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QFL 1423 - Química Orgânica Experimental DESTILAÇÃO POR ARRASTE A VAPOR DE ÓLEO DE CRAVO E EXTRAÇÃO QUIMICAMENTE ATIVA DO EUGENOL Cesar Policarpo Felisbino, 9792421 Nicolas Mariano de Oliveira, 10296931 São Paulo Agosto de 2019 1. OBJETIVOS Esse experimento teve principal objetivo a extração e isolamento do eugenol em forma de um óleo, por destilação por arraste a vapor e extrações sucessivas. Pretendia-se aprender a montar a aparelhagem e adquirir prática da destilação, assim como executar a técnica correta de extração para, por fim, determinar o rendimento e a pureza do óleo obtido. 2. RESULTADOS Foram pesados 25,00 g de cravo, adicionado então a 100 mL de água, e esta mistura foi submetida à destilação por arraste a vapor, seguida de uma extração quimicamente ativa. A seguir são apresentados os resultados da fração obtida logo após a primeira etapa da extração do destilado com diclorometano (imagens 2 e 5), seguida do cromatograma da fase orgânica obtida com adição de NaOH 5% (imagens 3 e 6) e, então, do cromatograma após a extração com ácido (imagens 4 e 7). O diclorometano (CH2Cl2) puro elui em 2,188 min, correspondendo ao primeiro pico observado nos três cromatogramas - não contabilizado pois se trata do solvente. Os demais picos observados (três na fração 1 e 2, e dois na fração 2) correspondem ao eugenol, acetato de eugenila e cariofileno. Imagem 1: principais componentes do óleo de cravo. Após a última extração, o solvente (diclorometano) foi roto-evaporado e o rendimento foi calculado: 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ó𝑙𝑒𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑟𝑎𝑣𝑜 𝑥100 = 0,29𝑔 25𝑔 𝑥100 = 1, 16% Para um maior aprofundamento dos resultados e posterior discussão, utilizou-se neste relatório os cromatogramas de dois grupos, 46 e 54. Imagem 2: análise cromatográfica da fração 01 (grupo 46), obtida da primeira etapa da extração com diclorometano. Imagem 3: análise cromatográfica da fração 02 (grupo 46), obtida após a adição de NaOH 5%. Imagem 4: análise cromatográfica da fração 03 (grupo 46), obtida ao final da extração com HCl. Imagem 5: análise cromatográfica da fração 01 (grupo 54), obtida da primeira etapa da extração com diclorometano. Imagem 6: análise cromatográfica da fração 02 (grupo 54), obtida após a adição de NaOH 5% Imagem 7: análise cromatográfica da fração 03 (grupo 54), obtida ao final da extração com HCl. 3. DISCUSSÕES Era esperado que a destilação nos fornecesse uma mistura do eugenol com acetato de eugenila e cariofileno, além da água envolvida no processo. Assim, o destilado foi extraído com diclorometano. Baseado nas estruturas dos compostos, e tendo em vista a baixa solubilidade do eugenol e do cariofileno em água (2,6 g.L-1 e menos de 1,0 g.L-1, respectivamente), esperava-se que esses dois compostos estivessem na fase orgânica após a extração, enquanto o acetato de eugenila, de solubilidade 83,0 g.L-1 em água, deveria apresentar-se solubilizado na fase aquosa, com apenas traços no diclorometano. Essa expectativa foi condizente com os resultados obtidos ao injetar uma alíquota da fase orgânica (fração 01) no cromatógrafo gasoso, onde obtivemos um pico próximo a cerca de 2 min., referente ao diclorometano, e um pico em 3,198 min., para o fração do grupo 46, e em 3,189 min., para o grupo 54, referentes ao eugenol. Nessa fase, o eugenol representa 93,17% e 94,39% dos produtos eluídos, para o grupo 46 e 54, respectivamente, já indicando bom grau de pureza. Também obtivemos dois outros picos de áreas muito pequenas em comparação ao eugenol, provavelmente provenientes do cariofileno e acetato de eugenila, ambos apresentando tempo de retenção maior. Isso se dá devido a suas estruturas que teriam melhor interação com a coluna, e também aos seus valores mais elevados de peso molecular em comparação com o do eugenol, tendo assim uma eluição mais lenta. Após a primeira etapa da extração do produto da destilação com diclorometano, foi realizada a extração em fase aquosa básica com NaOH 5%, no qual reservou-se uma alíquota da fase orgânica desta etapa (fração 02), seguida de acidificação do meio da fase aquosa até pH 2 e de uma nova extração com diclorometano, no qual também retirou-se uma alíquota (fração 03) para análise no cromatograma. Analisando e comparando as estruturas eugenol e cariofileno (predominantes em maior proporção na primeira fase orgânica, quando comparado ao acetato de eugenila), é possível notar que o eugenol possui um hidrogênio ácido, localizado no grupo hidroxila; dessa forma, ao realizar uma extração com meio aquoso básico, tornamos o eugenol solúvel na fase aquosa ao deslocar seu equilíbrio para a formação da base conjugada, a qual é carregada negativamente, permitindo ser solvatada por água. Isso nos permite separar o eugenol do cariofileno, que continua solubilizado em fase orgânica. A acidificação da fase aquosa, seguida pela extração com diclorometano, permite que o eugenol volte à forma protonada e seja isolado no solvente orgânico. Observando, primeiramente, os cromatogramas apresentados na imagem 03 e 06, vemos uma maior proporção de cariofileno e acetato de eugenila na fase orgânica da fração 02 de ambos os grupos, indicando que uma parte do eugenol ficou solúvel na fase aquosa básica, entretanto, mostrando também uma perda de rendimento final, uma vez que nem todo eugenol presente no sistema sofreu desprotonação. Por fim, essa técnica se mostrou bem sucedida ao analisarmos os cromatogramas da fração 03 de cada grupo, onde temos um único pico (com exceção daquele indicando o solvente) em 3,193 min. e em 3,173 min., em cada cromatograma, correspondentes ao eugenol, indicando alto grau de pureza do nosso composto. O processo todo obteve um rendimento de 1,16%. No entanto, é preciso levar em consideração que a destilação não foi executada até o final, devido ao tempo limitado de laboratório, e que a prática de múltiplas etapas de extração sempre resulta em alguma perda de massa de produto, pois a mais ínfima solubilidade de um material em um determinado solvente pode interferir no rendimento final. 4. CONCLUSÃO Podemos ver, tanto pela quantidade e composição dos picos medidos nos cromatogramas, que a expectativa teórica descreve com fidelidade o processo executado em laboratório. Além disso, obtivemos êxito no isolamento do eugenol segundo o método no que diz respeito a pureza (100,0%). O rendimento obtido foi de 1,16%, extremamente baixo em relação à massa inicial de cravo (25,0 g), porém adequado ao considerar que uma grande porcentagem da massa do cravo corresponde a matéria orgânica e não ao eugenol, em que o aumento da pureza é concomitante com a diminuição do rendimento. 5. REFERÊNCIAS [1] PAVIA, G.M. Lampman. Introduction to Organic Laboratory Techniques, 3 ed. - Editora Elsevier, 1990. [2] https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/eugenol acessado em 07/09/2019 às 20:25 [2] https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Caryophyllene acessado em 07/09/2019 às 20:27. [3] https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Acetyleugenol acessado em 07/09/2019 às 20:49. https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/eugenol https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Caryophyllene https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Acetyleugenol#section=Top
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