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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA – FAVET MONITORIA DE GENÉTICA ANIMAL Monitoras: Jéssica Silva e Helen Cristina Citogenetica A citogenética estuda a morfologia, estrutura, patologia, função e comportamento dos cromossomos. Todas as espécies animais possuem um número cromossômico típico e cada cromossomo tem uma estrutura e tamanho característico. Os fenótipos de muitos organismos são afetados por variações no número de cromossomos em suas células; às vezes, até mesmo alterações em parte de um cromossomo. As variações numéricas, são descritas como variações da ploidia do organismo. Organismos com conjuntos completos, ou normais, de cromossomos são euploides. Organismos que têm conjuntos adicionais de cromossomos são poliploides, e o nível de poliploidia é descrito referindo-se a um número básico de cromossomos, por exemplo, diploides com dois conjuntos básicos de cromossomos, têm 2n cromossomos; os triploides, com três conjuntos, têm 3n e assim por diante. Os organismos nos quais há deficiência ou excesso de determinado cromossomo, ou segmento de cromossomo, são aneuploides. Quanto à distinção entre aneuploidia e poliploidia, o primeiro é uma alteração numérica em parte do genoma, geralmente em um único cromossomo, enquanto a poliploidia é uma alteração numérica em um conjunto completo de cromossomos. Poliploidia A poliploidia, presença de conjuntos extras de cromossomos, é bastante comum em vegetais, e menos comum nos animais, mas é encontrada em alguns invertebrados, como peixes, salamandras, sapos e lagartos. Metade dos gêneros conhecidos de vegetais contém espécies poliploides, e cerca de dois terços das gramíneas são poliploides. Muitas dessas espécies têm reprodução assexuada. Em animais, nos quais a reprodução é basicamente sexuada, a poliploidia é rara, provavelmente porque interfere no mecanismo de determinação sexual. Um efeito geral da poliploidia é o aumento do tamanho da célula. Com frequência, o aumento de tamanho está relacionado com o aumento geral de tamanho do organismo. As espécies poliploides tendem a ser maiores e mais robustas que as diploides correspondentes. Essas características têm um significado prático para os seres humanos, cuja alimentação depende de muitas espécies vegetais poliploides. Tais espécies tendem a produzir sementes e frutos maiores, portanto, têm maior rendimento agrícola. Trigo, café, batata, banana, morango e algodão são vegetais poliploides. I. Autopoliploidia A autopoliploidia é provocada por acidentes da mitose ou meiose que produzem conjuntos extras de cromossomos, todos derivados de uma única espécie. A não disjunção de todos os cromossomos na mitose em um embrião 2n inicial, por exemplo, dobra o número de cromossomos e produz um autotetraploide (4n). A não disjunção pode ser artificialmente induzida pela colchicina, uma substância química que interrompe a formação do fuso. É frequntemente usada para induzir poliploidia nas plantas importantes para agricultura e decoração. II. Alopoliploidia A alopoliploidia surge a partir da hibridização entre duas espécies; o poliploide resultante carreia conjuntos de cromossomos derivados de duas ou mais espécies. A espécie 1 (AABBCC, 2n = 6) produz gametas haploides com os cromossomos ABC, e a espécie 2 (GGHHII, 2n = 6) produz gametas com os cromossomos GHI. Se os gametas das espécies 1 e 2 se unem, é criado um híbrido com seis cromossomos (ABCGHI). O híbrido tem o mesmo número de cromossomos que ambas as espécies diploides, então é considerado um diploide. Entretanto, como os cromossomos híbridos não são homólogos, eles não pareiam e se separam corretamente na meiose; esse híbrido é haploide e estéril do ponto de vista funcional. O híbrido estéril não produz gametas viáveis por meiose, mas pode ser capaz de se perpetuar por mitose (reprodução assexuada). Aneuploidia Aneuploidia é a alteração numérica de parte do genoma, geralmente a alteração na dose de um único cromossomo. Indivíduos que têm um cromossomo a mais, um cromossomo a menos ou uma combinação dessas anomalias são aneuploides. A aneuploidia pode surgir de várias formas. Primeiro, um cromossomo pode ser perdido durante a mitose ou meiose, se, por exemplo, seu centrômero for eliminado. A perda do centrômero impede que as fibras do fuso se prendam; então, o cromossomo não se move para o polo do fuso e não é incorporado ao núcleo após a divisão celular. Segundo, as aneuploidias podem surgir pela não disjunção, a falha dos cromossomos homólogos ou cromátides-irmãs em se separar na meiose ou mitose. A não disjunção faz com que alguns gametas ou células tenham um cromossomo extra e outros gametas e células não tenham um cromossomo. Tipos de aneuploidia I. Nulissomia A nulissomia é a perda de ambos os membros de um par homólogo de cromossomos. É representada como 2n − 2, em que n se refere ao número haploide de cromossomos. Assim, nos seres humanos, que normalmente têm 2n = 46 cromossomos, um zigoto nulissômico tem 44 cromossomos. II. Monossomia A monossomia é a perda de um único cromossomo, representada como 2n − 1. Um zigoto humano monossômico tem 45 cromossomos. Esses indivíduos têm um só cromossomo X e um complemento diploide de autossomos. O fenótipo é feminino, mas, por terem ovários rudimentares, são quase sempre estéreis. Os indivíduos 45, X geralmente são baixos; têm pescoço alado, deficiência auditiva e anormalidades cardiovasculares significativas. É denominado síndrome de Turner. III. Trissomia A trissomia é o ganho de um único cromossomo, representada como 2 n + 1. Um zigoto humano trissômico tem 47 cromossomos. O ganho de um cromossomo significa que existem três cópias homólogas de um cromossomo. A maioria dos casos da síndrome de Down, é o resultado da trissomia do cromossomo 21. IV. Tetrassomia A tetrassomia é o ganho de dois cromossomos homólogos, representada como 2n + 2. Um zigoto humano tetrassômico tem 48 cromossomos. A tetrassomia não é o ganho de dois cromossomos extras, mas, quatro cópias homólogas de um dado cromossomo. Rearranjos cromossômicos Rearranjos cromossômicos são mutações que alteram as estruturas dos cromossomos. Os quatro tipos básicos de rearranjos são duplicações, deleções, inversões e translocações. Muitos deles se originam quando ocorrem rupturas das fitas duplas nas moléculas de DNA. Para reparar essas rupturas, os organismos desenvolveram mecanismos elaborados para reconectar as extremidades rompidas do DNA. Se as duas extremidades rompidas forem reunidas corretamente, não há rearranjo cromossômico. Quando extremidades erradas são conectadas, acontece o rearranjo cromossômico. I. Duplicação Uma duplicação cromossômica é uma mutação na qual parte do cromossomo é duplicada. Considere um cromossomo com o segmento AB•CDEFG, em que • representa o centrômero. Uma duplicação pode incluir os segmentos EF, dando origem a um cromossomo com os segmentos AB•CDEFEFG. II. Deleção Na deleção cromossômica há perda de um segmento de cromossomo. Um cromossomo com os segmentos AB•CDEFG que sofre uma deleção do segmento EF pode gerar um cromossomo AB•CDG mutante. III. Inversão Na inversão cromossômica, um segmento do cromossomo é invertido – gira 180°. Se um cromossomo originalmente tem os segmentos AB•CDEFG, então o cromossomo AB•CFEDG representa uma inversão que inclui os segmentos DEF. IV. Translocação Uma translocação ocasiona o movimentodo material genético entre cromossomos não homólogos ou dentro do mesmo cromossomo. A translocação não deve ser confundida com crossing over, em que ocorre troca de material genético entre cromossomos homólogos. Em uma translocação não recíproca, o material genético se desloca de um cromossomo para outro sem nenhuma troca recíproca. Considere os dois cromossomos não homólogos a seguir: AB•CDEFG e MN•OPQRS. Se o segmento EF se move do primeiro cromossomo para o segundo sem nenhuma transferência dos segmentos do segundo cromossomo para o primeiro, ocorre uma translocação não recíproca, produzindo os cromossomos AB•CDG e MN•OPEFQRS. Mais comumente, existe uma troca de duas vias dos segmentos entre os cromossomos, resultando em uma translocação recíproca. Uma translocação recíproca entre os cromossomos AB•CDEFG e MN•OPQRS pode dar origem aos cromossomos AB•CDQRS e MN•OPEFG. A consequência dessas alterações estruturais é que o pareamento para crossing over é afetado.