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Atenção a saúde da mulher privada de liberdade (08.05)


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Atenção a Saúde da mulher privada de liberdade
Attention to the health of women deprived of liberty
Elizangela S. Araujo
Taise Sousa Pereira 
Resumo
O Sistema prisional brasileiro, tanto o masculino como o feminino possuem condições precárias de aprisionamento; assistência jurídica e materiais insuficientes; estrutura física sem manutenção; superlotação. Porém, nas penitenciárias femininas os problemas se agravam pela discriminação de gênero, pois a maioria das estruturas que abrigam as detentas são improvisadas, no interior de complexos prisionais masculinos, não tendo assim, um local específico para seu abrigamento. Percebe-se, portanto que, a mulher acaba assumindo uma posição de inferioridade ao homem dentro do cárcere.
Palavras-chave: Sistema prisional feminino; Gênero; criminalidade; mulheres.
Abstract
The Brazilian prison system, both the masculine and the feminine, have precarious conditions of imprisonment; Legal assistance and insufficient materials; Maintenance-free physical structure; over crowded. However, in the female penitentiaries the problems are aggravated by the gender discrimination, since most of the structures that house the inmates are improvised, inside of male prison complexes, thus not having a specific place to shelter them. It is thus perceived that the woman ends up assuming a position of inferiority to the man inside the jail.
INTRODUÇÃO
Atualmente o sistema penitenciário brasileiro feminino, apresenta um quadro alarmante devido a vários fatores que evidenciam problemas. Dentre eles, destacam-se a superlotação das celas, a insalubridade, precariedade, e principalmente, a falta de assistência médica adequada. Milhares de brasileiras que superlotam as prisões enfrentam situações diárias de violação dos seus direitos humanos. (MOREIRA; SOUZA, 2014) 
O perfil sócio demográfico dessas mulheres presidiárias reveladas na literatura mostrou uma maioria de jovens, brasileiras, solteiras, com baixa escolaridade e baixa renda familiar mensal, presas por tráfico de drogas. São mulheres que anteriormente à prisão, ocupavam-se com trabalhos que exigiam pouca ou nenhuma qualificação profissional. De maneira geral as mulheres faziam transporte ou comerciavam pequenas quantidades de drogas, ou faziam consumo próprio. (VIAFORE, D. 2007) A população encarcerada no Brasil enfrenta grandes problemas no sistema penitenciário feminino, devido a sua falta de infraestrutura, localização, superlotação, e na disseminação de uma diversidade de doenças. Além de terem poucas condições de acesso aos cuidados de saúde demanda uma atenção de saúde específica, devido suas condições de vida e ambiente. (ALMEIDA et AL., 2015)
As situações de encarceramento no estão distantes do perfil aceitável. Existem relatos de injúrias à sexualidade, ao corpo, à moral das mulheres são extensos e presentes em um sistema carcerário negligente. Esse é um reflexo da desigualdade de gênero. (CUNHA; ELIZANGELA LELIS, 2010).
O Plano nacional de saúde no sistema penitenciário (PNSSP) foi criado em 2003 com a missão de prover a atenção integral à saúde da população prisional confinada em unidades masculinas e femininas. As unidades penitenciárias exclusivas para pessoas do sexo feminino, bem como as unidades mistas, devem ser levadas em conta às peculiaridades do atendimento em saúde a população feminina, com base nas diretrizes e princípios da saúde da mulher no âmbito do SUS. O primeiro ponto a ser abordado diz respeito à própria distribuição de mulheres em estabelecimentos separados daquele no qual pessoas do sexo masculino permanecem. No caso das unidades prisionais mistas, as mulheres devem permanecer em local separado dos homens. O segundo ponto a ser abordado é o direito ao acesso a métodos contraceptivos, em conformidade com a Lei do Planejamento Familiar – Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996. 
Muitas mulheres que hoje se encontram encarceradas já vivenciaram prostituição, violências dos mais variados tipos e uso abusivo de drogas. Isso é facilmente identificado pela alta prevalência de DST/AIDS, transtornos mentais (em especial transtorno do estresse pós-traumático TEPT), doenças infecto-contagiosas na sua maioria assistências prestadas indevidamente. Além disso, fatores contribuintes do encarceramento, bem como o abandono é a realidade dessas mulheres, mães, solteiras, grávidas. Onde relatam não receberem visitas de seus filhos e familiares, a perda do vínculo reforça ainda mais a vulnerabilidade da família das mulheres encarceradas. Além de não garantir às apenadas a possibilidade de exercerem a maternidade de modo apropriado, a prisão impede o convívio com os filhos. (CUNHA; ELIZANGELA LELIS, 2010).
Situações de superlotação, violência, iluminação e ventilação natural insuficientes, falta de proteção contra condições climáticas extremas são comuns em unidades prisionais em todo o Brasil. Quando essas condições se associam a inadequações nos meios de higiene pessoal e de nutrição, à falta de acesso a água potável e a serviços médicos deficientes, cresce a vulnerabilidade da população privada de liberdade à infecção pelo HIV e outras doenças infecciosas, como tuberculose, hepatites virais, hanseníase, entre outras, aumentando também as taxas de morbidade e mortalidade relacionadas ao HIV. Condições precárias podem dificultar ou mesmo impedir a implementação de respostas eficazes no que diz respeito aos serviços de saúde prestados à população penitenciária. 	
	As políticas penitenciárias foram pensadas pelos homens e para os homens. As mulheres são, portanto, uma parcela da população carcerária situada na invisibilidade, suas necessidades por muitas vezes não são atendidas, sua dignidade é constantemente violada. A visita íntima foi regulamentada às mulheres em 1999. No Estado de São Paulo, o direito à livre disposição da própria sexualidade da mulher encarcerada só foi reconhecido em dezembro de 2001. 
É evidente a discriminação ao tratar da sexualidade feminina. A mulher encarcerada é desestimulada em sua vida sexual pela burocratização do acesso à visita íntima, havendo ainda que se considerar que o sistema punitivo brasileiro não possui uma coerência na execução da pena, fazendo com que as presidiárias tenham que se adaptarem as ideologias. A abstinência sexual imposta pode gerar problemas psicológicos, favorecendo condutas inadequadas, deformando a autoimagem da reclusa, destruindo sua vida conjugal e induzindo a desvio de comportamento segundo a orientação sexual original, forçadamente, e muitas vezes com graves sequelas psicológicas. (BITENCOURT, 2004) Diante do exposto e com base na literatura surge o seguinte questionamento: Como está sendo abordada a assistência a saúde das mulheres em sistema prisional? Na tentativa de responder essa questão, este trabalho terá como objetivo analisar a atenção à saúde da mulher privada de liberdade.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão sistemática de pesquisa exploratória onde para o presente o estudo foram selecionados 10 artigos a cerca do assunto saúde da mulher em situação privada de liberdade. Realizou-se busca nas bases SciELO e BVS de 2006 à 2014. Foram adotadas, para este estudo, as seguintes variáveis: idade, raça, estado civil, escolaridade, número de filhos, motivo da condenação periodicidade das visitas íntimas, história de DST/HIV.
Critérios de inclusão e exclusão de estudos
Foram incluídos estudos originais que apresentassem a vivência e a realidade na saúde das mulheres encarceradas. O instrumento utilizado contemplou os dados referentes à caracterização sociodemográfica e a história sexual das detentas Os demais critérios de inclusão foram ano de publicação do estudo, terem sido realizados em mulheres e publicados nos idiomas inglês e português. Foram excluídos os artigos realizados em homens, também foram excluídos artigos de revisão e artigos não disponíveis.
RESULTADOS
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS