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Clínica de Pequenos Animais 2 Camilla Teotonio Pereira OTOPATIAS ANATOMIA / FISIOLOGIA Orelha externa Na região de conduto horizontal tem glândula sebácea e ceruminosa. Orelha média proxima da orelha interna, então em caso de otite médida será acomapanha por otite interna e vice- versa. Gato tem uma tuba auditiva curta que comunica facil com o trato respiratório. Também comum otite média, pois gato com infecção respiratório e o muco sobe para tuba auditiva e cai na cavidade timpânica. Orelha interna protegida pelo osso petroso, comunicação estreita com o SNC e suas principais funções são audição e equilibrio. Migração epitelial (autolimpeza) eliminação do cerúmen na forma helicoidal da orelha externa. O cerúmen contém debris celulares, secreção sebácea, secreção ceruminosa, imunoglobulinas e microrganismos. Orelha saudável não faz limpeza, porém em excesso de cerúmen faz a limpeza otológica somente com produtos otológicos, não pode introduzir pinça ou tesoura enrolada no algodão. MEIO SEMIOLÓGICO Meio semiológico para avaliar conduto auditivo é otoscopia com auxílio do otoscópio. O espéculo veterinário é maior do que o humano, pois principalmente o conduto auditivo do cão é maior. A cartilagem auricular vertical é estreita e precisa virar o espéculo no ângulo de 90° para visualizar o conduto horizontal. Meato auricular (“buraco”) e membrana timpânica tem o aspecto transparente e uma parte vascularizada. O cabo do martelo sempre aponta em direção ao focinho do animal. OTITE EXTERNA ETIOLOGIA Cães doença alérgica. Gatos otoacaríase (sarna otodécica) causada pelo Otodectes cynotis que não faz parte da microbiota do gato com transmissão entre gatos, muito pruriginosa e cerúmen denso e escuro. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO ANATOMIA A mais comum delas! Mais comum em cães do que em gatos. OTITES EXTERNAS SEGUNDO ETIOLOGIA 1. Otite ceruminosa Excesso de cerúmen + inflamação (eritema e edema). Etiologia por excesso de produção de cerúmen. Otodectes cynotis tem cerúmen de coloração escura, pois se alimenta de restos celulares e intenso prurido. 2. Otite eczematosa Inflamação + aumento de produção de cerúmen. O aspecto típico de “eczema” estará presente, principalmente no pavilhão auricular. Etiologia alergopatias com 90% e otite crônica por HA ou DA. Formação em sagu/caviar com hiperplasia da glândula ceruminosa. 3. Otite fúngica e bacteriana Otites secundárias a ceruminosa ou eczematosa. Otite fúngica cerúmen com aspecto escuro e malassezia como principal causador, que faz parte da microbiota, mas sua proliferação acontece quando tem ambiente favorável para proliferação fúngica. Bacteriana presença de pús ao exame direto e/ou indireto (otoscopia) e staphylococcus como principal causador e pseudômonas causa otite mais severa e odor bem fétido. Bactéria muito resistente a betalactâmico, porém quinolona age super bem. 4. Otite hiperplásica/estenosante Ao exame otoscópio caracterizada pela presença de edema e estenose do conduto auditivo. Causa primária é por otite eczematosa. Indicação de ablação do conduto auditivo é a última opção de tratamento somente quando caso é irreversível. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DIAGNÓSTICO Anamnese + exame físico + otoscopia + citologia (avaliar se tem disbiose). TRATAMENTO TÓPICO Higienizar o conduto auditivo remover excesso de cerúmen/pús com produtos ceruminolíticos Ceruminolíticos x mucolíticos quanto mais ácido maior o potencial de ceruminolítico, porém orelha muito inflamada não pode usar produto ácido, pois inflama ainda mais. Procurar no rotulo por ác.lactico, ác.bórico ou ác.salicilico que são produtos ceruminolíticos ácidos. Ex: animal com cerúmen muito denso e escura pode usar ceruminolítico mais ácido. Produtos neutros usados para manutenção de cão atópico que deixa o conduto auditivo mais limpo, hidratado e recupera epitélio. Secreção amarelada a esverdeada (pús) usar produtos mucolíticos como acetilcisteína (manipular). Desinflamar o conduto auditivo com glicorticóides tópicos. Em casos de otite estenosante entrar corticoide oral por 10 dias + tratamento tópico. Tratar a infecção por meio da citologia. Tratar ou controlar a causa da otite e controlar recidivas. SARNA OTODÉCICA Realizar parasitológico de cerúmen. Tratamento ectoparasitas + ceruminolítico ácido de 3 a 5 dias na dependência da quantidade de cera. OTITE ECZEMATOSA Citologia para avaliar se tem crescimento de microrganismo + ceruminolítico mais neutro. Exame citológico otite fúngica secundária a otite eczematosa. Presença de leveduras fazer tratamento tópico com miconazol, nistatina, clotrimazol ou terbinafina com duração no mínimo 21 dias. Duração do ceruminolítico dependerá da quantidade de cerúmen. Caso intenso pode usar por a 4 a 5 dias, BID, antes de usar o produto otológico que contém corticoide. OTITE BACTERIANA Exame citológico para identificar se a bactéria é cocos ou bacilos. Exame citológico presença de bactérias usar produto otológico que contém antibiótico duração no mínimo 30 dias. Bactéria bacilos do tipo pseudômonas dar preferência para antibiótico da classe quinolonas como ciprofloxacina, enrofloxacina e marbofloxacina. Usar mucolítico como principal princípio ativo acetilcisteina na forma manipulada ou fluimucil injetável (ampola) em farmácia humana com aplicação tópica por 3 a 5 dias. Tratamento tópico com mucolítico + antibiótico + corticoide. Não precisa fazer ATB sistêmico e cultura e antibiograma. Lavagem ótica em casos de otite bacterina muito grave. Necessidade de anestesiar o animal e lavar o conduto auditivo com solução fisiológica ou água morna. Também não tem a necessidade de usar produto mucolítico. Caso não tem o aparelho adequado pode usar com uma seringa e equipo. OTITE HIPERPLÁSICA/ESTENOSANTE Glicocorticoide tópico por 10 a 15 dias como predinisolona 1 a 2mg/Kg, SID/BID. Caso o paciente não pode usar corticoide usar ciclosporina 5 a 10mg/Kg, SID, início do efeito em 4 semanas. Última opção de tratamento é ablação do conduto auditivo. A maioria dos produtos otológicos contém na composição corticoide + antifúngico + antibiótico. Auritop ciprofloxacina, cetoconazol, acetonido de fluocinolona e cloridrato de lidocaína. Posatex contém corticoide potente como mometasona tem aplicação SID por 7 dias parar por 10 dias e depois aplicar SID por 7 dias = 2 ciclos. Easotic contém corticoide potente como hidrocortisona tem aplicação SID por 5 dias parar por 10 dias e depois aplicar SID por 5 dias = 2 ciclos. Osurnia contém corticoide potente como betametasona e aplicação somente médico veterinário. Neptra contém corticoide potente/moderada como mometasona e aplicação somente médico veterinário. OTITE MÉDIA/INTERNA Doença inflamatória da orelha média/interna. Presença de bactérias e fungos na orelha externa cai no cavidade timpânica e o epitélio produz muco que preenche toda a cavidade timpânica. CAUSA Cães 80% devido otite externa crônica com evolução mais de 3 meses de mal tratamento. Gatos quadros respiratórios mal tratados. Predisposição racial cães braquicefalicos, cavalier spaniel (otite média/interna primária). Colesteatoma é causa comum de otite média/interna em pug e shih-tzu. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quadro agudo desorientação andar em círculos, queda para o lado da lesão. Sinais neurológicos como paralisia de face, alteração de equilíbrio (andar em círculo, head tilt). Causa muito dor no animal que pode parar de comer, êmese, disorexia e perda de audição. DIAGNÓSTICO Sempre deve incluir exames de imagem como tomografia, ressonânciamagnética e vídeo-fibro-otoscopia. Realizar cultura e antibiograma. A otoscopia convencional quando bem realizada pode dar o diagnóstico (mas nem sempre é possível). Preenchido por muco. Ruptura da cavidade timpânica. Estenose do conduto auditivo. TRATAMENTO Meringotomia com animal anestesiado fura o tímpano na região pouco vascularizada para acessar à orelha média e drenar o conteúdo. Material para citologia e cultura, depois lavar a bula timpânica, infundir medicação tópica, reduzir inflamação (corticóides) e ATB sistêmico. FORMAÇÕES EM CONDUTO AUDITIVO/BULA TIMPÂNICA Colesteatoma crescimento expansivo de epitélio escamoso estratificado, com invasão da orelha média e destruição óssea. Braquicefálicos são os mais predispostos, mas pode ocorrer em quaisquer animais com otite crônica. A terapia é sempre cirúrgica por ablação parcial ou total (considerar tomografia). Em caso colesteatoma o tratamento cirúrgico é ablação total com curetagem cuidadosa da bula com/sem osteotomia ventral da bula.
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