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- -1 ANÁLISE DO DISCURSO UNIDADE 3 - ANÁLISE DO DISCURSO EM PÊCHEUX E FOUCAULT Autoria: Rosiani Teresinha Soares Machado - Revisão Técnica: Raquel Rossini Martins Cardoso - -2 Introdução Como ciência, a Análise do Discurso surgiu na França dos anos finais de 1960, quando a linguística parecia não ser mais suficiente para explicar eventos que dessem sentido à fala produzida pelos indivíduos enquanto seres sociais, dentro de perspectivas históricas. Algumas inquietações surgiram, como qual o papel da língua na representação dos atos de fala do ser constituído socialmente? Em que se diferencia texto de discurso? Qual a relação entre o que está escrito no texto e aquilo que o enunciado quer dizer? Dois grandes nomes se sobressaem para responder a questões como essas, dois franceses, filósofos, dois “Micheis”: Michel Pêcheux e Michel Foucault. Ambos se dedicaram ao estudo exaustivo do discurso e de sua representação, de sua atuação na sociedade e o uso por seus indivíduos. Nesta unidade, você entrará no mundo desses dois filósofos franceses, a fim de compreender como se dá a AD na perspectiva de ambos, além de tomar conhecimento de alguns conceitos, como o materialismo e o enunciado. Bons estudos! 3.1 Análise do discurso em Pêcheux Como disciplina científica, a Análise do Discurso surge nos anos 1960, na França, com Michel Pêcheux e sua pretensão de exercer uma entre o sentido dado à fala desde Saussure e sua realidade funcional.ruptura Partindo desse pressuposto, Pêcheux se interessa por aquilo que representa em que age:a fala na sociedade como ela atua dentro das e de acordo com a que a concebe. Visionário como era,situações sociais história Pêcheux vai romper com os padrões ideológicos subjetivos, de modo epistemológico, que exerciam influência no domínio científico da língua. 3.1.1 Principais características da AD de Pêcheux Michel Pêcheux viveu apenas 45 anos. Pouco tempo, se pensarmos em tudo o que construiu e o grande legado deixado por ele no que compete ao discurso e sua linha de análise. Aos 25 anos, conquistou o certificado que lhe deu a condição de ensinar Filosofia e, dois anos depois, já participava do Département de Psychologie du Centre National de Recherche Scientifique, junto a outros nomes como Louis Althusser, uma de suas principais influências, e Georges Canguilhem. Você o conhece? Louis Althusser foi um filósofo argelino que se contrapôs aos ideais marxistas, criticando o economicismo e o humanismo presentes nas leituras de Marx. Desenvolveu diversas teorias nesse campo, entre elas a dos Aparelhos Ideológicos do Estado. Já para Georges Canguilhem, igualmente filósofo, mas médico também – o que influenciará sobremaneira sua visão filosófica do mundo –, era possível filosofar sobre qualquer objeto, desde um estetoscópio até obras que versassem sobre assuntos dos - -3 A AD proposta por Pêcheux tem como objeto a , porém em que, a seu ver, foi desprezada língua outra dimensão pela linguística: a da que a envolve. Além disso, vê a língua envolta em situações sociais concretas de história uso pelos falantes. É sobre isso que Pêcheux vai se debruçar e traçar linhas de estudo exaustivo. Assumindo um posicionamento que compreende a história e as ciências sociais, o filósofo francês vai relacionar a linguagem ao sentido por meio de fatores espaciais e temporais determinados pela atividade humana. Desse modo, só existirá discurso se houver sentido naquilo que é produzido pelo indivíduo. Por isso, Pêcheux determina o discurso como sendo um . O discurso é produzido conforme a história e os objeto sócio-histórico atos de interação sociais do indivíduo, como mostra a figura “Produção de discursos”. #PraCegoVer: a figura representa o desenho de um grupo de pessoas formado por três homens e duas mulheres; dois dos homens conversam entre si, uma mulher se encontra no centro do grupo olhando para um celular, e o terceiro homem e a outra mulher estão dirigindo suas falas a ela. Acima de todos, há balões de diálogo em diferentes cores e sem nada escrito. É preciso situar você no tempo para que possa compreender melhor o pensamento de Pêcheux. 1 Pêcheux foi um visionário que viveu na França em tempos de grande euforia intelectual. 2 Nos anos de 1960, já em seu período final, o estruturalismo linguístico vivia seu auge. 3 E o gerativismo avançava a passos largos, inserindo novos e outros modos de ver e pensar a linguagem. Complementam o quadro as ideias de Althusser sobre o , que revolucionaram os pensamentosmarxismo ortodoxos sobre o tema. De igual modo, as concepções epistemológicas invadem as academias e os grupos de estudos, influenciadas, sobretudo, por Bachelard e Ganguilhem (MALDIDIER, 2011). qualquer objeto, desde um estetoscópio até obras que versassem sobre assuntos dos mais diversos, como espiritualidade, medicina e tecnologia. Sua tese se fundamentou na concepção do ser como dotado de uma vida capaz de ser compreendida e fundamentada por meio das leis físicas, biológicas e químicas do ser humano. Você sabia? O gerativismo, também conhecido como gramática universal, é a teoria proposta por Noam Chomsky, que afirma que todo indivíduo nasce dotado de uma gramática internalizada, isto é, a linguagem é uma habilidade inata no sujeito. - -4 É nesse contexto que Pêcheux propõe articular a , o e a . Paralinguística materialismo histórico psicanálise ele, a ideologia encontra-se materializada na linguagem e, por isso, ele estuda como a primeira se manifesta na segunda. É essa articulação que se encontra exposta na primeira obra do filósofo, Analyse automatique du , que data de 1969, considerada o marco inicial da AD concebida como disciplina científica.discours Já nos anos de 1970, Pêcheux inaugura outro momento de seus estudos sobre o discurso, materializado na obra , considerada como aquela que ditou o conceito de discurso proposto pelo filósofo francês.Vérités de La Palice Publicada em 1975 na França, no Brasil recebeu o título de Semântica e Discurso: Uma crítica à Afirmação do . A obra foi traduzida para o português brasileiro pela professora Eni Pulcinelli Orlandi e outrosÓbvio colaboradores. Aos poucos, Pêcheux vai compondo e recompondo seu modo de pensar o discurso, isto é, como uma relação entre língua e história. É importante reconhecer que o filósofo, desde o início de sua trajetória como pesquisador do discurso, vai contemplar e seguir, de modo incondicional, as ideias de Saussure sobre a língua como sistema e, consequentemente, vai se debruçar sobre tudo aquilo que a linguística saussureana estuda e relata como ciência da linguagem. Em um momento seguinte, Pêcheux reavalia suas primeiras considerações e passa a trabalhar no sentido de . Maldidier (2011) coloca a questão como um antes e um depoisquestionar os elementos constitutivos da AD nessa reconfiguração da AD, conforme é possível ver no quadro “Reconfiguração da AD”. Quadro 1 - Reconfiguração da AD Fonte: Adaptado de MALDIDIER (2011, p. 59-60). Você quer ler? Semântica e Discurso: Uma Crítica à Afirmação do Óbvio é a tradução do livro de Pêcheux para o português do Brasil. Conforme apresentação da professora Eni Orlandi, a obra representa apenas um momento da reflexão de Pêcheux (1995), “num percurso em que ele mesmo se defrontou com questionamentos, limites e reavaliações que o levaram, com seus escritos posteriores, a precisar certos conceitos, aprofundar alguns e abandonar, provisoriamente, outros” (PÊCHEUX, 1995, p. 9). - -5 Fonte: Adaptado de MALDIDIER (2011, p. 59-60). #PraCegoVer: o quadro mostra duas colunas. Na primeira, estão elencados elementos de como era a AD antes; no segundo, aparecem elementos de como ficou a AD depois. Língua e história continuam sendo os pontos principais da AD para Pêcheux, porém sua visão muda e ele passa a pensar a história pelo viés dos “historiadores das mentalidades”, como define Maldidier (2011, p. 60). Quanto à língua, passa a se interessar pelas obras de diversos linguistas, dando nova roupagem às suas investigações.Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) 3.1.2 Linguagem Havia algo que ainda não tinha sido explorado sobre a linguística e que, para Pêcheux, estaria em seu exterior. Assim, haveria uma falha, do ponto de vista científico, por desconsiderar a como elemento de uso porpalavra um em , que podem sofrer variações, dependendo da situação de uso dessaser social condições discursivas palavra. Para tanto, Pêcheux (2011, p. 66) dá o seguinte exemplo: “se considerarmos o domínio da política e aquele da produção científica, constatamos que, nesses dois domínios, as palavras podem mudar de sentido segundo as posições sustentadas por aqueles que as empregam”. Se sim Questiona o filósofo francês se isso seria um problema linguístico, simplesmente. Se não Há como redefinir esses sentidos? Sendo a linguística uma ciência que estuda a linguagem e sendo esta constituída pelas línguas verbais, a ela foi dada a condição de elaborar teorias sobre todas as línguas, entendendo-as e definindo-as sob o ponto de vista .fonológico, morfológico e sintático • Fonologia É possível explicar, por meio da fonologia, certos pares de palavras que se opõem, dado o fonema que será usado, por exemplo: /p/ e /b/, como em /pata/ e /bata/. • Morfologia Também a linguística servirá de apoio para entender a formação das palavras de uma língua. Por exemplo, por que temos, na língua portuguesa, as palavras “vidro” e “vitrificar”? A análise morfológica dirá que “vidro” provém do latim que, ao longo do tempo, teve o “t” de sua raiz substituído por “d”vitrus em algumas palavras (vidro, vidraçaria, vidrado), porém permanecendo em outras (vitrificar, desvitrificação). • Sintaxe • • • - -6 • Sintaxe Determinará como as frases são construídas em uma língua. Assim, temos A menina sorriu para seu avô como uma ordem aceita na língua portuguesa, totalmente compreensível, pois é considerada uma sentença gramatical. Porém, em , temos uma frase totalmente compreensível, masVocê me levar na praia agramatical, pois o verbo foi usado no infinitivo. Porém, para compreender seu sentido, basta pensar em uma situação de fala de um estrangeiro que ainda não utiliza a conjugação do modo adequado à norma da língua portuguesa (leva). Já em , temos uma fraseSentimentos azuis correm ao envelhecer da manhã gramatical, mas totalmente inaceitável por não apresentar sentido para os usuários da língua. Agora, vejamos como os estudos linguísticos explicam como a palavra “banana” pode ser percebida ligada a alguém que não tem coragem suficiente, que não consegue se posicionar diante de uma dada situação difícil. O , nesse sentido, fica à mercê de outras áreas, como a sociológica ou psicológica, ou, ainda, danível semântico história, para que se compreenda, de modo efetivo, o que determinada palavra quer dizer dentro de um dado contexto, seja ele social, seja histórico etc. Na sentença , é a semântica que explicaAquela menina é uma banana qual o sentido dado ao termo que, originalmente, se refere a uma fruta, ou seja, como uma menina pode ser igualada a uma banana. Para esclarecer como a linguagem é estudada pela linguística e por que esta não dá explicações sobre o sentido presente naquela, Pêcheux (2011, p. 71) vai afirmar que “toda disciplina científica se constitui excluindo de seu próprio campo aquilo que, até então, o perseguia, no exato sentido do termo” e, sendo assim, a linguística não tratará do sentido. É por isso que Saussure trava a oposição língua/fala, pensando na fala como a representação do modo como cada indivíduo fará uso da língua. Essa fala, no entanto, não traduz a liberdade do falante, já que esta é limitada, seja por atos jurídicos, seja por fatores sociais, históricos, culturais, entre outros. A AD em Pêcheux faz uma . Isso se dá porque ocrítica à análise do conteúdo, à psicologia e à sociologia filósofo francês, entre outras situações, estuda de maneira aprofundada as ideias marxistas, transformando-as e analisando-as sob diferentes olhares. Assim, ele traça uma relação entre sujeito, linguagem e história para definir o discurso presente nas interações do ser social. Pêcheux vê a AD sob o enfoque do sujeito, da história e da linguagem, como mostra o quadro “Visão de Pêcheux da AD”. Quadro 2 - Visão de Pêcheux da AD Fonte: Elaborado pela autora, 2020. • - -7 Fonte: Elaborado pela autora, 2020. #PraCegoVer: o quadro traz a inscrição AD em uma caixa de texto da cor de ferrugem ao centro, rodeado por outras três caixas de texto, sendo uma laranja (acima, contendo a palavra sujeito), outra cinza-escura (abaixo e à esquerda, com a palavra história) e outra cinza-clara (abaixo e à direita, com a palavra linguagem). Assim, Pêcheux (2011) analisa a fala sob aspectos ideológicos ligados, ao mesmo tempo, ao sistema e à liberdade, sendo que o primeiro se contrapõe à segunda. Além disso, o filósofo francês atribui à linguagem, ou melhor, “linguagens”, no plural (PECHÊUX, 2011, p. 72), o estudo dos “conceitos e operações de análise definidos pelo estudo da língua”. 3.2 Língua e discurso Língua e linguagem são duas temáticas discutidas por Pêcheux que destoam daquelas propostas pelos estudos linguísticos, sobretudo os de Saussure e Chomsky. Para ele, a língua é o objeto da linguística, a base que sustenta a construção dos processos discursivos. É a língua que vai conduzir as que atuam nas relaçõesrepresentações sociais do indivíduo. Nesse sentido, a língua ganha novos valores e dimensões, afastando-se da condição original proposta pelos linguistas. Para Pêcheux, a língua, porta de entrada da , apresenta certa liberdade,materialidade discursiva pois terá a utilidade de decifradora do discurso. 3.2.1 Língua Língua e discurso são diferentes para Pêcheux, que pensa a língua como , o qual é usado por todo ser um sistema social, independentemente de seu posicionamento político, filosófico, econômico, cultural etc. Por outro lado, certamente o discurso usado por qualquer um desses seres sociais não será o mesmo, já que este é constituído por processos ideológicos. Desse modo, Pêcheux (1995, p. 91, grifo do original) propõe que a língua se mostra “como a comum de base discursivos diferenciados, que estão compreendidos nela na medida em que [...] os processosprocessos ideológicos simulam os processos científicos”. A língua, então, não se realiza de acordo com as , ou seja, não poderá ser determinada em divisões declasses acordo com as classes em que ela opera. Embora todo processo discursivo seja registrado em uma relação dialógica entre classes sociais (PÊCHEUX, 1995), a língua não chega a se realizar de acordo com elas, ou seja, não pode ser determinada pelas divisões desses estratos em que ela opera. É possível dizer, então, que não existe uma língua de classes, mas que ela deverá operar no sentido de atender as necessidades discursivas da sociedade em que atua, independentemente da camada social em que o indivíduo está inserido. A língua não é definida, como o fez Marx e Engels, como um meio de comunicação entre os homens. Pêcheux rebate essa afirmação argumentando que o termo “meio” não configura um instrumento, técnico ou científico. A comunicação, de igual modo, não é vista como referente a um sentido, mas configurada dentro de um “instrumento de comunicação” (PÊCHEUX, 1995, p. 93). - -8 3.2.2 Materialismo dialético A é, para Pêcheux, o fenômeno que busca entender o discurso em sua essência. Paramaterialidade discursiva ele, o sentido dado ao discurso está no lugar que o sujeito ocupa, e não nas palavras ditas por ele. ANÁLISE MATERIALISTA DO DISCURSO = AD A partir de 1975, Pêcheux passa a articular três situações do conhecimento científico que serão basilares para ele daí por diante: o materialismo histórico, a linguística e a teoria semântica. Já abordamos sobre estas duas últimas. O materialismo histórico, por sua vez, refere-se à “teoria das formações sociais e de suas transformações” (ZANDWAIS, 2009, p. 24). Essa concepção será fortemente influenciada por Althusser, pois determina uma junçãoentre a AD e a dialética materialista. No entanto, afirma Zandwais (2009) que, sobre essa teoria, não há muitos esclarecimentos no que compete aos estudos franceses e brasileiros, o que acaba por prejudicar a concepção mais aprofundada do que seria do domínio do materialismo histórico, ou seja, competente à história como ciência, e do materialismo dialético, este compreendido como filosofia materialista referente àquela ciência. 3.3 Análise do discurso em Foucault Paul-Michel Foucault foi um filósofo francês, assim como Pêcheux, mas também historiador, filólogo, professor e crítico literário. Viveu na França, sobretudo em Paris, e na Suécia. Dos seus 57 anos de existência, os 14 finais (1970-1984) foram como professor do Collège de France. Sua produção intelectual foi intensa, dedicando-se a leituras e estudos desde Platão a Lacan, passando por Marx, Nietzsche, Freud, Bachelard, entre outros. O aprofundamento, no entanto, foi em Kant e Bachelard, sobretudo. Conviveu com outros tantos intelectuais de sua época, como Jean-Paul Sartre, Canguilhem, Deleuze e Lacan, somente para citar alguns. A obra de Foucault é permeada pelo e sua teoria, embasada nas .discurso relações de poder 3.3.1 Principais características O que ocorre quando o texto passa a ser discutido e estudado sob a ótica do discurso presente nele? , nesseTexto sentido, vai além daquilo que é definido por meio de suas interpretações, de seu deciframento. A obra de Foucault aborda determinadas configurações sobre o texto, visto não sob a perspectiva da análise do conteúdo, mas em seus aspectos discursivos. A previa o estudo mecanizado do texto, poranálise do conteúdo meio do qual algumas técnicas poderiam ser empregadas para possibilitar a decifração do texto. A camada superficial do texto poderia, assim, ser penetrada e, em seu interior, descobria-se aquilo que o tornava passível de ser compreendido. Todo texto, desse modo, guardaria uma verdade e essa verdade seria desvelada por – e tão somente – um “analista experiente” (ROCHA, 2012, p. 50). Esse é o contexto em que a AD se pronuncia entre o final dos anos de 1960 e o início de 1970. Foucault acredita que o saber não pode ser visto de modo naturalizado e passa a sustentar uma análise sobre diferentes unidades, incluindo sua obra e seus próprios pontos de vista, incluindo o texto. Sua luta, explica Rocha (2012, p. 51), “é contra todo e qualquer projeto de preservação das continuidades”. Ele vai conceber algumas noções para colocar em prática tal combate. - -9 Tradição Confere um estatuto temporal singular a um conjunto de fenômenos ao mesmo tempo sucessivos e idênticos. Influência Liga, a distância e através do tempo, unidades definidas como indivíduos, obras, noções ou teorias. Desenvolvimento e evolução Permitem agrupar uma sucessão de acontecimentos dispersos, relacioná-los a um único e mesmo princípio organizador, descobrir um princípio de coerência. Mentalidade ou espírito Permitem estabelecer, entre os fenômenos simultâneos ou sucessivos de uma época dada, uma comunidade de sentido, ligações simbólicas, fazendo surgir uma consciência coletiva. São essas as que o filósofo francês deseja desfazer, contestando e questionando essas noções continuidades como forma de lutar contra tudo que parece essencialmente naturalizado, sobretudo contra o .sujeito da razão Para ele, a razão não pode se submeter ao que o sujeito determinará, mas ao que o discurso irá compor. O sujeito se fundamenta por meio da história e do discurso que nela se realiza. Por isso, Foucault deseja combater alguns estereótipos ligados ao , ao conjunto de noções textuais ditadastexto pela ciência que absorve o texto e o denomina como um romance ou como um livro, por exemplo, diminuindo seu potencial discursivo. Passa-se do para o , da para a plano textual plano discursivo hermenêutica .pragmática Para que isso ocorra, a análise é realizada em cima de textos, sobretudo na modalidade verbal escrita, e esses textos são definidos como documentos, o que dará sentido ao termo “revolução documental”, ocorrida desde o final dos anos 1960 (ROCHA, 2012). 3.3.2 Contribuições para a AD A noção de discurso para Foucault não foi dada de um momento para outro. Ele foi trilhando um percurso de inúmeras tentativas para conseguir desenvolver uma acepção que fosse de encontro à do texto. Rocha (2012) nos apresenta três definições dadas por Foucault. Cada definição está relacionada a um momento de estudo de Foucault. Vejamos os dois primeiros momentos no quadro “Primeiras definições de discurso de Foucault”. Você sabia? Hermenêutica se refere à interpretação do sentido das palavras. É uma filosofia que se dedica à interpretação, sendo usada, sobretudo, no campo jurídico. Já a pragmática contextualiza a linguagem usada na comunicação, inquerindo sobre a possibilidade de novos sentidos no interior da mensagem. - -10 Quadro 3 - Primeiras definições de discurso de Foucault Fonte: Adaptado de ROCHA (2012). #PraCegoVer: o quadro traz duas colunas. A primeira explica o primeiro momento das definições do discurso de Foucault; a segunda explica o segundo momento. Nos dois primeiros momentos, podemos perceber um pequeno distanciamento entre texto e discurso, pelo menos no sentido a que Foucault almeja chegar. Este é mais perceptível no terceiro momento, que está explicado no quadro “Terceira definição de discurso de Foucault”. - -11 Quadro 4 - Terceira definição de discurso de Foucault Fonte: Adaptado de ROCHA (2012, p. 54). #PraCegoVer: quadro que traz o terceiro momento da definição de discurso de Foucault. Melhor definindo, discurso é o conjunto de enunciados que têm a mesma formação, seja ela do campo clínico, seja do econômico, seja do científico, seja do político etc. Para compreender o que seria discurso, então, será necessário compreender, de igual modo, o que Foucault considera como enunciado e sistema de formação. O sistema de formação está relacionado à ideia de formação discursiva, ou seja, ao conjunto de relações que, combinadas, criam uma situação de dependência entre si. Essas relações são os objetos, os modos de enunciação, os temas e os conceitos. São os domínios que se encontram emaranhados, intricados, onde a função enunciativa ocorre. Você quer ver? A AD é objeto de estudo de diversos grupos de pesquisa da linguagem e um deles é o GEADA – Grupo de Estudo de Análise do Discurso – Araraquara, da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Além de artigos, teses de doutorado e outros textos, também disponibiliza alguns vídeos sobre a AD. Um deles reproduz a fala da professora Rosário Gregolin com o tema “Introdução aos estudos do discurso e a obra de Michel Foucault”. Vale a pena você assistir para incrementar mais ainda seus conhecimentos sobre a AD e Foucault. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=EUwmCxB1Tp4&feature=emb_logo&ab_channel=Adamaz%C3%B4niaAD - -12 3.4 Contribuições de Foucault O discurso foi foco de estudo ao longo da trajetória de um Foucault preocupado com as transformações contínuas que o ser social sofre ou sofrerá ao longo de sua vida, as quais decorrem dos movimentos históricos em que estará envolvido. Desse modo, o filósofo francês pensa o discurso sob o viés do enunciado ou, melhor, como um conjunto de enunciados, por isso a importância de conhecer o que é enunciado para Foucault e como ele é produzido. 3.4.1 O enunciado em Foucault Discurso, para Foucault, é o que são encontrados em um mesmo sistema de formação. conjunto dos enunciados Sendo assim, é importante o esclarecimento do que seja enunciado para o filósofo francês. O é, antes de mais nada, algo que exerce uma função, ou seja, determina se uma frase será ou não enunciado concebida como tal, se uma proposição poderá ser aceita como verdadeira e, ainda, se dado ato de fala, ou seja, a ação do dizer, está em conformidade com os atores que participam da fala, sendo passível de compreensão. Visto sob esse aspecto, o enunciado será o responsável direto pela passagem do texto para o discurso. Foucaultdetermina, ainda, características que definem melhor o enunciado. A primeira delas se refere à ligação do enunciado a um referencial, isto é: [...] nas formações discursivas, os elementos não estão simplesmente justapostos, mas são postos em relações bem determinadas pela prática discursiva, em que importam não escolhas ou preferências por temas, nem o modo como conceitos surgem a partir de visões do mundo ou de interesses de tal ou tal grupo. (ARAÚJO, 2004, p. 225) Logicamente que esses conceitos poderão interessar a um cientista ou filólogo, conforme aponta a mesma autora, no entanto, a quem deseja analisar o discurso, o interesse é em como os discursos agem fora dos limites fechados propostos pela sociedade ou por atividades como a econômica ou a política, por exemplo. O enunciado tem uma função que é a de representar um referencial quando disposto no discurso. Como exemplo, podemos citar a união de determinados caracteres que, isoladamente, poderão constituir um nada, algo sem sentido, um vazio de compreensão: I N A M P S. Esses mesmos caracteres passarão a constituir um enunciado quando houver a compreensão do que representam: a sigla de Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. Sobre esse aspecto, é interessante a interpretação de Araújo (2004, p. 225) para aquilo que não constitui o enunciado em Foucault: “o enunciado não é constituído por uma relação do significante com seu significado, nem do nome com seu designado, ou da frase com seu sentido, ou ainda, da proposição com seu referente”. O enunciado configura, isto sim, “uma situação da ordem do discurso, característica do saber de uma época” (ARAÚJO, 2004, p. 225). Assim, para que o enunciado seja compreendido, não basta o conhecimento linguístico que determina uma sigla como a dada anteriormente (INAMPS), mas, de igual modo, o conhecimento histórico que dirá se tratar de uma política pública de saúde brasileira que deixou de existir há alguns anos. - -13 Uma frase gramatical poderá apresentar sentido e não ser determinada como enunciado; um enunciado poderá existir independentemente da existência de uma frase gramatical. Tomemos como exemplo uma fórmula química como KCl, considerada agramatical pelos critérios linguísticos, mas enunciativa sob os critérios discursivos, pois determina uma substância química, o cloreto de potássio. A célebre frase de Chomsky, , foi usada por ele paraIdeias verdes incolores dormem furiosamente na grama determinar a possibilidade de gramaticalidade em uma frase desprovida de sentido semântico. No entanto, poderá ser considerada um enunciado se definida dentro de uma situação tida como fora daquilo que se percebe visivelmente. Explicando melhor, se a frase fosse proferida por um poeta, por alguém que estivesse relatando um sonho ou, ainda, determinando um código, constituiria um enunciado. Por mais que uma frase não seja significante, ela se relaciona a alguma coisa, na medida em que é um enunciado. Relacionar frase e sentido requer pensar que aquela vai supor uma realidade inalterável, já que depende de regras contidas em determinada língua. Nas palavras de Foucault (1987, p. 103): É no interior de uma relação enunciativa determinada e bem estabilizada que a relação de uma frase com seu sentido pode ser assinalada. Além disso, essas frases, mesmo se as tomamos no nível enunciativo em que elas não têm sentido, não estão, enquanto enunciados, privadas de correlações. [...] Por mais que uma frase não seja significante, ela se relaciona a alguma coisa, na medida em que é um enunciado. Uma sentença como e outra como podem ser entendidasÉ possível que ele chegue cedo Talvez chegue cedo como sendo uma única proposição lógica, porém, sob o ponto de vista discursivo, são dois enunciados distintos. Tomando a explicação de Foucault para outro exemplo dado, mas que pode perfeitamente nos auxiliar com estes, a primeira proposição poderá ser dita ou pensada por alguém ao se encontrar só à espera de alguém; a segunda proposição, por sua vez, poderá fazer parte de uma crônica ou de um texto literário. O contrário também poderá existir: O imperador francês perdeu a guerra e o militar francês era baixinho e tinha . São duas proposições diferentes que remetem a um único enunciado: Napoleão foi umum cavalo branco imperador francês que sucumbiu à Revolução Francesa, era de estatura baixa e tinha um cavalo branco. Ato de fala e enunciado se diferem. O primeiro poderá apresentar , isto é, ser definido como valor ilocucionário uma fala completa, acabada. Por exemplo, ao responder não a um convite para sair, existe uma ação envolvendo a fala de alguém, isto é, uma negativa a uma ocorrência de fala. Já um enunciado, se bem articulado, bem Caso Uma frase pensada como enunciado sempre se relacionará a algo. Assim, se alguém produz uma frase como , poderá se transformar em diferentes enunciados. Se produzido por alguémEstá ventando muito que está em um ambiente em que as janelas estejam abertas, terá como pressuposto que deseja que essas aberturas sejam fechadas, pois se sente incomodada com o vento. Por outro lado, pode ser definida como uma recusa delicada em resposta a um convite para um passeio ao ar livre. Poderá, ainda, servir de informação em dias de tempestade. São inúmeras as possibilidades de uma frase dita em situação aparentemente isolada transformar-se em enunciado, desde que se considere aquilo que não se pode ver, que está por trás do que é dito. - -14 a fala de alguém, isto é, uma negativa a uma ocorrência de fala. Já um enunciado, se bem articulado, bem aplicado, poderá dar ao ato de fala o poder de realização efetiva. Araújo (2004) explica que não são os atos de fala que estabelecem o enunciado, mas o contrário. Outro fator a ser diferenciado, o enunciado e a enunciação ocupam lugares distintos. Enunciado Elemento que compõe o discurso, a sua unidade. Enunciação Formulação do enunciado por alguém em um dado momento, sob determinadas circunstâncias discursivas. Sobre enunciado e enunciação, você verá de modo mais aprofundado em outra unidade. 3.4.2 O conceito de discurso reformulado Foucault não pretendia, em momento algum, substituir a análise do discurso pela análise linguística. Para ele, uma não se sobrepõe à outra pelo fato de existirem em níveis diferentes. O nível gramatical ou do ato de fala ou mesmo da proposição lógica não será o mesmo do enunciado e, desse modo, cada um terá seu valor representativo de análise conforme aquilo que se quer definir. Foucault (1987) atribui a decisão ao que seria uma frase ou uma proposição à necessidade de determinar as regras que regem uma ou outra. Explicando de outro modo, não é um conjunto aleatório de palavras que compõe uma frase nem um conjunto de unidades lógicas que compõe uma proposição. É preciso que haja um controle sobre as regras gramaticais, isto é, uma sintaxe que a determine como estrutura pertencente a determinada língua, uma morfologia que defina o uso da palavra na frase dada, além de outros fatores linguísticos. É por isto que as palavras não constituem uma frase, por não haver uma regra que a defina comograciosa Antônia menina tal. No entanto, pode ser definida como frase por constituir valor gramatical, já queAntônia, menina graciosa está dentro dos padrões sintáticos e morfológicos da língua portuguesa, além de apresentar uma semântica bem definida. X + Y + Z = XZ é possível, no entanto, XYZ + = X não. Podemos determinar isso porque não há elementos suficientes que expressem o sentido de uma e não de outra. Por isso Foucault (1987, p. 110) expressa que “apenas o exame dos elementos e de sua distribuição em referência ao sistema – natural ou artificial – da língua permite estabelecer a diferença entre o que é proposição e o que não é, entre o que é frase e o que é mero acúmulo de palavras”. Para que a frase dada anteriormente ( ) seja considerada um enunciado, deverá estarAntônia, menina graciosa condicionada a outros enunciados. Não se trata de contexto, já que, para Foucault, o termo prevêtudo aquilo que estaria em torno do texto, próximo e associado a ele. Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) - -15 Não existe enunciado que esteja totalmente liberto, que não esteja ligado a outros enunciados. A análise discursiva, conforme Araújo (2004), depende do domínio que o enunciado ocupa, um ambiente onde os atos de fala, as frases e as proposições estejam interligadas e que possam se acumular e se ampliar. Diferentemente das concepções de discurso e da semântica que se debruçam, sobretudo, ao sentido que há por trás do texto, ao que representaria o dito e o não dito no texto, Foucault dirá que, em um discurso, o sentido se servirá do próprio discurso para que passe a ser concebido como tal. O discurso passa a ser considerado, assim, como uma prática, “formado com regras anônimas, históricas, determinadas no tempo e no espaço, que definem para uma dada época e para uma dada área social, econômica, geográfica ou linguística, as condições de exercício da função enunciativa” (ARAÚJO, 2004, p. 233). Conclusão O discurso é baseado em enunciados realizados entre atores sociais, dentro de dada situação histórica. A Análise do Discurso é uma disciplina científica que estuda o discurso e tudo que está presente nele. Foucault e Pêcheux foram importantes para a AD, e seus pensamentos ainda hoje são estudados com afinco por aqueles que desejam se profundar na temática do discurso. Esperamos que o conteúdo desta unidade possa ter auxiliado nessa aquisição de conhecimento. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender as bases teóricas da AD; • identificar Foucault e Pêcheux como os nomes ligados à AD; • compreender as principais características da AD em Pêcheux e Foucault; • identificar as contribuições desses filósofos franceses para o estudo do discurso; • entender como se dá o enunciado no discurso. Vamos Praticar! Leia o texto que segue sobre o discurso em Foucault: “O discurso não é produto ou subproduto de determinada classe social, por isso mesmo não faz sentido denunciar a suposta posse do discurso pela classe dominante, nem faz sentido afirmar que essa classe trata de despojá-lo de seu vigor, neutralizá-lo. O discurso não é ‘possuído’ por certo grupo poderoso, como insistem erradamente certos teóricos. Os discursos são práticas que constituem modos de arranjar objetos para o saber, dispor de temas e conceitos, reservar uma posição a quem pode ou deve ocupar o lugar vazio de sujeito do enunciado” (ARAÚJO, 2004, p. 239). Comente sobre essa perspectiva de Foucault, de perceber o discurso não como posse de alguém ou de alguma classe, mas como prática realizada entre os atores sociais. Faça seu comentário de modo crítico, em um ou dois parágrafos. • • • • • - -16 Referências ARAÚJO, I. L. : introdução à filosofia daDo signo ao discurso linguagem. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. FOUCAULT, M. . Tradução de Luiz FelipeA arqueologia do saber Baeta Neves. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/392067984 . Acesso em: 10 dez./56458621-Foucault-a-Arqueologia-Do-Saber 2020. FOUCAULT. , [ ], [ ]. Disponível em: Portal Corpo, Arte e Clínica! s.l. s.d. . Acesso em: 10https://www.ufrgs.br/corpoarteclinica/?page_id=70 dez. 2020. GEORGES Canguilhem (1904-1995). , [ ], [ ] Tradução da autora.Portal Centre Georges Canguilhem s.l. s.d. Disponível em: https://web.archive.org/web/20050908200511/http://www.centrecanguilhem.net/philcg . Acesso em: 10 dez. 2020./philgc.html INTRODUÇÃO aos estudos do discurso e a obra de Michel Foucault. Apresentação da professora Rosário Gregolin. GEADA – Grupo de Estudo de Análise do Discurso – Araraquara. Universidade Estadual Paulista – UNESP. Publicado pelo canal Adamazônia AD. 1 vídeo (12 min). 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Você sabia? Você quer ler? Teste seus conhecimentos 3.1.2 Linguagem Fonologia Morfologia Sintaxe 3.2 Língua e discurso 3.2.1 Língua 3.2.2 Materialismo dialético 3.3 Análise do discurso em Foucault 3.3.1 Principais características Você sabia? 3.3.2 Contribuições para a AD Você quer ver? 3.4 Contribuições de Foucault 3.4.1 O enunciado em Foucault Caso 3.4.2 O conceito de discurso reformulado Teste seus conhecimentos Vamos Praticar! Conclusão Referências