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BBPM I Homem, 38 anos, motorista de caminhão da Empresa de Celulose Eldorado Brasil foi admitido na emergência do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA) de Três Lagoas com quadro de dor abdominal e intensa dor nas costas, com aparecimento de “feridas” na pele, há 2 dias. O paciente relatou que diante de pequenos esforços apresenta crise de dor na coluna vertebral, principalmente nos segmentos torácico e lombar. Também apresentava dor nos espaços intercostais, estendendo até a região do abdome. O médico plantonista avaliou o paciente, sendo palpável um espasmo muscular da região lombar, onde suspeitou de quadro de lombalgia, seguindo com terapia medicamentosa anti-inflamatória e analgésica, por via oral. No dia seguinte, o paciente retornou com piora do quadro clínico, sendo encaminhado ao médico da emergência e houve suspeita de pancreatite, mas acabou sendo liberado, sem a confirmação do diagnóstico. No terceiro dia, o paciente retornou ao HNSA e um médico da Clínica Médica foi chamado a emergência, sendo realizado exame físico minucioso. Foi observado área de erupção vesicobolhosa na região posterior e anterolateral do tronco esquerdo (dorso e abdome), a qual se estendia até o umbigo (Figura 1), sendo finalmente diagnosticado com herpes-zóster. Para a confirmação do diagnóstico clínico foi solicitado o diagnóstico rápido pela pesquisa direta de antibiótico por fluorescência (DFA). Devido ao quadro de imunossupressão, o paciente foi internado para uso de analgésicos mais potentes e terapia antiviral, ambas por via parenteral. Figura 1: Imagem da região anterolateral do paciente, a qual apresenta lesões vesiculadas agrupadas em faixa, que se estendem até o umbigo Herpes-zoster O herpes zóster resulta da reativação do vírus varicela-zóster que esteve latente nos gânglios sensoriais espinhais e cranianos após a infecção primária com varicela, geralmente durante a infância. Herpes Zoster, chamada popularmente de cobreiro, é causado pelo Varicella zoster vírus (VZV) ou herpesvírus humano tipo 3, o mesmo que causa a varicela. A varicela ocorre com maior frequência na infância e resulta da infecção primária. Já o herpes zoster é mais comum em idosos e tem origem na reativação do vírus após a primeira ocorrência de varicela. Várias condições estão associadas ao aparecimento do herpes zoster: baixa imunidade, câncer, trauma local, cirurgias da coluna e sinusite frontal. - Erupção cutânea dolorosa na distribuição do dermátomo. Sintomas A dor (neuralgia) é o sintoma mais importante no herpes zoster e costuma preceder o aparecimento das lesões, podendo persistir por várias semanas ou meses após a resolução das lesões. A complicação é conhecida por neuralgia pós-herpética. A característica mais marcante da doença é a distribuição e localização da erupção, que costuma ocorrer do mesmo lado do corpo, não atravessando a linha média. As lesões consistem em vesículas dispostas em trajeto linear, acometendo frequentemente o tronco, a face ou os membros. O diagnóstico costuma ser clínico. No estágio pré-lesão pode ser confundido com outras causas de dor localizada. Tratamentos Os principais objetivos do tratamento são limitar a extensão, duração e gravidade da doença na sua fase aguda e aliviar a neuralgia pós-herpética, com emprego de analgésicos e drogas antivirais, que devem ser iniciados precocemente. No caso de surgimento de lesão de herpes zoster na região centro facial, acometendo nariz e olhos, deve-se procurar o médico imediatamente, pois pode ser necessária internação para medicação venosa a fim de evitar complicações como cegueira ou meningite. Prevenção A vacina contra herpes zoster é indicada para pessoas com mais de 50 anos, reduzindo o risco de ocorrência em cerca de 50%. Uma vacina contra catapora, tomada na infância, também pode minimizar o risco de desenvolver herpes zoster. OBS: Aumento nos casos de herpes zoster durante a pandemia pode ser explicado devido ao aumento do estresse, por conta da diminuição da imunidade, fragilizando a exposição a doenças tanto virais quanto infecciosas; A Covid-19 também provoca alterações inflamatórias e deixa o organismo mais fragilizado; outro fator é o aumento da ansiedade. - Após a infecção primária com a varicela, o vírus fica quiescente nos gânglios de nervos sensoriais cranianos e nos gânglios da raiz dorsal espinhais. A imunidade celular para o vírus da varicela-zoster diminui com a idade ou devido à imunossupressão. Nessa situação, o vírus reativa-se e migra por meio dos nervos sensitivos acometidos até a pele, causando pródromos de dor, seguidos por erupção e eritema cutâneos. - Tipicamente o HZ é unilateral, não atravessa a linha média, e é localizado em um único dermátomo. Os dermátomos mais comumente acometidos são aqueles da região torácica e o ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Risco de Infarto ou Derrame associado à herpes-zoster Estudo publicado na American Heart Association: O risco de AVC aumenta significativamente nos dias, semanas e meses após o aparecimento de herpes-zoster, apesar do uso da vacina e da terapia antiviral. Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de que tomar a vacina ou o tratamento antiviral assim que a herpes apareceu ajudasse a reduzir o risco aumentado de derrame. Mas os pesquisadores sugerem que a vacina contra a herpes pode ser a maneira mais eficaz de prevenir o risco de derrame. Estudo publicado na Journal of the American College of Cardiology: Existem várias causas biológicas possíveis de acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio após HZ: 1) replicação do VZV adjacente a uma artéria, que leva à inflamação da artéria e subsequente trombose e ruptura; 2) reativação subclínica repetida de VZV e um efeito subsequente nas artérias; 3) o estado imunológico alterado causado pela reativação do VZV e subsequente vulnerabilidade a eventos cerebrovasculares. - OBS: Um dos primeiros e mais incômodos sintomas de herpes zoster é uma dor intensa que afeta principalmente os nervos da região torácica, do nervo trigêmeo e da lombar. - A neuralgia herpética é tipicamente descrita como dor e queimação contínuas e muitas vezes sobreposta por alodínia (dor lancinante e severa que é precipitada pelo toque ou movimentação da área envolvida) - O tratamento precoce com agentes anti-herpéticos, como aciclovir e vidarabina, encurta a duração das lesões cutâneas e complicações relacionadas ao herpes zoster. Embora antiinflamatórios não esteroidais (AINEs), antidepressivos e bloqueadores do nervo simpático sejam usados para o tratamento da neuralgia herpética, esses tratamentos nem sempre aliviam a dor intensa. O que acontece nos gânglios nervosos quando o vírus HZ é reativado: Células do sistema imune, particularmente macrófagos e neutrófilos, são atraídas para o tecido nervoso e começam a liberar mediadores inflamatórios (citocinas) na tentativa de eliminar o patógeno. Uma dessas citocinas inflamatórias - TNF - se liga a uma proteína existente na membrana das células-satélites, que funcionam como auxiliares do neurônio e tem a função de controlar os níveis de potássio no entorno da célula nervosa. Quando o receptor de TNF é ativado pela citocina, a expressão de uma outra proteína é reduzida: a Kir4.1, que atua como um canal para a passagem de íons de potássio para dentro da célula-satélite. Quando o neurônio se despolariza, o potássio sai do meio intracelular para o extracelular. Para manter o equilíbrio químico no local, o excesso de potássio deve entrar na célula-satélite e isso ocorre pelo canal Kir4.1. Com a queda na expressão desse canal iônico induzido pelo TNF, o potássio começa a se acumular em torno do neurônio e isso faz com que a célula nervosa fique com excitabilidade maior do que deveria, se tornando mais sensível aos estímulos, com ocorrência de dor. - OBS: Pacientes que fazem uso de medicamentos anti-TNF para o tratamento de doenças inflamatórias crônicas apresentam menor probabilidade de desenvolver a neuralgia pós-herpética. Neuralgia Pós- Herpética Fisiopatologia- A neuralgia pós-herpética é conceituada como dor persistente por mais de três meses após a resolução das lesões de pele observadas no herpes-zoster. - A replicação do vírus da varicela-zoster latente no gânglio sensorial resulta em lesão no sistema nervoso periférico e central. Estudos demonstram que no HZ agudo, a pele é inflamada e parcialmente desenervada. Este processo inflamatório inicial tem duração variável, podendo persistir por semanas ou até mesmo meses. Mediadores inflamatórios como histamina e citocinas são liberadas após a lesão tissular, contribuindo para a ativação de nociceptores e para a redução do limiar de dor. Tem início o processo de sensibilização periférica. - No gânglio da raiz dorsal observa-se inflamação, necrose hemorrágica e perda neural, sobretudo de fibras C. Como consequência há brotamento de fibras A-beta no local das conexões aferentes das fibras C, ampliando o campo receptivo do neurônio e facilitando a interpretação de estímulos mecânicos periféricos inócuos como agressivos, fenômeno conhecido como alodínia mecânica. - Acredita-se que a alodínia e a perda sensitiva no dermátomo afetado estejam associadas com o fenômeno de desaferentação, o qual é decorrente da reorganização dos campos receptivos presentes na coluna dorsal. - A presença de agressão neural promove uma reorganização dos campos receptivos, o que permite que um estímulo de tato seja percebido e interpretado pelo organismo como sendo uma informação de dor. As fibras A-beta conectam-se com os tratos espinhais transmissores de sensações dolorosas e originam alterações sensoriais e alodínia. - O processo de sinalização normal do sistema nervoso está alterado na neuralgia; acredita-se que o brotamento de axônios noradrenérgicos simpáticos no gânglio da raiz dorsal, ao redor de fibra A-delta, seja responsável pela ativação de fibras aferentes sensitivas após a estimulação do simpático. Além disso, a perda de neurônios gabaérgicos e a lesão nos elementos que compõem o sistema inibitório descendente da dor contribuem para um aumento da sensibilidade na área afetada. Complexo Estimulante do Coração No bulbo há o centro cardioacelerador e cardioinibidor que vai auxiliar nos batimentos cardíacos Nervo vago ajuda a modular os impulsos do coração Dermátomos para dor referida (Complexo Sensitivo) Os dermátomos são áreas de sensibilidade de uma única raiz sensitiva. - mapa no membro superior responsável pela sensibilidade; - Nervo cutâneo medial do braço possui raiz sensitiva que unem ou superpõem aos dos nervos intercostais T2-T3 - Essas raízes são comuns as terminações aferentes viscerais para as artérias coronárias - Quando o paciente não sente essa parte pode indicar pinçamento, lesão na raiz sensitiva - Dor no braço relacionado com problema no coração: o sistema nervoso visceral (parte de sensibilidade visceral), que também está ligada ao coração, se conecta com a área de dermátomo e transmite a dor para essa área. (conexão da via sensitiva visceral com a raiz sensitiva de dermátomo) Lombalgia A lombalgia é a dor que ocorre na região lombar inferior. A maioria das dores lombares é causada por esforços repetitivos, erro postural, excesso de peso, etc. Outras causas incluem doenças inflamatórias, como infecções. Imunossupressão É o ato de reduzir a atividade ou eficiência do sistema imunológico. Com o sistema imunológico praticamente desativado, o indivíduo imunossuprimido fica vulnerável a infecções oportunistas; induzida por medicamentos ou agentes imunoterápicos (anticorpos, etc). Imunodepressão: estado de deficiência do sistema imunitário para, normalmente, responder a agentes agressores. A forma adquirida deve-se a um fator externo que afeta o sistema imunológico (ex: vírus). Pancreatite - Inflamação grave do pâncreas que acontece quando as enzimas digestivas produzidas pelo próprio órgão são liberadas em seu interior, promovendo a sua destruição progressiva e levando ao aparecimento de sinais e sintomas como dor abdominal forte. - A Pancreatite aguda resulta da liberação e ativação inadequada de enzimas pancreáticas que destroem o tecido e estimulam uma reação inflamatória aguda. - Dor abdominal irradia para o dorso. - Adaptado Sanar Med - As principais causas relacionadas à pancreatite aguda são a litíase biliar e o etilismo. Outra causa pode ser medicamentos. Pele - OBS: a derme possui nervos - Células de Langerhans - Células muito ramificadas (células dendríticas) - Mais frequentes na camada espinhosa - Origem: células da medula óssea - Fagociose e apresentação de antígenos (Sistema Fagocitório mononuclear) - Células de Merkel - Apoiadas sobre a membrana basal e presas aos queratinócitos por desmossomos - Origem: neuroectoderma (crista neural) - Alta percepção sensorial (mecanorreceptores)
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