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PEIXOTO DUNLEY, GLAUCIA. Psicanálise e direito: um diálogo possível? RESUMO SOBRE O DIÁLOGO ENTRE A PSICANÁLISE E O DIREITO. Matheus Santana Pacheco Martins1 O referido artigo se preocupa em descontruir uma possível mecanização do direito a partir do estudo da tragicidade da existência humana, unindo assim áreas muito importantes do conhecimento, como o direito, a filosofia e a psicanalise. O autor cita grandes nomes da arte, da filosofia e da literatura, mas é na psicanalise de Freud que ele se enfoca. Segundo o artigo, estaria na psicanalise a responsabilidade de estudar a tragicidade inerente ao humano, pois estaria nesta a razão de suas experiências. É a partir dessa trágica existência que se dá visão a existência do sujeito, suas impossibilidades, seus impasses e suas respostas paradoxais, e teria com o passar do tempo apenas o aprofundamento desse dilaceramento do “eu”. Sendo assim o saber trágico funcionaria como remédio para as formas estratificadas do saber e do poder por se objetificarem em conhecimentos e técnicas pouco dotadas de complexidade, empobrecendo a visão sobre o fato humano e impossibilitando se fazer justiça ou que se tente fazê-la. O autor também cita o teatro trágico de Édipo, como exemplo de opressão divina e resistência do homem ao seu próprio destino, como forma de demonstrar que a opressão dos deuses sobre os homens também se desdobraria nos homens sobre outros homens, sobre suas mulheres e seus filhos, é nesse prima de dominação entre os homens que surge o debate a respeito de direito e justiça. Portanto, o artigo faz referência a importância de ser capturada a tragédia na perspectiva da psicanálise freudiana já que seria através dessa ciência moderna e ocidental, a quem a tragicidade humana deve seus tributos, e somente através de seus métodos, protocolos e técnicas de investigação, se faria possível entender a complexidade das tragédias e suas indeterminações. Cita-se também a tragédia de Édipo, o parricida, numa visão mais divina como modelo de opressão a ser desconstruída, para demonstrar a importância de se buscar a verdade a qualquer custo, “peripécia”, e a inversão das situações “metábole”, para que através dessa análise dualística possa-se perceber uma possível ressonância dos fatos. No mais, o autor se assevera que na necessidade de não se ter um direito castrado, este deveria se castrar somente a justiça se apropriando da psicanálise, uma ciência castrada pela sua fundação no trágico, pois se todo saber instituído é fruto da apropriação, o saber trágico, a que se limita a 1 Bacharelando do 4º semestre do curso de Direito pela Faculdade Santíssimo Sacramento. psicanálise, no seu perfil mais desapropriante das formas de saber/poder, descontrói toda instituição petrificada e apropriadora da existência, já que move- se fluidamente no meio dos paradoxos e dualidades. Sendo assim, é desta psicanálise constantemente em crise que o direito deveria se alimentar, pois somente por sua crise constante é que a psicanálise se permite construir, na fronteira com outros saberes, um afastamento do ceticismo, da neutralidade e da omissão, buscando sempre se aproximar da capacidade em se fazer juízos, julgamentos e decisões na tentativa de se construir um presente norteado pela ideal de justiça.
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