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LPED_Alfabetizacaoeletramento

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Disciplina 
Alfabetização e LAlfabetização e LAlfabetização e LAlfabetização e Letramentoetramentoetramentoetramento 
 
 
Coordenador da Disciplina 
Prof.ª Maria José BarbosaProf.ª Maria José BarbosaProf.ª Maria José BarbosaProf.ª Maria José Barbosa 
 
 
2ª Edição
 
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. 
 
Créditos desta disciplina 
 
Realização 
 
 
Autor 
 
Prof.ª Rosimeire Costa de Andrade Cruz 
 
 
 
SumárioSumárioSumárioSumário 
 
Aula 01: Conceitos Iniciais ....................................................................................................................... 01 
 Tópico 01: Conceitos de letramento e de alfabetização ......................................................................... 01 
 Tópico 02: Relações entre letramento e alfabetização ........................................................................... 05 
 
Aula 02: Aprendizagem da língua escrita ............................................................................................... 10 
 Tópico 01: Apropriação do sistema de escrita alfabética ....................................................................... 10 
 Tópico 02: Métodos de Alfabetização ................................................................................................... 17 
 
Aula 03: Práticas Pedagógicas ................................................................................................................. 23 
 Tópico 01: Princípios didáticos - metodológicos para a alfabetização e para o letramento .................. 23 
 Tópico 02: Importância da leitura e da escrita de gêneros textuais diversos e do uso de portadores sociais de texto ...... 30 
 
Aula 04: Alfabetização e Letramento nas instituições educativas ........................................................ 35 
 Tópico 01: Alfabetização e letramento no contexto da Educação Infantil............................................. 35 
 Tópico 02: Alfabetização e letramento no contexto dos anos iniciais do Ensino Fundamental ............ 43 
 Tópico 03: Alfabetização e letramento no contexto da Educação de Jovens e Adultos ........................ 49 
 
TÓPICO 01: CONCEITOS DE LETRAMENTO E DE ALFABETIZAÇÃO
Prezados Estudantes, o principal objetivo dessa disciplina é oferecer 
subsídios teórico-metodológicos para que ao final, vocês possam:
- compreender os conceitos de alfabetização e letramento e a relação 
existente entre esses dois processos;
- entender como se dá a apropriação do sistema de escrita alfabética 
pelas crianças e adultos ainda não alfabetizados;
- planejar práticas de alfabetização e letramento efetivas;
- conhecer variados métodos de alfabetização e as concepções de 
aprendizagem, ensino e língua escrita a eles subjacentes.
Para atingir esse objetivo, o conteúdo da disciplina foi organizado em 04 
aulas:
AULA 01: CONCEITOS INICIAIS
Tópico 01: Conceitos de letramento e de alfabetização;
Tópico 02: Relações entre letramento e alfabetização. 
AULA 02: APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESCRITA
Tópico 01: Apropriação do sistema de escrita alfabética;
Tópico 02: Métodos de Alfabetização.
AULA 03: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Tópico 01: Princípios didáticos - metodológicos para a alfabetização e 
para o letramento;
Tópico 02: Importância da leitura e da escrita de gêneros textuais 
diversos e do uso de portadores sociais de texto.
AULA 04: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
Tópico 01: Alfabetização e letramento no contexto da Educação 
Infantil;
Tópico 02: Alfabetização e letramento no contexto dos anos iniciais do 
Ensino Fundamental; 
Tópico 03: Alfabetização e letramento no contexto da Educação de 
Jovens e Adultos.
Vocês devem estar ansiosos por essa disciplina, afinal de contas, em 
uma sociedade letrada como a nossa, a aprendizagem da língua escrita é 
condição essencial para o pleno desenvolvimento da cidadania. 
Cabe ao professor da Educação Infantil, dos anos iniciais do Ensino 
Fundamental e das turmas de Educação de Jovens e Adultos a tarefa de 
mediar os processos de alfabetização e letramento a fim de que nenhuma 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 01: CONCEITOS INICIAIS
1
ALFABETIZAÇÃO
É a aquisição do sistema convencional de escrita.
Diz respeito ao processo específico e 
indispensável de apropriação do sistema de escrita, 
a conquista dos princípios alfabético e ortográfico 
que possibilitem ao aluno ler e escrever com 
autonomia. Noutras palavras, alfabetização diz 
respeito à compreensão e ao domínio do chamado 
“código” escrito, que se organiza em torno de 
relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e 
outras convenções) usadas para representá-la, a 
pauta, na escrita. (VAL, 2006, p.19)
criança, jovem ou adulto conclua sua escolaridade básica sem entender e 
usar adequadamente e, a favor da vida e da promoção humana, o código 
escrito. Para cumprir bem essa missão, precisamos de uma formação 
profissional sólida que nos permita realizar um trabalho pedagógico 
consciente, fundamentado em estudos e pesquisas e que leve em conta as 
necessidades e os interesses dos principais destinatários da educação.
Neste sentido, a leitura dos textos a seguir e o 
desenvolvimento das atividades propostas são imprescindíveis. 
Boa leitura e boa reflexão!
Para dar inicio a nossa aula, observe o diálogo a seguir, estabelecido a 
partir da leitura de uma notícia de jornal:
O que a imagem revela? A manchete da notícia foi lida? Foi 
compreendida? 
Bom, as respostas a essas indagações nos remetem aos conceitos 
centrais da nossa disciplina: o que é alfabetização? O que é letramento?
CONCEITOS DE LETRAMENTO E DE ALFABETIZAÇÃO
2
LETRAMENTO
É o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso 
competente da leitura e da escrita em práticas sociais.
Trata-se de um processo que tem início quando 
a criança começa a conviver com as diferentes 
manifestações da escrita na sociedade (placas, 
rótulos, embalagens comerciais, revistas, etc.) e se 
prolonga por toda a vida, com a crescente 
possibilidade de participação nas práticas sociais 
que envolvem a língua escrita, como a leitura e 
redação de contratos, de livros científicos, de obras 
literárias, por exemplo. (VAL, 2006, p.19)
Embora distintos, Alfabetização e Letramento são processos 
interdependentes e indissociáveis. Por quê?
VERSÃO TEXTUAL
Alfabetização – só tem sentido quando desenvolvida no 
contexto de práticas sociais de leitura e de escrita e por meio dessas 
práticas, ou seja, em um contexto de letramento.
Letramento – só pode desenvolver-se na dependência da escrita 
e por meio de sua aprendizagem.
É preciso que tenhamos bastante clareza que:
(...)Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, 
antes de mais nada, aprender a ler o mundo, 
compreender o seu contexto, não numa manipulação 
mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica 
que vincula linguagem e realidade. (PAULO FREIRE)
Assim, letrar significa inserir a criança e o adulto no mundo 
letrado, trabalhando com os diferentes usos da escrita na 
sociedade.
A melhor maneira de começar a ampliar seus conhecimentos sobre os 
conceitos iniciais e principais da disciplina é fazer logo uma atividade. 
Então...
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Conceituando 
alfabetização e letramento. In: SANTOS, Carmi Ferraz; MENDONÇA, 
3
Márcia (org.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. 
Belo Horizonte: Autêntica, 2007. Disponível em: 
http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/Formacao/Alfabetizacao_letramento_Livro.pdf 
[1] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
VAL, Maria G. C. O que é ser alfabetizado e letrado? In: Carvalho, 
Maria A. F. & Mendonça, Rosa H. (org.). Práticas de leitura e 
escrita. Brasília:Ministério da Educação, 2006. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/grades/salto_ple.pdf 
[2] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
FONTES DAS IMAGENS
1. http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/Formacao/Alfabetizacao_letramen
to_Livro.pdf
2. http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/grades/salto_ple.
pdf
3. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
4
TÓPICO 02: RELAÇÕES ENTRE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
ALFABETIZAÇÃO
A Alfabetização diz respeito ao processo de aquisição da “tecnologia da 
escrita”; isto é, do conjunto de técnicas – procedimentos, habilidades – 
necessárias para a prática da leitura e da escrita: as habilidades de 
codificação de fonemas em grafemas e de decodificação de grafemas em 
fonemas.
LETRAMENTO
O Letramento se refere “ao exercício efetivo e competente da 
tecnologia da escrita, o que implica na aprendizagem de habilidades como: 
capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos; interpretar 
e produzir diferentes tipos e gêneros de textos; saber utilizar a escrita para 
encontrar ou fornecer informações”.
Olá, caros estudantes. 
Neste tópico, além de aprofundar os conhecimentos sobre os 
conceitos de Letramento e Alfabetização, iremos entender melhor as 
relações que existem entre esses dois processos. Esse conhecimento lhe 
possibilitará compreender um pouco mais os usos e funções sociais da 
escrita hoje.
Magda Soares, uma das estudiosas que conhecemos no Tópico 01 
desta primeira aula, nos ajuda a entender melhor esse assunto. É inspirada 
nela que algumas características que envolvem os conceitos de Alfabetização 
e Letramento são listadas a seguir: 
LEITURA COMPLEMENTAR
Livros de Magda Soares para leitura:
• Letramento: Um tema em três gêneros
• Alfabetização e letramento
• Linguagem e escola: Uma perspectiva social
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 01: CONCEITOS INICIAIS
5
Com base nas leituras e reflexões que foram realizadas no Tópico 01, 
podemos afirmar sem medo de errar que:
- o letramento não é uma espécie de preparação para a alfabetização;
- a alfabetização não é condição indispensável para o início do processo 
de letramento;
- quando a ação pedagógica do professor é orientada para o letramento, 
não é necessário e nem recomendável, descuidar-se do trabalho 
específico com o sistema de escrita;
- cuidar da dimensão linguística, visando à alfabetização, não implica 
exclusão do trabalho voltado para o letramento; 
- não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar, trata-se de 
alfabetizar letrando. 
À medida que vamos compreendendo melhor os conceitos de 
Alfabetização e Letramento, vai ficando cada vez mais óbvio que o grande 
desafio que se coloca hoje para as escolas é o de conciliar alfabetização e 
letramento, de forma a assegurar aos alunos a apropriação do sistema 
alfabético/ortográfico (ALFABETIZAÇÃO) e a plena condição de uso da 
língua nas práticas sociais de leitura e escrita (LETRAMENTO). 
(...) Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos 
que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança 
que pensa. (Emília Ferreiro)
VERSÃO TEXTUAL
Será que a escola está conseguindo fazer isso? Como foi a sua 
história de apropriação da língua escrita, ou seja, no processo inicial 
de aprender a ler e a escrever, as experiências com a leitura e a escrita 
6
possibilitadas pela escola que vocês frequentaram tinham sentido para 
vocês? Ajudavam a compreender o que a escrita representa, como ela 
representa e qual a sua finalidade na vida das pessoas? Essas reflexões 
nos ajudam também a pensar sobre a qualidade das experiências com 
a língua escrita que você, futuro pedagogo, oferecerá aos seus alunos? 
Que marcas deixarão?
REFLEXÃO 1
As imagens apresentadas a seguir apresentam alguma semelhança 
com as práticas de leitura e escritas a que você teve acesso na infância? 
Será que o seu conteúdo contribui realmente coma aprendizagem da 
língua escrita? Por quê?
Alfabeto
Letra A
7
REFLEXÃO 2
Você concorda com a opinião do educador brasileiro Paulo Freire, 
transcrita logo a seguir? Por quê? 
FÓRUM
Neste fórum suas participações dividem-se em duas etapas. 
Na primeira você deve:
Registrar aquilo que você já sabe sobre a temática alfabetização e 
letramento acrescido do que você estudou nos dois tópicos
1. Responda de acordo com sua experiência e com as leituras realizadas 
nos tópicos 1 e 2 da aula 01.
a) O que é alfabetização?
b) O que é letramento?
c) A pessoa pode ser alfabetizada sem ser letrada? Como?
d) A pessoa pode ser letrada sem ser alfabetizada? Como?
Etapa 2
Acrescente a suas falas duas ideias que você considera como sendo as 
mais importantes sobre a relação entre alfabetização e letramento, 
retiradas do texto O que é ser alfabetizado e letrado? de autoria de Maria 
da Graça Costa Val.
Use exemplos da escrita do seu cotidiano nos momentos fora e dentro 
de seu local de trabalho.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Leia o texto “Conceituando alfabetização e letramento” (Visite a aula 
online para realizar download deste arquivo.) de autoria de Eliana Borges 
Correia de Albuquerque, destacando as ideias principais.
Organize seu texto nos moldes de fichamento: 
Letras enfeitadas
8
Como fazer:
Título: Fichamento
Após o título, escrever o Registro bibliográfico do texto.
Em seguida colocar o seu nome e transcrever as ideias da autora, cada 
uma seguida de seu comentário. (Registre quantas ideias achar 
necessário).
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Maria Angélica Freire de; MENDONÇA, Rosa Helena 
(orgs.). PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA. Brasília: Ministério da 
Educação, 2006.
SANTOS, Carmi Ferraz; MENDONÇA, Márcia (orgs.). 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: conceitos e relações. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2007. 
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
9
TÓPICO 01: APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA
VERSÃO TEXTUAL
Olá! Hoje, iremos entender um pouco melhor os processos de 
construção e apropriação da língua escrita e de seu sistema de 
representação pelas crianças no contexto de uma cultura letrada.
Você já parou para pensar como isso acontece? Aliás, você já 
parou para pensar como surgiu a escrita na História da humanidade e 
como ela passou a assumir a importância que tem hoje? Importância, 
sim! Porque as pessoas que vivem em uma sociedade letrada como a 
nossa e não sabem ler e escrever, levam desvantagens em vários 
aspectos da vida social! Há muitos estudiosos que afirmam que A
LEITURA É UMA EXCELENTE ALIADA PARA A EMANCIPAÇÃO
HUMANA E SOCIAL.
A imagem, a seguir, é um exemplo dos usos e abusos que determinados 
grupos “fazem” de pessoas que não dominam o código escrito e a sua função 
social. Pensemos um pouco sobre isso!
Fonte [1]
Como a imagem sugere, o fato de não saber ler e escrever restringe em 
muito os direitos das pessoas e dos grupos. Como destaca a estudiosa Magda 
Soares, em seu livro Letramento: um tema em três gêneros (2004, p. 17-18):
A escrita traz conseqüências culturais, políticas, 
econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o 
grupo social em que esta introduzida, quer para o 
indivíduo que aprende a usá-la. [...] do ponto de vista 
individual, o aprender a ler e escrever – alfabetizar-se, 
deixar de ser analfabeto, torna-se alfabetizado, 
adquirir a “tecnologia” do ler e escrever e envolver-se 
nas praticas de leitura e de escrita – tem 
conseqüências sobre o individuo, e altera seu estado 
ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 02: APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESCRITA
10
políticos, cognitivos, lingüísticos e até mesmo 
econômicos.
Neste sentido, a pessoa que foi privada dessa aprendizagem... Digo 
PRIVADA, PORQUE TODAS AS PESSOAS, SEJAM CRIANÇAS, JOVENS OU
ADULTOS, SÃO CAPAZESDE APRENDER, desde que lhe sejam oferecidas as 
condições adequadas para isso! Então, quem não teve a oportunidade de 
frequentar uma boa instituição escolar que lhe possibilitasse alfabetizar-se e 
letrar-se, leva desvantagens em vários sentidos, pois ficam impossibilitadas 
de:
• transitar com autonomia pela sociedade letrada, ficando sempre 
na dependência de outra pessoa, como no seguinte depoimento:
 • utilizar a escrita e a leitura para se informar, se expressar, 
documentar, planejar, registrar, auxiliar a memória, aprender; 
 • sentir-se motivada a se dedicar à leitura como forma de fruição e de 
lazer; 
 • exercer plenamente a sua cidadania. 
Antes de continuar nossa reflexão sobre a língua escrita e suas 
contribuições para a emancipação humana e para a apropriação de outros 
conhecimentos, vamos dar uma olhada no vídeo a seguir.
MULTIMÍDIA
O vídeo trata da origem da escrita e de como o sistema escrito 
alfabético se organizou. Pode parecer estranho, mas a escrita nem sempre 
existiu. Sua origem está relacionada às necessidades humanas e é a isso 
que ele deve fazer jus desde então.
11
De acordo com a estudiosa Ana Teberosky (2003), é de especial 
importância apresentar às crianças os suportes de linguagem escrita, ou seja, 
os objetos elaborados, especialmente, para a escrita, sobretudo, livros e 
revistas e também aqueles que são pouco frequentes em suas casas. Neste 
caso, o professor precisa conhecer bem o grupo com o qual trabalha para 
poder saber que suportes de texto ele tem acesso e quais os que não conhece 
ainda e seria interessante conhecer. Como você acha que o professor pode 
fazer isso?
Lembre-se! É participando, cotidianamente, de situações de leitura e 
escrita que as crianças vão atribuindo significado a esse objeto cultural e 
pensando sobre a sua função e estrutura. Afinal, a aprendizagem da língua 
escrita não se dá de forma passiva. Para construir conhecimentos sobre a 
escrita, a criança precisa interagir com ela, ou seja, participar de variados 
eventos em que a escrita esteja presente e seja necessária.
Para Emília Ferreiro, uma boa estratégia para possibilitar o 
contato ativo das crianças com a língua escrita e, assim, despertar 
a sua curiosidade e vontade de aprender, é transformar a sala de 
aula num AMBIENTE ALFABETIZADOR. Mas, o que é um 
ambiente alfabetizador? 
Para Ana Teberosky, ambiente alfabetizador “é aquele em 
que há uma cultura letrada, com livros, textos digitais ou em 
papel, um mundo de escritos que circulam socialmente”
A consulta a um importante documento publicado pelo Ministério da 
Educação, em 1998, intitulado Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil (RCNEI), nos ajuda a entender melhor as características 
de um ambiente alfabetizador: 
Diz-se que um ambiente é alfabetizador quando 
promove um conjunto de situações de usos reais de 
leitura e escrita nas quais as crianças têm a 
oportunidade de participar. Se os adultos com quem 
as crianças convivem utilizam a escrita no seu 
cotidiano e oferecem a elas a oportunidade de 
12
presenciar e participar de diversos atos de leitura e de 
escrita, elas podem, desde cedo, pensar sobre a língua 
e seus usos, construindo idéias sobre como se lê e 
como se escreve (BRASIL, 1998, p. 151).
OBSERVAÇÃO
Você já conhecia esse documento? Ele constitui uma fonte de 
pesquisa importante para os professores que trabalham ou pretendem 
trabalhar com a Educação Infantil e encontra-se disponível para download 
no sitio do Ministério da Educação: www.mec.gov.br [2].
O RCNEI também oferece outras dicas importantes para ajudar a refletir 
sobre alguns equívocos a cerca do que seja um ambiente alfabetizador e de 
como ele pode ser útil para a aprendizagem da língua escrita:
- a expressão “ambiente alfabetizador” não deve ser confundida com a 
imagem de uma sala com paredes cobertas de textos expostos e, às 
vezes, até com etiquetas nomeando móveis e objetos; 
- a participação ativa das crianças em eventos de letramento configura 
um ambiente alfabetizador na instituição; 
- um bom ambiente alfabetizador é construído por meio da 
comunicação interativa e de mão dupla com a criança; 
- expor as crianças a práticas de leitura e escrita está relacionado com a 
oferta de oportunidades de participação em situações nas quais a 
escrita e a leitura se faça necessária, ou seja, nas quais a escrita tenha 
de fato uma função real de expressão e comunicação. 
No contexto da Educação Infantil, várias situações de comunicação 
necessitam da mediação da escrita e, portanto, devem envolver a 
participação das crianças. Assim, quando o professor lê, em voz alta, uma 
instrução escrita de uma regra de jogo, quando lê uma notícia de jornal de 
interesse das crianças, quando informa sobre o dia e o horário de uma festa 
em um convite de aniversário, quando anota uma idéia para não esquecê-la 
ou quando envia um bilhete para os pais e tem a preocupação de lê-lo para as 
crianças, permitindo que elas se informem sobre o seu conteúdo e intenção 
(BRASIL, 1998) está empenhado na função de alfabetizar e letrar as crianças.
Emília Ferreiro e seus colaboradores, por meio de estudos e 
observações, concluíram que as crianças, mesmo bem pequenas, que 
vivenciam práticas sociais de leitura e escrita no seu contexto, constroem 
muitas hipóteses sobre o que a escrita representa e como ela é representada, 
buscando compreender o nosso sistema alfabético de escrita. 
Em um ambiente alfabetizador e com a mediação do professor e/ou de 
outras crianças que já tem o domínio do sistema de escrita alfabética, a 
criança aprende, por exemplo, que “desenha-se com figuras” e “escreve-se 
com letras”. Essa não é uma aprendizagem natural, espontânea, como se 
pensou durante muito tempo. A construção desse conhecimento “desenha-se 
13
com figuras” e “escreve-se com letras” não seria possível sem a intervenção 
intencional de um leitor.
Os princípios listados por Fernanda Leal e Artur Morais (2010, p. 30) 
nos ajudam a entender melhor o que é e como funciona o sistema de escrita 
alfabético:
a) Escreve-se com letras, que não podem ser inventadas, que têm um 
repertório finito e que são diferentes de números e outros símbolos; 
b) As letras têm formatos fixos e pequenas variações produzem 
mudanças na identidade das mesmas (p, q, b, d), embora uma letra 
assuma formatos variados (P, p, P, p); 
c) A ordem das letras é definidora da palavra que, juntas, elas 
configuram e uma letra pode se repetir no interior de uma palavra e em 
diferentes palavras; 
d) Nem todas as letras podem vir juntas de outras e nem todas podem 
ocupar certas posições no interior das palavras; 
e) As letras notam a pauta sonora e não as características físicas ou 
funcionais dos referentes que substituem; 
f) Todas as sílabas do Português contêm uma vogal; 
g) As sílabas podem variar quanto às combinações entre consoantes, 
vogais e semivogais (CV, CCV, CVSv, CSvV, V,CCVCC...), mas a 
estrutura predominante é a CV (consoantevogal); 
h) As letras notam segmentos sonoros menores que as sílabas orais que 
pronunciamos; 
i) As letras têm valores sonoros fixos, apesar de muitas terem mais de 
um valor sonoro e certos sons poderem ser notados com mais de uma 
letra. 
FÓRUM
14
Diversas pesquisas sobre a alfabetização, tanto de crianças como de 
adultos, tem mostrado que para se apropriar do nosso sistema de 
representação da escrita, ou seja, para aprender a ler e escrever 
convencionalmente, compreendendo os usos e funções da língua escrita, a 
pessoa precisa construir respostas para duas questões muito importantes:
1 . O que a escrita representa?
2 . Qual a estrutura do modo de representação da escrita?
Que respostas você daria para essas questões? Escreva um pouco 
sobre isso e compartilhe, em seguida, com os seus colegas de turma.
MULTIMIDIA
Agora, convido-lhe a assistir ao vídeo "O menino que perdeu sua 
Geografia" e, por analogia, pensarse também podemos afirmar que na 
escola “o menino perdeu a sua língua”.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
A fim de melhor compreender os princípios e os caminhos ou etapas 
que as crianças percorrem para compreender o sistema de escrita 
alfabético, leia o texto “Como as crianças aprendem a escrita alfabética? O 
que a capacidade de refletir sobre “os pedaços sonoros” das palavras tem a 
ver com isso? (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)”, 
de autoria de Artur Gomes de Morais.
Depois de ler o texto do Artur Gomes de Morais, faça uma síntese 
sobre as principais ideias do autor sobre o sistema de escrita alfabética.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de 
Educação Fundamental. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL
PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.
LEAL, Telma F.; MORAIS, Artur. O aprendizado do Sistema de Escrita 
Alfabética: uma tarefa complexa, cujo funcionamento precisamos 
compreender. In: LEAL, T.F.; ALBUQUERQUE, E.B.C.; MORAIS, A.G. 
15
ALFABETIZAR LETRANDO NA EJA: fundamentos teóricos e propostas 
didáticas. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
SOARES, Magda. LETRAMENTO: um tema em três gêneros. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2004.
TEBEROSKY, Ana. COLOMER,Teresa. APRENDER A LER E A
ESCREVER: uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://megaarquivo.wordpress.com/tag/problemas-sociais/
2. http://www.mec.gov.br
3. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
16
TÓPICO 02: MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
VERSÃO TEXTUAL
Prezados estudantes,
Neste tópico iremos abordar diferentes formas de alfabetizar. 
Estas formas foram se modificando ao longo do tempo à medida que 
novas descobertas e pesquisas foram sendo feitas acerca do sistema de 
escrita alfabética e também sobre a forma como as pessoas constroem 
conhecimentos.
Iniciaremos os estudos sobre esse assunto com um exercício de 
memória do tempo em que vocês eram crianças e foram se 
apropriando dos conhecimentos acerca da língua escrita. Mais uma 
vez destaco que as atividades e leituras indicadas nessa aula são 
fundamentais para que você possa ampliar os seus conhecimentos 
sobre alfabetização e letramento, o que será vital para o exercício da 
sua profissão docente.
Depois de ter compreendido um pouco melhor os processos de 
construção e apropriação da língua escrita e de seu sistema de representação 
pelas crianças e adultos que ainda não consolidaram essa aprendizagem, 
hoje, iremos conhecer e refletir sobre alguns métodos de alfabetização. O uso 
dessa expressão “métodos de alfabetização” no plural já sinaliza que a 
alfabetização, ao longo do tempo, tem sido organizada e orientada por 
metodologias diversas.
Se cada um de nós fizer um exercício de memória para lembrar o tempo 
de criança, quando estava no processo inicial de aprendizagem da língua 
escrita, certamente, verá que a forma de trabalhar com a escrita tem 
mudado. Em parte, essa mudança é decorrente também de outras mudanças 
mais amplas como, por exemplo, na forma de compreender o que é ensinar, 
o que é aprender, o papel do professor, o papel do estudante.
REFLITA
Procure lembrar o tempo em que você foi alfabetizado.
- o tipo de escola que frequentou: rural ou urbana, pública ou privada, com 
turmas seriadas ou multisseriadas;
- materiais escolares utilizados por você e por seu professor;
- método utilizado pelo professor;
- tipos de atividades;
- formas de avaliação;
- principais dificuldades enfrentadas para aprender a ler e escrever.
Escreva sobre isto para comentar com seus colegas.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 02: APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESCRITA
17
Ao descrever a escola em que se alfabetizou, os materiais utilizados, a 
metodologia empregada pelos professores, as atividades que os alunos 
tinham de realizar e as formas como eram avaliados, você, certamente, está 
caracterizando um método de alfabetização. Se pensar sobre esse método, 
não será difícil identificar o que a escola que frequentou na infância 
compreendia por alfabetização, que papel assumia o professor e o aluno 
nesse processo e a função atribuída à língua escrita. Compartilhando essas 
memórias com seus colegas, facilmente perceberá coincidências de uso de 
um mesmo material, numa mesma região ou Estado, e também o uso 
simultâneo de métodos diferentes, numa mesma época. Além disso, 
comparando suas memórias com as experiências das crianças com as quais 
tem contato hoje, rapidamente identificará marcas ou posturas que ainda se 
repetem na atualidade.
Como você já aprendeu em outras disciplinas, durante muito tempo se 
pensou que a criança chegasse à creche ou à escola como se fosse uma 
folha de papel em branco, sem saber nada. Cabia ao professor “preencher” 
essa folha “transmitindo” todos os conhecimentos que possuía.
No que diz respeito à aprendizagem da leitura e da escrita, a 
compreensão não era diferente. Inclusive, acreditava-se que, sobretudo, as 
crianças filhas das famílias de classes trabalhadoras (como domésticas, 
serventes, vigilantes, camelôs, operários, agricultores etc.) não “tinham 
cultura”, não “sabiam nada de leitura”. 
Como vimos nos textos indicados na Aula 01 (tópicos 01 e 
02) e Aula 02 (tópico 01), É IMPROVÁVEL QUE EM UMA
SOCIEDADE LETRADA COMO A NOSSA, AS CRIANÇAS DE
QUALQUER GRUPO SOCIAL NÃO TENHAM CONSTRUÍDO
CONHECIMENTOS SOBRE A LÍNGUA ESCRITA ANTES DE
INGRESSAR NA ESCOLA OBRIGATÓRIA.
Desta forma, nenhuma criança ou adulto que ainda não aprendeu a ler 
convencionalmente, ingressa na escola partindo de um “ponto zero” de 
aprendizagem sobre os usos e funções da língua escrita e tampouco não 
possui alguma hipótese sobre a estrutura do sistema alfabético de escrita.
Todas as crianças que chegam às escolas públicas 
e privadas são crianças reais, capazes de aprender a 
ler e a escrever. Resta que a escola identifique o seu 
percurso no processo de aquisição da língua escrita, 
organizando suas atividades de modo que a vivência 
do ler e do escrever, na instituição educacional, seja 
rica, útil, podendo informar, transmitir 
conhecimentos, entreter e, enfim, tenha a gama de 
usos e funções socioculturais que a caracterizam na 
sociedade. (BRITO, 2007)
18
Outra ideia equivocada que permeou o pensamento e a prática de 
muitos professores e que, algumas vezes, ainda interfere muito na escola, é a 
de que as crianças aprendem sozinhas desde que lhe sejam disponibilizados 
portadores textuais. Também isso nós já aprendemos que não acontece, não 
é mesmo? PARA QUE A CRIANÇA APRENDA A LER E A ESCREVER, 
COMPREENDENDO A FUNÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA, É NECESSÁRIO QUE
PARTICIPE, COTIDIANAMENTE, DE SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA. 
Assim, irá atribuindo significado a esse objeto cultural e pensando sobre a 
sua função e estrutura. Afinal, a aprendizagem da língua escrita não se dá de 
forma passiva. Para construir conhecimentos sobre a escrita, a criança 
precisa interagir com ela, ou seja, participar de variados eventos em que a 
escrita esteja presente e seja necessária.
Sem dúvida, muitas práticas e compreensões inadequadas ajudam a 
entender as manchetes de matérias estampadas nos jornais impressos e 
eletrônicos de grande circulação no país, desde o último dia 17 de setembro 
de 2015, quando o Ministério da Educação divulgou os resultados da 
Avaliação Nacional de Alfabetização:
Fonte [1]
Fonte [2]
Fonte [3]
19
OBSERVAÇÃO
A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) é uma avaliação externa 
instituída pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (INEP), que objetiva aferir os níveis de alfabetização e 
letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática dos 
estudantes do 3º ano do ensino fundamental das escolas públicas.
Além dos testes de desempenho, que medem a proficiência dos 
estudantes nessas áreas, a ANA apresenta em suaprimeira edição as 
seguintes informações contextuais: o Indicador de Nível Socioeconômico e 
o Indicador de Formação Docente da escola. Para maiores informações, 
consultar o seguinte endereço eletrônico: 
http://portal.inep.gov.br/web/saeb/ana/resultados [4].
Como vimos, em decorrência de transformações ocorridas tanto na 
forma de compreender a educação, o papel do professor e do aluno, bem 
como das contribuições de pesquisadoras como Emília Ferreiro, Ana 
Teberosky e Magda Soares, a compreensão do que seja alfabetizar e dos 
modos de alfabetizar tem sido ampliada e transformada. 
Se antes, a expressão “método de alfabetização” referia-se ao modo de 
ensinar apenas alguns conteúdos específicos e próprios da fase inicial da 
aprendizagem, através de um livro, de princípios ou da prática particular de 
um professor, hoje, a mesma expressão inclui uma didática da alfabetização, 
o que implica afirmar que o professor precisa se organizar para melhor 
ensinar. Sendo assim, não deve prescindir de uma direção, o que não 
significa buscar o controle da aprendizagem, sem embasamento teórico, 
optando rigidamente por um só caminho e um só material didático. Afinal de 
contas, para a aprendizagem não há controle. Essa é uma ideia muito 
importante defendida pela professora Isabel Cristina Alves da Silva Frade, 
em seu livro “Métodos e didáticas de alfabetização: história, características e 
modos de fazer de professores”.
De acordo com Frade (2005, p. 16),
A didática da alfabetização incorpora uma série 
de procedimentos que são complexos e implicam em 
escolhas de diversos caminhos. Neste sentido, o 
professor alfabetizador precisa dominar os métodos 
clássicos de alfabetização, mas também uma série de 
outros procedimentos relacionados à organização do 
tempo e espaço na sala de aula, à escolha dos 
melhores materiais e situações de ensino, à definição 
de conteúdos e do ambiente de uso da cultura escrita 
na sala de aula. Ele precisa também pesquisar o 
desenvolvimento dos alunos e o conhecimento que 
estes e suas famílias têm sobre as práticas de escrita. 
Além disso, precisa observar como os alunos estão 
compreendendo os conteúdos ensinados, para avaliar 
20
as alterações que deve fazer em seu trabalho e no 
trabalho de alfabetização da escola.
REFLEXÃO
Antes de passar para a leitura do texto complementar que apresenta e 
explica vários métodos e práticas de alfabetização, convido-os a refletir 
sobre um trecho de uma entrevista concedida à Revista Nova Escola, por 
Ana Teberosky.
Revista Nova Escola: De quem é a culpa quando uma criança não é 
alfabetizada?
Ana Teberosky - A responsabilidade é de todo o sistema, não apenas 
do professor. Quando a escola acredita que a alfabetização se dá em etapas 
e primeiro ensina as letras e os sons e mais tarde induz à compreensão do 
texto, faz o processo errado. Se há separação entre ler e dar sentido, fica 
difícil depois para juntar os dois. (REVISTA NOVA ESCOLA, 2015)
Fonte [5]
Você concorda com a opinião dessa estudiosa?
PARA SABER MAIS
Visando a aprofundar o assunto e entender melhor os 
diferentes métodos de alfabetização e as concepções que os 
fundamentam, leia o texto "Organizando as classes de 
alfabetização: processos e métodos" [6], de autoria de Maria 
das Graças de Castro Bregunci. Depois de ler o texto, faça uma 
lista dos métodos de alfabetização listados pela autora e 
comente cada um deles.
REFERÊNCIAS
BREGUNCI, Maria das Graças de Castro. ORGANIZANDO AS CLASSES
DE ALFABETIZAÇÃO: PROCESSOS E MÉTODOS. Disponível em: 
http://www.alemdasletras.org.br/biblioteca/material_formadoras/Salto_para_o_futuro_Praticas_de_leitura_e_escrita.pdf 
[7] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.). Acesso 
em:01 Set de 2015. 
BRITO, ANTONIA EDNA. Prática pedagógica alfabetizadora: a 
aquisição da língua escrita como processo sociocultural. REVISTA
IBEROAMERICANA DE EDUCACIÓN. n.º 44/4, EDITA: Organización 
de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura 
(OEI). 10 de noviembre de 2007. 
FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva. MÉTODOS E DIDÁTICAS DE
ALFABETIZAÇÃO: história, características e modos de fazer de 
professores: caderno do professor. Belo Horizonte: 
CEALE/FAE/UFMG, 2005. 
21
MORAIS, Artur Gomes de. COMO AS CRIANÇAS APRENDEM A
ESCRITA ALFABÉTICA? O QUE A CAPACIDADE DE REFLETIR SOBRE
“OS PEDAÇOS SONOROS” DAS PALAVRAS TEM A VER COM ISSO?. 
Disponível em: 
http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/docum 
[8]. Acesso em: 01 Set de 2015. 
FONTES DAS IMAGENS
1. http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/09/17/pnaic-1-a-cada-5-
alunos-de-8-anos-nao-esta-alfabetizado.htm
2. http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/brasil/2015/09/18/noticia
sbrasil,3506077/um-em-cada-cinco-estudantes-sao-analfabetos-aponta-
pesquisa.shtml
3. http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2015/09/1
7/interna_brasil,598649/norte-e-nordeste-registram-piores-resultados-na-
avaliacao-de-alfabetizacao.shtml
4. http://portal.inep.gov.br/web/saeb/ana/resultados
5. http://novaescola.org.br/conteudo/251/ana-teberosky-debater-e-
opinar-estimulam-a-leitura-e-a-escrita
6. http://www.solar.virtual.ufc.br/users/sign_in
7. http://www.alemdasletras.org.br/biblioteca/material_formadoras/Salto
_para_o_futuro_Praticas_de_leitura_e_escrita.pdf
8. http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/docum
9. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
22
TÓPICO 01: PRINCÍPIOS DIDÁTICOS - METODOLÓGICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO E PARA O LETRAMENTO
VERSÃO TEXTUAL
Caros estudantes,
Agora, que já entendemos melhor os conceitos de alfabetização e 
letramento e de como acontecem os processos de construção e 
apropriação da linguagem escrita e de seu sistema de representação 
pelas crianças no contexto de uma cultura letrada, nesta aula iremos 
nos deter nos princípios didáticos e metodológicos que precisam ser 
observados pelo professor para que possa contribuir com a 
alfabetização e o letramento de crianças, jovens e adultos. Os textos e 
atividades propostas nesta aula ajudarão a refletir sobre alguns 
princípios teórico-metodológicos para o trabalho com a alfabetização e 
o letramento, partindo do uso social da linguagem até chegar ao 
domínio do código alfabético.
A partir das reflexões propiciadas pela disciplina até aqui, certamente, 
você já entendeu que concepções equivocadas tanto com relação aos 
conceitos de alfabetização e letramento quanto à forma como o sujeito 
aprende e ao papel do professor nesse processo, deram origem a muitas 
práticas e continuam ainda a fundamentar práticas pedagógicas escolares 
que não possibilitam ao estudante tornar-se, de fato, um sujeito alfabetizado 
e letrado.
Para começo de conversa, relembremos os conceitos fundamentais dessa 
disciplina:
LETRAMENTO: “estado ou condição de quem não apenas sabe ler e 
escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a 
escrita” (SOARES, 2003, p. 47). 
ALFABETIZAÇÃO: “aprendizagem da técnica, domínio do código 
convencional da leitura e da escrita e das relações fonema/grafema, do 
uso dos instrumentos com os quais se escreve” (SOARES, 2003, p. 40). 
As manchetes de jornais que divulgaram os resultados da Avaliação 
Nacional de Alfabetização, no dia 17 de setembro de 2015, conforme vimos 
na Aula 02, comprovam o quão ineficazes tem sido as práticas pedagógicas 
que visam ao ensino e à aprendizagem da língua escrita.
Uma coisa é certa: os baixos índices de aprendizagem da 
leitura e escrita, evidenciados pelos resultados de avaliação 
nacionais e locais são motivo de preocupação para todos os 
profissionais, envolvidos direta e indiretamente, com a educação 
escolar.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 03: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
23
Desse contexto de dificuldades da escola para alfabetizar e letrar todas 
as crianças nos anos iniciais doEnsino Fundamental, certo sentimento de 
saudosismo do passado emerge em alguns profissionais que afirmam, 
categoricamente, que:
O professor Frank Smith, que já escreveu vários livros que foram 
traduzidos para o português e atualmente, realiza pesquisas sobre 
alfabetização, computadores e educação, faz sérias críticas às práticas 
pedagógicas que focam apenas a metodologia, impondo ao estudante uma 
postura passiva e abordando a língua escrita de forma descontextualizada:
VERSÃO TEXTUAL
“A leitura é conquistada com a experiência e não com o 
ensino” (SMITH, 1997, p. 13).
“Esperar que a criança aprenda a ler através de materiais sem sentido 
é o método mais fácil de tornar o aprendizado da leitura 
impossível” (SMITH, 2003, p. 07).
“As metodologias tradicionais dão certo com algumas crianças, mas 
nenhuma delas é eficaz com todas as crianças” (SMITH, 1997, p. 70).
Outro autor que nos ajuda a refletir sobre alguns equívocos cometidos 
por professores com relação ao uso de metodologias diversas que nem 
sempre são coerentes com a concepção de alfabetizar letrando, é Sérgio 
Antonio da Silva Leite. Ele chama a atenção, especialmente, para o 
reducionismo de propostas de trabalho focadas exclusivamente no 
letramento. Baseado em apropriações inadequadas de princípios 
construtivistas, muitos professores apostam no espontaneísmo, “deixando às 
crianças ‘interagir’ com materiais escritos” sem a devida intervenção 
pedagógica, o que tem resultado em consequências nefastas para o processo 
de alfabetização escolar.
24
REFLEXÃO
Pensando sobre a aprendizagem da língua escrita e considerando o 
que já estudamos com o auxílio de textos complementares, assistência a 
vídeos, participação nos fóruns, você concorda com a afirmação abaixo? 
Por quê?
Sobre a perspectiva de alfabetizar letrando, a professora Silvia Colello 
destaca a necessidade de o professor utilizar-se de estratégias que 
possibilitem a necessária articulação entre: “DESCOBRIR A
ESCRITA” (conhecimento de suas funções e formas de manifestação), 
“APRENDER A ESCRITA” (compreensão das regras e modos de 
funcionamento, aspectos notacionais) e “USAR A ESCRITA” (cultivo de suas 
práticas a partir de um referencial culturalmente significativo para o sujeito). 
Desta forma, romperia com a ilusória divisão entre o “momento de 
aprender” e o “momento de fazer uso da aprendizagem” (COLELLO, 2010). 
REFLEXÃO
Você acha possível romper com a divisão entre o “momento de 
aprender” e o “momento de fazer uso da aprendizagem” ou você acha que 
realmente é necessário primeiro “aprender a escrever” e só depois 
“aprender a usar a escrita”? Por quê?
Como a escola pode contribuir para mudar a dura realidade apontada 
por resultados de avaliações de desempenho na leitura e escrita, em 
diferentes momentos da educação básica, de grandes contingentes de 
estudantes do ensino fundamental que saem do sistema escolar depois de 
quatro, seis, nove anos de escolaridade, ainda sem saber ler e escrever?
Como ter êxito na tarefa de alfabetizar letrando? 
Veja alguns pressupostos fundamentais que o professor alfabetizador 
precisa considerar ao organizar o seu trabalho de alfabetizar letrando:
25
1ª PRESSUPOSTO
- Embora alfabetização e letramento sejam ações distintas, “o ideal seria 
alfabetizar letrando. Ensinar a ler e escrever no contexto das práticas 
sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao 
mesmo tempo, alfabetizado e letrado” (SOARES, 1998, p. 47).
2ª PRESSUPOSTO
- “As crianças que vivem numa cultura letrada, na qual podem presenciar 
ou vivenciar situações significativas de uso da leitura ou escrita, aprendem 
sobre a linguagem escrita mesmo antes de aprenderem a ler e a escrever 
convencionalmente” (BRASIL, 2006, p.87).
3ª PRESSUPOSTO
- “É fundamental conhecermos as condições de letramento em que vivem 
as crianças e suas famílias, utilizando esse conhecimento como ponto de 
partida para ampliarmos, na Educação Infantil, as possibilidades de as 
crianças cultivarem práticas sociais de leitura e escrita” (BRASIL, 2006, 
p.87).
4ª PRESSUPOSTO
- Para alfabetizar letrando, o professor precisa saber:
“(1) o que é alfabetização, articulando tal conceito ao de letramento, para 
garantir, de fato, a formação de alunos leitores e produtores de diferentes 
espécies de textos; 
(2) o que é a escrita alfabética, além de compreender o que é texto, gênero 
textual e ter concepção clara sobre os princípios gerais a serem adotados 
nos processos de ensino e de aprendizagem; 
(3) quais são as hipóteses que os alunos elaboram e, conseqüentemente, o 
que sabem e não sabem ainda sobre a escrita alfabética, sabendo 
diagnosticar com clareza o grau de conhecimento que possuem sobre o 
sistema, além de conhecer o grau de letramento desses alunos e os tipos de 
evento de letramento de que fazem parte;
(4) os percursos que fazem na apropriação desse sistema e as estratégias de 
aprendizagem que utilizam, articulando a aprendizagem do sistema às 
aprendizagens gerais sobre o funcionamento da língua e sobre os textos; 
(5) os tipos de intervenção didática que são utilizados para ajudá-los a 
percorrer esses caminhos, assim como as conseqüências dessas diferentes 
intervenções pedagógicas” (LEAL, 2005, p.90).
Antonio Sérgio Leite também enumera alguns princípios que considera 
básicos para que o professor tenha êxito na sua função de alfabetizar 
letrando:
• a definição dos objetivos da alfabetização, que devem ser pensados na 
perspectiva da formação da consciência crítica; 
• a consideração da afetividade como dimensão básica no processo de 
alfabetização; 
• a organização coletiva na escola como condição para o sucesso na 
alfabetização; 
26
• a sistematização do trabalho pedagógico do professor em sala de aula 
(LEITE, 2010). 
Em síntese, para este estudioso:
Talvez a diretriz pedagógica mais importante no 
trabalho (...dos professores), tanto na pré-escola 
quanto no ensino médio, seja a utilização da escrita 
verdadeira nas diversas atividades pedagógicas, isto é, 
a utilização da escrita, em sala, correspondendo às 
formas pelas quais ela é utilizada verdadeiramente 
nas práticas sociais. Nesta perspectiva, assume-se que 
o ponto de partida e de chegada do processo de 
alfabetização escolar é o texto: trecho falado ou 
escrito, caracterizado pela unidade de sentido que se 
estabelece numa determinada situação discursiva. 
(LEITE, 2010, p. 25).
Para a professora alfabetizadora, Luciana Maria Giovanni, motivação, 
ação e conhecimento devem ser os principais eixos metodológicos da 
organização de “situações significativas de leitura e escrita”:
A MOTIVAÇÃO deve ser o ponto de partida da 
prática alfabetizadora, e ela se dá por meio de 
atividades que possibilitam a expressão, discussão e 
compreensão do que os alunos já sabem ou fazem. A 
apresentação de novos desafios, através de atividades 
e situações práticas, deve permitir aos alunos novas 
vivências e AÇÕES que, então, devem ser analisadas 
(com perguntas, busca de respostas, estudos) e, assim, 
possam favorecer a interiorização dessa ação, 
transformando-a em CONHECIMENTO, que amplia ou 
modifica o referencial inicial do aluno (CERDAS, 
2012, p. 36).
Ana Teberosky, por sua vez, recomenda que as práticas de alfabetização 
devem considerar atividades distintas para diferentes aspectos da linguagem. 
Assim, o professor precisa considerar que algumas atividades têm como 
objetivo criar condições para que as crianças avancem na compreensão das 
regras do sistema alfabético; outras se destinam à aprendizagem das 
convenções sobre o uso do sistema; e outras para que interpretem e usem a 
linguagem escrita.
Todas elas, entretanto, precisam se basear em textos, tendo 
como ponto de partida a compreensão e a expressão da 
linguagem
27
MULTIMÍDIA
E você, o que acha ser necessário para que de fato as crianças, jovens 
e adultos, se apropriem da língua escrita e compreendamos seus usos e 
funções?
Convido você, agora, a assistir à entrevista com a professora Magda 
Soares sobre Métodos de alfabetização a fim de ampliar ainda mais o seu 
repertório de conhecimentos sobre o assunto e, assim, poder pensar em 
práticas pedagógicas que possam favorecer a aprendizagem da leitura e da 
escrita por crianças, jovens e adultos.
REFERÊNCIAS
BRASIL/MEC/ SEB. LIVRO DE ESTUDO: Módulo IV. Brasília: MEC. 
Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação a Distância, 
2006. (Coleção PROINFANTIL; Unidade 6).
CERDAS, Luciene. PRÁTICAS E SABERES DOCENTES NA
ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
contribuições de pesquisas contemporâneas em educação. 2012. Tese 
(Doutorado). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e 
Letras, São Paulo, 2012.
COLELLO, S. M. G. Alfabetização e letramento: o que será que será? . 
In: ARANTES, V. A. (org.) ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: pontos 
e contrapontos. São Paulo: Summus, 2010. 
GIOVANNI, L. M. O trabalho do professor alfabetizador: organização 
do ensino e consequências para a aprendizagem. In: MICOTTI, M. C. 
de O. (org.) ALFABETIZAÇÃO ESTUDOS E PESQUISAS. Rio Claro: 
UNESP, 1996 (Curso de especialização “Alfabetização” do 
Departamento de Educação Instituto de Biociências de Rio Claro).
LEAL, Telma Ferraz. Fazendo acontecer: o ensino da escrita alfabética 
na escola. In: MORAIS, Artur Gomes; ALBUQUERQUE, Eliana Borges 
Correia de; LEAL, Telma Ferraz (Orgs.). ALFABETIZAÇÃO: 
apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2005.
28
LEITE, Sérgio Antonio da Silva, COLELLO, Silvia M. Gasparian; 
ARANTES, Valéria
Amorim (org.) ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PONTOS E
CONTRAPONTOS. São Paulo: Summus, 2010.
LEITE, E. C. M.; TASSONI, S.A. da S. Afetividade e ensino. In: In: 
SILVA, E. T. da (org.) 
ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: questões e provocações da atualidade. 
Campinas/SP: Autores Associados, 2007.
SMITH, Frank. LEITURA SIGNIFICATIVA. Porto Alegre: Artmed, 1997.
______. COMPREENDENDO A LEITURA: uma análise psicolingüística 
da leitura e do aprender a ler. Porto Alegre: Artmed, 2003. 
SOARES, Magda Becker. LETRAMENTO: um tema em três gêneros. 
Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
29
TÓPICO 02: IMPORTÂNCIA DA LEITURA E DA ESCRITA DE GÊNEROS TEXTUAIS DIVERSOS E DO USO DE PORTADORES SOCIAIS
DE TEXTO
VERSÃO TEXTUAL
Caros estudantes,
O trabalho com diferentes gêneros textuais e portadores sociais de 
texto é uma importante estratégia para que o professor possa tornar 
mais significativa a aprendizagem da língua escrita. Neste tópico, 
iremos entender melhor a distinção entre gêneros textuais e 
portadores de textos, bem como a sua potencialidade na função de 
alfabetizar letrando as crianças.
Para começo de conversa, é importante não confundir...
GÊNEROS TEXTUAIS
“São textos definidos por uma (ou mais de uma) razão determinada 
em uma situação comunicativa (um contexto) para promover uma 
interação específica” (BAKHTIN, 2003, p. 25).
São unidades textuais construídas em razão de seus conteúdos, 
propriedades funcionais, estilo e composição tendo em vista o objetivo que 
cumprem no contexto comunicativo. Como ressalta Bakhtin (2003), os 
gêneros textuais são definidos, principalmente, por sua função social.
Em março de 2013, Rita Jover-Faleiros, consultora da Fundação 
Victor Civita na área de Língua Portuguesa, ao tratar sobre o conceito de 
gênero textual e seu uso em aula, em artigo publicado pela Revista Nova 
Escola, destacou: “cada vez que produzo um texto, seleciono um gênero em 
função daquilo que desejo comunicar; em função do efeito que desejo 
produzir em meu interlocutor; em função da ação que desejo produzir no 
meio em que me inscrevo”.
Neste sentido, é impossível definir o número exato de gêneros textuais 
existentes em qualquer sociedade letrada como a nossa!
São exemplos de gêneros textuais: Resumo, Resenha, Biografia, 
Diário, Relato de viagem, Fábula, Conto de fadas, Editorial, Relatório, 
Ofício e Receitas. Que outros exemplos você acrescentaria a essa lista?
Atenção:
Consulte artigo de Rita Jover-Faleiros, na íntegra, clicando Aqui. [1]
PORTADORES DE TEXTOS
“São objetos que, contendo diversos produtos, possuem marcas 
escritas” (TEBEROSKY e COLOMER, 2003, P.38). Na verdade, são todos 
os objetos que apresentam algo que possa ser lido ou quaisquer objetos 
impressos que levem um texto impresso ou manuscrito. Neste sentido, no 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 03: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
30
cotidiano, as pessoas entram constantemente em contato com portadores 
que veiculam diferentes gêneros textuais, mesmo antes de frequentar uma 
instituição formal de educação como a escola.
São exemplos de portadores de texto: dicionário, livro didático de 
Matemática, livro didático, livro de receita culinária, jornal de notícia, 
cartão de Natal, convite de aniversário, manual de instruções de 
eletrodoméstico, manual de instruções de jogo, jornal com propaganda 
comercial, encarte com propaganda eleitoral, Bíblia etc.
Que outros exemplos você acrescentaria a essa lista?
Você conhece o documento PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
(PCN): LÍNGUA PORTUGUESA, referente às quatro primeiras séries do 
Ensino Fundamental, publicado pelo Ministério da Educação em 1997?
Como seu nome indica, trata-se de um documento cujo objetivo é servir 
de referência, fonte de consulta e objeto para reflexão e debate por 
professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, neste caso, sobre o 
trabalho na área de língua portuguesa.
O trabalho com gêneros textuais figura nessa publicação como um dos 
fortes aliados para o trabalho de alfabetização e letramento. Neste sentido, 
esclarece que:
Todo texto se organiza dentro de um 
determinado gênero. (...) A noção de gêneros refere-se 
a “famílias” de textos que compartilham algumas 
características comuns, embora heterogêneas, como 
visão geral da ação à qual o texto se articula, tipo de 
suporte comunicativo, extensão, grau de literariedade, 
por exemplo, existindo em número quase ilimitado 
(BRASIL, 1997, p. 23).
Bom, se todo texto pertence a um determinado gênero, você deve estar 
se perguntando: 
VERSÃO TEXTUAL
• Que gêneros trabalhar com as crianças para contribuir 
adequadamente com a sua alfabetização e letramento?
• Como oferecer textos de diferentes gêneros a crianças que ainda 
não sabem ler?
A pesquisadora Maria Elisa de Araújo Grossi também fez essas mesmas 
indagações a uma professora que trabalhava com crianças de 6 anos de idade 
em uma escola da rede pública municipal de Belo Horizonte. Além de 
entrevistar a professora, ela realizou várias observações das aulas dadas por 
essa professora. As informações coletadas por meio da entrevista e das 
observações foram sistematizadas em forma de uma tabela que aponta não 
31
apenas o gênero utilizado, mas também o suporte, o domínio, o contexto de 
circulação e a função. A seguir, você poderá conferir os gêneros trabalhados 
em sala de aula pela professora investigada durante um dia:
QUADRO 1 - GÊNEROS TEXTUAIS TRABALHADOS EM SALA DE AULA
DATA
(Quando foi 
realizada a 
observação?)
GÊNERO
TEXTUAL
(Que tipo 
de texto?)
SUPORTE
(Onde 
está o 
texto?)
DOMÍNIO
(Que esferas 
particulares 
da atividade 
humana 
congregam 
esse texto?)
CONTEXTOS
POSSÍVEIS DE
CIRCULAÇÃO
(Em que espaço 
social circula o 
texto?)
FUNÇÃO
(Com que 
finalidade o texto 
é usado?) 
02/02/17
Lista de 
chamada
Folha de 
papel
Escolar
Aulas/seminários/ 
cursos/ simpósios 
etc.
Registro da 
frequencia
Crachá Cartolina Vida cotidiana
Escolar/ 
empresarial/ 
comercial
Identificação/ 
reconhecimento do 
próprio nome
Peça de 
teatro
Livro Literário Vida cotidiana
Diversão/ discussão 
de temas/ apreciação 
estética
Lista de 
combinados 
da turma
Cartolina EscolarEscolar
Estabelecimento das 
regras do grupo para 
organizar o espaço 
de aprendizagem
Conto: 
Menina 
bonita do 
laço de fita
Livro/voz Literário
Escolar/ 
bibliotecário/ vida 
cotidiana
Experiência estética/ 
estimulação do 
imaginário/ 
desenvolvimento do 
letramento literário/ 
estudo das relações 
étnico-raciais
Fonte: Grossi (2009, p. 130)
De acordo com Grossi (2009, p. 137), a pesquisa realizada com a 
professora em Belo Horizonte “evidenciou que, para alfabetizar, a escola não 
precisa criar gêneros que circulam apenas nos limites da instituição, como se 
fazia nas cartilhas e em outros métodos de alfabetização, suportes de textos 
artificiais para ensinar a ler”. 
Por outro lado, a autora faz algumas considerações importantes para o 
trabalho com gêneros textuais:
• a criança não deve ser exposta a uma grande variedade de gêneros, sem propostas de trabalho definidas para cada 
um; 
• a simples exposição a um gênero textual não permite que a criança entenda o funcionamento do sistema de escrita 
e se alfabetize; 
• o trabalho com qualquer gênero textual requer intervenções planejadas pelo professor para esse fim; 
• é preciso ter cuidado com as práticas de ensino voltadas para a mera definição dos diferentes gêneros textuais e o 
abandono da estratégia pedagógica essencial ilustrada pela pesquisa: a leitura e a escrita de textos autênticos 
(GROSSI, 2009). 
Ainda de acordo com Maria Elisa de Araújo Grossi, 
a utilização dos gêneros textuais na sala de aula 
possibilita uma aprendizagem mais significativa, 
abrindo a porta da escola para a vida que acontece 
fora dela. Alfabetizar com textos autênticos significa 
reconhecer a leitura e a escrita como práticas sociais; 
significa, ainda, dar continuidade ao desenvolvimento 
linguístico da criança, que se inicia antes da prática 
escolar (2009, p. 137). 
32
Você concorda com essa opinião? Por quê? 
EXERCITANDO
Inspirando-se no quadro construído por Maria Elisa de Araújo Grossi, 
realize um turno de observação em uma turma de crianças de 07 anos de 
idade (em escola pública ou privada) e complete as informações 
encontradas neste arquivo. (Visite a aula online para realizar download 
deste arquivo.)
MULTIMÍDIA
Para entender melhor a potencialidade do trabalho com gêneros 
textuais, convido você a assistir ao vídeo “Literatura e outros gêneros 
textuais no ciclo de alfabetização”. Para acessar o vídeo Clique aqui [2].
PARA SABER MAIS
1. Com base nos conhecimentos construídos até aqui, responda as 
seguintes questões:
a) O que precisa ser considerado no planejamento do trabalho de 
alfabetização e letramento com crianças de seis anos de idade? Por quê?
b) Compare a sua resposta com a opinião da estudiosa Isabel Cristina 
Alves da Silva Frade, lendo o texto “Formas de organização do trabalho de 
alfabetização e letramento (Visite a aula online para realizar download 
deste arquivo.)”. 
FÓRUM
Para entender melhor o conjunto de saberes que o professor precisa 
ter para facilitar a alfabetização e o letramento de seus alunos, leia o texto, 
de autoria de Telma Ferraz Leal, intitulado “Fazendo acontecer: o ensino 
da escrita alfabética na escola (Visite a aula online para realizar download 
deste arquivo.)” e, em seguida, faça uma síntese das suas ideias centrais, 
destacando, sobretudo, aquelas que você não entendeu para esclarecê-las 
com o seu tutor e colegas de turma.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Responda a seguir as questões propostas: 
1) Saber que alfabetização e letramento precisam ser inseparáveis nos 
remete ao seguinte questionamento: “Ótimo, mas como o professor pode 
dar conta disso?”. Esse tipo de questão indica preocupação com o 
planejamento e o uso do tempo nas rotinas escolares. Afinal, a instituição 
educativa tem outras funções além do ensino da língua escrita, não é 
mesmo? Há outras linguagens igualmente importantes que também 
33
precisam ser incluídas nas rotinas. A propósito, que outras linguagens a 
instituição escolar também precisa focar o seu trabalho pedagógico? Por 
quê?
2) Para dar prosseguimento à nossa reflexão sobre os procedimentos 
que envolvem o planejamento do processo de alfabetização e letramento, 
considere a seguinte situação: você foi designado (a) para trabalhar com 
uma turma de Ensino Fundamental de crianças com idades entre 6 e 7 
anos. Como a Educação Infantil não é pré-requisito para o ingresso no 
Ensino Fundamental, a maioria das crianças dessa turma está 
frequentando a escola pela primeira vez. Como você organizaria seu 
trabalho com essa turma? Que conteúdos da alfabetização elegeria para 
ensinar? Por que escolheria esses conteúdos?
3) Com base na leitura do texto “A abordagem metodológica no 
ensino da língua escrita (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.)”, extraído da Coleção Instrumentos da Alfabetização (BRASIL, 
2006), avalie a pertinência das respostas que você deu para a questão 2.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. O problema dos gêneros discursivos. In: ESTÉTICA
DA CRIAÇÃO VERBAL. Tradução Paulo Bezerra . São Paulo: Martins 
Fontes. 2003.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS: Língua Portuguesa. Brasília: 1997.
GROSSI, M. E. de A. A mediação alfabetizadora na produção de leitura 
e de escrita de gêneros e suportes textuais: o desafio de alfabetizar na 
perspectiva do letramento. REVISTA PAIDEIA. Univ. Fumec, Belo 
Horizonte, Ano 6, p.125-140, jan./jun.2009.
TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. APRENDER A LER E A
ESCREVER: uma proposta construtivista. Porto alegre: Artmed, 2003.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://novaescola.org.br/conteudo/194/o-que-e-um-genero-textual
2. http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/salto-debate-2013--literatura-e-
outros-generos-textuais-no-ciclo-de-alfabetizacao
3. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
34
TÓPICO 01: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
VERSÃO TEXTUAL
Prezados estudantes, 
Finalizando a disciplina Alfabetização e Letramento, iremos 
conversar um pouco sobre algumas especificidades relacionadas às 
características dos sujeitos com quem o professor irá trabalhar: serão 
crianças bem pequenas que frequentam a Educação Infantil? Serão 
crianças maiores que já estão cursando os anos iniciais do Ensino 
Fundamental? Serão Jovens e Adultos que, por razões diversas 
(históricas, sociais, econômicas e políticas), tiveram de deixar a escola 
sem que aprendessem a ler e a escrever?
Para cada grupo, o trabalho com a língua escrita assume características e 
objetivos distintos. Neste sentido, em cada um dos tópicos que compõem 
essa aula, iremos recorrer a um instrumento legal e normativo que orienta a 
organização curricular direcionada À Educação Infantil, ao Ensino 
Fundamental e à Educação de Jovens e Adultos. As atividades, os vídeos e os 
textos sugeridos para subsidiar a reflexão sobre a alfabetização e o 
letramento nesses diferentes contextos constituem boas estratégias para que 
professores e futuros professores possam entender cada vez melhor o papel 
social que são chamados a desempenhar no tocante ao domínio do código 
escrito. 
PARA COMEÇO DE CONVERSA...
Acredito que vocês já tenham lido vários textos de Paulo Freire. Nesse 
momento, gostaria de destacar o seguinte trecho: “a leitura do mundo 
precede a leitura da palavra” (1984, p. 11). Tal afirmação nos remete a uma 
idéia já discutida nessa disciplina: as crianças começam a aprender antes de 
ingressar na creche, ainda nos primeiros dias de nascida. Nas interações que 
estabelecem com as pessoas que lhe são próximas, fazem leituras do mundo 
que a cercam mesmo antes de conhecerem o código alfabético de escrita. 
Desta forma, quando ingressam em uma instituição de Educação Infantil 
(creche ou pré-escola), já trazem consigo diversos conhecimentos, várias 
experiências, com diversas linguagens, inclusive a verbal.Vale ressaltar que 
essa compreensão também é válida para os bebês! 
A fim de conhecer o que as crianças já sabem e possibilitar que ampliem 
o repertório de aprendizagens que já possuem, as professoras 
(historicamente, as mulheres têm sido maioria na docência na primeira 
etapa da Educação Básica!), precisam ser boas observadoras e boas ouvintes. 
REFLEXÃO
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
AULA 04: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
35
Como já estudado, as pesquisas de Emília Ferreiro revelam, desde o 
início dos anos de 1980, com a publicação da obra “A psicogênese da 
língua escrita”, que as crianças constroem hipóteses sobre a escrita mesmo 
sem saber ler e escrever. Mas como isso é possível? De onde surgem essas 
hipóteses?
Bom, primeiramente é importante destacar que:
- todas as crianças são capazes de aprender desde que lhe sejam dadas as 
condições necessárias;
- Educação Infantil refere-se às ações de cuidado e educação às crianças 
de zero a cinco anos de idade, em creches e pré-escolas;
- há uma estreita relação entre a expressão motora, a oralidade, a leitura 
e a escrita;
- brincando, um bebê explora as coisas ao seu redor e, com isso, constrói 
conhecimentos;
- “desde bebês, as crianças investigam os objetos, o que eles fazem e o que 
se pode fazer com eles. Um bebê, por exemplo, põe na boca, bate, 
chacoalha ou joga um objeto para ver o que acontece. Tais atos revelam 
suas hipóteses, que vão emergindo na ação com os objetos. Com as 
palavras é a mesma coisa” (KISHIMOTO, 2010, p. 22);
- compreender as crianças como sujeito ativo na construção de 
conhecimentos e não como receptoras passivas de informações implica 
em uma transformação substancial na forma do professor entender como 
elas aprendem a ler e a escrever.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil (BRASIL, 1998), documento já referido na aula 02 desta disciplina, 
pensar a criança como sujeito ativo do processo de aprendizagem da língua 
escrita tem sérias implicações nas práticas pedagógicas desenvolvidas em 
creches e pré-escolas:
A constatação de que as crianças constroem 
conhecimentos sobre a escrita muito antes do que se 
supunha e de que elaboram hipóteses originais na 
tentativa de compreendê-la amplia as possibilidades 
de a instituição de educação infantil enriquecer e dar 
continuidade a esse processo. Essa concepção supera 
a idéia de que é necessário, em determinada idade, 
instituir classes de alfabetização para ensinar a ler e 
escrever. Aprender a ler e a escrever fazem parte de 
um longo processo ligado à participação em práticas 
sociais de leitura e escrita (BRASIL, 1998, p. 123).
Considerando, ainda, o objetivo da primeira etapa da Educação Básica, 
recorreremos, agora, ao que determina a Resolução Nº 5, de 17 de dezembro 
de 2009, do Conselho Nacional de Educação, que fixa as Diretrizes 
36
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, no tocante às 
especificidades das práticas pedagógicas com crianças tão pequenas:
ART. 9º As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular 
da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e 
a brincadeira, garantindo experiências que:
I - PROMOVAM O CONHECIMENTO DE SI E DO MUNDO POR MEIO
DA AMPLIAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS, EXPRESSIVAS, 
CORPORAIS QUE POSSIBILITEM MOVIMENTAÇÃO AMPLA, 
EXPRESSÃO DA INDIVIDUALIDADE E RESPEITO PELOS RITMOS E
DESEJOS DA CRIANÇA;
II - FAVOREÇAM A IMERSÃO DAS CRIANÇAS NAS DIFERENTES
LINGUAGENS E O PROGRESSIVO DOMÍNIO POR ELAS DE VÁRIOS
GÊNEROS E FORMAS DE EXPRESSÃO: GESTUAL, VERBAL, 
PLÁSTICA, DRAMÁTICA E MUSICAL;
III - POSSIBILITEM ÀS CRIANÇAS EXPERIÊNCIAS DE NARRATIVAS, 
DE APRECIAÇÃO E INTERAÇÃO COM A LINGUAGEM ORAL E
ESCRITA, E CONVÍVIO COM DIFERENTES SUPORTES E GÊNEROS
TEXTUAIS ORAIS E ESCRITOS;
IV - recriem, em contextos significativos para as crianças, relações 
quantitativas, medidas, formas e orientações espaçotemporais;
V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades 
individuais e coletivas;
VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a 
elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, 
auto-organização, saúde e bem-estar;
VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e 
grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de 
identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade;
VIII - INCENTIVEM A CURIOSIDADE, A EXPLORAÇÃO, O
ENCANTAMENTO, O QUESTIONAMENTO, A INDAGAÇÃO E O
CONHECIMENTO DAS CRIANÇAS EM RELAÇÃO AO MUNDO FÍSICO E
SOCIAL, AO TEMPO E À NATUREZA;
IX - PROMOVAM O RELACIONAMENTO E A INTERAÇÃO DAS
CRIANÇAS COM DIVERSIFICADAS MANIFESTAÇÕES DE MÚSICA, 
ARTES PLÁSTICAS E GRÁFICAS, CINEMA, FOTOGRAFIA, DANÇA, 
TEATRO, POESIA E LITERATURA;
X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento 
da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o 
não desperdício dos recursos naturais;
XI - PROPICIEM A INTERAÇÃO E O CONHECIMENTO PELAS
CRIANÇAS DAS MANIFESTAÇÕES E TRADIÇÕES CULTURAIS
BRASILEIRAS;
XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, 
37
Visando superar o viés assistencialista que a Educação Infantil assumiu 
durante muito tempo, sobretudo, quando destinada às crianças pobres, e o 
viés escolarizante, predominantemente, na pré-escola, o Art. 9º das 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009) 
apontam o papel central que as brincadeiras e as interações precisam ocupar 
nas práticas pedagógicas cotidianas e, especialmente, nos incisos destacados 
(I, II, III, VIII, IX e XI), as experiências que precisam ser propiciadas às 
crianças para que possam se desenvolver plenamente e construir 
conhecimentos, com destaque aqui, para a linguagem verbal (oral e escrita).
Desta forma, mesmo não sendo objetivo da Educação Infantil alfabetizar 
as crianças e tampouco prepará-las para o ingresso no Ensino Fundamental, 
assim como as demais formas de expressão, a linguagem oral e escrita 
também precisa fazer parte da rotina diária das creches e pré-escolas. Neste 
caso, a sua presença no contexto da Educação Infantil está vinculada a qual 
finalidade? A estudiosa Mônica Correia Baptista nos ajuda a refletir sobre 
essa questão estabelecendo relações entre a linguagem escrita e o direito da 
criança à educação. Vejamos, então, que argumentos a autora apresenta para 
justificar a inclusão da linguagem escrita no universo de crianças na faixa 
etária de zero a cinco anos.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o texto "A linguagem escrita e o direito à educação na primeira 
infância (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)" de 
Mônica Correia Batista 
É importante lembrar:
Não se espera que as crianças dominem o sistema alfabético da escrita 
na Educação Infantil, quando frequentam creches e pré-escolas, mas que 
aprendam a pensar sobre ele, criem o gosto de escrever e encontrem recursos 
para fazê-lo, considerando as práticas da cultura que envolvem a escrita. Daí 
a importância do professor organizar atividades prazerosas de contato com 
diferentes gêneros escritos, como a leitura diária de livros pelo professor, e o 
incentivo à criança, desde cedo, para manusear livros e revistas e produzir 
“textos”, mesmo sem saber ler e escrever.
Neste sentido, o Conselho Nacional de Educação, ao revisar as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, em seu Parecer 
Nº.20/2009, adverte:
As propostas curriculares da Educação Infantil 
devem garantir que as crianças tenham experiências 
variadas com as diversas linguagens, reconhecendo 
que o mundo no qual as crianças estão inseridas, por 
força da própria cultura, é amplamente marcado por 
imagens, sons, falas e ESCRITAS. Nesse processo, é 
computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e 
midiáticos (BRASIL, 2009, grifos meus).
38
preciso valorizar o lúdico, as brincadeiras e as culturasinfantis (BRASIL, 2009, p. 22).
Com certeza, você já deve ter entendido bem que é direito de todas as 
crianças, desde a creche, o contato com a língua escrita. No entanto, 
conhecendo a finalidade da Educação Infantil e as características das 
crianças de zero a cinco anos idade, você também já aprendeu que:
As ações pedagógicas relacionadas à linguagem escrita 
deveriam ser consideradas apenas como mais uma das múltiplas 
dimensões a serem levadas em conta na organização das rotinas 
diárias e dos planejamentos mensais e anuais das creches, pré-
escolas e escolas que têm turmas de Educação Infantil (BRASIL, 
2006, p. 36).
MULTIMÍDIA
Para entender um pouco sobre o trabalho com a língua escrita na 
primeira etapa da educação básica, assista ao vídeo “EMILIA FERREIRO: 
O QUE AS CRIANÇAS PODEM APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL
SOBRE LEITURA E ESCRITA” e faça uma síntese sobre os conhecimentos 
que as crianças podem construir sobre a leitura e a escrita na primeira 
etapa da Educação Básica e como o professor pode facilitar esse processo.
Você sabia que:
- A roda de histórias é uma atividade que propicia um encontro agradável 
da criança pequena com a linguagem escrita, por meio da leitura diária de 
histórias pelo professor? 
- A experiência contínua, organizada e intencional de ouvir a leitura de 
histórias possibilita às crianças aprender procedimentos e 
comportamentos de leitores, ou seja, ações típicas das pessoas que já 
sabem ler convencionalmente? 
- Nos momentos dedicados às histórias, os professores tanto atuam como 
leitores, quanto como escribas, apoiando as crianças na produção de 
textos e isso contribui para a organização de suas primeiras ideias sobre o 
sistema de escrita? 
- Conforme o professor organiza situações que estimulem às crianças a se 
“arriscarem” a ler e a escrever, por conta própria, está ajudando-as na 
organização das primeiras ideias sobre o sistema de escrita? 
Convido você a ler o depoimento, abaixo, de Magda Soares, sobre a 
relação prazerosa que as crianças precisam construir com os livros e o papel 
do professor nesse processo:
Uma das facetas importantes do processo de 
letramento, sobretudo no plano atual, é 
39
CONSEGUIRMOS CONTAMINAR AS CRIANÇAS COM O
PRAZER DE LER O LIVRO, COM O GOSTO DA
LEITURA, COM A PAIXÃO DA LEITURA, que a gente 
tem perdido muito. E há razões para isso, que não 
interessa dizer aqui. Nós temos trabalhado muito o 
livro como um objeto cultural, e não só o livro como 
portador de texto, mas o livro como objeto cultural. A 
GENTE FAZ AS CRIANÇAS CHEIRAREM O LIVRO, 
PEGAREM O LIVRO, VER QUE O LIVRO É UM
OBJETO QUE TEM SUAS PARTES, COMO NÓS TEMOS
O ROSTO, AS COSTAS, AS PERNAS, OS BRAÇOS. O 
livro tem a lombada, a capa, a quarta capa, e as 
crianças gostam muito disso. A ponto de vermos, 
frequentemente, crianças chegarem à biblioteca da 
escola e pedirem assim: "Essa semana eu quero levar 
para casa um livro, mas eu quero um livro que tenha 
lombada". E eu perguntei a uma criança: "Por que 
você quer um livro que tenha lombada?"; "Porque ele 
fica em pé." Esses livros infantis são muito fininhos, 
tanto que, na nossa biblioteca, eles ficam expostos; 
mas o livro mais grosso, de capa dura, ele fica em pé. 
E a criança queria um livro que tivesse lombada, e 
vemos como é importante isso: a criança tem uma 
relação com o livro, que é uma relação com o objeto 
cultural (SOARES, 2009).
Para que o professor consiga contaminar as crianças com o prazer pela 
leitura, ele precisa estar contaminado também.
FÓRUM
A Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal 
Fluminense, Cecília Goulart, também aborda esse tema em suas pesquisas. 
Em entrevista concedida a TV Escola, do Ministério da Educação, em 06 
de fevereiro de 2004, fez uma advertência importante ao professor que 
trabalha na Educação Infantil e que tem, portanto, dentre as suas tarefas, 
a responsabilidade de incentivar as crianças a se tornarem leitoras:
É muito difícil a gente dar o que a gente não 
tem. Cada um de nós só dá o que tem. Um professor 
que não lê e não escreve, é muito difícil que ele 
passe o prazer pela leitura e pela escrita. E não é só 
prazer, é também o desejo e a necessidade, porque 
a gente precisa saber que um conhecimento é 
necessário para querer se apropriar dele. Então, o 
professor que lê e que escreve, ele vibra com aquele 
conhecimento que ele tem, ele sabe para que aquilo 
serve, sabe qual é o papel da leitura e da escrita na 
vida dele. Esse professor, ele vai trabalhar com 
40
essas crianças, passando isso na corrente 
pedagógica, essa "corrente sanguínea" que alimenta 
e umidifica a escola. Ele vai estar passando para as 
crianças a alegria de ler e escrever, a necessidade o 
desejo de ler e escrever (CECÍLIA GOULART).
Você concorda com a opinião de Cecília Goulart: “Um professor que 
não lê e não escreve, é muito difícil que ele passe o prazer pela leitura e 
pela escrita”? Por quê?
Divulgue sua opinião no fórum, comente a opinião dos seus colegas, 
reflita junto ao seu tutor esta realidade.
Para conferir a entrevista completa com a professora Cecília Goulart, 
clique aqui [1].
REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC/Secretaria de Educação Fundamental/Coordenação 
Geral de Educação Infantil. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL
PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Brasília, 1998.
BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Básica/ Secretaria de Educação 
a Distância. LIVRO DE ESTUDO: Módulo IV. Brasília, 2006(Coleção 
PROINFANTIL; Unidade 6).
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, Conselho Nacional de 
Educação, PARECER Nº. 20/2009. Brasília: MEC/CNE, 2009.
_____. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 5. Brasília: MEC/CNE, 2009.
FREIRE, Paulo. A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER EM TRÊS ARTIGOS
QUE SE COMPLETAM.São Paulo: Editora Autores Associados, 6ª 
edição, 1984.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Alfabetização e letramento/literacia 
no contexto da educação infantil: desafios para o ensino, para a 
pesquisa e para a formação. REVISTA MÚLTIPLAS LEITURAS, v. 3, n. 
1, p. 18-36, jan. jun. 2010.
NUNES, Lygia Bojunga. LIVRO, UM ENCONTRO COM LYGIA
BOJUNGA NUNES. Rio de Janeiro: Agir, 1988.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. In: BRASIL/MEC/TV 
ESCOLA. ENTREVISTAS. Brasília: MEC, 21/09/2009. Disponível em: 
http://tvescola.mec.gov.br/tve/salto/interview;jsessionid=C66C4B33F8CEC7AEC987785B479CE894?
idInterview=8281 [2]. Acesso em: 28/09/2015.
FONTES DAS IMAGENS
41
1. http://tvescola.org.br/tve/salto-
acervo/interview;jsessionid=F1878C1853375644A984C63B6B245522?
idInterview=8262
2. http://tvescola.mec.gov.br/tve/salto/interview;jsessionid=C66C4B33F8
CEC7AEC987785B479CE894?idInterview=8281
3. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Maria José Barbosa
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
42
TÓPICO 02: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO CONTEXTO DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Se há na Educação Infantil alguns mitos, mal entendidos e dissensos 
sobre o trabalho com a linguagem escrita e sobre o uso dos termos 
alfabetização e letramento no trabalho com bebês e crianças bem 
pequenas, o mesmo não se aplica ao Ensino Fundamental. Para conhecer e 
entender melhor alguns desses mitos, mal entendidos e dissensos, leia o 
artigo “A linguagem Escrita e as crianças - Superando Mitos na Educação 
Infantil [1] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)”, de 
Silvana de Oliveira Augusto.
A Resolução Nº 7, de 14 de dezembro de 2010, do Conselho Nacional de 
Educação, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Fundamental de 9 (nove) anos (BRASIL, 2010), é bastante enfática: 
As propostas curriculares do Ensino 
Fundamental visarão desenvolver o educando, 
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o 
exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para 
progredir no trabalho e em estudos posteriores, 
mediante os objetivos previstos para esta etapa da 
escolarização, a saber: 
I - o desenvolvimento da capacidade

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