.Da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua prática/experiência, dependerá o seu futuro.[2]
 
Num livro de 1998, o professor LadislawDowbor descreveu as possibilidades que as novas tecnologias poderiam representar no trabalho dos professores, reconhecendo ao mesmo tempo, a situação precária das escolas, no que se refere aos recursos materiais e a dos próprios professores que, muitas vezes, recebem salários que não lhes permitem comprar um computador. Como resolver esse impasse?
 
O próprio Dowbor indicou a resposta:
 
Será preciso trabalhar em dois tempos: o tempo do passado e o tempo do futuro. Fazer tudo hoje para criar as condições para aproveitar amanhã as possibilidades das novas tecnologias.[3]
 
Na próxima unidade, estudaremos diferentes concepções de planejamento e o chamado Planejamento Participativo.
                          
 Referências                                                           
 
[1] SCHWARTZMAN, Simon. Op.cit.
[2] GADOTTI, MOACIR. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspectiva., SãoPaulo, v. 14, n. 2, 2000. Disponible em: http://www.scielo.br/scielo.php.
[3] DOWBOR, Ladislaw apud GADOTTI, Moacir. Op.cit.
 
Aula 13_Planejamento: definições
  
A maior parte dos estudiosos do planejamento concorda com a impossibilidade de se definir absolutamente todos os tipos e níveis de planejamentos relacionados à atividade humana, pois os seres humanos, dada a sua racionalidade, estão constantemente antecipando o futuro ou envolvidos em processos de concretizar ideias ou sonhos. Como afirma Gandin, embora muitas vezes de maneira inconsciente ou ambígua, o ser humano possui uma “estrutura básica que o leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor ações e atitudes para transformá-la.”[1]
Considerando o ato de planejar como um ato consciente, pode-se dizer que ele é sempre um processo de reflexão, um ato de decisão sobre determinada ação julgada necessária ou conveniente.
No sentido original a palavra “reflexão” significa curvar-se (flexão) sobre si mesmo. Portanto, se o planejamento é um processo de reflexão, estamos dizendo que ele é também um processo de julgar a si mesmo, de se olhar, de se avaliar; debruçar-se sobre o próprio trabalho e analisar o que tem sido feito. Por isso, se diz que, em educação, planejamentoé, antes de tudo, uma postura crítica do educador sobre o seu próprio trabalho. 
Conforme Padilha, planejamento é um “processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas”. É também um “processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações”[2].
Na escola, o processo de planejamento incide globalmente sobre os diversos aspectos da vida escolar, envolvendo todos os agentes: sobre o espaço físico e os recursos materiais, a divisão do tempo e os ambientes de aprendizagem, os recursos didáticos, os currículos e os docentes, o pessoal de apoio, os alunos e os gestores, a equipe pedagógica e a comunidade.
 
Planejar é lançar um novo olhar sobre o cotidiano. Em vez de rotina, vê-se uma etapa. De certo modo, planejar é substituir o pensamento mágico que espera que as coisas mudem, simplesmente porque se deseja; pela crença que a transformação é fruto de um trabalho organizado, sistemático, coletivo e com prazo determinado de amadurecimento.
 
Para pensar: Planejar não é prever o futuro, é construir o futuro.
  
Referências
[1] GANDIN, Danilo. Posição do planejamento participativo entre as ferramentas deintervenção na realidade. Currículo sem Fronteira, v.1, n. 1, jan./jun., 2001, pp. 81-95.
[2] PADILHA, Paulo R.. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógicoda escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001, p.30.
Aula 14_Concepções de Planejamento 
 
Após a Segunda Grande Guerra Mundial (1945) e as sucessivas crises do capitalismo, governos e empresas se convenceram, cada vez mais, da importância de intervir, definindo rumos, estratégias e metas de desenvolvimento, não apenas nas empresas, mas também na economia, nos mercados, na política e na sociedade de um modo geral.
O Planejamento é uma proposta de intervenção na realidade. O Planejamento Participativo é a evolução dessa proposta de intervenção em um determinado sentido, em uma determinada direção. Mas há outras direções de evolução do planejamento que desembocaram nas tendências ou escolas do Planejamento Estratégico e do Gerenciamento da Qualidade. O Planejamento Participativo possui pontos convergentes e pontos divergentes com essas duas escolas.
O engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915) é considerado o idealizador da administração científica, isto é, da racionalização das operações, da administração e do trabalho visando ao aumento da produtividade com menores custos.
Alguns dos princípios da administração taylorista são: disciplina, unidade de comando, responsabilidade, divisão do trabalho, autoridade, subordinação do interesse particular ao interesse geral, hierarquia, ordem, centralização, iniciativa e união. O conceito de planejamento de Taylor foi popularizado pelo também norte-americano Henry Ford, que o utilizou em sua indústria de automóveis e pelo cineasta Charles Chaplin, que o satirizou em seus filmes (especialmente o clássico Tempos Modernos, que provavelmente você já assistiu).
A partir da década de 1950, as empresas passaram a desenvolver estudos de planejamento de longo prazo, a fim de poderem decidir como e onde expandir ou investir. Desde então, o planejamento estratégico foi ganhando fórmulas, métodos e conceitos, cada vez mais sofisticados, incluindo técnicas de participação, por meio das quais, alguns objetivos, prioridades, metas são estabelecidos conjuntamente pelas equipes de trabalhos e seus superiores, respeitadas as hierarquias. 
O modelo de gestão de empresas baseado no controle da qualidade dos produtos também se desenvolveu, a partir da segunda metade do século XX. Desde então, tem sofrido modificações que incorporaram no dia a dia das empresas a preocupação com a satisfação dos clientes, a participação dos trabalhadores e a transformação da qualidade em uma responsabilidade de todos os integrantes da empresa e não apenas dos dirigentes. De tal maneira que, segundo os especialistas, o Gerenciamento da Qualidade Total se tornou uma nova forma de gestão de empresas que exige mudanças profundas no comportamento e nas atitudes de todas as pessoas envolvidas na organização.
Eis alguns princípios da gestão da qualidade:
 
· A mudança é vista de maneira positiva pelas pessoas e empresas envolvidas na busca da qualidade.
· Todas as melhorias, por menor que sejam, são bem-vindas.
· Todas as inovações devem ser conhecidas e testadas antes de serem descartadas.
· A avaliação e reavaliação são práticas constantes.
· Todos os envolvidos devem se esforçar para tornar harmônico o ambiente de trabalho.
 
Na próxima aula estudaremos alguns aspectos específicos do Planejamento Participativo.
Resumo_Unidade II
A primeira ideia de um Plano Nacional de Educação surgiu no início da década de 30, do século XIX e foi apresentada no Manifesto dos Pioneiros.A partir desta data,a importância da elaboração de um Plano Nacional da Educação está presente em documentos legais que o legitimam. 
Concepções diferentes de Educação resultam em diferentes Planos de Educação, que nem sempre corresponderam ao prescrito nos documentos legais.
Como na instituição do Estado Novo, pelo então Presidente Getúlio Vargas e, nas décadas de 60 e 70, durante a Ditadura Militar no Brasil.
Atualmente, algumas concepções e conceitos presentes na Constituição Federal Brasileira, na Lei de Diretrizes e Bases e no Plano Nacional da Educação seguem tendências internacionais.
Em 1990, o Brasil participou da Conferência de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia.
As posições consensuais desta Conferência foram sintetizadas na Declaração Mundial de Educação para Todos que, apresenta como meta:“[...] a universalização do acesso à educação básica para todas as crianças, jovens e adultos dos países signatários, assegurando-se a equidade na distribuição dos recursos e um padrão mínimo de qualidade.”
Uma das principais estratégias do Governo Brasileiro em relação a esta meta foi a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Fundamental e valorização do Magistério. (Emenda Constitucional -12/1996)atualmente: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e valorização do Magistério. 
O Plano Nacional da Educação 2001-2010 recebeu críticas que se referem, especialmente à quantidade de metas (295) apresentadas, muitas das quais não podiam ser aferidas e ao fato de não ter sido aprovado para a Educação,o aumento de 4% para 7% do PIB.
Em abril de 2008, durante a Conferência Nacional de Educação Básica foi deliberada a realização da Conferência Nacional da Educação.À uma comissão constituída por 35 membros foram atribuídas as competências para coordenar, promover e desenvolver ações que garantissem a efetivação da Conferência Nacional da Educação.
A CONAE, como então foi chamada, centrou-se nos estudos para elaboração do PNE 2011-2020, a partir da avaliação do PNE 2001-2010, visando à reflexão sobre as ações e propostas para elaboração das Diretrizes e Estratégias da versão atual.
O Projeto de Lei 8035/2010 sofreu emendas e adequações após análise das comissões constituídas. O documento, ao contrário do que lhe precede,apresenta 12artigos e 20 metas, todas acompanhadas por estratégias visando a efetivação de cada uma delas.
Aula 15_Planejamento Participativo: diferença e conceito
 
Na década de 1980, o grupo de rock brasileiro perguntava provocativamente em uma de suas canções: “você tem fome de quê?”. Caberia juntar a essa pergunta outra: “você faz parte de quê?”.
Os idealizadores do chamado Planejamento Participativo tomaram como princípio a ideia de que a participação em nossa sociedade não é “real”, ou seja, ela não se distribui igualmente por todos os indivíduos que formam a nossa sociedade. Eles partiram da constatação de que um grande número depessoas não compartilha os benefícios e riquezas materiais ou culturais produzidas e não tem acesso às instâncias de participação política efetiva.
 
Gandin afirma que o Planejamento participativo:
 
[...] parte da verificação de que não existe participação real em nossas sociedades, isto é, de que há pessoas e grupos dentro delas que não podem dispor dos recursos necessários ao seu mínimo bem-estar. Mais do que isto: parte da clareza de que isto é consequência da organização estrutural injusta destas mesmas sociedades.[1]
 
O Planejamento Participativo foi concebido como um instrumento de intervenção na realidade para grupos ou instituições que têm como finalidade buscar maior equilíbrio social. Em outras palavras, ele foi desenvolvido como ferramenta para instituições, grupos e movimentos que não têm como finalidade a competitividade ou o lucro, e sim, nos dizeres de Gandin, contribuir para a construção da realidade social. Portanto, diferentemente do Planejamento Estratégico e do modelo de gestão da Qualidade Total, o Planejamento Participativo não foi concebido para o uso de empresas — embora elas possam usar — e sim, muito mais, para o uso em órgão do governo, organizações não governamentais, escolas, enfim, instituições sem fins lucrativos.
Assim, Planejamento Participativo se constitui num conjunto de modelos, conceitos e técnicas, respaldado por conhecimentos científicos e orientado ideologicamente, que permite organizar a participação e a intervenção de uma determinada coletividade, na realidade, de acordo com a direção escolhida por esta mesma coletividade.
Existe um consenso entre alguns especialistas do planejamento: se planejar é escolher caminhos, direções e destinos, então, não existe planejamento neutro. Planejar é estabelecer prioridades e resolver problemas e isto pressupõe uma determinada visão de mundo.
Na próxima aula examinaremos a ideia de “participação” de acordo com a concepção de Planejamento Participativo.
 
 
Referências
[1] GANDIN, Danilo. A Posição do Planejamento Participativo entre as Ferramentas de Intervenção na Realidade. Currículo sem Fronteiras, v.1, n.1,Jan/Jun 2001. p. .81-95.
Aula 16_O Sentido da Participação
   
Se você consultar um dicionário da Língua Portuguesa verá que o principal antônimo ou sentido contrário ao de participar é o de abster-se. Entretanto, para os idealizadores do Planejamento Participativo, “participar” pode ter vários sentidos diferentes e que não chegam a ser a participação “real” e nem a abstenção total.
Para construir o seu conceito de participação, os idealizadores ou defensores do Planejamento Participativo partem da premissa de a sociedade em que vivemos estar organizada de modo injusto. E que a injustiça está, exatamente, na falta de participação de alguns indivíduos, não apenas no âmbito das decisões de rumos, mas também na distribuição das riquezas materiais e culturais.
Eles reconhecem que a sociedade atual desenvolveu determinados modos e níveis de participação, mas que, entretanto, não são suficientes. Sobre a participação no mundo contemporâneo, Gandin considera que:
 
A participação é, contudo, hoje, um conceito que serve a três desastres extremamente graves: a manipulação das pessoas pelas “autoridades”, através de um simulacro de participação; a utilização de metodologias inadequadas, com o consequente desgaste da ideia; a falta de compreensão abrangente da ideia de participação.[1]
 
Gandin avalia que existem três diferentes níveis de participação, atualmente.
O primeiro nível é o da colaboração. Nele, as pessoas não são chamadas a decidir, mas a apoiar as decisões tomadas pelas autoridades ou lideranças. O apoio, segundo ele, pode ser dado com o trabalho ou até com o silêncio. Não há discussão e, quando há solicitação de sugestões por parte das “chefias”, elas devem reforçar ou concordar com as deliberações anteriores das mesmas. Esse tipo de participação tende a frustrar as expectativas das pessoas que se percebem como agentes secundários.
O segundo nível de participação é o da decisão. Gandin considera esse nível um pouco mais democrático e comenta com certa ironia: nesse nível o chefe decide que todos vão decidir. Na verdade, nas reuniões coletivas ou assembleias convocadas nesse nível, as resoluções se referem, em geral, a assuntos periféricos, desligados da proposta mais ampla e central. Essa participação é uma manifestação precária da democracia direta, conclui.
O terceiro nível de participação é denominado construção em conjunto. O autor reconhece que ele é pouco frequente, pois, as próprias estruturas das organizações não comportam esse tipo de participação, não foram projetadas para isso. Gandin admite que a própria mentalidade das pessoas interfere, uma vez que elas mesmas não estão preparadas para aceitar a participação em pé de igualdade, como se diz. As pessoas tendem a entregar seu poder de decisão àqueles que consideram mais sábio, mais rico, mais inteligente, ou melhor preparado, abrindo mão, assim, de parcela considerável de seu poder.
A participação efetiva em que as pessoas se dispõem a construir juntas uma nova realidade deve ser fundamentada na igualdade real entre as pessoas. É para se pensar.
 
Na próxima aula examinaremos com mais vagar outras particularidades do Planejamento Participativo.
 
  
Referências
[1] GANDIN, Danilo. Op.cit. 
Aula 17_Visões Específicas
 
Há pessoas que imaginam o planejamento como uma camisa de força que pode restringir os movimentos dentro de uma organização. Mas, de acordo com os estudiosos dos processos do planejamento, apenas os dirigentes autoritários ficam “engessados” numa organização que pensa e planeja com a participação de todos.
Como você já estudou na aula 15, o Planejamento Participativo foi concebido para instituições, movimentos ou grupos sociais com atuação na realidade, porém sem intenção de lucro. Ou seja, o Planejamento Participativo foi desenvolvido para pensar e planejar o dia a dia de empresas com finalidade social. 
No Brasil, assim como no restante da América do Sul, além de órgãos ou instâncias de governo, as escolas e as redes de ensino oficial, especialmente nos municípios, têm se beneficiado da aplicação dos conceitos, modelos e técnicas desenvolvidos pelo Planejamento Participativo que se adaptam às necessidades de construção das práticas escolares.
O Planejamento Participativo se desenvolveu paralelamente a outras concepções de planejamento dada a exigência específica dos governos, movimentos e instituições sociais de possuírem ferramentas próprias de intervenção na realidade, diferentes das ferramentas utilizadas pelas empresas.
Assim, como já vimos na aula 16, o Planejamento Participativo tem uma ideia própria sobre participação. Além disso, ele aspira a ser mais do que uma ferramenta de administração simplesmente. No Planejamento Participativo, os agentes não devem se preocupar exclusivamente em “fazer bem as coisas” de acordo com um padrão estabelecido, ensina Gandin. Devem, isso sim, se preocupar em definir “as coisas certas” a serem feitas, visando à construção de valores e horizontes e não apenas a sobrevivência ou preservação da instituição. Parece que se trata de buscar um conteúdo ético que oriente a elaboração dos modelos, conceitos e técnicas de intervenção na realidade. Gandin explica:
Nas escolas, por exemplo, não basta que os professores, isoladamente ou mesmo em conjunto, definam “como” e “com que” vão “passar” um conteúdo preestabelecido, dando, assim, um carácter de só administração ao trabalho escolar; é necessário que se organizem para definir que resultados pretendem buscar, não apenas em relação a seus alunos, mas no que diz respeito às realidades sociais e, que, a partir disto realizem uma avaliação circunstanciada de sua prática e proponham práticas alternativas para ter influência na construção social.[1]
 
Como as outras tendências do planejamento desenvolvidas a partir da segunda metade do século XX, o planejamento participativo também assume uma visão estratégica, mas avança na direção de questões

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