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TRABALHO DE CIVIL - gugu

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c) Considerando o reconhecimento da união estável e a validade do testamento, mantendo o limite das disposições
DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL 
Com base no art. Art. 1.723 do Código Civil, a união estável é uma entidade familiar reconhecida pelo ordenamento jurídico, em que se confere os mesmos direitos sucessórios a aqueles unidos em matrimônio, 
Logo, o reconhecimento da união estável entre Antônio Augusto Moraes Liberato (Gugu) e Rose Miriam Di Matteo a concede status de herdeira necessária, bem como meeira de acordo com os arts. 1.846 e 1.832 CC, respectivamente, visto que que o RE 878694 julgado pelo STF em 2017 decidiu pela inconstitucionalidade de direitos sucessórios inferiores aos companheiros, em comparação aos cônjuges. 
Ementa: Direito constitucional e civil. Recurso extraordinário. Repercussão geral. Inconstitucionalidade da distinção de regime sucessório entre cônjuges e companheiros. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias formadas mediante união estável. 2. Não é legítimo desequiparar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é incompatível com a Constituição de 1988. 3. Assim sendo, o art. 1790 do Código Civil, ao revogar as Leis nºs 8.971/94 e 9.278/96 e discriminar a companheira (ou o companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos conferidos à esposa (ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade, da dignidade humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente, e da vedação do retrocesso. 4. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o entendimento ora firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha havido trânsito em julgado da sentença de partilha, e às partilhas extrajudiciais em que ainda não haja escritura pública. 5. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: “No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002”.
DA VALIDADE DO TESTAMENTO 
O testamento é um negócio jurídico personalíssimo, unilateral, revogável, gratuito e solene, conforme doutrina majoritária, logo deve ser necessariamente analisado a partir do plano da validade da teoria do fato jurídico.
Sendo assim, não cabe a tese de nulidade do testamento em questão, uma vez cumpre todos os requisitos formais exigidos no Código Civil, visto que Antônio Augusto Moraes Liberato (Gugu) era maior de 16 anos, gozava de pleno uso de suas faculdades mentais e realizou um negócio jurídico lícito, possível e determinado, bem como em conformidade com a forma prescrita em lei.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei. (grifo nosso)
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. (grifo nosso).
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico.
§ 1 o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.
§ 2 o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão. (grifo nosso)
DA PARTILHA DE BENS
Ao testador é dado limites de destinação de seus bens, uma vez que os seus herdeiros necessários são determinados por lei a disposição dos quinhões, conforme o disposto no art. 1.846 do Código Civil. Em casos em que o testamento ofende o direito dos herdeiros necessários, cabe a redução das disposições testamentárias, prevista no § 1º do art. 1.967 do Código Civil.
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.
§ 1º Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor.
Apesar de não caber a discussão quanto a validade do testamento em questão, ocorre que o testador ultrapassou o limite de destinação de seus bens. Logo o testamento que dispunha 5% para Alexandre (sobrinho), 5% para Rodrigo (sobrinho), 5% para Alice (sobrinha), 25% para Sofia (filha), 25% para João Augusto (filho), 25% para Marina (filha), 5% para Amanda (sobrinha), 5% para André (sobrinho), curadora do espólio para a Aparecida (irmã) e pensão vitalícia no valor de R$163.000,00 para Maria do Céu (mãe), não pode prosperar.
Dessa forma, da quantia disposta serão abatidas as dívidas e despesas do funeral, e calcula da legitima conforme o art. 1.847 do Código Civil, à Rose Miriam Di Matteo, companheira, será disposto metade dos bens devido o seu regime de comunhão de bens, o espólio será dividido entre 4 partes iguais, do qual ¼ pertencerá à companheira, visto que ela concorre com os descendentes, e os ¾ restantes serão divididos igualmente entre a mãe e os filhos do testador. Será disposto Rose Miriam Di Matteo os bens adquiridos após à união estável, no entanto será de direito o recebimento do fruto desses bens anteriores à união estável
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. COMPANHEIRA SOBREVIVENTE. DIREITO À MEAÇÃO DO BEM. IMÓVEL NÃO ADQUIRIDO NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL. IMPOSSIBILIDADE.
1. É incomunicável imóvel adquirido anteriormente à união estável, ainda que a transcrição no registro imobiliário ocorra na constância desta. Precedentes.
2. Antes da presunção de mútua assistência para a divisão igualitária do patrimônio adquirido durante a união estável, reconhecida pela Lei nº 9.278/1996, havia necessidade de prova da participação do companheiro.
Recurso especial provido. REsp 1324222/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 14/10/2015)O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o falecido, ainda que silente o art. 1.831 do atual Código Civil.
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. CONFISSÃO. DIREITOS INDISPONÍVEIS. IMPOSSIBILIDADE. LIMITES DO PEDIDO. CONGRUÊNCIA. PARTILHA DE BENS. FRUTOS. PRODUTOS. MERA VALORIZAÇÃO DECORRENTE DA EXISTÊNCIA DE BEM. COMUNICAÇÃO. ARTIGOS ANALISADOS: ARTS. 38, 128 E 351 DO CPC; ART. 5º DA LEI 9.279/96; ART. 271, V, DO CC/16.1. Ação de reconhecimento e dissolução de união estável, ajuizada em 16.10.2003. Recurso especial concluso ao Gabinete em 03.01.2012.2. Discussão relativa (i) à validade de confissão feita por advogado em audiência acerca da união estável entre as partes; (ii) à existência de decisão extrapetita e (iii) à partilha dos frutos dos bens particulares na união estável.3. Inviável o reconhecimento de violação ao art. 535 do CPC quando não verificada no acórdão recorrido omissão, contradição ou obscuridade apontadas pela recorrente.4. O artigo 38 do CPC, que trata dos poderes conferidos ao patrono por meio da outorga de instrumento de mandato para o foro em geral, elenca expressamente aqueles que não estão nela abrangidos, quais sejam: receber a citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.5. “Confessar” é diferente de “transigir, acordar ou discordar” enão havendo previsão expressa daquele poder especial, no instrumento de mandato, não se pode admitir a confissão do advogado da recorrente, como prova da união estável das partes, no período de 1986 a 1998.6. Ainda que desconsiderada a confissão feita pelo advogado, relativa ao período de 1986 a 1998, segundo o acórdão recorrido, houve demonstração, pelo autor a ação, da existência de união estável entre as partes no período alegado pelo recorrido. E, alterar essa conclusão implicaria o revolvimento de matéria fática e a análise de provas, o que é vedado a esta Corte, por incidência da Súmula 7/STJ.7. Na hipótese analisada, o pedido do recorrido não se limitou à tutela declaratória de reconhecimento da união estável. O STJ firmou entendimento no sentido de que cabe ao julgador a interpretação lógico-sistemática do pedido formulado na petição inicial a partir de uma análise de todo o seu conteúdo.8. O CC/02 não é aplicável à hipótese, haja vista que a união estável estabelecida entre as partes teve seu término em 2002, ou seja, antes da entrada em vigor do novo Código. Toda a questão, portanto, deve ser analisada à luz do disposto no Código Civil de 1916 e na Lei 9.278/1996.9. Da interpretação do art. 5º da Lei n.º 9.278, de 1996, ressai cristalina a assertiva de que na união estável o regime de bens é o da comunhão parcial, pelo qual há comunicabilidade ou meação dos bens adquiridos a título oneroso na constância da união, prescindindo-se, para tanto, da prova de que a aquisição decorreu do esforço comum de ambos os companheiros. 10. Embora a união estável das partes tenha sido reconhecida no período de 1986 a 1998, a presunção de mútua colaboração na formação do patrimônio do casal, aplica-se a todo o tempo de duração da relação.11. A Lei 9.278/96 afasta a comunicação apenas do produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união estável. A comunicação dos frutos, no entanto, é admitida com fundamento no art. 271, V, do CC/16, aplicável à hipótese.12. A valorização dos imóveis de propriedade da recorrente trata-se de um fenômeno meramente econômico, não podendo ser identificada como fruto, produto do bem, ou mesmo como um acréscimo patrimonial decorrente do esforço comum dos companheiros. Ela decorre da própria existência do imóvel no decorrer do tempo, conjugada a outros fatores, como sua localização, estado de conservação, etc.13. Se os imóveis da recorrida não se comunicam porque foram adquiridos antes da união estável, ou na constância desta, mas a título de herança, ainda que tenham se valorizado ao longo do tempo, continuarão incomunicáveis.14. Recurso especial parcialmente provido
STJ - REsp: 1349788 RS 2011/0203163-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 26/08/2014, T3 - TERCEIRA TRMA, Data de Publicação: DJe 29/08/2014)
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.
STF - RG RE: 878694 MG - MINAS GERAIS 1037481 - 72.2009.813.0439, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 16/04/2015, Data de Publicação: DJe- 092 19-05-2015)
STJ - REsp 1324222/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 14/10/2015)
STJ - REsp: 1349788 RS 2011/0203163-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 26/08/2014, T3 - TERCEIRA TRMA, Data de Publicação: DJe 29/08/2014)

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