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Direito Processual Civil 5 - 04 - Ações Possessórias

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Direito Processual Civil V
Guia 04
Prof. Flávio Porpino Cabral de Melo
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
As ações possessórias ou interditos possessórios se
assentam sobre a ofensa ao direito à posse, e não sobre o
direito de propriedade.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
CC, Art. 1.210, § 2o Não obsta à manutenção ou
reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de
outro direito sobre a coisa.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
CPC, Art. 557. Na pendência de ação possessória é
vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for
deduzida em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à
reintegração de posse a alegação de propriedade ou de
outro direito sobre a coisa.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
Enunciado 78, I Jornada de Direito Civil, CJF: Tendo em vista
a não-recepção, pelo novo Código Civil, da exceptio proprietatis
(art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova suficiente para
embasar decisão liminar ou sentença final ancorada
exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser
indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual
alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
Enunciado 79, I Jornada de Direito Civil, CJF: A exceptio
proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias
típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que
estabeleceu a absoluta separação entre os juízos
possessório e petitório.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
CUIDADO!
Essas normas indicam que a ação possessória é uma
condição suspensiva do direito de ação de demandas
petitórias (propriedade). Contudo, somente se, na petitória
houver as mesmas partes (exceção na parte final do art.
557, CPC).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
CUIDADO!
As normas protegem o possuidor de atos do proprietário
que esbulha, turba e ameaça o exercício do direito de
posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
CUIDADO! EXEMPLO!
Quando o locatário sai para viajar, o locador esbulha o
imóvel, passando residir no apartamento de sua
propriedade. O locatário (possuidor direto) tem direito de
ação possessória contra o locador (proprietário e possuidor
indireto) e este não poderá opor sua condição de
proprietário do bem, para frear a pretensão do locatário.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
Pergunta: A súmula 487 do STF ainda é aplicável?
Súmula 487, STF: Será deferida a posse a quem,
evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela
disputada.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
Pergunta: A súmula 487 do STF ainda é aplicável?
Resposta: Sim, mas se aplica a situação muito específica,
qual seja, quando ambas as partes discutirem a posse com
base na alegação de propriedade, tratando-se não de ação
possessória, mas sim petitória (Nery; Alexandre Câmara).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
CUIDADO! STJ
Em ação possessória entre particulares é cabível o
oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se
incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de
demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp
1134446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
21/03/2018 (Info 623).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
Curiosidade!
Enunciado 65, FPPC: (art. 557) O art. 557 do projeto não
obsta a cumulação pelo autor de ação reivindicatória e de
ação possessória, se os fundamentos forem distintos.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
1. Disposições Gerais
Curiosidade!
Ação possessória é diferente de embargos de terceiro.
Enquanto nos embargos o “esbulho” advém de ordem
judicial, nas ações possessórias a agressão à posse é feita
por particulares ou entes estatais, sem ordem judicial.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2. Propriedade x Posse. Definições.
Pergunta: E qual o conceito de propriedade?
Resposta: Sobre a propriedade, Orlando Gomes a define
como um direito complexo, podendo ser conceituada a
partir de três critérios: sintético, analítico e descritivo.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
a) sintético: a propriedade é a submissão de uma coisa, em
todas as suas relações jurídicas, a uma pessoa.
b) analítico: a propriedade é a possibilidade de o titular
exercer um feixe de direitos, quais sejam, direitos de usar,
fruir, dispor e alienar a coisa.
c) descritivo: a propriedade é um direito complexo, absoluto,
perpétuo e exclusivo, pela qual uma coisa está submetida
à vontade de uma pessoa, sob os limites da lei.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2. Propriedade x Posse. Definições.
Pergunta: Qual o conceito de posse?
Resposta: A posse é um direito de natureza especial,
configurando-se por ser um domínio fático que se exerce
sobre uma coisa. O art. 1.196, CC, define possuidor aquele
que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade (usar, gozar, dispor e
reivindicar).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2. Propriedade x Posse. Definições.
Pergunta: Qual o conceito de posse?
Art. 1.196, CC. Considera-se possuidor todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
a) teoria subjetiva (subjetivista) de Savigny:
A posse é corpus (domínio fático) acrescido de animus
domini (intenção de ser proprietário). Por essa teoria, se
não houver intenção de ser proprietário, não há posse.
Assim, de acordo com Savigny, o locatário, o comodatário,
o depositário, entre outros, não são possuidores.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
a) teoria subjetiva (subjetivista) de Savigny:
Não é adotava pelo CC, mas é relevante para a usucapião,
pois essa vai gerar a posse ad usucapionem que tem que
ser mansa, pacífica, com intenção de dono.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
b) Teoria Objetiva (Rudolf Von Ihering)
A posse seria igual ao corpus, sendo considerado um
domínio fático sobre a coisa. Com base nessa concepção,
locatário, comodatário possuem posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
b) Teoria Objetiva (Rudolf Von Ihering)
Essa teoria, foi a adotada pelas codificações (artigos 1.196
e 1.197 do CC/2002), ao estabelecer as definições de
posse direta e indireta, ou seja, paralelismo da posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
c) Teoria Sociológica ou teoria da função social da
posse (Saleilles, Perozzi e Hernandez Gil).
A posse, enquanto domínio de fato, é o corpus que cumpre
sua função social, i.e, se não houver uma funcionalização
da posse, não há posse. Leon Duiguit compreende que a
propriedade possui função social, assim, se não houver
função social da propriedade, não há propriedade.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
c) Teoria Sociológica ou teoria da função social da
posse (Saleilles, Perozzi e Hernandez Gil).
Essa teoria foi a adotada pelo CC/2002, implicitamente, ao
valorizar a posse-trabalho.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
Tartuce destaca que há três exemplos fortes disso em
nosso CC.
Ex1: artigo 1238, parágrafo único do CC trata da usucapião
extraordinária, que é de 15 anos, indo para 10 anos, se
houver posse trabalho – moradia ou atividade produtiva.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
Tartuce destaca que há três exemplos fortes disso em
nosso CC.
Ex2: faz a mesma coisa o artigo 1242, parágrafo único do
CC, uma vez que o prazo da usucapião ordinária, de 10
anos, cai para 05 anos se houver posse-trabalho.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
Ex3: artigo 1228, parágrafos 4º e 5º do CC, que é uma
desapropriação privada por posse trabalho. É, em verdade,
uma desapropriação feita no interesse particular das
pessoas que estejam no imóvel por mais de 05 anos e
desenvolveram atividade produtiva. Nesse caso, o
proprietário é indenizado.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
2.1 Teorias sobre posse.
Enunciado n. 492, V Jornada de Direito Civil, CJF:
A posse constitui direito autônomo em relaçãoà
propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens
para o alcance de interesses existenciais, econômicos
e sociais merecedores de tutela.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
3. Posse x Detenção
Na detenção, o detentor (ou fâmulo ou servidor da posse),
muito embora possa até exercer algum dos atributos da
propriedade (usar, gozar, dispor, reinvindicar), o faz não em
nome próprio, mas em nome de quem está subordinado,
recebendo ordens e instruções (não precisa ser empregado
necessariamente), segundo artigo 1.198 do CC.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
3. Posse x Detenção
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em
relação de dependência para com outro, conserva a posse em
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do
modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à
outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
3. Posse x Detenção
Ex1: A empresa de estacionamento privado em que meu
carro para todo mês é possuidora, porque exerce algum
dos poderes inerentes à propriedade, qual seja, usar.
Já o manobrista, muito embora também exerça um dos
atributos (usar), é detentor, pois tem relação de
subordinação com a empresa de estacionamento.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
3. Posse x Detenção
Ex2: A hipótese do caseiro é de detenção.
Ex3: no caso de ocupação irregular de bens públicos, não haverá
posse, mas detenção, segundo o STJ, obstando que o bem seja
adquirido por usucapião.
Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou
indenização por acessões e benfeitorias.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
4. Métodos de Proteção da Posse.
a) Autotutela:
É a solução do conflito por imposição de um conflitante ao
outro. "A autotutela é a solução egoísta do conflito".
Em regra, é crime (art. 345, CP39, se for particular; Lei de
Abuso de Autoridade – Lei nº. 4.898/65, se for o Estado).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
4. a. Autotutela: Desforço imediato no esbulho.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os
atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
4. b. Heterotutela: Busca de solução judicial do conflito.
1. A demanda de reintegração de posse é utilizada para
hipótese de esbulho, isto é, perda da posse.
2. A demanda de manutenção de posse é utilizada para
hipótese de turbação, isto é, há um sacrifício parcial do
exercício da posse.
3. A demanda de interdito proibitório é utilizada em
hipótese de ameaça de agressão à posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
4. b. Heterotutela: Busca de solução judicial do conflito.
Curiosidade!
O art. 554, CPC/15 consagra a fungibilidade entre essas
ações, tornando inócua a classificação, sob a ótica da
utilidade prática da demanda.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
4. b. Heterotutela: Busca de solução judicial do conflito.
Curiosidade!
CPC/15
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de
outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência.
Quanto à competência de jurisdicional, é recorrente se
vislumbrar ações possessórias correndo na Justiça Comum
Estadual.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência.
a) Justiça do Trabalho.
Ex1:
Súmula Vinculante 22, STF: A Justiça do Trabalho é
competente para processar e julgar ação possessória
ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve
pelos trabalhadores da iniciativa privada.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. a) Justiça do Trabalho.
Ex2: COMPETÊNCIA. COMODATO. RELAÇÃO
TRABALHISTA. Compete à Justiça do Trabalho apreciar e
julgar a controvérsia sobre a reintegração do empregador na
posse de imóvel dado em comodato ao empregado para sua
moradia durante o contrato de trabalho. Isso se deve às
alterações promovidas pela EC n. 45/2004 no art. 114, VI, da
CF/1988. CC 57.524-PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito, julgado em 27/9/2006 (informativo 298).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. b) Justiça Federal, quando envolver
algum dos entes do art. 109, I, CRFB.
Ex1: Demanda possessória movida por um particular contra
um grupo do MLST, cujo terceiro interveniente era o INCRA
(autarquia federal).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. b) art. 109, I, CRFB.
Ex2: A União deverá figurar como litisconsorte necessária
em ação na qual se discute com particulares se
determinada área é remanescente das comunidades dos
quilombos (art. 68 do ADCT), mesmo que na ação já exista
a presença da Fundação Cultural Palmares (fundação
federal). STJ. 3ª Turma. REsp 1116553-MT, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 17/5/2012 (Info 497).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. c) competência territorial.
i- se for bem móvel, a competência é do foro de domicílio
do réu (art. 46, CPC).
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito
real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de
domicílio do réu.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. c) competência territorial.
ii- se for bem imóvel, a competência é do foro de situação
do bem (art. 47,§2º, CPC).
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre
imóveis é competente o foro de situação da coisa.
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro
de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. c) competência territorial.
Pergunta: A demanda em que o autor cumula pedido de
rescisão contratual e reintegração de posse, em se tratando
de bem imóvel, qual é o foro competente?
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. c) competência territorial.
Resposta: Uma ação sobre resolução de compromisso de
compra e venda é pessoal, tendo como regra geral o domicílio do
réu. Já uma ação exclusiva de reintegração de posse entra na
regra de competência absoluta do artigo 47, CPC, de foro da
situação do imóvel. No caso de cumulação, a jurisprudência
entende que a reintegração é uma consequência automática da
resolução do compromisso de compra e venda, motivo pelo qual
o direito em jogo será considerado pessoal.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
5. Competência. c) competência territorial.
Obs2: A competência absoluta da situação do imóvel,
segundo o STJ poderá ceder em casos
excepcionalíssimos.
Ex1: O juízo da recuperação judicial e falência exerce a vis
actrativa.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Tanto o possuidor direto quanto o indireto são partes
legítimas para figurar no polo ativo e ajuizar ação
possessória.
Dentro da classificação da posse quanto ao desdobramento
(ou quanto ao paralelismo ou relação pessoa-coisa), temos
a divisão em posse direta e indireta.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
a) posse direta: é aquela em que há o contrato imediato e
corpóreo entre a pessoa e a coisa.
Ex1: locatário, comodatário e depositário.
b) posse indireta: aquela relacionada ao contato mediato
com a coisa (decorre de exercício de direito).
Ex1: locador, comodante, depositante.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Art. 1.197, CC. A posse direta, de pessoa que tem a coisa
em seu poder, temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi
havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Ex1: vigente uma locação, o locatário viaja e, quando
retorna, o imóvel foi invadido pelo locador. O locatário
(posse direta), então, ingressa com ação de reintegração
de posse contra o locador (posse indireta).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
O proprietário sem posse a qualquer título não tem
legitimidadepara ajuizar, com fundamento no direito de
propriedade, embargos de terceiro contra decisão transitada
em julgado proferida em ação de reintegração de posse, da
qual não participou, e na qual nem sequer foi aventada
discussão em torno da titularidade do domínio. STJ. 3ª Turma.
REsp 1417620-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 2/12/2014 (Info 553).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Obs1:
Nos casos de desdobramento da posse, é possível que o
polo passivo seja ocupado por outro possuidor, conforme já
exemplificamos. Ex1: possessória movida pelo locatário
(posse direta) em face do locador (posse indireta).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Obs2: Quando o ato é praticado por uma multidão de
pessoas, é difícil individualizar todos os agressores. Ainda,
alguns grupos que organizam invasões não detém
personalidade jurídica, o que torna mais difícil sua
individualização. Assim, a demanda poderá ser proposta
contra réus incertos. Veremos que a citação nesses casos é
diferenciada (art. 554, CPC).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Obs3: No caso de cônjuges, eles terão de formar um
litisconsórcio passivo necessário nos casos de composse
ou ato praticado por ambos. Art. 73, § 2o Nas ações
possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de
ato por ambos praticado.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Obs4: O simples detentor não tem legitimidade ativa nem
passiva para a demanda possessória.
Ex1: Lembre-se daquele caso clássico de nomeação à autoria,
em que o caseiro do sítio (detentor) era colocado no polo
passivo da demanda. Ele alegava sua ilegitimidade,
nomeando o seu empregador (proprietário). Este tinha a
possibilidade de até se recusar a participar da relação jurídica
processual (art. 67, CPC/73).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
CUIDADO!
Com o NCPC, a nomeação a autoria não figura dentre as espécies
de intervenção de terceiro. Essa hipótese terá de se sujeitar ao
procedimento de correção do polo passivo, exposto nos arts. 338 e
339, CPC.
Enunciado 42, FPPC: (art. 339) O dispositivo aplica-se mesmo a
procedimentos especiais que não admitem intervenção de terceiros,
bem como aos juizados especiais cíveis, pois se trata de mecanismo
saneador, que excepciona a estabilização do processo.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Ex2: se o particular ocupa um bem público, não se pode falar,
neste caso, em posse, havendo mera detenção.
A ocupação de área pública, sem autorização expressa e
legítima do titular do domínio, é mera detenção, que não gera
os direitos, entre eles o de retenção, garantidos ao possuidor
de boa-fé pelo Código Civil. STJ. 2ª Turma. REsp 900.159/RJ,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/09/2009.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade.
Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público
configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível
de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 24/10/2018, DJe
30/10/2018.
Assim, o particular que ocupa bem público não poderia se
valer da ação possessória.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade. 1ª exceção (particular e possessória)
Particulares podem ajuizar ação possessória para
resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem
público de uso comum do povo) instituída como servidão de
passagem.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade. 1ª exceção (particular e possessória)
Ex: a empresa começou a construir uma indústria e a obra
está invadindo a via de acesso (rua) que liga a avenida
principal à uma comunidade de moradores locais. Os
moradores possuem legitimidade para ajuizar ação de
reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua
que está sendo invadida representa uma servidão de
passagem. STJ. 3ª Turma. REsp 1582176-MG, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade. 2ª exceção (particular e possessória)
Se dois particulares estão litigando sobre a ocupação de
um bem público, o STJ passou a entender que, nesse caso,
é possível que, entre eles, sejam propostas ações
possessórias, sem prejuízo de eventual oposição oferecida
pelo ente público.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade. 2ª exceção (particular e possessória)
Assim, para o entendimento atual do STJ é cabível o
ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor de
terra pública desde que contra outros particulares. Nesse
sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 10/3/2016 (Info 579); STJ. 4ª
Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 18/10/2016 (Info 594).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade. 2ª exceção (particular e possessória)
Duas são as situações que devem ter tratamentos bem
distintos:
i) aquela em que o particular invade imóvel público e almeja
proteção possessória ou indenização/retenção em face do
ente estatal e
ii) as contendas possessórias entre particulares no tocante
a imóvel situado em terras públicas.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
6. Legitimidade. 2ª exceção (particular e possessória)
Em ação possessória entre particulares é cabível o
oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se
incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de
demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp
1134446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
21/03/2018 (Info 623).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento
Embora o procedimento da ação de interdito proibitório (em
caso de ameaça) seja praticamente o mesmo da
manutenção e reintegração (art. 568), com algumas
particularidades, vamos, primeiro, tratar do procedimento
da manutenção (turbação) e reintegração (esbulho) de
posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. 1a opção
Se a agressão tiver ocorrido há mais de ano e dia (posse velha),
o procedimento será o comum.
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de
reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo
quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou
do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado
o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. 2a opção.
Na hipótese de posse nova, a medida liminar será deferida
bastando a comprovação da probabilidade de direito.
Em casos de posse velha, é possível até o autor obter
tutela provisória, mas deverá seguir o procedimento comum
e pleitear a medida respeitando os requisitos do art. 300,
CPC, quais sejam, probabilidade do direito e perigo na
demora.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial.
A petição inicial deverá ser proposta respeitando o art. 319,
CPC c/c art. 561, CPC, podendo se cumular pedidos,
conforme ar.t 555, CPC
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial.
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de
manutenção, ou a perda da posse, na ação de
reintegração.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial.
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de
medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Valor da Causa
Obs1: Ante a inexistência de norma expressa relativamente
ao valor da causa nas ações possessórias, o critério básico
para a aferição do valor da causa é o do seu conteúdo
econômico, que não se confunde necessariamente com o
valor da propriedade ou da área objeto da ação de
reintegração.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Valor da Causa
O valor da causa em ação de reintegração de posse que
objetive a retomadade bem objeto de contrato de
comodato que tenha sido extinto deve corresponder à
quantia equivalente a doze meses de aluguel do imóvel.
STJ. 3ª Turma. REsp 1230839-MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 19/3/2013 (Info 519).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Valor da Causa
Enunciado 178, FPPC: (arts. 554 e 677) O valor da causa
nas ações fundadas em posse, tais como as ações
possessórias, os embargos de terceiro e a oposição, deve
considerar a expressão econômica da posse, que não
obrigatoriamente coincide com o valor da propriedade.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Se a petição inicial estiver devidamente instruída com as
provas do art. 561, o juiz irá deferir a liminar inaudita altera
pars (exceção ao art. 9o, caput, CPC), determinando a
expedição de mandado de manutenção ou reintegração de
posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o
juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado
liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário,
determinará que o autor justifique previamente o alegado,
citando-se o réu para comparecer à audiência que for
designada.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Para o deferimento da liminar, é preciso:
a) demonstração de que o ato de agressão à posse deu-se
há menos de ano e dia;
b) instrução da petição inicial que, em cognição sumária do
juiz, permita a formação de convencimento de que há
probabilidade de o autor ter direito à tutela jurisdicional.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Esses requisitos, seriam claros requisitos da tutela
provisória de evidência (art. 311, CPC), até porque
necessitaria de probabilidade do direito e não do periculum
in mora; assim, a tutela de evidência é compatível com os
procedimentos especiais (Enunciado 422, FPPC) .
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Curiosidade!
Assumpção indica que se incluíssemos essa hipótese no
art. 311, poderíamos tirar a possessória do rol dos
procedimentos especiais, porque não precisaria mais desse
art. 562, CPC (que é o dispositivo que dá o tom de
especialidade a esse procedimento).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Obs1: Essa liminar pode ser concedida de ofício?
1a corrente (Nery): Sim.
2a corrente (Marcato, Baptista da Silva): Não. Depende de
requerimento do autor, na mesma linha da doutrina
majoritária quanto ao pleito de tutela provisória.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Obs2: A notificação prévia dos ocupantes não é documento
essencial à propositura da ação possessória.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Obs3: Há vedação a concessão de liminar contra a
Fazenda Pública, porquanto se presume que os entes
públicos atuam dentro da legalidade (presunção de
veracidade e legalidade de seus atos), e, por isso, deve
haver a prévia audiência dos respectivos representantes
judiciais (art. 562, parágrafo único, CPC).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Obs4: Adverte-se que é possível a tutela provisória de
urgência nas ações possessórias (art. 300, CPC), em
especial naqueles casos que segue o rito comum (posse
velha) e, portanto, não são albergados por essa
possibilidade de liminar do art. 562.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Deferimento.
Relembrando!
Na hipótese de posse nova, a medida liminar será deferida
bastando a comprovação da probabilidade de direito (art.
562).
Na posse velha, é possível até o autor obter tutela
provisória, mas deverá comprovar probabilidade do direito e
perigo na demora (art. 273, CPC/73 e art. 300, CPC/15).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Se o juiz perceber que a possessória não está devidamente
instruída para o deferimento da liminar (art. 562), pode
designar, independente de pedido do autor, audiência de
justificação prévia, com a “citação” do réu para comparecer
a tal ato.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Se a petição inicial não traz provas suficientes para
justificar a expedição de mandado liminar de posse, deve o
juiz cumprir o que dispõe a segunda parte do art. 928 do
CPC e determinar a realização de audiência de justificação
prévia com o fim de permitir ao autor a oportunidade de
comprovar suas alegações. 4. Recurso especial conhecido
em parte e provido. (STJ, REsp 900534/RS, 01/12/2009).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
O réu, pois, não será citado e intimado para se defender,
mas sim para comparecer à audiência de justificação.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Em regra, o réu irá participar da audiência ouvindo as
testemunhas arroladas pelo autor, não podendo levar
testemunhas próprias, considerando que ainda haverá o
momento para isso, qual seja, a audiência de instrução.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Durante a audiência de justificação, o réu poderá formular
perguntas ou oferecer contradita, sempre por meio de
advogado. Nessa audiência, o juiz também deverá tentar
obter a conciliação entre as partes.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Veja que a intenção da justificação prévia é justamente
permitir ao autor a possibilidade de comprovar suas
alegações.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Por isso que, segundo o STJ não gera nulidade absoluta a
ausência de citação do réu, na hipótese do art. 928 do
CPC/1973 (art. 562 do CPC/2015), para comparecer à
audiência de justificação prévia em ação de reintegração de
posse.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Na audiência de justificação, a prova é exclusiva do autor,
cabendo ao réu, caso compareça, apenas fazer perguntas.
Somente após a referida audiência é que começará a correr
o prazo para contestar (parágrafo único do art. 930 do
CPC/1973) (parágrafo único do art. 564 do CPC/2015).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Petição Inicial. Indeferimento.
Após a justificação, o magistrado poderá deferir ou não a
liminar. Incontinenti, o réu será citado e o procedimento
seguirá sob o rito comum (contestação, providências
preliminares, saneamento, audiência de instrução e
julgamento, sentença).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Pergunta: É possível reconvenção em ação possessória?
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o
ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória
e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou
do esbulho cometido pelo autor.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Pergunta: É possível reconvenção em ação possessória?
1ª corrente: Não, pois, segundo doutrina majoritária, esse
dispositivo consagra a ideia de que as ações possessórias
são ações dúplices. E, segundo alguns doutrinadores
(Dinamarco, Gusmão), ação dúplice é aquela cujo
procedimento admite ao réu fazer pedido contra o autor.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Pergunta: É possível reconvenção em ação possessória?
2ª corrente: Daniel Assumpção critica a 1ª corrente, pois
para constatar se uma ação é dúplice ou não, tem-se de
vislumbrar a relação jurídica de direito material.
Normalmente, só de olhar para relação jurídica de direito
material já podemos verificar que eventual demanda judicial
teria parte X no polo ativo e parte Y no polo passivo.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Pergunta: É possível reconvenção em ação possessória?
Todavia, segundo Assumpção, Araken de Assis, nas ações
dúplices, não há essa predeterminação das legitimações,
de forma que quando qualquer das partes da relação
materialpuder ser autor ou réu, a demanda será dúplice.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Pergunta: É possível reconvenção em ação possessória?
Por isso, para a 2ª corrente, na ação dúplice, não há
necessidade de o réu formular pedido contra o autor, já que
a própria natureza do direito material impõe que a
improcedência levará o réu à obtenção do bem da vida
discutido. Portanto, segundo Assumpção, a art. 556, CPC
permitiria, em verdade, a reconvenção.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Obs1: O réu também poderá requerer ao juiz que o autor
preste caução.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor
provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de
idoneidade financeira para, no caso de sucumbência,
responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo
de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória,
sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
7. Procedimento. Reconvenção.
Enunciado 179, FPPC: (arts. 559 e 139, VI) O prazo de
cinco dias para prestar caução pode ser dilatado, nos
termos do art. 139, inciso VI.
Enunciado 180, FPPC: (art. 559) A prestação de caução
prevista no art. 559 poderá ser determinada pelo juiz, caso
o réu obtenha a proteção possessória, nos termos no art.
556.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
8. Interdito proibitório.
A ação de interdito proibitório serve para evitar que a
ameaça de agressão à posse se concretize.
Nesses casos, o juiz poderá expedir (com ou sem
justificação prévia) mandado proibitório visando obstar
eventual turbação ou esbulho, sob pena de multa
(astreintes).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
8. Interdito proibitório.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo
receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz
que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante
mandado proibitório em que se comine ao réu determinada
pena pecuniária caso transgrida o preceito.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
8. Interdito proibitório.
Essa previsão específica espanca qualquer dúvida que
poderia haver quanto à concessão de tutela inibitória, bem
como quanto à possibilidade de fixação de astreintes (art.
537, CPC).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
A citação do réu é feita conforme as regras gerais do art.
242, CPC (citação pessoal).
Quando o polo passivo é composto por multidão, a
demanda é proposta contra réus incertos.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Os grupos que organizam as invasões não têm
personalidade jurídica, não podem fazer parte do polo
passivo da demanda possessória, o que cria uma
excepcional situação de litisconsórcio multitudinário passivo
formado por réus incertos.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo. Citação.
Art. 554., § 1o No caso de ação possessória em que figure no polo
passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos
ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos
demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se
envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça
procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os
que não forem encontrados.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Como forma de amenizar essa citação ficta por edital dos
demais, o juiz deverá dar ampla publicidade da demanda.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da
existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos
processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal
ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e
de outros meios.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Enunciado 63, FPPC: (art. 554) No caso de ação
possessória em que figure no polo passivo grande número
de pessoas, a ampla divulgação prevista no §3º do art. 554
contempla a inteligência do art. 301, com a possibilidade de
determinação de registro de protesto para consignar a
informação do litígio possessório na matricula imobiliária
respectiva.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
No art. 565, caput, há a obrigatoriedade de audiência de
mediação no caso de:
a) pedido liminar em posse velha (agressão ocorrida há
mais de um ano e dia), devendo ocorrer no prazo de 30
dias.
b) concedida a liminar, se ela não for executada no prazo
de um ano a contar da distribuição do processo.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho
ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de
ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da
medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-
se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o.
§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1
(um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar
audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Enunciado 67, FPPC: (art. 565) A audiência de mediação
referida no art. 565 (e seus parágrafos) deve ser
compreendida como a sessão de mediação ou de
conciliação, conforme as peculiaridades do caso concreto.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Enunciado 328, FPPC: (arts. 554 e 565) Os arts. 554 e 565 do
CPC aplicam-se à ação de usucapião coletiva (art. 10 da Lei
10.258/2001) e ao processo em que exercido o direito a que
se referem os §§4º e 5º do art. 1.228, Código Civil,
especialmente quanto à necessidade de ampla publicidade da
ação e da participação do Ministério Público, da Defensoria
Pública e dos órgãos estatais responsáveis pela reforma
agrária e política urbana.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
O MP em qualquer caso e a DP, no caso de réu beneficiário
da gratuidade de justiça, devem ser intimados para
comparecer.
§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à
audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre
que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Obs1: O MP tem que intervir sempre em reintegração de
posse?
Resposta: Não. Apenas nos casos do art. 178, CPC.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta)
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em
lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por
si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
O juiz poderá também intimar outros órgãos, conforme §4º.
§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela
política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e
de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão
ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem
sobre seu interesse no processo e sobre a existência de
possibilidade de solução para o conflito possessório.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
§ 5o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre
propriedade de imóvel.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
9. Especialidades do Litígio Coletivo.
Obs2: art. 565, § 3o é desnecessário, pois diz o óbvio. § 3o
O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando
sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela
jurisdicional.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/CoisaJulgada
O juiz prolata a sentença, seja pela procedência, seja pela
improcedência, decisão contra a qual cabe apelação (art.
1.009, CPC).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada
Não tendo o autor da ação de reintegração se
desincumbido do ônus de provar a posse alegada, o pedido
deve ser julgado improcedente e o processo extinto com
resolução de mérito. STJ. REsp 930336-MG, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 6/2/2014 (Info 535).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo (autor
desconhecido).
Fernando vendeu um imóvel para Pedro. Este, por sua vez,
alienou o bem para João. Ocorre que Pedro não pagou
Fernando, razão pela qual este propôs ação de rescisão
contratual cumulada com reintegração de posse
unicamente contra Pedro.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
A sentença foi procedente, determinado rescisão da venda
feita para Pedro e determinado que ele devolvesse a posse
do imóvel para Fernando. Sucede que Pedro não mais
reside no imóvel. Quem está na posse do imóvel é João,
que assumiu o local antes de a ação de reintegração ser
proposta.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
Pergunta: Os efeitos da sentença de reintegração de posse
estendem-se a João (terceiro de boa-fé)?
Resposta: NÃO.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
Resposta: Não está sujeito aos efeitos de decisão
reintegratória de posse proferida em processo do qual não
participou o terceiro de boa-fé que, antes da citação,
adquirira do réu o imóvel objeto do litígio. Em regra, a
sentença faz coisa julgada somente para as partes do
processo, não beneficiando nem prejudicando terceiros (art.
472 do CPC 1973; art. 506 do CPC 2015).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
Resposta: Também não é caso de aplicar o art. 42, § 3º do
CPC 1973 (art. 109, § 3º do CPC 2015) porque João
(terceiro) adquiriu o imóvel ANTES da ação proposta pelo
autor. No momento em que ele comprou a coisa, esta ainda
não era litigiosa, ou seja, ainda não havia nenhuma
demanda judicial disputando este bem.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
Resposta: O bem ou direito somente se torna litigioso com a
litispendência, ou seja, com a lide pendente. A lide é considerada
pendente, para o autor, com a propositura da ação, enquanto que,
para o réu, com a citação válida (art. 219 do CPC 1973) (art. 240 do
CPC 2015). Se o bem é adquirido por terceiro de boa-fé antes de
configurada a litigiosidade, não há falar em extensão dos efeitos da
coisa julgada ao adquirente. STJ. 3ª Turma. REsp 1458741-GO, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/4/2015 (Info 560).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
A citação efetuada em ação possessória que ao final é
julgada improcedente (ou extinta sem resolução do mérito)
não interrompe o prazo para a prescrição aquisitiva
(usucapião). STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1010665/MS,
Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/10/2014.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
10. Sentença/Coisa Julgada. Exemplo.
Ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato
de compra venda com reserva de domínio, o vendedor
pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a
proteção possessória sobre o bem móvel objeto da avença.
STJ. 4ª Turma. REsp 1056837-RN, Rel. Min. Marco Buzzi,
julgado em 3/11/2015 (Info 573).
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Curiosidade!
Ius possidendi é o direito à posse decorrente do direito de
propriedade, i.e, o próprio domínio; é o direito conferido ao
titular de possuir o que é seu, independentemente de prévio
ajuizamento de demanda objetivando rescindir o contrato de
compra e venda, uma vez que, nos contratos com cláusula de
reserva de domínio, a propriedade do bem, até o pagamento
integral do preço, pertence ao vendedor, ou seja, não se
consolida a transferência da propriedade ao comprador.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
A ação de reintegração de posse aqui é baseada no ius
possidendi, ou seja, no direito do vendedor de exigir a
posse pelo fato de ser o dono.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Súmula 564-STJ: No caso de reintegração de posse em
arrendamento mercantil financeiro, quando a soma da
importância antecipada a título de valor residual garantido
(VRG) com o valor da venda do bem ultrapassar o total do
VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de
receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se
estipulado no contrato, o prévio desconto de outras
despesas ou encargos pactuados.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Súmula 262-STF: Não cabe medida possessória liminar
para liberação alfandegária de automóvel.
Súmula 415-STF: Servidão de trânsito não titulada, mas
tomada permanente, sobretudo pela natureza das obras
realizadas, considera-se aparente, conferindo direito a
proteção possessória.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Pergunta: Em uma situação concreta envolvendo ocupação
de sítio pelo MST, tendo sido deferida decisão judicial para
a retomada do imóvel há muitos anos, o que nunca foi
cumprido, deverá ser deferida a intervenção federal?

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