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A VISÃO DE HOMEM EM PLATÃO E ARISTÓTELES

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A VISÃO DE HOMEM EM PLATÃO E ARISTÓTELES: 
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS[footnoteRef:1] [1: Ensaio apresentado na disciplina de Antropologia Filosófica, ministrada pela Profa. Dra. Ir. Maria Celeste.] 
Caio César Barros da Silva[footnoteRef:2] [2: Aluno do Curso de Bacharelado em Filosofia, da Faculdade Católica de Fortaleza, 2021.1.
] 
Retratar o mundo é compreender, ou melhor, é submergir em indagações que permitem elevar o intelecto de uma maneira tão transcendente que acabamos voltando para os mesmos questionamentos iniciais, isto é, só é possível existir interrogações a partir de um pressuposto, e este, é a realidade. É nesta realidade que uma pergunta permeia por todas as áreas, desde a Antiguidade até a Contemporaneidade, e sua resposta jamais poderá ser enquadrada a uma mera definição. A pergunta que celeuma o intelecto dessas áreas – Filosofia, História, etc - é; O Homem, quem é ele?
Do homem são dadas muitas definições, mas a que marca a sua maior definição é quando este arraiga, na retoma do exposto no Oráculo dos Delfos, o Conhece-te a ti mesmo. Muitos tentam enquadrar as definições do homem, mas as que transitam em muitos estudos de hoje foram a dos Pais da Filosofia, isto é, a visão de Platão e Aristóteles. O confronto entre estes dois grandes filósofos nos mostra o quão torna-se profundo e complexo responder a essa questão universal.
No pensamento antropológico de Platão há um grande dualismo – no que reporta à alma e ao corpo. Este tem uma motivação para a busca do divino devido à grande influência do Orfismo. Segundo Lima Vaz (2011), a influência do platonismo é uma poderosa concepção clássica de homem que temos até hoje. Com isso, Platão avulta a teoria de dois mundos, o inteligível e um sensível, sendo que, o primeiro é causa do segundo. O primeiro mundo refere-se ao mundo das Formas (εἶδος - eidos), um mundo marcado pela perfeição, pela imutabilidade e eternidade. E o segundo, formado pelo Demiurgo, é tido como uma imitação (μίμησις – mímeses) caracterizado pelo devir (γίγνεσθαι - fieri).
Assim, em Platão, o homem é um ser comprometido pelo dualismo alma-corpo (somapsyché), isto é, o homem é um filósofo e um todo alma. O homem, para este filósofo, deveria resgatar a sua alma da prisão do corpo, pois a alma está ligada ao mundo suprassensível e o corpo ligado ao mundo da corruptibilidade, isto é, ao mundo passageiro, mundo sensível. Ao fazer esse tipo de definição, Platão ignora a distração sensorial do corpo, preterindo também as distrações dos apetites do corpo.
Aristóteles discorda da ideia platônica e usa do conhecimento filosófico-científico para explicar a concepção de homem. Segundo Lima Vaz (2011), Aristóteles trilhou, em sua concepção de homem, do platonismo psyché (ψυχή) – tendência dualista -, para um monismo hilemórfico, isto é, a alma como forma do corpo natural que, em potência, tem a vida. Diferentemente do seu mestre, Aristóteles não via o corpo como uma armadilha que distraía a mente da verdade, mas como ferramenta para ajudar a aprender.
Assim, fiel às influências platônicas, a questão do homem em Aristóteles implica-se sobre o composto de alma-corpo, isto é, de psyché e sôma. Logo, a psyché, na filosofia aristotélica, é um ato, também chamada de entelécheia (ἐντελέχεια), pois refere-se à perfeição que é atuada ou que se atua. Desde modo, Aristóteles define que o corpo é a matéria (ύλη – hýle) da alma –forma (μορφή – morphé); a matéria é a potência (δύναμις - dýnamis), enquanto a forma é o ato (ἐνέϱγεια - enérgeia). Contudo, Aristóteles crítica que a teoria de Platão é uma réplica inútil do mundo sensível e que as Ideias não explicam o ser das coisas. Dessa forma, Aristóteles começa a ruminar a essência das coisas, e, segundo o Filósofo, a realidade é constituída de substância (ούσία – ousía) e acidentes (συμβεβηϰός – symbebekós).
Portanto, percebe-se que as teorias de Platão e Aristóteles suplantam as semelhanças. Na Antropologia platônica, o homem é formado de alma e corpo, e esta encontra-se presa no corpo para passar por um período de purificação. O corpo, na filosofia de Platão, é um cárcere que aprisiona a alma, e o morrer do corpo é viver, pois o corpo estando morto, a alma encontrar-se-á livre. No entanto, em Aristóteles, a matéria e a forma só podem existir juntas, isto é, são inseparáveis. A esta inseparabilidade Aristóteles nomeou-a de sínolon (τὸ σύνολον – compositum) que significa uma coisa só, isto é, um composto de matéria e forma, ou seja, a substância concreta. Por fim, segundo Vaz (2011) as variadas e ricas formas de expressões são encontradas na concepção clássica do homem, e segundo Mondin (1980), a pergunta “O Homem, quem é ele”, é uma máxima interrogativa, isto é, a interrogativa das interrogativas, pois o homem é um mistério para o próprio homem.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Rev. e Trad. Ivone Castilho Benedetti. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
MONDIN, Batista. O homem, quem é ele?. 1. ed. São Paulo: Paulus, 1980.
VAZ, Henrique C. de Lima. Antropologia Filosófica I. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2011.

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