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Haridyane Oliveira dos Santos - Trabalho Pratica Fiscal - Ação Anulatória

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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Doutor (a) Juiz Federal da 5º Vara da 
Justiça Federal de Porto Alegre - RS 
 
 
 
Empresa FUNDO LISO LTDA, sociedade empresária 
sediada na cidade de Porto Alegre/RS, na Avenida Rio 
Branco nº 237, CEP 98632-220., inscrita no CNPJ/MF 
com o nº 98.369.154/0002-85, vem a Vossa Excelência, 
por seus procuradores, constituídos na forma de seu 
estatuto social (ou contrato social), ajuizar 
 
 
AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE 
TUTELA DE URGÊNCIA 
 
 
Em face da UNIÃO, pelas razões de fato e de direito que a 
seguir expõe. 
 
 
1. DA ORIGEM DOS PRETENSOS CRÉDITOS PRETENDIDOS ANULAR 
 
 
Em suma, no dia 17 de fevereiro de 2020, a Autora foi autuada pela Fiscalização da Receita 
Federal, por hipoteticamente não ter recolhido IPI sobre produtos que teria industrializado e que 
foram relacionados na Autuação Fiscal. Após tramitar regularmente o Processo Administrativo de 
nº 926564/2020, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) julgou definitivamente 
improcedente a Impugnação oferecida pela Autora. O inteiro teor desse PA (Processo 
Administrativo), foi obtido no sítio web da Receita Federal do Brasil (RFB), segue em anexo (docs. 
2 a 4). 
 
No referido PA de nº 926564/2020, a Autora demonstrou que não houve industrialização, que o 
mero acondicionamento do produto (grãos de soja- Alya SOya) para fins de proteção, e posterior 
revenda, não deve ser considerado como uma etapa na cadeia de industrialização da referida comodity. 
O CARF negou provimento ao recurso, alegando que caberia ao contribuinte o ônus de provar os 
argumentos e de que a Autora não havia logrado êxito na tarefa. 
Como a Autora, ao inverso do quanto pressuposto neste julgamento, entende não haver dúvida 
sobre os fatos e suas alegações, não resta outra alternativa que não seja a presente ação anulatória, para 
que a perícia a ser requerida demonstre a correção de seu proceder. 
 
2. DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL SUBJACENTE 
 
Ressalto em perspectiva, muito embora a aparente complexidade do processo administrativo e da 
prova a ser feita, a resolução jurídica é bastante simples e se irá demonstrar na perícia a incidência das 
disposições legais. A controvérsia apontada no Processo Administrativo é facilmente dirimida pela 
Resolução Jurídica do caso, como pode ser visualizado através das seguintes disposições legais da Lei 
nº7.212/2010, que disciplina a matéria: 
 
Art. 4 o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a 
natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do 
produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: 
IV – A que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da 
embalagem, ainda que em substituição do original, salvo quando a embalagem 
colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento 
ou recondicionamento); 
 
 
Destaca-se que a parte Autora, desde de o primórdio sustentou que o escoamento de grãos em 
larga escala, como é o caso da soja, possui algumas peculiaridades. 
 
Enseja o fato dessas peculiaridades, a principal delas é o fato do transporte entre a origem 
(produtor) e a empresa atacadista ocorrer por meio de carretas granel eiras (anexo, p.17). Em suma, nesse 
meio de transporte o produto não é protegido por qualquer tipo de embalagem continente. Somente após 
o recebimento da carga é que haverá o acondicionamento, e no que se refere à técnica utilizada pela Fundo 
Liso Ltda., em sacas de cinquenta quilos (50kg), para a posterior distribuição aos pontos de comercialização. 
É dizer, não é razoável a incidência do imposto sobre industrialização, pois não existe qualquer tipo de 
incremento no produto. 
 
 Sobre a Embalagem de Transporte e Apresentação, assim dispõe a Lei nº7212/10, que regula o IPI: 
 
Art.6º - Quando a incidência do imposto estiver condicionada à forma de 
embalagem do produto, entender-se-á: 
I- como acondicionamento para transporte, o que se destinar precipuamente a 
tal fim; 
§1º Para os efeitos do inciso I do caput, o acondicionamento deverá atender, 
cumulativamente, às seguintes condições: 
a) ser feito em caixas, caixotes, engradados, latas, tambores, sacos, embrulhos 
e semelhantes, sem acabamento e rotulagem de função promocional e que não 
objetive valorizar o produto em razão da qualidade do material nele 
empregado, da perfeição do seu acabamento ou da sua utilidade adicional; e 
b) ter capacidade de 20Kg ou superior àquela em que o produto é comumente 
vendido, no varejo, aos consumidores. 
 
Nesse sentido, segue trecho de decisão envolvendo controvérsia parelha, sob a relatoria do Min. 
Gurgel de Faria - AgRg no REsp Nº 1.446.393 - SC (2014/0074321-1), que assim dispõe: 
 
TRIBUTÁRIO. IPI. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS UTILIZADOS NO 
PROCESSO PRODUTIVO. DECRETO 7.212/10. 1. O conceito de insumo, para fins 
de creditamento do IPI, abrange tão somente aqueles bens ou serviços 
utilizados de forma direta no processo de produção. 2. Existe nítida 
diferenciação entre 'embalagens que se incorporam ao produto' e 'embalagens 
de acondicionamento', utilizadas apenas para o seu transporte. Enquanto as 
primeiras integram o produto, seguindo com ele quando da sua 
comercialização, conferindo-lhe características, forma e identificação, as 
demais destinam-se ao seu acondicionamento para armazenamento e 
transporte. 3. Somente as embalagens do produto, em sentido estrito, podem 
ser consideradas como crédito suscetível de dedução da base de cálculo do 
IPI. 4. Da análise da documentação acostada aos autos, possível concluir-se 
que as caixas de papelão, os sacos de ráfia, os filmes strech, os filmes lisos e 
as fitas adesivas tem sua função relacionada diretamente ao transporte dos 
produtos fabricados pela autora, não podendo ser considerados como créditos 
para desconto da base de cálculo do IPI, por não se caracterizarem como 
insumo na produção ou fabricação dos bens ou produtos destinados à venda. 
5. Sentença mantida. 
 
 
 
Em síntese, o julgado relacionado acima é conciso ao afirmar que a embalagem para mero 
transporte não pode ser deduzida (com fins creditícios) da base de cálculo do IPI como se compusessem o 
produto. Ao que indica, já convalidado acima, vale o mesmo, por via reflexa, para a incidência do imposto 
no caso em discussão. Se não lhe confere características distintas, como incremento funcional, estético, 
informativo, ou de qualquer outra ordem, de industrialização não se trata. 
 
Assim, temos que os pressupostos cumulativos previstos em lei para a não incidência do IPI foram 
integralmente atendidos, podendo ser igualmente, e sem maiores dificuldades, referendado pela perícia. 
 
 
 
 
3. DA NECESSIDADE DE SER CONCEDIDA A TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR 
 
 
 Pelas razões expostas e da análise dos suportes fáticos, legais e documentais, conclui-se pela 
concreta probabilidade de existência do direito da Autora. 
O pedido de tutela cautelar está ancorado no fato de que a ausência da Certidão Positiva com 
efeitos de Negativa (CPEN), acarretará, como consequência, o engessamento das atividades operacionais 
da Autora. 
Portanto, apresentam-se pressupostos suficientes a ensejar a concessão da tutela liminar 
pretendida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. PEDIDOS 
 
 
Ante o exposto, requer: 
 
 
a) seja deferida, liminarmente, inaudita altera pars, a tutela 
de urgência cautelar, de modo que seja determinada a 
suspensão da exigibilidade do crédito decorrente e objeto de 
inscrição em dívida ativa nº 6823-55, bem como para que a 
União se abstenha de levar o débito a protesto, ou levante-o, 
caso já o tenha realizado; além de evitar de incluir a Autora de 
qualquer cadastro de inadimplentes gerado pelo suposto 
débito, especialmente o CADIN e o SERASA; permitindo-se, 
ainda, a expedição da CPEN em nome da Autora para quaisquer 
fins, pelo menos até que sobrevenha a contestação da União; 
 
b) a citação da UNIÃO pararesponder a presente ação; 
 
c) o deferimento de todos os meios de prova necessários à 
resolução do mérito, especialmente a pericial; 
 
d) seja julgada totalmente procedente a presente ação, 
confirmando-se a liminar de modo a declarar-se a nulidade do 
pretenso crédito tributário; 
 
e) seja a UNIÃO condenada no pagamento das verbas de 
sucumbência. 
 
 
 
 
 
Atribui-se a causa o valor de R$ 10.000.000,00 
 
 
Porto Alegre, 09 de Junho de 2021 
 
Haridyane Oliveira 
OAB/RS 682.395

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