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Direito Civil VI - Direito de Família

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DIREITO CIVIL VI 
DIREITO DE FAMÍLIA 
Unidade I. Direito das Famílias 
I.1. Conceito e Evolução histórica de Família: Família é agrupamento humano de pelo 
menos duas pessoas que, em torno dos laços de afetividade, resolve, à luz da dignidade da pessoa 
humana, desenvolver a sua felicidade. Centro da realização dos preceitos fundamentais; lato 
sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, 
portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção. 
Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins. Para determinados fins, 
especialmente sucessórios, o conceito de família limita-se aos parentes consanguíneos em linha 
reta e aos colaterais até o quarto grau. As leis em geral referem-se à família como um núcleo mais 
restrito, constituído pelos pais e sua prole, embora esta não seja essencial à sua configuração. 
Trata-se de instituição jurídica e social, resultante de casamento ou união estável, formada por 
duas pessoas de sexo diferente com a intenção de estabelecerem uma comunhão de vidas e, via 
de regra, de terem filhos a quem possam transmitir o seu nome e seu patrimônio. 
No direito romano a família era organizada sob o princípio da autoridade. O pater familias 
exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae ac necis). Podia, desse modo, vendê-
los, impor-lhes castigos e penas corporais e até mesmo tirar-lhes a vida. A mulher era totalmente 
subordinada à autoridade marital e podia ser repudiada por ato unilateral do marido. O pater 
exercia a sua autoridade sobre todos os seus descendentes não emancipados, sobre a sua esposa e 
as mulheres casadas com manus com os seus descendentes. A família era, então, simultaneamente, 
uma unidade econômica, religiosa, política e jurisdicional. O ascendente comum vivo mais velho 
era, ao mesmo tempo, chefe político, sacerdote e juiz. Comandava, oficiava o culto dos deuses 
domésticos e distribuía justiça. Havia, inicialmente, um patrimônio familiar, administrado pelo 
pater. Somente numa fase mais evoluída do direito romano surgiram patrimônios individuais, 
como os pecúlios, administrados por pessoas que estavam sob a autoridade do pater. 
Com o tempo, a severidade das regras foi atenuada, conhecendo os romanos o casamento 
sine manu, sendo que as necessidades militares estimularam a criação de patrimônio independente 
para os filhos. Com o Imperador Constantino, a partir do século IV, instala-se no direito romano 
a concepção cristã da família, na qual predominam as preocupações de ordem moral. Aos poucos 
foi então a família romana evoluindo no sentido de se restringir progressivamente a autoridade 
do pater, dando-se maior autonomia à mulher e aos filhos, passando estes a administrar os pecúlios 
castrenses (vencimentos militares). Em matéria de casamento, entendiam os romanos necessária 
a affectio não só no momento de sua celebração, mas enquanto perdurasse. A ausência de 
convivência, o desaparecimento da afeição era, assim, causa necessária para a dissolução do 
casamento pelo divórcio. Os canonistas, no entanto, opuseram-se à dissolução do vínculo, pois 
consideravam o casamento um sacramento, não podendo os homens dissolver a união realizada 
por Deus: quod Deus conjunxit homo non separet. Durante a Idade Média as relações de família 
regiam-se exclusivamente pelo direito canônico, sendo o casamento religioso o único conhecido. 
Embora as normas romanas continuassem a exercer bastante influência no tocante ao pátrio poder 
e às relações patrimoniais entre os cônjuges, observava-se também a crescente importância de 
diversas regras de origem germânica. Podemos dizer que a família brasileira, como hoje é 
conceituada, sofreu influência da família romana, da família canônica e da família germânica. É 
notório que o nosso direito de família foi fortemente influenciado pelo direito canônico, como 
consequência principalmente da colonização lusa. As Ordenações Filipinas foram a principal 
fonte e traziam a forte influência do aludido direito, que atingiu o direito pátrio. No que tange aos 
impedimentos matrimoniais, por exemplo, o Código Civil de 1916 seguiu a linha do direito 
canônico, preferindo mencionar as condições de invalidade. Só recentemente, em função das 
grandes transformações históricas, culturais e sociais, o direito de família passou a seguir rumos 
próprios, com as adaptações à nossa realidade, perdendo aquele caráter canonista e dogmático 
intocável e predominando “a natureza contratualista, numa certa equivalência quanto à liberdade 
de ser mantido ou desconstituído o casamento”. 
 
I.2. A família na CF/88: Foi a primeira Constituição a tratar de família. Reconheceu que 
a família é a principal célula do Estado e ofereceu proteção integral a esta. 
 
I.3. Princípios constitucionais do direito de Família 
o Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF): O princípio do respeito à dignidade 
da pessoa humana constitui, assim, base da comunidade familiar, garantindo o 
pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente 
da criança e do adolescente. (capacidade normogenética = um macro princípio, 
constrói princípio e regra). 
o Isonomia (art. 5º, “caput”, art. 226, § 5º CF): A mulher divorciada perdeu o foro 
privilegiado; o homem deixou de ser considerado a cabeça da casa (pátrio poder 
passou a ser poder familiar); igualdade entre as entidades familiares (casamento, 
união estável, família monoparental, coparental, anaparental e 
reconstituída/mosaico); isonomia entre cônjuges/companheiros na constância da 
entidade familiar; perda da preferência da mulher na guarda dos filhos; isonomia 
entre os filhos (proibição de discriminação seja por sexo, idade ou por não serem 
filhos de sangue). 
o Solidariedade familiar (art. 228, CF): Dever de cuidado e assistência entre todos 
os membros da entidade familiar. 
o Planejamento familiar (art. 226 § 7º, CF): (paternidade responsável + dignidade 
da pessoa humana); liberdade de ter ou não prole; proibição da intervenção estatal 
ou privada no desejo do casal de ter filhos. OBS: O EPD (estatuto da pessoa com 
deficiência) em seu art. 6º veda a esterilização compulsória de pessoas com 
deficiência. É vedada a esterilização compulsória, mas é possível desde que 
sejam preenchidos os requisitos legais, quais sejam: + de 35 anos, pelo menos 02 
filhos vivos e maiores de um ano de idade, consentimento do 
cônjuge/companheiro por escritura pública. É livre decisão do casal, fundado nos 
princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. Essa 
responsabilidade é de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros. A Lei n. 
9.253/96 regulamentou o assunto, especialmente no tocante à responsabilidade 
do Poder Público. O Código Civil de 2002, no art. 1.565, traçou algumas 
diretrizes, proclamando que “o planejamento familiar é de livre decisão do casal” 
e que é “vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições públicas e 
privadas”. 
o Proteção integral aos membros das entidades familiares (art. 227, §§, CF): 
Criação de microssistemas jurídicos (ECA, Estatuto da 1ª infância, Estatuto do 
Idoso, Estatuto da juventude: 16-26 anos); criação de varas especializadas; 
criação de processo com ritos especiais; prioridade de tramitação dos feitos; 
criação do foro privilegiado; criação de estabelecimentos prisionais próprios, de 
acordo com a idade e o sexo. 
 
I.4. Princípios Civis do Direito de Família 
o Afetividade (união estável, monoparental, coparental, decorrente de família 
reconstituída): Reconhece que o afeto, mesmo que presumido no casamento, é 
elemento caracterizador de família. Entende-se que casamento + afeto = força 
motriz e caracterizadora das entidades familiares. RE898060- Multiparentalidade 
o Monogamia (art. 1566, I, CC): Decorre do dever de fidelidade entre cônjuges e 
companheiros. 
OBS: Na união estável (art. 1724)a expressão LEALDADE (boa-fé objetiva - 
confiança) é entendida também como dever de fidelidade. 
 
 
 
Unidade II. Do Casamento 
II.2. Conceito: É a união formal (precedida por processo de validação) entre 02 pessoas, 
independentemente do sexo (RES 175, CNJ; ADIN 4277; ADPF 132), que através de ato solene 
resolvam estabelecer plena comunhão de vida (mancomunhão), por força de expressa 
manifestação de vontade (SIM), perante uma autoridade competente (juiz de paz ou juiz da VRP 
ou autoridade eclesiástica) ao qual o Estado empresta validade e eficácia jurídicas. 
OBS: No Brasil não se admite (ainda) que o casamento seja celebrado por autoridade 
espírita ou de religião afrodescendente. 
OBS: Se o casamento acontece num local onde a autoridade se encontra são duas 
testemunhas, se for fora, paga-se um preço considerável e passam a ser 4 testemunhas. 
Ocorre sempre de portas abertas para que a qualquer momento possa-se entrar alguém 
alegando impedimentos. 
II.2. Natureza jurídica do casamento 
 Instituição: É regido por preceito de ordem pública; 
 Contrato: É regido por princípio de direito privado; 
 Mista: Ora se comporta como instituição, ora como contrato. 
II.3. Requisitos para casamento 
 Capacidade núbil (16 anos completos). OBS: Entre 16 e 18 anos incompletos é 
necessária a autorização de ambos os pais, ou de um, na falta do outro, ou mesmo 
dos representantes legais (tutores/curadores). A autorização é REVOGÁVEL até a 
data da celebração. OBS: No caso de recusa injustificada por parte dos pais, é 
possível o suprimento judicial da vontade (recusa justificada = inimigos capitais, 
por exemplo, no caso de o pretendente do relativamente incapaz ser a pessoa que 
matou o seu pai); OBS: Até o advento da lei 13.811/19 era possível o casamento 
abaixo da idade núbil, nesses casos: 1) mulher grávida menor de 16 anos; 2) para 
afastar sanção penal (menino de 19 que engravidava menina de 13, casava e isso 
afastava o estupro). 
 Inexistência de impedimentos matrimoniais (art. 1521, CC) 
 Submissão ao processo de habilitação 
II.4. Hipóteses de impedimentos matrimoniais (art. 1521, CC): Impedem a contração das 
núpcias pelos nubentes que não detém legitimidade casamentaria. 
 Ascendentes com descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
 Afins em linha reta (parentes do cônjuge/companheiro). OBS: “ex” cunhados 
podem se casar, uma vez que a parentalidade COLATERAL se extingue (não é 
em linha reta, como é o caso de sogro/sogra/genro/nora). 
 O adotado com o cônjuge (padrasto/madrasta) do adotante e o adotante com o 
cônjuge do adotado (genro/nora) 
 O adotado com o filho do adotante; 
 Os colaterais entre si, sejam bilaterais (no caso dos irmãos, quando filhos do 
mesmo pai e da mesma mãe) ou unilaterais (no caso dos irmãos, quando filhos em 
comum de apenas um dos pais), até 3º grau inclusive. *Primo é 4º grau, por isso é 
permitido; *Tio e sobrinho é permitido, desde que façam exame de 
compatibilidade genética e com esse consigam provar que não vão gerar uma prole 
defeituosa ou demonstrar que não estão mais aptos biologicamente a gerar filhos, 
seja por idade ou em virtude de laqueadura ou vasectomia (casamento ‘avuncular’: 
continua em vigor o Decreto-lei 3.200/1941, no sentido de que o casamento entre 
colaterais de terceiro grau pode ser realizado se não houver risco à prole, o que 
deve ser aprovado por uma junta médica formada por dois profissionais da área). 
No caso de uniões homoafetivas não há a necessidade de realizar essas 
demonstrações. *Caso jogador Hulk? A menina é sobrinha DELA e não dele, o 
que impede que a prole gerada seja defeituosa, uma vez que não possuem laços 
sanguíneos. 
 As pessoas casadas (sob o nosso ordenamento jurídico, que seguem as regras 
casametárias brasileiras que são leis pessoais), sob pena do cometimento do crime 
de bigamia. 
 Viúvo com o condenado pelo homicídio doloso ou tentativa de homicídio do seu 
consorte (se a pessoa desconhecia que o seu noivo era o responsável pela morte 
do de cujus, o casamento poderá ser anulado por erro essencial sobre a pessoa). 
OBS: A violação dessas hipóteses de impedimento gera nulidade absoluta (art. 1548, CC). 
Atualmente, as hipóteses de impedimento são as únicas causas de nulidade absoluta do casamento. 
O EPD (Estatuto da Pessoa com Deficiência) revogou a previsão constante no inciso II do Art. 
1548 que previa a nulidade do casamento celebrado com pessoa absolutamente incapaz (doente 
mental grave). 
OBS: Qualquer interessado, a qualquer tempo, pode ingressar com ação de nulidade. 
OBS: Se celebrado de boa-fé (casamento putativo) mantém-se os efeitos pessoais com relação às 
pessoas dos filhos, bem como as relações patrimoniais (respeitado o regime de bens e os terceiros 
de boa-fé) – art.1561, CC. Caso de 2 irmãos que são adotados por famílias distintas e no futuro, 
se casam, sem saber que são irmãos (boa-fé). Nesse caso, os filhos não serão prejudicados, 
continuam tendo nome de pai e mãe (mantem-se os efeitos pessoais) e as relações patrimoniais, 
entretanto, o casamento deverá ser anulado, com o intuito de se desfazer a conjugalidade e a 
comunhão, se não pelos “nubentes”, o próprio Estado anula. “poderão viver e regime de união 
estável?” Não, e se assim o fizerem, esta união não possui nenhum efeito jurídico, pois o Estado 
não reconhecerá a existência, sendo considerada uma sociedade de fato. 
OBS: A utilização do termo anulável no Art. 1561, CC não quer dizer que o casamento putativo 
poderá ser convalidado pelo tempo tornando-se um ato jurídico perfeito. O intuito do legislador 
ao usar essa expressão foi dizer que o casamento produzirá todos os seus efeitos jurídicos até o 
momento de decretação de sua nulidade e depois retroagirá até a data de sua celebração. 
II.5. Causas suspensivas do casamento (Arts. 1523 e 1524, CC) 
 São hipóteses descritas na legislação que determinam a imposição do regime de 
separação obrigatória de bens em razão de alguma vulnerabilidade presumida. 
Essas causas não suspendem o casamento em si, apenas determinam essa 
imposição. Todas as pessoas que se enquadram nessas hipóteses podem casar, 
porém, com a exigência de que o façam sob o regime de sep. obrigatória. 
 Hipóteses 
o Pessoas com mais de 70 anos; (é a única hipótese em que não pode haver 
a alteração futura do regime de bens, em caso de desaparecimento da causa 
suspensiva, por motivos óbvios). *Exceção: pessoa com mais de 70 anos 
que já vivia em união estável e deseja converter em casamento, sendo 
afastada esta causa suspensiva no processo de habilitação do casamento. 
o Viúvo(a) que contrai segundas núpcias sem celebrar inventário/partilha de 
bens, havendo herdeiros necessários (para evitar a turbação patrimonial 
e causar prejuízos aos herdeiros necessários, por exemplo, filhos que sejam 
fruto de relações anteriores). Eventualmente, sendo feita a prova de 
ausência de prejuízo para os envolvidos, o casamento poderá ser celebrado 
por qualquer regime, sem a imposição de sanções (art. 1.523, parágrafo 
único, do CC). Para essa primeira causa suspensiva, além da imposição do 
regime da separação legal ou obrigatória de bens, o art. 1.489, inc. II, do 
CC consagra a imposição de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre 
os bens imóveis dos pais que passarem a outras núpcias antes de 
fazerem o inventário do cônjuge falecido. Há, portanto, nessa primeira 
hipótese de causa suspensiva, uma dupla sanção aos cônjuges. Vale dizer, 
ainda, que se o filho for apenas do cônjuge falecido, ou seja, não for filho 
do viúvo ou viúva que pretende se casar novamente, não se impõe a 
causa suspensiva ao cônjuge sobrevivente. O mesmo ocorre se o filho for 
apenas daquele que pretende se casar; 
o Divorciado(a) que não realizou a partilha de bens. Também aqui, não 
havendo prejuízo patrimonial, o casamento poderá ser celebrado por 
qualquer regime, cessando a causasuspensiva (art. 1.523, parágrafo único, 
do CC); 
o Todas as pessoas que precisam de consentimento para casar (pessoas entre 
16 e 18 anos); 
o Tutor e o curador, bem como seus parentes (descendentes, ascendentes, 
irmãos, cunhados ou sobrinhos) com a pessoa tutelada ou curatelada, 
enquanto não cessada a tutela ou curatela, ou não estiverem saldadas as 
respectivas contas prestadas. Mais uma vez demonstrada a inocorrência de 
prejuízo para a pessoa tutelada ou curatelada, o casamento poderá ser 
celebrado por qualquer regime, pois desaparece a causa suspensiva (art. 
1.523, parágrafo único, do CC) 
o Viúva grávida dentro dos 300 dias (10 meses), sem que tenha sido feita 
partilha de bens - Art. 1597 (para evitar confusão patrimonial da mesma 
forma, tendo em vista a presunção de que o falecido é o pai do nascituro, 
que já possui seus direitos sucessórios resguardados pelo Direito Civil 
antes mesmo do seu nascimento). 
 
OBS.: Até a data da celebração do casamento as partes podem levantar as causas suspensivas, 
bastando a prova em sentido contrário. (ex.: no caso dos 70 anos, prova de união estável pretérita; 
no caso dos divorciados, sentença de partilha; viúvo(a), formal de partilha; viúva grávida, o 
nascimento da criança). 
OBS: A modificação do regime de bens será possível com o desaparecimento das causas 
suspensivas, mas só é veiculada com ação própria (Ação de modificação de regime de bens). 
OBS: As pessoas que casaram sob a égide do Código Civil de 1916, o qual não possibilitava a 
mudança do regime de bens, podem, atualmente, após o Código Civil de 2002, alterar o seu 
regime de comunhão de bens através de A.M.R.B., por ser o casamento um contrato de obrigações 
de trato sucessivo, assim como aqueles que à época apresentavam alguma causa suspensiva que 
desapareceu ou em virtude da obrigatoriedade que vigorava de que o regime de bens no casamento 
fosse o de comunhão universal, eis que o casamento era indissolúvel e o mesmo raciocínio era 
aplicado ao regime de bens. 
II.6. Da habilitação (Arts. 1525 a 1532, CC) 
 Processo de jurisdição voluntária em que se verifica o preenchimento dos 
requisitos para o casamento e que se processa perante o Cartório do Registro Civil 
das Pessoas Naturais ou na Vara de Registros Públicos. 
 Fases da habilitação: 
o 1ª fase: Requerimentos: por petição escrita de próprio punho ou por 
procurador é feita a solicitação de habilitação. Documentos necessários 
(1525): 
 Certidão de nascimento ou documento equivalente; 
 Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal 
estiverem, ou ato judicial que a supra; 
 Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que 
atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os 
iniba de casar; 
 Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos 
contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; 
 Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de 
nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou 
do registro da sentença de divórcio, conforme o caso. 
 Esse processo de habilitação é realizado perante o oficial do 
Registro Civil, após a audiência do Ministério Público (1526). 
o 2ª fase: Extração do edital (proclamas): Correm durante 15 dias para 
promover a ampla publicidade do casamento (se afixará durante quinze 
dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, 
obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver) e viabilizar 
que os que tenham conhecimento acerca de algum impedimento possam 
realizar as impugnações. *Exceção: P. único do Art. 1527 - A autoridade 
competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. 
*Divergência: “O juiz não pode dispensar, mesmo fundamentadamente, a 
publicação do edital de proclamas do casamento, mas sim o decurso do 
prazo” (Enunciado n. 513). 
o No prazo de 15 dias dos proclamas pode ser apresentada impugnação por 
qualquer interessado. Procedimento (1529-1531, CC + 67, § 5.º, da Lei de 
Registros Públicos – L6015/73). 
 
Após a defesa o juiz decidirá por habilitar o casamento ou não (ambas as decisões são 
irrecorríveis, mas permite-se aos nubentes não habilitados que apresentem novas provas a fim de 
obter resultado positivo). Decidindo pela habilitação, passa-se a 3ª fase. 
o 3ª fase: Extração da certidão de habilitação e celebração no prazo 
decadencial de 90 dias (1533ss). No que concerne ao ato solene, este será 
realizado na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, 
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes. 
Se as partes quiserem, e consentindo a autoridade celebrante, o 
casamento poderá ser celebrado em outro edifício, público ou particular 
(art. 1.534 do CC). Nesse último caso, ficará o edifício particular de 
portas abertas durante o ato (art. 1.534, § 1.º, do CC). O número de 
testemunhas aumenta para quatro, o que igualmente se aplica se algum 
dos contraentes não souber ou não puder escrever (art. 1.534, § 2.º, do 
CC). O ato deve ser presidido pelo juiz de paz. Observe-se que a matéria, 
até o momento, não está regulamentada de forma uniforme em nosso 
país. O art. 98, inc. II, da CF/1988 preceitua que a União, no Distrito 
Federal e nos Territórios, e os Estados criarão “justiça de paz, 
remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e 
secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da 
lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação 
apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições 
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na 
legislação”. Não há uniformidade quanto à justiça de paz no Brasil, 
Impugnação escrita 
(instruída com 
documentos 
comprobatórios de 
impedimento ou 
causa suspensiva)
Comunicação 
aos nubentes + 
indicação por 
estes das 
provas que 
pretendem 
produzir -
3 dias
Produção 
de provas 
pelo 
oponente e 
nubentes 
em 10 dias 
ouvid
o o 
MP 
em 5 
dias
decisão 
em 5 dias
JUIZ HABILITA -
CERTIDÃO DE 
HABILITAÇÃO 
NÃO HABILITA -
ARQUIVAMENTO
sendo certo que cada unidade da Federação tomou um rumo. 
Providências registrais – vide art. 1536. Suspensão da celebração – vide 
art. 1538. Celebração de casamento por moléstia grave – vide art. 1539. 
Celebração de casamento nuncupativo – vide art. 1540 e 1541. 
Casamento por procuração – vide art. 1542. 
 
II.7. Espécies de casamento 
o Casamento Civil: União formal de duas ou mais pessoas, independente de sexo, 
que através de ato solene resolvem estabelecer plena comunhão de vida, por força 
de expressiva manifestação de vontade, perante uma autoridade competente, a 
qual o Estado empresta validade e eficácia jurídica (02 testemunhas). 
o Casamento religioso com efeitos civis (1515s): Necessária dupla validação: pelas 
regras canônicas e pelas regras civis (02 testemunhas). 
OBS: No casamento religioso em que a habilitação se der após a celebração do ato, o 
prazo para habilitação e registro será de 45 dias (OBS.*. NO CÓDIGO, FAZ 
REFERÊNCIA A UM PRAZO DE 90 DIAS – 1516, §2º). 
OBS: O casamento religioso que não se submete às regras civis (habilitação), para o 
Direito Civil é visto como União Estável. 
o Casamento por procuração (a procuração pública com poderes especiais terá 
prazo de 90 dias). Vide art. 1542, CC. OBS: É possível anular-se o casamento 
por procuração se esta for revogada antes da data da celebração e não houve 
coabitação posterior (à celebração) entre os cônjuges. Havendo coabitação, não é 
possível, pela vedação de conduta contraditória (venire contra factum proprium). 
o Casamento em caso de moléstia grave: Vide art. 1539, CC. OBS: Exige-se o 
perfeito juízo dos nubentes (sem alucinações, estado de euforia, etc). OBS: 
passarão a ser 04 testemunhas caso os nubentes não souberem ler ou escrever 
(TIRAR DÚVIDA). 
o Casamento no caso de iminente risco de vida/nuncupativo- “In extremis vitae 
causae”: Também decorre de moléstia grave, porém, a situação é mais séria. 
Nesse caso, nem o enfermo pode comparecer à presença da autoridade, nem a 
autoridade pode comparecer ao local em que o enfermo se encontra. Vide artigo 
1540, CC. OBS: O casamento poderá ser celebrado por qualquer pessoa. OBS: 
A declaração das testemunhas (comprovação formal do casamento) deverá ser 
feita num prazo de até 10 dias e substituirá a certidão de casamento. Após a 
realização do termo, a habilitação se iniciará de ofício. 
o Consular: Casamento celebrado por autoridade consular, mas submetido ao 
devido processo de habilitação (no próprio consulado e não em cartório). Como 
é celebrado em território por extensão, o registro do casamento necessitará de 
convalidação em um prazo de 180 dias (condição suspensiva). Caso nunca 
tenham vindo ao Brasil, deverá ser feita no primeiro Estado da federação em que 
se encontrarem; caso estejam retornando, no último domicílio dos nubentes. 
OBS.: CONDIÇÃO SUSPENSIVA: O entendimento doutrinário majoritário é de 
que a condição suspensiva é apenas quanto ao registro, mas não quanto ao 
casamento. 
o Putativo: É o casamento nulo celebrado de boa-fé e que poderá produzir todos os 
seus efeitos jurídicos até a sentença anulatória, mas não se mantém perante o 
ordenamento jurídico brasileiro. OBS.: ART. 1.561 - “ANULÁVEL”: o termo 
utilizado é “anulável” porque o casamento produz efeitos até a sentença 
anulatória, retroagindo, posteriormente, à sua celebração e mantendo-se os 
efeitos quanto aos filhos e terceiros de boa-fé. 
II.8. Nulidades do casamento 
II.8.1. Nulidade absoluta: Resulta da violação das hipóteses inafastáveis do Art. 
1521, CC, por determinação expressa do Art. 1.548, I, CC. OBS.: EPD - LEI 13.146/15: 
Revogou a hipótese de nulidade quanto a pessoas deficientes, por ser o casamento o 
exercício de um direito existencial de todos. A ação de nulidade absoluta pode ser proposta 
por qualquer interessado e a qualquer tempo (caso não tenham sido levantados os 
impedimentos no período próprio para impugnações) – art. 1549, CC. O foro competente 
passou a ser o foro de domicílio do guardião do incapaz, pelo Novo CPC. Não o havendo, 
o foro competente é o do último domicílio do casal. Por fim, será competente o foro de 
domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal (art. 53 do 
Novo CPC). 
II.8.2. Nulidade relativa: As hipóteses estão presentes em um rol taxativo (Art. 
1.550, CC), não se admitindo interpretação extensiva. OBS.: Não veiculam normas de 
ordem pública, como ocorre nas hipóteses de nulidade absoluta, devendo ser obedecido um 
prazo que, se ultrapassado, torna o ato jurídico perfeito. A legitimidade é dos representantes 
legais, do próprio cônjuge menor e de seus ascendentes para a propositura de ação 
anulatória. (Art. 1552, CC) 
o Hipóteses: 
 Casamento de quem ainda não cumpriu a idade mínima para casar 
(menor de 16 anos): Se for celebrado, não será nulo e também não será 
inexistente (porque no Brasil não se adota a teoria da inexistência), 
porém, não terá validade jurídica, sendo, portanto, anulável. *Prazo: 
180 dias. Se a ação for proposta pelo próprio menor, devidamente 
representado, o prazo será contado a partir do momento em que 
completar a idade núbil. Se a ação for proposta pelo representante legal 
ou ascendente, o prazo será contado da celebração – art. 1560, §1º. 
*Hipóteses de convalidação: 1) Se a ação anulatória não foi proposta, por 
lógica; 2) Se do casamento resultou gravidez – art. 1551; 3) Se o menor, 
ao atingir a idade núbil, confirmou o casamento, com autorização ou 
suprimento judicial – art. 1553. OBS.: LEI 13.811/19: REVOGOU O 
ART. 1520, CC: A alteração legislativa trazida pela lei 13.811/19 tornou 
inadmissível o casamento daqueles abaixo da idade núbil, em qualquer 
hipótese. 
 Do menor em idade núbil (entre 16 e 18 anos): quando não houver o 
consentimento dos representantes legais, será anulável. *O prazo para a 
propositura da ação anulatória é decadencial de cento e oitenta dias, ação 
essa que somente pode ser proposta pelo incapaz (ao deixar de sê-lo), por 
seus representantes legais ou por seus herdeiros necessários (art. 1.555, 
caput, do CC). *Regras de contagem dos prazos: 1) Se a ação for 
proposta pelo menor, o prazo será contado a partir do momento em que 
completar 18 anos; 2) Se a ação for proposta pelo representante legal, o 
prazo será contado a partir da celebração do casamento; 3) Sendo 
proposta a ação por herdeiro necessário, o prazo será contado da data do 
óbito do menor. Não proposta a ação, ou se quando à sua celebração do 
casamento houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou 
tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação, o casamento se 
convalidará – art. 1555. 
 Por vício do consentimento (erro ou coação): 
 ERRO sobre a pessoa do outro, essencial e inescusável; uma 
causa preexistente ao casamento, mas desconhecida até 
então, que torna a convivência insuportável. Pode ser (1550): 1) 
Erro sobre a identidade do outro, que envolva sua honra, imagem 
e boa fama; 2) Ignorância de prática de crimes infamantes; 3) 
Defeito físico irremediável que NÃO constitua deficiência (hoje 
em dia, não há hipóteses práticas desse dispositivo); 4) Doença 
mental grave (ex.: esquizofrenia) ou doença de fácil contágio 
(ex.: HIV, sífilis, hepatite) que ponha em risco o cônjuge e sua 
prole. Nesses casos, o outro nubente não pode conhecer a 
existência da doença e, após o conhecimento, não pode haver 
coabitação. 
 OBS.: Antes do EPD era possível anular o casamento por 
impotência “coeundi”, “gerandi” e “gestandi”. Hoje em dia, 
não mais. 
 Prazo para anular o casamento/para se convalidar: 3 anos a 
contar da celebração do casamento e não do conhecimento da 
doença. 
 COAÇÃO: quando o consentimento de um ou de ambos os 
cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal 
considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de 
seus familiares (1558). Na hipótese de casamento contraído por 
pessoa coacta, a ação só pode ser promovida pelo próprio coato, 
no prazo de quatro anos a contar da celebração (CC, arts. 1.559 
e 1.560, IV). A prova da coabitação pode ser utilizada pelo 
coator para evitar a anulação do casamento (CC, art. 1.559, 
segunda parte). Contudo, além de tal prova ser muito subjetiva, 
a própria coabitação pode ter sido obtida mediante coação. Por 
conseguinte, somente a coabitação voluntária, devidamente 
comprovada, mostra-se apta a validar o ato. 
 Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu 
coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a 
coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas 
as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557 (defeito físico 
irremediável, moléstia grave ou doença mental grave) – AÇÃO 
PERSONALÍSSIMA. 
 Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o 
consentimento: A incapacidade de consentir, que torna anulável o 
casamento, abrange a hipótese mencionada no inciso III do art. 4o do 
Código Civil: “III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, 
não puderem exprimir sua vontade”, que exigem assistência do 
representante legal. A expressão genérica não abrange as pessoas 
portadoras de doença ou deficiência mental permanentes, referidas no 
revogado inciso II do art. 3o do Código Civil, mas as que não puderem 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1557
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1557
exprimir totalmente sua vontade por causa transitória, ou permanente, 
em virtude de alguma patologia (p. ex., arteriosclerose, excessiva pressão 
arterial, paralisia, embriaguez não habitual, uso eventual e excessivo de 
entorpecentes ou de substâncias alucinógenas, hipnose ou outras causas 
semelhantes, mesmo não permanentes). É anulável,assim, o ato jurídico 
exercido pela pessoa de condição psíquica normal, mas que se 
encontrava completamente embriagada no momento em que o praticou e 
que, em virtude dessa situação transitória, não se encontrava em perfeitas 
condições de exprimir a sua vontade. *Prazo para ajuizar ação anulatória: 
180 dias a contar da celebração do casamento. 
 Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse 
da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os 
cônjuges: Cuida-se de hipótese em que o outorgado, estando de boa-fé, 
utiliza um mandato já anteriormente revogado, ou reconhecido 
judicialmente como inválido, sem seu conhecimento. Sobrevindo 
coabitação dos cônjuges, não se anulará o casamento realizado mediante 
procuração já revogada, como expressamente dispõe a segunda parte do 
inciso V do art. 1.550 retrotranscrito. Só se pode entender esse 
convalescimento em havendo a convivência após conhecer o outro 
contraente a revogação do mandato. Desse modo, “resguardando a 
sensibilidade moral do cônjuge enganado, somente se compreende que a 
coabitação convalida o matrimônio, se o outro contraente se conforma 
com o procedimento desleal do mandante, que depois de anular a 
manifestação de vontade contida na procuração condiciona o outro 
cônjuge a uma vida conjugal que nasceu de um engodo”. Assim, se o 
varão, por exemplo, revoga a procuração e, por desconhecimento desse 
ato, o casamento se realiza, a sua convalidação somente se dará se a 
mulher, cientificada da revogação, com ele coabitar, conformando-se 
com o seu procedimento desleal, ou apenas indicativo de uma 
contradição emocional. *Prazo para anular o casamento: 180 dias a 
contar do conhecimento do mandante da celebração. Ação 
personalíssima do mandante. 
 Por incompetência da autoridade celebrante: É anulável, no prazo de 
dois anos a contar da data da celebração (CC, art. 1.560, II), o 
casamento “por incompetência da autoridade celebrante” (art. 1.550, VI). 
A lei não distingue se se trata de incompetência em razão do lugar ou da 
matéria. Predomina na doutrina, entretanto, a opinião de que somente 
acarreta a anulabilidade a incompetência ratione loci ou ratione 
personarum (quando o celebrante preside a cerimônia nupcial fora do 
território de sua circunscrição ou o casamento é celebrado perante juiz 
que não seja o do local da residência dos noivos). Se, porém, o presidente 
não é autoridade competente ratione materiae (não é juiz de casamentos, 
mas promotor de justiça, prefeito ou delegado de polícia, p. ex.), o 
casamento não é anulável, mas inexistente, salvo na hipótese prevista no 
art. 1.554 do Código Civil, que considera subsistente o casamento 
celebrado por pessoa que, embora não possua a competência exigida na 
lei, exerce publicamente as funções de juiz de casamentos, aplicando, 
assim, à hipótese a teoria da aparência. 
 Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de 
anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução 
de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, 
a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível 
brevidade. 
 
Unidade III. Da Dissolubilidade do Casamento 
III.1. Divórcio: Causa de dissolução do casamento (1571, IV, CC). 
 Precedentes teóricos: Art 226, §6º, CF e Lei 6.515/77, antes da EC 66/10: Não 
existia divórcio no Brasil até o advento da EC 09/77, pois, como reflexo do direito 
canônico, o casamento no Brasil era indissolúvel. A partir desta, passou-se a admitir 
a dissolubilidade do casamento no país (divórcio), porém, o divórcio não era de 
imediato como se conhece hoje; havia necessariamente um período prévio ao 
divórcio, chamado de desquite. 
o Desquite (5 anos): figura necessária e pré-processual de divórcio que quebrava a 
conjugalidade. Eximia os cônjuges, durante este período, do dever de 
fidelidade, coabitação e, portanto, não havia a necessidade de que estes, 
ainda casados, morassem sob o mesmo teto. Aos olhos do legislador, era um 
período de reflexão para o casal, no sentido de confirmarem o seu desejo em 
dissolver a entidade familiar. Não havia a possibilidade do divórcio direto como 
se estuda atualmente, após a EC 66/10. Com a regulamentação pela CF/88, 
através do Art. 226, passou-se à simplificação do sistema de dissolução do 
casamento, porque reduziu-se o prazo (requisito formal) para que o cônjuge 
pudesse se divorciar do outro e deixou-se de lado o desquite, que desaparece do 
nosso ordenamento jurídico, reformulando a Lei 6.515/77 neste sentido e 
inaugurando 2 figuras jurídicas: 
 Separação de fato: surge para permitir a figura do divórcio direto se o 
casal, quando da promulgação da CF/88, já estivesse separado de fato há 
pelo menos 2 anos, podendo entrar com o pedido de divórcio direto; 
 Separação judicial: Surge para aqueles casais que, à época da 
promulgação da CF ainda não estavam separados de fato há 2 anos, 
devendo se submeter a um procedimento de pré-divórcio, assim como 
ocorria no caso do desquite, chamado de separação judicial, que, da 
mesma forma, rompia a conjugalidade, mas NÃO dissolvia o casamento. 
Neste caso, o período de reflexão estabelecido pelo legislador foi 
reduzido, passando a ser de 1 ano. Depois desse período, o casal poderia 
pedir o divórcio por conversão. 
OBS.: Durante esse período, era preciso realizar o pedido de divórcio com base nas causas 
previstas no Art. 1573, CC, tacitamente revogado pela EC 66/10. À época, não eram as 
próprias pessoas que decidiam pela sua separação, e sim o magistrado na análise do caso 
concreto e com base nas causas levantadas. Apenas após a EC 66/10, o divórcio passa a 
ser, de fato, um direito potestativo e erga omnes, independentemente da comprovação de 
qualquer causa de dissolução do casamento. 
III.1. Dissolução da sociedade conjugal: separação judicial (extinta com a EC 66/10) e 
Divórcio: Com o advento da EC 66/10, veio a máxima simplificação no processo de divórcio, 
porque, ao regulamentar novamente o divórcio na CF, esta expurgou a necessidade de 
comprovação do período de 2 anos no caso da separação de fato (divórcio direto) e a figura pré-
divórcio, de 1 ano, amparada pela separação judicial para posteriormente realizar o pedido de 
divórcio - conversão. O divórcio no Brasil não é mais divórcio direto, mas apenas divórcio, 
e, sendo assim, a todo e qualquer momento após a contração do casamento é possível que o 
casal de comum acordo ou de forma litigiosa realize o divórcio judicialmente, sem a 
necessidade de comprovação dos prazos mínimos dos dois tipos de separação que existiam 
anteriormente. Enunciado 517, CJF: A Emenda Constitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos 
previstos no art. 1.580 do Código Civil, mantido o divórcio por conversão, revogando também os 
dispositivos do CC que tratam das causas para dissolução do casamento (mantido o divórcio por 
conversão quanto às situações jurídicas preexistentes, ou seja, quando houver sentença de 
separação judicial. Sem sentença de separação judicial não há o que se falar em divórcio por 
conversão). 
A simplificação que temos hoje do processo de divórcio decorre de 3 princípios, quais 
sejam: 1) Princípio da máxima efetividade ou da eficiência: não faz sentido exigir do casal um 
tempo mínimo de reflexão antes da realização do divórcio, pois subtende-se que se o casal decidiu 
por se divorciar, já foram feitas todas as reflexões necessárias; 2) Princípio da força normativa da 
CF: aceitar a EC 66/10 com força para revogar os dispositivos supracitados do CC é entender pela 
força normativa da CF; 3) Princípio da interpretação das leis conforme a CF: ao interpretar o CC 
com base na CF, entende-se que não cabe mais ao Poder Judiciário exigir do casal que pretende 
se divorciar o cômputo dos requisitos materiais e formais para a concessão do divórcio. 
III.2. Lei 11.441/07: Separação e divórciopor escritura pública: Introduziu no Brasil 
pela primeira vez a figura do divórcio extrajudicial e separação extrajudicial, como forma de 
simplificação, também, do instituto do divórcio no país. 
OBS.: ORDEM DOS MARCOS TEMPORAIS REFERENTES AO DIVÓRCIO: 
- Antes da EC 9/77 e Lei 6.515/77: impossibilidade de dissolução pelo divórcio. A partir 
da emenda, a figura do divórcio entra no nosso ordenamento jurídico, precedido pelo 
desquite; 
- Art. 226, CF/88: regulamentou o divórcio, devendo este ser precedido ou de uma 
separação de fato ou de uma separação judicial; 
- Lei 11.441/07: permitiu a simplificação do divórcio com as figuras do divórcio e 
separação extrajudiciais. 
- EC 66/10: máxima simplificação do processo de divórcio, dispensando cumprimento de 
qualquer prazo prévio ou comprovação de causas de dissolução do casamento. Surgiu 
tendo em vista que, em casos de consensualidade a respeito do divórcio, não se faz 
necessária a chancela judicial para que pudesse pôr fim ao casamento, dissolvendo-o. 
Bastava que o casal demonstrasse os mesmos requisitos para o divórcio direto ou divórcio 
por conversão. 
Passou-se, portanto, a partir da referida lei a existirem 4 institutos para dissolução do casamento: 
1. Separação de fato (precedida de 2 anos) - divórcio direto; 
2. Separação judicial (por mais 1 ano) - divórcio por conversão; 
3. Separação de fato (2 anos) - divórcio extrajudicial; 
4. Separação extrajudicial (mais 1 ano) - divórcio extrajudicial por conversão. (Ex.: se 
presentes todos os requisitos, mas, em 2007 o casal não tinha ainda 2 anos de 
separação de fato para pedir o divórcio direto, poderia aguardar o prazo de 1 ano e 
pedir o divórcio extrajudicial por conversão). 
Para que se pudesse realizar o divórcio extrajudicial, era preciso comprovar os requisitos 
constantes na lei 11.441 e pela Resolução 35 do CNJ. Era preciso comprovar, portanto: 
- Consensualidade; 
- Que não há interesse de menores/incapazes; 
- Ambos os cônjuges devem estar representados por advogados, para que nenhum dos 
cônjuges possa alegar vício de consentimento, para que a vontade declarada na escritura 
pública de divórcio seja uma vontade legítima. 
Vantagens trazidas pela Lei 11.441: redução das custas (que são altíssimas no processo de 
divórcio) e celeridade. Permite, ainda, a partilha de bens e atribuição de alimentos, desde que os 
filhos sejam maiores, sem qualquer impedimento. 
Obs.: A escritura pública de divórcio constituía título (executivo extrajudicial) hábil para inscrição 
nos cartórios de registros imobiliários competentes. 
- A EC 66/10 revogou a parte da Lei 11.441 referente à separação extrajudicial como causa 
prévia para concessão do divórcio extrajudicial por conversão. Contudo, assim como nas 
situações pré-constituídas no caso do divórcio judicial, serão mantidas as situações 
jurídicas pré-constituídas do divórcio extrajudicial por conversão até o advento da EC 
66/10. 
*Enunciado 514, CJF: A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da 
separação judicial e extrajudicial (complementa o enunciado 517, CJF). 
Obs.: O divórcio extrajudicial pode ser realizado em qualquer cartório competente dentro do 
território nacional. NÃO precisa ser no último domicílio do casal. Ex.: casados e domiciliados em 
João Pessoa podem se divorciar no Rio de Janeiro. 
Obs.: É possível, para aquelas pessoas que já tinham sua separação judicial em curso à época da 
promulgação da EC 66/10 ou da Lei 11.441, retirar seu processo das vias judiciais e levar para 
uma serventia extrajudicial (cartórios), realizando o divórcio por conversão na via extrajudicial, 
desde que cumpridos os requisitos. 
III.3. Efeitos da separação de fato/judicial e do divórcio: 
 Cessação da conjugalidade: rompimento da vivência more uxório (se dá com o fim 
do desejo de viver como marido e mulher; 
 Cessação da comunicabilidade patrimonial (fim da presunção do esforço comum do 
casal); 
 Uso ou não do nome de casado(a) - apenas para separação judicial e divórcio (a 
corrente majoritária entende que não deverá ser retirado o nome de casado, exceto 
se causar grande constrangimento ao outro cônjuge). 
 Enunciado 107, CJF: Finda a sociedade conjugal, na forma do art. 1.571, a regra do 
inc. IV somente poderá ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos 
ex-cônjuges para a utilização dos embriões excedentários, só podendo ser revogada 
até o início do procedimento de implantação desses embriões. (caso daquele casal 
que tinha um plano familiar, realizou a criopreservação de embriões e acabou se 
divorciando, restando os embriões excedentários, que sobraram). 
 
Unidade IV. Da União Estável 
IV.1. Conceito e evolução legislativa: O conceito de união estável nasce dentro de uma 
relação impeditiva de direito, uma vez que aqueles que desejavam se divorciar, à época, 
necessitavam passar por um período de desquite, no qual continuariam casados, mas poderiam 
estabelecer relacionamentos outros, pois não estariam mais obrigados a ser fiéis. Portanto, muitas 
pessoas, durante o período de desquite, estabeleceram relacionamentos com terceiros, muitas 
vezes de forma pública, notória e por vezes duradoura, ainda que estivessem casadas e, 
consequentemente, impedidas de casar. Surge, então, ao lado do concubinato, que se estabelece 
quando os cônjuges, sem que tenha ocorrido a quebra da conjugalidade e, portanto, ainda se exija 
dever de fidelidade, estabelecem relações outras na constância do casamento. Assim, temos 2 
tipos de concubinato antes da CF de 88: 1) Concubinato puro, que é o relacionamento entre 
pessoas impedidas de casar, mas que já estavam desquitadas; 2) Concubinato impuro, aquele 
entre pessoas que estavam casadas e viviam a conjugalidade e que, por isso mesmo, não podiam 
ter relacionamentos outros, 
Obs.: É muito importante fazer essa distinção porque toda a jurisprudência previdenciária se 
consolidou com base nessa dicotomia existente antes de 88. Assim, o concubinato PURO cedeu 
lugar à união estável, enquanto que o concubinato impuro continuou sendo o concubinato 
adulterino. Não são os concubinos que têm direitos previdenciários e sim aqueles que viviam em 
concubinato PURO, ou seja, em união estável. Para tentar pôr fim à essa dicotomia, veio o 
constituinte originário de 88 e incorporou ao nosso ordenamento jurídico o princípio da 
afetividade, dizendo: “O Estado reconhece a união estável entre homem e mulher e, sempre que 
possível, promoverá a sua conversão em casamento”. O legislador infraconstitucional concretizou 
o comando previsto na CF (O Estado reconhece a união estável entre homem e mulher e, sempre 
que possível, promoverá a sua conversão em casamento): 
- Lei 8.971/94: o art 1º prevê que a união estável será reconhecida quando firmada entre 
duas pessoas de sexos diferentes, que de forma pública (relacionamento ostensivo, do 
conhecimento de todos, viviam como se marido e mulher fossem), notória 
(reconhecimento por parte da sociedade daquela união) e duradoura, tivessem a intenção 
de constituir família e pelo prazo mínimo de 5 anos - contados da data de publicação da 
Lei para trás - (mesmo período do desquite - para provar que aquela união não era 
concubinato) ou pela existência de prole comum. 
- Quais os direitos decorrentes da união estável? Ao nome, ao reconhecimento dos 
filhos comuns, direito a alimentos, no caso de dissolução, direito a pensão por morte, a 
meação (metade do patrimônio onerosamente adquirido na constância da união estável), 
direito real de habitação, etc. 
- Com a Lei 9.278/96, a união estável foi mais uma vez regulamentada, promovendo sua 
simplificação, eis que continuou sendo dual, pública, notória e duradoura, contudo, o 
requisito de 5 anos para comprovar a durabilidade do relacionamento deixou de ser 
exigido, assim como o de existência de prole comum. Isso porque não há tempo mínimo 
para o casamentoe ambos são reconhecidos constitucionalmente e a exigência de prole 
comum entrava em rota de colisão com o Pcp do planejamento familiar 
constitucionalmente previsto, pautado na paternidade responsável e no Pcp da dignidade 
da pessoa humana. O conceito de durabilidade passou a estar relacionado à estabilidade. 
- Com o julgamento das ADIN 4277 e ADPF 132 pelo STF, restou decidido que o Brasil 
admite as uniões estáveis homoafetivas. O Supremo avocou os princípios constitucionais 
da igualdade, não discriminação, dignidade da pessoa humana, diversidade sexual e não 
hierarquia das normas para fundamentar sua decisão. A partir desse julgamento, diversos 
enunciados foram editados confirmando esses: 
- Enunciado 524, CJF: As demandas envolvendo união estável entre pessoas do mesmo 
sexo constituem matéria de Direito de Família. (antes do julgamento das ações const. 
corriam nas varas cíveis) 
- Enunciado 525, CJF: Os arts. 1.723, § 1º, 1.790, 1.829 e 1.830 do Código Civil admitem 
a concorrência sucessória entre cônjuge e companheiro sobreviventes na sucessão 
legítima, quanto aos bens adquiridos onerosamente na união estável. (aplicam-se as 
mesmas regras sucessórias que se aplicam aos companheiros heteroafetivos) 
- Enunciado 526, CJF: É possível a conversão de união estável entre pessoas do mesmo 
sexo em casamento, observados os requisitos exigidos para a respectiva habilitação. 
- Resolução 175, CNJ: É possível casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
Primeira decorrência do surgimento do instituto da união estável na CF, propriamente: 
1. Distinção entre concubinato e união estável: o concubinato puro não deve mais ser assim 
chamado, mas sim de união estável. 
2. A união estável, como persiste até os dias atuais, tem que ser apenas entre duas pessoas. 
Não se reconhece a união de 3 pessoas; não se aceita a poliafetividade (união de pelo 
menos 3 pessoas). 
3. O legislador, em 88, estabelece que seja uma relação entre pessoas de sexos opostos. 
Obs.: Esse conceito do item 3 foi modificado pelo julgamento das ADIN 4277 e ADPF 132. 
Conceito atual: união entre duas pessoas, que de forma pública, notória e duradoura resolvem 
constituir família, independentemente de prole e sem que haja um processo de habilitação, pois, 
em sua natureza, é uma união informal, sendo sua principal diferença quanto ao casamento. 
- Art. 226, par 3º, CF 
- Lei 8.971/94 e 9.278/96 
- Arts. 1.723 a 1.727, CC 
- ADIN 4277 e ADPF 132 
Cada uma dessas normativas foi complementando a outra ao longo do tempo. 
IV.2. União estável: o concubinato e seus aspectos controversos: 
 Conceito atual: União entre duas pessoas, independentemente do gênero, que 
deve ser pública, notória e duradoura, com o intuito de constituir família e vai 
independer da existência de prole comum. 
 Diferenciações necessárias: 
o União estável x União concubinária: Não se confundem, pois a 
união concubinária é adulterina, impeditiva de direito, diferentemente 
da união estável. Ainda que alguém viva em união estável, não 
significa dizer que não deve respeitar o princípio da monogamia e da 
fidelidade, tanto é que o Art. 1.723 diz que se aplicam os 
impedimentos matrimoniais à união estável, assim como as causas 
suspensivas não impedem a caracterização da união estável. Apenas 
o que separa a união estável do casamento é o processo de habilitação 
e a celebração do casamento, nada mais. Uniões concubinárias não 
são consideradas entidades familiares, como é o caso da união estável, 
e sim uma sociedade de fato. Portanto, as ações a esta relativas 
deverão tramitar nas varas cíveis e não de família, não existindo, para 
essa união concubinária, a presunção de esforço comum, não fazendo 
jus o concubino à herança, direitos previdenciários, meação (deverá 
comprovar a sua participação na construção de eventual patrimônio). 
Obs.: A jurisprudência se apropriou do termo concubinato puro e se 
refere até os dias atuais à união estável por este termo. 
 
 
*Vide art. 1801, CC. 
*União estável simultânea: é a união que se desenvolve em paralelo à outra, preenchido 
um requisito essencial para o seu reconhecimento: a prova da boa-fé, além daqueles para a união 
estável em geral (publicidade, notoriedade, duradouro, com o intuito de constituir família) Assim, 
terá que provar que não conhecia o impedimento, a outra relação paralela. Neste caso, ocorre uma 
presunção de má-fé, ou seja, que se saiba da existência do impedimento matrimonial. No caso 
concreto, é muito difícil a sua comprovação. Se reconhecido, esse segundo relacionamento será 
considerado como união estável putativa, tendo o mesmo tratamento jurídico do casamento 
putativo (não é reconhecido pelo nosso ordenamento jurídico, mas recebe atribuição de efeitos 
civis - meação, reconhecimento dos filhos comuns,etc - para o cônjuge de boa-fé). Não se admite 
o registro de uniões estáveis simultâneas. Hoje, a jurisprudência se comporta de modo a não 
aceitar as uniões simultâneas. 
*União poliafetiva: é a união entre mais de duas pessoas, sendo um relacionamento plural, 
simultâneo, recíproco ou não, com efeito de constituição de família ou não. Essas pessoas têm 
que conhecer e aceitar esse relacionamento, vivenciando as relações sexuais em conjunto ou não. 
Juridicamente, não se atribui direitos à essa união. 
IV.3. União homoafetiva: considerações gerais: Sempre existiram duas correntes a 
respeito da questão: 1.ª Corrente – Não constitui entidade familiar, mas mera sociedade de fato; 
2.ª Corrente – Constitui entidade familiar, aplicando-se por analogia, as mesmas regras da união 
estável. Em maio de 2011, o STF julgou a questão, concluindo pela aplicação, por analogia, das 
mesmas regras da união estável para a união homoafetiva (ver Informativo n. 625 do STF). Assim, 
a segunda corrente consolidou-se no Direito de Família Brasileiro, notadamente pela eficácia erga 
omnes da decisão superior. Aguarda-se a aprovação de preceitos legais disciplinando a união 
homoafetiva de forma definitiva, o que não obsta o seu reconhecimento pleno. 
IV.4. Direitos e deveres dos companheiros 
 Direitos pessoais 
o Direito ao nome (Art. 1.565, parag. 1º, CC): diferentemente do casamento, 
em que é feita a opção no processo de habilitação e se dá de forma 
automática, no caso da união estável não é automático, irá depender de 
ação própria, qual seja: ação de modificação de registro público. 
o Direito a alimentos (Art. 1º, da Lei 8.971/94 e Art. 7º da Lei 9.278/96): os 
companheiros fazem jus aos alimentos, desde que comprovem os 
requisitos exigidos. 
o Direito à adoção (Art. 42, parag. 2º, do ECA e 197-A, III): se exige a prova 
da estabilidade da união estável. Os que vivem em união estável 
homoafetiva podem também adotar, cumprindo os mesmos requisitos 
exigidos para os casais heterossexuais. 
 Direitos patrimoniais 
o Direito à meação: art. 3º, Lei 8.971/94 c/c Art. 5º, “caput” da Lei 9.278/96 
- (parcela ideal, correspondente à metade de todo o patrimônio 
onerosamente adquirido na constância da união estável. Isto se eles 
escolherem um regime de bens que promova a comunicação (regime de 
comunhão universal, parcial ou de participação final nos aquestos). 
o Direito à herança (Art. 2º, “caput” da Lei 8.971/94 c/c Art. ): o 
companheiro, desde 94, passa a ser considerado herdeiro necessário, 
contudo, o cônjuge, à época, ainda não o era, só se tornará herdeiro 
necessário em 2002 (NCC), pois até essa data o cônjuge era apenas meeiro. 
Desde 94, o companheiro é considerado meeiro e herdeiro necessário. 
o Direito ao usufruto vidual ou de ¼ dos bens do “de cujus” (filhos comuns 
ou não) ou da ½ (sem filhos): figura importada do casamento. Ocorria 
quando o cônjuge não era considerado herdeiro necessário e, portanto, só 
recolheria a herança se não tivesse descendentes ou ascendentes. Neste 
caso, o legislador trouxe a figura do usufruto como forma de compensação,tendo o cônjuge direito aos frutos/rendimentos advindos do patrimônio 
deixado pelo autor da herança, sendo o usufruto correspondente à metade 
desses rendimentos de não tiver deixado filhos ou ¼ se tiver deixado filhos, 
que poderão ser comuns ou não. Assim, os companheiros passaram a ter, 
além da herança, o usufruto vidual, ao contrário dos cônjuges, que ainda 
não eram considerados herdeiros. 
o Direito à totalidade da herança (sem descendentes e sem ascendentes): 
neste caso, estava no mesmo patamar que o cônjuge, sendo-lhe devida a 
totalidade da herança se o falecido não tivesse deixado ascendentes ou 
descendentes. 
o Direito real de habitação (Art. 1º da Lei 8.971/94 c/c Art. 7º, parág. único 
da Lei 9.278/96): direito de permanecer na casa que servia de residência 
para o casal até enquanto vida tiver, mesmo que não tenha direito à casa à 
título de meação ou de herança (ex.: se for o regime de separação 
obrigatória), terá direito de permanecer naquela morada. Esse direito é 
erga omnes, contudo, por ser também um direito subjetivo, se o 
companheiro desejar renunciá-lo, também poderá. 
o No que concerne aos direitos patrimoniais decorrentes da união estável, o 
art. 1.725 do Código Civil enuncia que, salvo contrato escrito entre os 
companheiros, aplica-se à união estável, no que couber, o regime da 
comunhão parcial de bens. O contrato mencionado nesse artigo é o 
contrato de convivência, que serve para determinar qual será o regime da 
união estável, afastando a “comunhão parcial de bens. Assim, podem as 
partes eleger o regime da separação de bens ou da comunhão universal. A 
respeito da escolha pelo último regime, reconheceu recente aresto do 
Superior Tribunal Justiça que “o pacto de convivência formulado em 
particular, pelo casal, na qual se opta pela adoção da regulação patrimonial 
da futura relação como símil ao regime de comunhão universal, é válido, 
desde que escrito” (STJ, REsp 1.459.597/SC, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, j. 01.12.2016, DJe 15.12.2016). Podem os conviventes, ainda, 
escolher um regime misto. Ademais, o negócio celebrado não tem o 
condão de interferir nas normas de cunho pessoal ou de ordem pública, 
como é o caso da própria caracterização da união estável. Justamente por 
isso é que é nulo eventual contrato de namoro que pretenda afastar os 
efeitos de uma união estável. Para ter validade e eficácia perante as partes, 
basta que o contrato de convivência tenha sido feito por instrumento 
particular. Aliás, a forma do ato é livre, nos termos do princípio da 
liberdade das formas, estabelecido pelo art. 107 do Código Civil de 2002. 
Para ter eficácia perante terceiros (erga omnes), poderá ser elaborado por 
escritura pública ou registrado no Cartório de Títulos e Documentos. Por 
questão de certeza e segurança, recomenda-se a elaboração de uma 
escritura, em Tabelionato de Notas, dotada de fé pública, para que não 
pairem dúvidas sobre a existência da união. 
o Ainda sobre o regime de bens da união estável, conforme Enunciado n. 
115 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, há presunção de 
comunhão de aquestos na constância da união mantida entre os 
companheiros, sendo desnecessária a prova do esforço comum para se 
comunicarem os bens adquiridos a título oneroso durante esse período. 
Nota-se que esse efeito é decorrente do próprio regime da comunhão 
parcial, em que, como demonstrado, a prova do esforço comum é 
desnecessária. Desse modo, está superada a antiga ideia de prova de 
esforço comum para a comunicação de bens na união estável, o que 
remonta à antiga aplicação da Súmula 380 do STF à união estável, antes 
da Constituição Federal de 1988. 
 Deveres: O art. 1.724 do CC consagra os deveres decorrentes da união estável 
impostos aos companheiros ou conviventes: 
o Dever de lealdade, que guarda relação com o dever de fidelidade, mas que 
com ele não se confunde. Isso porque a fidelidade é decorrência do 
casamento exclusivamente. Já a lealdade é gênero do qual fidelidade é 
espécie. Assim, pelo senso comum, a lealdade inclui a fidelidade, mas não 
necessariamente, o que depende de uma opção dos companheiros; 
o Dever de respeito ao outro companheiro, em sentido genérico; 
o Dever de mútua assistência, moral, afetiva, patrimonial e espiritual; 
o Dever de guarda, sustento e educação dos filhos. 
IV.5. União estável ou concubinato: os reflexos da repercussão geral tema 526, STF 
 A Repercussão Geral RE nº 883.168/SC (tema 526): A repercussão geral trata da 
concessão de direitos previdenciários a uma suposta concubina. No caso concreto, 
não foi verificado que se tratava do concubinato puro (equivale à união estável). 
Pelo contrário, restou atestado que se tratava de concubinato IMPURO, ou seja, de 
um relacionamento concubinário, e, portanto, não faz jus à pensão por morte, eis 
que o Art. 8.213 não elenca como beneficiário da pensão por morte o concubino. 
Ficou reconhecido no julgado que, se fica comprovado que se trata de concubinato 
puro (união estável), há de ser reconhecido o direito à “concubina”, que na verdade 
será companheira. 
 *A Lei 13.135/15 também limita o exercício da pensão por morte quando a união 
estável/casamento não tiver o tempo mínimo de 2 anos. Ainda que comprovado o 
referido tempo mínimo, a pensão por morte não será vitalícia, sendo de 4 anos se 
não houver o recolhimento de ao menos 18 contribuições. 
 
Unidade V. Da Guarda 
V.1. Conceito de guarda: O estudo se trata da guarda prevista no CC e não no ECA. É um 
atributo que decorre do exercício do poder familiar e propicia a proteção das pessoas dos filhos 
no caso de dissolução do casamento/união estável. É titularizado por ambos os pais na constância 
do casamento e precisará ser regulamentado em casos de dissolução do casamento/união estável. 
É o primeiro instituto que deve ser analisado após uma eventual dissolução e é obrigatoriamente 
tratada nas ações de divórcio/dissolução de UE quando há consensualidade. 
V.2. Espécies de guarda 
o Guarda unilateral: (regra no Brasil até 2008): É o tipo de guarda atribuída a 
apenas um dos genitores, que passa a ser chamado de genitor guardião, enquanto 
que o outro genitor passa a ter o direito de visita e de supervisionar as decisões 
(vide §5º, 1583, CC) quanto à criação do filho. Neste caso, aquele genitor que não 
estiver com a guarda, deverá contribuir para o sustento do filho, mediante o 
pagamento de pensão alimentícia. Há a posse exclusiva do filho pelo genitor 
guardião. 
o Guarda compartilhada (regra no Brasil a partir de 2008 até os dias atuais): É o 
exercício conjunto das responsabilidades parentais. Todas as decisões que digam 
respeito ao filho deverão ser tomadas de forma compartilhada e eventual 
divergência entre os genitores deverá ser suprida judicialmente. Decorre de vários 
princípios constitucionais: isonomia, melhor interesse da criança (se verificou ao 
longo dos anos que com o estabelecimento da guarda unilateral houve um certo 
distanciamento entre a figura do filho e do genitor não guardião) e o direito à 
convivência familiar e comunitária - aqui refere-se à convivência com os tios/avós 
etc. de ambos os lados, materno e paterno. Ambos são genitores guardiões e aquele 
genitor que não mora com o filho terá livre acesso ao mesmo, sem que seja 
necessário estabelecer dias e horários fixos de visitação, como ocorre na guarda 
unilateral. Na guarda compartilhada, a criança NÃO tem moradia alternada. Na 
guarda compartilhada, a criança tem o referencial de uma casa principal, na qual 
vive com um dos genitores, ficando a critério dos pais (ou fixado pelo juiz) planejar 
a convivência em suas rotinas quotidianas e, obviamente, facultando-se as visitas 
a qualquer tempo. Defere-se o dever de guarda de fato a ambos os genitores, 
importando numa relação ativa e permanente entre eles e seus filhos. O objetivo 
do instituto é estreitar os laços parentais com ambosos genitores e evitar a 
ocorrência de alienação parental (80% dos casos de alienação parental, no Brasil, 
são realizados pelas mulheres, pois, em regra, no Brasil, era sempre atribuída a 
guarda unilateral à mulher). Sempre, no entanto, que houver interesses dos pais e 
for conveniente para os filhos, a guarda compartilhada deve ser incentivada. O 
artigo 1584, CC, estabelece uma prioridade: se não houver acordo entre os pais, 
o juiz deve determinar que a guarda seja compartilhada. E abre apenas duas 
exceções: se o pai ou a mãe declarar não desejar a guarda e se um deles não 
estiver apto para cuidar dos filhos. 
o Guarda alternada (não está prevista na legislação - proibida no Brasil): a criança 
e/ou adolescente mora alternadamente com o pai e mãe dentro de períodos 
determinados (6 meses na casa de um, 6 meses na casa de outro/ 1 semana na casa 
de um, 1 semana na casa de outro), possuindo, portanto, dois lares referenciais, de 
ambos os genitores. 
o O art. 1.584, CC teve sua redação alterada para explicar que o tempo 
compartilhamento entre os genitores não era igual (ou seja: 3 dias na casa da mãe 
e 3 dias na casa do pai). 
o Guarda por aninhamento: A criança e/ou adolescente tem seu lar referencial 
próprio e os pais se revezam quanto ao exercício do direito de visitas, sem o 
deslocamento da criança de sua moradia. 
V.3. Como se define a guarda? O principal a ser considerado na definição do tipo de 
guarda a ser adotada no processo de divórcio ou dissolução de união estável é o superior interesse 
da criança, que deverá prevalecer, sempre, sobre o interesse dos pais. A decisão sobre a guarda 
será sempre judicial, sob pena de ineficácia, mas ela tanto pode ser requerida por um ou ambos 
os genitores ou decretada pelo juiz (Art. 1584, do CC). Ainda que haja consenso entre os cônjuges 
sobre a guarda dos filhos (unilateral ou compartilhada), o acordo precisa ser homologado em 
Juízo. A participação do Ministério Público será sempre obrigatória. O mesmo ocorrerá na 
hipótese de o casal divergir sobre a guarda dos filhos. Neste caso, a questão será decidida pelo 
juiz, após o pronunciamento do Ministério Público, ouvindo-se, sempre que possível, a criança 
ou adolescente. É possível, ainda, a realização de estudo do caso para que a solução atenda aos 
superiores interesses da criança ou do adolescente. Após definida, toda e qualquer modalidade de 
guarda pode ser alterada judicialmente (Art.1584, §4º e 1586, CC). A alteração da guarda pode 
ser requerida por uma ou ambas as partes ou, ainda, pelo Ministério Público, caso existam 
circunstâncias que desaconselhem a permanência da criança como detentor da guarda. Nesses 
casos, as circunstâncias do caso serão apuradas no processo de modo que o juiz decida com quem 
deverá permanecer a criança. 
o O que é o direito de visita? O pai ou a mãe, que não estejam com a guarda dos 
filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o 
outro cônjuge ou companheiro, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua 
manutenção e educação. A finalidade do direito de visita é evitar a ruptura dos 
laços de afetividade existentes no seio familiar e garantirá à criança seu pleno 
desenvolvimento físico e psíquico. A visitação, portanto, não é somente um direito 
assegurado ao pai ou à mãe. É, sobretudo, um direito do próprio filho de com eles 
conviver, reforçando, com isso, o vínculo paterno e materno. 
 
V.4. A guarda compartilhada: análise do instituto e de seus desdobramentos: A guarda 
compartilhada hoje é regra no ordenamento jurídico, ainda que haja o dissenso dos pais quanto à 
sua definição. Princípios que sustentam o compartilhamento como regra: a) Dignidade da pessoa 
humana; b) Isonomia entre os genitores; c) Melhor interesse da criança; d) Convivência familiar 
e comunitária. A guarda compartilhada não afasta a necessidade de regulamentação do tempo de 
convivência entre pais e filhos – vide enunciados 603 a 607, CJF. 
 
Unidade VI. Relações de parentesco 
VI.1. Conceito de parentesco (art. 1591 a 1595, CC): Estabelecimento dos laços entre os 
diversos membros das entidades familiares, seja em razão da consanguinidade, seja em razão da 
afetividade ou do vínculo jurídico, trazendo direitos e deveres em razão do reconhecimento do 
mesmo. “O vínculo existente não só entre pessoas que descendem umas das outras ou de um 
mesmo tronco comum, mas também entre o cônjuge ou companheiro e os parentes do outro e 
entre adotante e o adotado” (DINIZ, Maria Helena. Código Civil..., 2005, p. 1.295). Enunciado 
111, CJF: A adoção e a reprodução assistida heteróloga atribuem a condição de filho ao adotado 
e à criança resultante de técnica conceptiva heteróloga; porém, enquanto na adoção haverá o 
desligamento dos vínculos entre o adotado e seus parentes consangüíneos, na reprodução 
assistida heteróloga sequer será estabelecido o vínculo de parentesco entre a criança e o doador 
do material fecundante. 
VI.2. Espécies de parentesco 
o Parentesco biológico, consanguíneo ou natural: Aquele existente entre pessoas que 
mantêm entre si um vínculo biológico ou de sangue, ou seja, que descendem de um 
ancestral comum, de forma direta ou indireta. 
o Parentesco por afinidade: Existe entre o cônjuge ou companheiro e seus familiares. 
O casal (independente de questão de gênero), não tem parentesco entre si, somente 
com os familiares do outro (1595). 
o Parentesco civil ou jurídico: Decorrente de outra origem que não seja a 
consanguinidade ou afinidade. Tradicionalmente, no que tange ao parentesco civil, 
este sempre foi relacionado com a adoção, que ainda será estudada. Entretanto, 
diante dos progressos científicos e da valorização dos vínculos afetivos de cunho 
social, devem ser reconhecidas outras formas de parentesco civil: aquela 
decorrente de técnicas de reprodução assistida (inseminação artificial heteróloga 
– com material genético de terceiro) e a parentalidade socioafetiva (Enunciados 
n. 103 e 256 (+ 529) do CJF/ STJ, das Jornadas de Direito Civil). RE 8988060/SC. 
o Graus de parentesco (1591 e 1592, CC): O parentesco na linha reta é contado de 
forma muito simples: à medida que se sobe (linha reta ascendente) ou se desce 
(linha reta descendente) a escada parental, tem-se um grau de parentesco. 
Conta-se, na linha colateral, o número de graus também de acordo com o número 
de gerações, subindo de um dos parentes até o ascendente comum, e descendo até 
encontrar o outro parente. Assim, a premissa fundamental é a seguinte: deve-se 
subir ao máximo, até o parente comum, para depois descer e encontrar o parente 
procurado. O mínimo parentesco colateral existente é de segundo grau, justamente 
diante da regra de subir ao máximo, até o tronco comum, para depois descer. Não 
há, portanto, parentesco colateral de primeiro grau. 
Haverá parentesco por afinidade na linha reta ascendente em relação à sogra, à 
mãe da sogra, à avó da sogra e 
assim sucessivamente até o 
infinito. O mesmo deve ser dito 
em relação ao sogro, ao pai do 
sogro, ao avô do sogro, e assim 
de forma sucessiva. Para baixo, 
haverá parentesco por afinidade 
na linha reta descendente em 
relação ao enteado, ao filho do 
enteado, ao neto do enteado etc. 
Aqui estão presentes os 
impedimentos matrimoniais 
como visto, eis que não se 
extingue o vínculo, mesmo que com a dissolução da sociedade conjugal ou da 
união estável. 
Obs.: A multiparentalidade é reconhecida no direito brasileiro e o julgamento da repercussão geral 
no RE nº 898060 estampou não só a constituição de laços simultâneos de parentesco, mas também 
a ausência de hierarquia entre eles. 
VI.3. Da filiação (1596-1606, CC; art. 20, ECA): A filiação pode ser conceituada como a 
relação jurídica decorrente do parentesco por consanguinidade ou outra origem, estabelecida 
particularmente entre os ascendentes e descendentes de primeiro grau. Em suma, trata-se da 
relação jurídica existenteentre os pais e os filhos. Princípios norteadores: 
o Princípio da isonomia dos filhos e da não discriminação (art. 227, §6º, CF): Norma 
princípio fundamental que se propõe a eliminar todo e qualquer tratamento 
discriminatório entre os filhos, exaltando-se o princípio da dignidade humana. 
Assim, há isonomia entre os direitos patrimoniais e sucessórios (além dos direitos 
de personalidade, haja vista a necessidade de desenvolvimento da personalidade e 
reconhecimento cidadão) de todos os filhos. 
o Princípio da afetividade: A posse do estado de filho constitui modalidade de 
parentesco civil (Enunciado 256, III JDC). A afetividade também possui 
normatividade e é mola propulsora para o desenvolvimento da parentalidade, desde 
que esteja presente a posse do estado de filiação. 
o Critérios para a presunção legal da paternidade (art. 1597): A contagem dos prazos 
constantes dos incisos I e II inicia com a convivência conjugal e não com a 
celebração do matrimônio, o mesmo ocorre com a separação de fato. As regras não 
se aplicam à união estável (*ERRATA – INFORMATIVO 508, STJ [REsp 
1194059/SP - Cumpre anotar que julgado do Superior Tribunal de Justiça concluiu 
que a presunção em questão tem incidência à união estável, desde que seja possível 
comprovar o seu término]). Incisos III e IV relativos a técnicas de reprodução 
assistida. ‘Fecundação artificial homóloga’ - material genético próprio dos 
cônjuges. Enunciado 106, CJF. IV: Embriões excedentários: Esses embriões são 
aqueles decorrentes da manipulação genética, mas que não foram introduzidos no 
ventre materno, estando armazenados em entidades especializadas, em clínicas de 
reprodução assistida. ‘Fertilização in vivo’ - os gametas são introduzidos 
diretamente na cavidade uterina; ‘in vitro’ - os gametas masculinos e femininos 
são unidos fora da cavidade uterina (em laboratório). L11105/05, art. 5º; ADI 
3510. V: Trata da inseminação artificial heteróloga, ou seja, com material genético 
de terceiro (prévia autorização do marido). Enunciado 105 do CJF. Os incisos I e 
II do artigo 1597 e o artigo 1598, CC, atualmente não têm aplicação prática, tendo 
em vista a possibilidade do exame de DNA. 
VI.4. Do reconhecimento de filhos (art. 1607 a 1617, CC): Instituto aplicável aos filhos 
não advindos do casamento. 
o Reconhecimento voluntário/Perfilhação: Ato espontâneo, solene, público, 
incondicional (1613, CC), irretratável (1610, CC) e indisponível. Poderá ser feito 
(1609, p. único, CC): a) antes e após o nascimento da criança (LRP, art. 53); b) 
posteriormente ao seu falecimento, se deixar descendente (art. 1609, §único, c/c 
art. 26 §único do ECA) 
o Da legitimidade no reconhecimento espontâneo 
 Pai ou mãe, em conjunto ou isoladamente, no prazo de até 45 dias (LRP, 
art. 52 e L13112/15, art. 2º); 
 Mãe biológica (material genético próprio) ou não (material genético 
alheio), nos casos de maternidade de substituição, desde que porte termo 
de consentimento informado (documento em que a mãe substituta abre 
mão da maternidade da criança gerada - escritura pública) - provimento nº 
52/63 CNJ. 
o Formas (art. 1609, CC; art, 1º, L8560/92): a) no registro do nascimento; b) por 
escritura pública ou escrito particular (este último, devidamente registrado); c) 
pacto antenupcial (escritura pública); d) testamento; e) por manifestação direta e 
expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único 
e principal do ato que o contém; f) qualquer via idônea. 
o Impugnação – O artigo 1614 prevê um prazo decadencial de 4 anos a contar da 
maioridade civil para impugnar o reconhecimento. O prazo, todavia, não é 
aplicado. Isso porque o direito de impugnar a paternidade não estaria sujeito a 
prazo decadencial, nem prescricional, por envolver questão referente ao estado de 
pessoas e à dignidade humana (direito à verdade biológica). O que é aplicado é 
um prazo prescricional da ação de petição de herança, iniciado após o trânsito em 
julgado do reconhecimento da filiação (10 anos – artigo 205, CC). 
o Do reconhecimento judicial (ação investigatória/declaratória de parentalidade e 
ação de averiguação oficiosa da paternidade): Ato que poderá ser espontâneo ou 
não, mas dotado de todas as demais características do reconhecimento 
administrativo. 
o Ações de filiação 
 Ação investigatória de paternidade: A ação é imprescritível e tem respaldo 
jurisprudencial desde a edição da súmula 149 do STF. A legitimidade 
pertence ao filho, mas é possível a interposição por parte de terceiro (neto, 
bisneto), quando o filho, menor ou incapaz, falece sem o reconhecimento 
do vínculo. Nesse último caso, a ação a ser proposta corretamente é a 
declaratória de parentalidade (REsp 807849-RJ). Nesse mesmo viés, 
também será possível a investigatória de paternidade cumulada com a 
desconstituição da paternidade registral. 
 Ação negatória de paternidade: Contestação da paternidade presumida. 
Fundamentos legais: artigos 1601 CC; art. 52 LRP. Características 
próprias da ação: personalíssima e imprescritível (REsp 1328306/DF). A 
procedência da ação levará à desconstituição da paternidade, mesmo que 
haja a paternidade socioafetiva. 
 Ação anulatória de registro de nascimento: O afastamento do falso registral 
decorrente da "adoção à brasileira". Fundamentos legais: art 1604, CC; art. 
52, LRP. Características próprias da ação: a legitimidade é ampla (pai 
registral e terceiros); a ação é imprescritível. A procedência da ação levará 
à declaração de nulidade do registro e declarará nulo aquilo que sempre foi 
falso. Nas ações anulatórias, a ausência do vínculo biológico conhecido e 
sabido não é fator determinante para a procedência da ação e mesmo que 
não tenha havido paternidade socioafetiva com o pai registral, a força do 
registro se mantém em muitas das hipóteses. 
 Ação negatória com paternidade socioafetiva: A renúncia à paternidade 
socioafetiva reconhecida. Os tribunais devem conferir, primordialmente, o 
melhor interesse da criança e, no caso da desconstituição, seria viável o 
controle de convencionalidade, inclusive na forma difusa. 
 Reconhecimento extrajudicial de paternidade socioafetiva: A repercussão 
geral 622 (RE 8968060) e seus desdobramentos no âmbito no campo da 
multiparentalidade a partir do provimento 63 e 83, CNJ. É possível o 
reconhecimento extrajuducial da paternidade socioafetiva, mediante 
escritura pública, quando preenchidos os requisitos dos provimentos do 
CNJ. Não permite a desconstituição da paternidade/maternidade biológica 
e, devido a isto, reflete indiretamente à multiparentalidade extrajudicial. É 
irrevogável e irretratável, salvo prova de má-fé. Enunciado 632, CJF. 
 Averiguação oficiosa de paternidade (art. 2º, L8560/92 + Provimento 16, 
da Corregedoria Nacional de Justiça do CNJ): Averiguação, pelo 
Ministério Público, da paternidade dos filhos sem pai registrado. 
o OBS1.: A relativização da coisa julgada na ação investigatória: O assunto entra em 
cena no que concerne às ações relacionadas com a investigação de paternidade 
julgada improcedente por ausência de provas em situações em que o exame de 
DNA não foi realizado (não era possível à época do julgamento). Prevê o 
Enunciado n. 109 do CJF/STJ, da I Jornada de Direito Civil, que: “A restrição da 
coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de 
prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo 
investigando”. Precedentes: STJ, REsp 226436/PR, REsp 826698/MS. 
Informativo 622, STF. 
o OBS2.: A obrigatoriedade do exame de DNA e a presunção de paternidade: Caso 
o suposto pai se negue a fazer o exame, correrá contra ele a presunção de que 
mantém o vínculo, de acordo com as regras previstas nos arts. 231 e 232 do 
CC/2002, dispositivos que têm as seguintes redações: “Art. 231. Aquele que se 
nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de

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