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AGRAVO DE INSTRUMENTO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR – PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
 
 
EDITORA CRUZEIRO, empresa privada registrada no CNPJ nº 
XXXXXXXXXXXXXXXXX, com sede no endereço 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, por seu patrono, in fine firmado, 
vem, muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no Art. 1015 do 
CPC de 2015 para interpor 
 
 
A G R A V O D E I N S T R U M E N T O 
 
Em face da decisão interlocutória proferida pelo MM. Juiz de Direito da XX Vara Cível 
de São Paulo – SP, em sede de apreciação de tutela provisória requerida nos termos da 
exordial protocolada por JAQUELINE XXXXXXXXXXXXX, estado civil, 
nacionalidade, profissão, CPF XXXXXXXXXX e RG XXXXXXXX, residente e 
domiciliada no XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, nos autos do Processo 
XXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelos fundamentos jurídicos e fatos trazidos a seguir. 
 
 
PREFACIALMENTE 
I. DO PREPARO 
A Agravante informa que fez o recolhimento das devidas custas processuais, lançadas na 
guia nº XXXXXXXXXXX, comprovante de pagamento em anexo, possibilitando a 
apreciação deste Agravo. 
 
II. DA TEMPESTIVIDADE 
Tendo em vista que, à data deste Agravo, não transcorreram mais de 15 dias úteis desde a 
juntada de intimação nos autos em epígrafe, configura-se, efetivamente, tempestiva a 
interposição do presente recurso. 
 
III. DO NOME DOS ADVOGADOS 
 
Faz saber que são: 
 
Advogado da Agravante: FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 
(OAB/XX XXXXXXXX), endereço profissional sito à 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX; e 
Advogado da Agravada: XXXXXXXXXXXXXXXXX (OAB/XX XXXXXXXX), 
endereço profissional sito à XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. 
 
IV. DAS DOCUMENTAÇÕES OBRIGATÓRIAS 
Segue em anexo cópia integral dos autos do processo em comento, destacando ainda os 
seguintes documentos, nele inclusos: 
- Decisão agravada (ID XXXXXXXXX) 
- Procuração dos Advogados (ID’S XXXXXX e XXXXXXX) 
- Contestação da Agravante (ID XXXXX) 
 
 
À vista do exposto, considerando que todos os documentos e detalhes para o 
prosseguimento deste recurso para apreciação encontram-se comprovados, requer desde 
já o processamento do Agravo de Instrumento, requerendo ainda o devido procedimento 
de urgência, nos termos do Art. 1019, I, do CPC de 2015. 
 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
 
XXXXXXXXXXX/XX, XX de XXXXXXXX de XXXX. 
 
FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 
OAB/XX XXXXXXX 
 
 
 
 
 
DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA 
 
 
COLENDA TURMA! 
EGRÉGIO TRIBUNAL! 
NOBRES JULGADORES! 
 
 
 
Processo XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 
Órgão Julgador: XX Vara Cível de São Paulo - SP 
Agravante EDITORA CRUZEIRO 
Agravada JAQUELINE XXXXXXXXX 
 
 
I. DA SÍNTESE FÁTICA 
 
Em XX de XXXXXXXX de XXXX, a Agravada, Sra. Jaqueline XXXXXXXXXX, 
ingressou com ação de pedido de indenização por danos morais suportados cumulado 
com tutela provisória em face da Agravante, Editora Cruzeiro. Como mérito, defendia 
ter sido massacrada em seu direito à honra e imagem, informando que a referida Editora 
havia feito uma obra literária de natureza biográfica demonstrando fatos ligados à sua 
intimidade. 
Em sede de tutela provisória, a Agravada requereu do Juízo a determinação de parada 
obrigatória na venda e distribuição dos exemplares, incluindo recolhendo os expostos em 
vitrines e livrarias, em prazo máximo de 72 horas da decisão, sob pena de multa diária 
equivalente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
Assim, o MM. Juiz, na decisão interlocutória XXXXXXXXX, acatou o pedido, 
determinando a cessação nas vendas do livro. É deste ponto que queremos desmistificar 
o direito atribuído. 
 
 
II. DA NECESSIDADE DE SUSPENDER OS EFEITOS DA DECISÃO 
 
Eméritos Julgadores, a decisão provoca prejuízos financeiros imensos à Agravante. Sem 
ter direito de comercializar a obra, todas as despesas de produção, distribuição, 
patrocínios e outras de natureza operacional recairão, exclusivamente, nas contas da 
empresa, podendo, em último caso, provocar sua falência. 
Ademais, o direito em si é a favor da Agravante, uma vez que obras biográficas sobre 
pessoas famosas (personalidades públicas) não precisam de autorização prévia. A 
Agravada não mencionou em sede de exordial que havia sido uma cantora famosa no 
Brasil inteiro há alguns anos, deixando de observar que este detalhe implica na quebra 
do seu direito. É este o posicionamento, por exemplo, do Supremo Tribunal Federal, que, 
ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4815, impôs, em sede de efeito 
vinculado, a análise dos Arts. 20 e 21 do Código Civil conforme a Constituição, pugnando 
ainda mais pela liberdade de expressão. 
Esta decisão, resta comprovado, fere diretamente o direito a se expressar, conforme 
preconiza o Art. 5º, IX, da Constituição Federal de 1988. 
Sendo o direito material da Agravada bastante frágil, havendo grandes chances da 
Agravante sair vencedora do pleito, nada mais justo seria senão sanar este impasse 
jurídico-financeiro, suspendendo os efeitos da decisão interlocutória e anulando a tutela 
concedida. 
 
Vejamos o entendimento do STF ao julgar a ADI 4815: 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 
E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO 
CIVIL). PRELIMINAR DE 
ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. 
REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS. 
MÉRITO: APARENTE CONFLITO 
ENTRE PRINCÍPIOS 
CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, 
ARTÍSTICA E CULTURAL, 
INDEPENDENTE DE CENSURA 
OUAUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º 
INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E 
INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, 
VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM 
DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). 
ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA 
PONDERAÇÃO PARA 
INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO 
CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE 
CENSURA (ESTATAL OU 
PARTICULAR). GARANTIA 
CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO 
E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO 
DIRETA JULGADA PROCEDENTE 
PARA DAR INTERPRETAÇÃO 
CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS 
ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM 
REDUÇÃO DE TEXTO. 1. A Associação 
Nacional dos Editores de Livros - Anel 
congrega a classe dos editores, considerados, 
para fins estatutários, a pessoa natural ou 
jurídica à qual se atribui o direito de 
reprodução de obra literária, artística ou 
científica, podendo publicá-la e divulgá-la. 
A correlação entre o conteúdo da norma 
impugnada e os objetivos da Autora preenche 
o requisito de pertinência temática e a 
presença de seus associados em nove Estados 
da Federação comprova sua representação 
nacional, nos termos da jurisprudência deste 
Supremo Tribunal. Preliminar de 
ilegitimidade ativa rejeitada. 2. O objeto da 
presente ação restringe-se à interpretação dos 
arts. 20 e 21 do Código Civil relativas à 
divulgação de escritos, à transmissão da 
palavra, à produção, publicação, exposição 
ou utilização da imagem de pessoa 
biografada. 3. A Constituição do Brasil 
proíbe qualquer censura. O exercício do 
direito à liberdade de expressão não pode ser 
cerceada pelo Estado ou por particular. 4. O 
direito de informação, constitucionalmente 
garantido, contém a liberdade de informar, 
de se informar e de ser informado. O 
primeiro refere-se à formação da opinião 
pública, considerado cada qual dos cidadãos 
que pode receber livremente dados sobre 
assuntos de interesse da coletividade e sobre 
as pessoas cujas ações, público-estatais ou 
público-sociais, interferem em sua esfera do 
acervo do direito de saber, de aprender sobre 
temas relacionados a suas legítimas 
cogitações. 6. Autorização prévia para 
biografia constitui censura prévia 
particular. O recolhimento de obras é 
censura judicial, a substituir a 
administrativa. O risco é próprio do viver. 
Erros corrigem-se segundo o direito, não se 
coartando liberdades conquistadas. A 
reparação de danos e o direito de resposta 
devem ser exercidos nos termos da lei. 7. A 
liberdade é constitucionalmentegarantida, 
não se podendo anular por outra norma 
constitucional (inc. IV do art. 60), menos 
ainda por norma de hierarquia inferior (lei 
civil), ainda que sob o argumento de se estar 
a resguardar e proteger outro direito 
constitucionalmente assegurado, qual seja, o 
da inviolabilidade do direito à intimidade, à 
privacidade, à honra e à imagem. 
 
Resta configurado que, com base na Constituição Federal, a liberdade de opinião 
prevalece, ainda que seja para versar sobre a vida de pessoas públicas e isto, conforme 
jurisprudência pacificada, não configura ato danoso culpável e indenizável. Se o mérito 
em si mesmo decai por terra, Excelências, a tutela provisória é injustificada, devendo 
ser automaticamente anulada por Vossas Excelências, em cumprimento à lei, à 
interpretação legal e ao senso comum de Justiça. 
III. DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto, pugnamos perante Vossas Excelências para: 
 
1. Conhecer e apreciar o presente recurso, especificamente no sentido de suspender os 
efeitos da decisão interlocutória, nos termos exatos do Art. 1019, I, CPC e possibilitar a 
venda, distribuição, divulgação ou quaisquer outros atos inerentes à atividade editorial 
sobre a obra publicada pela Agravante; e 
2. Enviar todas as comunicações/intimações para o meu escritório profissional, sito à 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. 
 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
 
 
XXXXXXXXXX – XX, XX de XXXXXXXX de XXXX. 
 
 
FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 
OAB/XX XXXXXXX

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