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Visão geral ● Personalidade é o conjunto de todos os traços ou características (sentimentos, pensamentos e comportamentos) que distinguem pessoas entre si e dão alguma consistência ao comportamento da pessoa, persistindo ao longo do tempo e mediante situações. ● De acordo com o DSM-5, o diagnóstico de transtorno de personalidade deve ser feito quando se observa no indivíduo “um padrão de experiências internas ou de comportamentos que desviam significativamente do esperado pela cultura do indivíduo, são inflexíveis, têm início na adolescência ou nos primeiros anos da vida adulta, causam sofrimento e prejuízos, além de serem estáveis ao longo do tempo”. ● Ainda de acordo com o DSM-5, cerca de 15% da população adulta dos EUA são portadores de pelo menos um transtorno de personalidade, e aproximadamente metade de todos os pacientes psiquiátricos tem um transtorno de personalidade. ● O DSM V descreve 10 tipos específicos de transtorno de personalidade, reunidos em três grandes grupos: ○ grupo A: transtornos de personalidade paranóide, esquizóide e esquizotípica; ○ grupo B: transtornos de personalidade antissocial, borderline, histriônica e narcisista; ○ grupo C: transtornos da personalidade esquiva, dependente e obsessivo-compulsiva (anancástica). Grupo A: estranho ou excêntrico ● Transtorno de personalidade paranoide (o estilo vigilante) ○ ocorre em 2,3% a 4,4% da população. ○ Os portadores desse transtorno costumam apresentar suspeitas e desconfiança profundas em relação aos outros. ○ Em geral, vêem-se como diferentes, justos e inocentes, enquanto os outros são maliciosos e ameaçadores. ○ Apresentam pouca expressão afetiva e, muitas vezes, parecem não ter emoções ○ Podem exteriorizar os sentimentos e acabar sendo patologicamente ciumentos. Grupo A: estranho ou excêntrico ● Transtorno de personalidade paranoide (o estilo vigilante) ○ Os pensamentos habituais dos paranoides incluem: “não devo confiar em ninguém” ou “as pessoas agem por motivos ocultos”. ○ Diagnóstico diferencial: pessoas com transtorno de personalidade paranóide não apresentam alteração formal do pensamento ou alucinações, vistas comumente na esquizofrenia. Tampouco apresentam ideias delirantes fixas, habituais nos portadores de transtornos delirantes. ○ Tratamento: a psicoterapia é o tratamento de escolha, geralmente individual e de longa duração. Do ponto de vista farmacoterapêutico, pode-se utilizar um benzodiazepínico em caso de ansiedade grave ou baixas doses de antipsicóticos em caso de ideias sobrevaloradas que ocasionem muito incômodo. ● Transtorno da personalidade esquizóide (o estilo associal) ○ Não há dados conclusivos, mas séries de estudos mostram prevalência de até 5% da população geral. ○ São essencialmente indivíduos associais, independentes dos outros e precisam apenas de si próprios. ○ Costumam ver-se como solitários e auto-suficientes, enquanto os outros são intrusos, diferentes. ○ Os pensamentos comuns dos esquizóides incluem: “o que os outros pensam de mim não tem importância” ou “os outros não influenciam minhas decisões”. ○ Diagnóstico diferencial: embora haja traços em comum entre os transtornos de personalidade esquizóide e paranoide, os paranóides costumam ter maior inserção social, além de projetarem mais seus sentimentos em outras pessoas ■ Por outro lado, pessoas com autismo ou síndrome de Asperger apresentam comportamento mais gravemente estereotipado, além de interação social significativamente mais comprometida do que os esquizóides. ○ Tratamento: psicoterapia também é o tratamento de escolha ■ Agentes serotoninérgicos podem diminuir o sentimento de rejeição em alguns pacientes e também pode ser considerado o uso de benzodiazepínicos para ansiedade. Grupo A: estranho ou excêntrico ● Transtorno da personalidade esquizotípica (o estilo excêntrico) ○ ocorre em cerca de 3% da população e é frequentemente diagnosticado em mulheres com síndrome do X frágil, embora não pareça haver diferença entre os gêneros. ○ Os pacientes se comportam de maneira misteriosa e atribuem explicações esotéricas a fenômenos habituais. ○ Costumam interessar-se por temas ocultos e, muitas vezes, são descritos como extravagantes. ○ Veem-se como diferentes e especiais, ao passo que os outros são estranhos e hostis. ○ Os pensamentos habituais dos esquizotípicos incluem: “sou um não ser” ou “sou incorpóreo”. ○ Diagnóstico diferencial: ■ Considera-se atualmente o funcionamento esquizotípico como a personalidade pré-mórbida do esquizofrênico. ■ O que diferencia os dois estados são os sintomas psicóticos francos ■ Contudo, a progressão do funcionamento esquizotípico para a esquizofrenia não ocorre em todos os casos. ○ Tratamento: envolve as mesmas estratégias psicoterapêuticas utilizadas com os esquizóides, bem como o uso de baixas doses de antipsicóticos para ideias sobrevaloradas que causem angústia Transtorno de personalidade paranoide (o vigilante) Critérios Diagnósticos (DSM-V) A. Um padrão de desconfiança e suspeitas invasivas em relação aos outros, de modo que seus motivos são interpretados como malévolos. Começa no início da idade adulta e se apresenta em uma variedade de contextos, como indicado por pelo menos quatro desses critérios. suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado pelos outros; preocupa-se com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou confiabilidade de amigos ou colegas; reluta em confiar nos outros por um medo infundado de que essas informações possam ser maldosamente usadas contra si; interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador, em observações ou acontecimentos benignos; guarda rancores persistentes, ou seja, é implacável com insultos, injúrias ou deslizes; percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são visíveis pelos outros e reage rapidamente com raiva ou contra-ataque; tem suspeitas recorrentes, sem justificativa, quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno do humor com aspectos psicóticos ou outro transtorno psicótico nem é decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral. Transtorno da personalidade esquizóide (o associal) Critérios Diagnósticos (DSM-V) A. Um padrão invasivo de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, como indicado por pelo menos quatro desses critérios. não deseja nem gosta de relacionamentos íntimos, incluindo fazer parte de uma família; quase sempre opta por atividades solitárias; manifesta pouco, se algum, interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa tem prazer em poucas atividades, se alguma; não tem amigos íntimos ou outros confidentes, que não parentes em primeiro grau; mostra-se indiferente a elogios ou críticas de outros; demonstra frieza emocional, distanciamento ou afetividade embotada. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno do humor com aspectos psicóticos ou outro transtorno psicótico nem é decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral. Transtorno da personalidade esquizotípica (o excêntrico) Critérios Diagnósticos (DSM-V) A. Um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, marcado por desconforto agudo e reduzida capacidade para estabelecer relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, como indicado por pelo menos cinco dos seguintes critérios. ideias de referência (excluindo delírios de referência); crenças bizarras ou pensamentos mágicos que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas da subcultura do indivíduo (por exemplo, superstições, crença em clarividência, telepatia, etc). experiências perceptivasincomuns, incluindo ilusões somáticas; pensamento e discurso bizarros (por exemplo, vago, circunstancial, metafórico, super elaborado ou estereotipado); desconfiança ou ideação paranóide; afeto inadequado ou constrito; aparência ou comportamento esquisito, peculiar ou excêntrico; não tem amigos íntimos ou confidentes, exceto parentes em primeiro grau; ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e tende a estar associada a temores paranoides, em vez de julgamentos negativos acerca de si próprio Grupo B: volúvel ou impulsivo ● Transtorno de personalidade antissocial (o tipo agressivo): ○ Tem prevalência estimada em 0,2% a 3% da população. ○ Mais comum em homens; ocorre em cerca de 75% das populações prisionais. ○ Os acometidos têm disposição emocional irritável e agressiva. ○ Utilizam-se frequentemente de manipulação e transgressão, além de não reconhecerem regras e normas estabelecidas. ○ São incapazes de apreciar os sentimentos de outras pessoas ou de experimentar culpa. ○ Costumam ver-se como fortes e independentes, enquanto os outros são indivíduos a serem explorados. ○ Pensamentos comuns incluem: “não é importante cumprir as promessas ou pagar as dívidas” ou ainda “fui tratado injustamente e tenho o direito de conseguir, a qualquer meio, o que me corresponde”. ○ Diagnóstico diferencial: quando atos ilegais não são acompanhados dos traços de personalidade rígidos e mal adaptativos de um transtorno de personalidade, pode-se tentar estabelecer essa distinção ■ A comorbidade com transtorno de abuso de substâncias também é muito comum. ○ Tratamento: as tentativas psicoterapêuticas nesses grupos raramente obtêm adesão significativa e os resultados são inconsistentes ■ Farmacologicamente, podem ser utilizadas estratégias direcionadas ao manejo da impulsividade (ou seja, carbamazepina ou valproato). ● Transtorno de personalidade borderline (o tipo instável) ○ tem prevalência estimada em 1% a 2% da população em geral e é 2x mais comum nas mulheres que nos homens. ○ Esses pacientes têm por característica central a constante variação do estado de ânimo. ○ Podem amar e odiar como ninguém, às vezes ao mesmo tempo Grupo B: volúvel ou impulsivo ● Transtorno de personalidade borderline (o tipo instável) ○ Veem-se como desvalidos, vazios, e sua autoestima costuma variar de acordo com as emoções experimentadas no momento. ○ Os outros são vistos de maneira extrema (fortes e protetores versus cruéis e perseguidores), raramente havendo espaço para o meio-termo. ○ Pensamentos habituais incluem: “não sou capaz de me controlar” ou “quando me sinto sufocada, tenho que fugir (por fuga ou suicídio)”. ○ São frequentes as passagens ao ato através de automutilação. ○ Diagnóstico diferencial: a intensa variação de humor pode ser confundida com o transtorno bipolar, e a impulsividade apresentada por esses pacientes pode levar a comorbidade com transtornos por uso de substâncias. ○ Tratamento: anticonvulsivantes (ou seja, carbamazepina, topiramato) e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) promovem benefícios em alguns casos, mas não há consenso sobre seu uso ■ A modalidade psicoterapêutica utilizada há mais tempo é a terapia de orientação psicodinâmica. ● Transtorno de personalidade histriônica (o tipo teatral) ○ estima-se que ocorra em 1% a 3% da população, com prevalência significativamente maior nas mulheres. ○ Os pacientes caracterizam-se pela necessidade constante de chamar a atenção, guiam-se por sensações e se sentem realizados através da sedução e da sexualidade. ○ Costumam ver-se como encantadores e atraentes, enquanto os outros são admiradores ou protetores. ○ Associada à necessidade por atenção encontra-se baixíssima tolerância às frustrações ○ Pensamentos habituais incluem: “para ser feliz, os outros têm de prestar atenção em mim” ou “se não impressiono as pessoas, não sou nada”. Grupo B: volúvel ou impulsivo ● Transtorno de personalidade histriônica (o tipo teatral) ○ Diagnóstico diferencial: às vezes é difícil diferenciar a personalidade histriônica da borderline ■ Pacientes histriônicos teriam menos oscilações de humor e recorreriam menos à automutilação ■ Transtornos de somatização (síndrome de Briquet) podem ocorrer em comorbidade com a personalidade histriônica. ○ Tratamento: a psicoterapia de orientação psicodinâmica é o tratamento de escolha ■ Psicofármacos podem ser adicionados em momentos de grande ansiedade, mais comumente ISRS ou benzodiazepínicos. ● Transtorno de personalidade narcisista (o tipo apaixonado por si próprio) ○ Não há dados com grandes populações, mas algumas séries apontam a prevalência de até 6,2%. ○ Cerca de 75% dos portadores são homens. ○ Costumam ser ambiciosos e imaginam-se constantemente no topo, em muitas ocasiões à custa de outrem. Não suportam a rejeição e têm muita dificuldade em lidar com críticas. ○ Fraqueza e dependência são ameaçadoras. ○ Veem-se habitualmente como superiores, acima das regras. Os outros são inferiores, fracos. ○ Pensamentos habituais incluem: “todos têm de satisfazer minhas necessidades” ou “já que sou tão superior, tenho direito a tratamento e privilégio especiais”. ○ Diagnóstico diferencial: episódios maníacos/hipomaníacos podem cursar com ideais de grandeza que se confundem com padrões de comportamento narcisistas ■ O uso de substâncias (ou seja, anfetaminas) também pode fazer parte do diagnóstico diferencial. ○ Tratamento: psicoterapia de orientação psicodinâmica costuma ser a mais utilizada Transtorno de personalidade antissocial (o agressivo) A. Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos de idade, como indicado por pelo menos três desses critério fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção; propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer; impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro; irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas; desrespeito pela segurança própria ou alheia; irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras; ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa. B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Existem evidências de transtorno da conduta com início antes dos 15 anos de idade. D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou episódio maníaco. Transtorno de personalidade borderline (o instável) A. Um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado (Nota: não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização; perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da autoimagem ou do sentimento de self; impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por exemplo, gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente) (Nota: não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5); recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante; instabilidade afetiva em virtude de uma acentuada reatividade do humor (por exemplo, episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedadegeralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias); sentimentos crônicos de vazio; raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por exemplo, demonstrações frequentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes); ideação paranóide transitória e relacionada com estresse ou severos sintomas dissociativos. Transtorno de personalidade histriônica (o teatral) A. Um padrão invasivo de excessiva emocionalidade e busca de atenção, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios. sente desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções; a interação com os outros frequentemente se caracteriza por um comportamento inadequado, sexualmente provocante ou sedutor; exibe mudança rápida e superficialidade na expressão das emoções; usa consistentemente a aparência física para chamar a atenção sobre si próprio; tem um estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes; exibe autodramatização, teatralidade e expressão emocional exagerada; é sugestionável, ou seja, é facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias; considera os relacionamentos mais íntimos do que realmente são. Transtorno de personalidade narcisista A. Um padrão invasivo de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, indicado por pelo menos cinco dos seguintes critérios. sentimento grandioso da própria importância (por exemplo, exagera realizações e talentos; espera ser reconhecido como superior sem realizações comensuráveis); preocupação com fantasias de ilimitado sucesso, poder, inteligência, beleza ou amor ideal; crença de ser “especial” e único e de que somente pode ser compreendido ou deve associar-se a outras pessoas (ou instituições) especiais ou de condição elevada; exigência de admiração excessiva; sentimento de intitulação, ou seja, tem expectativas irracionais de receber um tratamento especialmente favorável ou obediência automática às suas expectativas; é explorador em relacionamentos interpessoais, isto é, tira vantagem de outros para atingir seus próprios objetivos; ausência de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades alheias; frequentemente sente inveja de outras pessoas ou acredita ser alvo da inveja alheia comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes. Grupo C: ansioso ou temeroso ● Transtorno de personalidade esquiva (o tipo sensível) ○ Ocorre em 2% a 3% da população. ○ Predomina a excessiva timidez, e é marcante a ansiedade por falar com pessoas desconhecidas. ○ Os pacientes temem a rejeição, podendo ser hipervigilantes aos sentimentos e às intenções de outras pessoas, especialmente se houver indícios de reprovação. ○ Veem-se frequentemente como vulneráveis e socialmente ineptos, enquanto os outros seriam críticos, causadores de humilhação. ○ Pensamentos habituais incluem: “devo evitar as situações nas quais atraio a atenção ou ser o menos chamativo possível” ou “se os outros me criticam, têm razão”. ○ Diagnóstico diferencial: parece haver sobreposição dos conceitos de transtorno de personalidade esquiva e de transtorno de ansiedade social (fobia social) ■ Pacientes com agorafobia também apresentam características parecidas ○ Tratamento: psicoterapia, se possível de grupo ■ O foco se detém na construção de mecanismos mais resilientes para lidar com os medos, especialmente o de rejeição ■ A farmacoterapia pode ser utilizada para tratar as comorbidades ■ Alguns pacientes podem se beneficiar do uso de betabloqueadores, sobretudo em eventos de maior exposição social (ou seja, necessidade de falar em público) ● Transtorno de personalidade dependente (o tipo apegado) ○ Ocorre em cerca de 0,6% da população e é mais frequente em mulheres ○ Em geral, os pacientes assumem atitude passiva diante da vida e das relações Grupo C: ansioso ou temeroso ● Transtorno de personalidade dependente (o tipo apegado) ○ Costumam condicionar sua sensação de bem-estar à satisfação de necessidades alheias. ○ Solicitam constantemente conselhos e reafirmação e podem fundir sua identidade com a de outras pessoas. ○ Veem-se como fracos, indefesos e necessitados, enquanto os outros são considerados fortes e protetores. ○ Pensamentos usuais incluem: “preciso que alguém esteja sempre a meu alcance para me ajudar no que tenho de fazer ou algo de ruim acontecerá” ou “não posso tomar decisões por mim mesmo”. ○ Diagnóstico diferencial: traços de dependência (atitude regressiva) podem ser vistos em quase todos os transtornos psíquicos, bem como nas reações ao adoecimento ■ A história patológica pregressa e o seguimento clínico são essenciais para o diagnóstico diferencial. ○ Tratamento: o tratamento psicoterapêutico costuma ser bem-sucedido ■ A principal modalidade empregada é a psicoterapia de orientação psicodinâmica ■ Psicoterapias de grupo e familiar também são modalidades que apresentam bons resultados. ● Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva ou anancástica (o tipo perfeccionista) ○ tem prevalência estimada em 2% a 8% da população, sendo mais comum em homens e filhos mais velhos. ○ Os pacientes costumam ter grande autodisciplina (super ego “hipertrofiado”) e agem habitualmente com racionalismo extremado, raramente expressando afetividade. ○ Extremamente dedicados à produtividade e ao trabalho, vêem-se como responsáveis, confiáveis e trabalhadores, enquanto os outros são incompetentes, irresponsáveis e ociosos. ○ Pensamentos automáticos comuns incluem: “se não fizer isso eu mesmo, não ficará bem-feito”, “preciso controlar completamente minhas emoções” ou “devo fazer algo útil em vez de sair com os amigos”. Grupo C: ansioso ou temeroso ● Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva ou anancástica (o tipo perfeccionista) ○ Diagnóstico diferencial: é importante estabelecer a diferença com o transtorno obsessivo-compulsivo, que se caracteriza pela presença de obsessões e compulsões intensas e habitualmente restritas a temas específicos. Importante lembrar que o diagnóstico de transtorno de personalidade se restringe aos casos em que há prejuízo funcional e social marcante, não somente a presença de traços de personalidade obsessivo-compulsiva. ○ Tratamento: a psicanálise se ocupa do estudo das características obsessivo-compulsivas e as psicoterapias de orientação psicodinâmica são largamente empregadas nesses casos. Transtorno de personalidade esquiva (o tipo sensível) A. Um padrão invasivo de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, indicado por pelo menos quatro dos seguintes critérios. evita atividades ocupacionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de críticas, desaprovação ou rejeição; reluta a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de sua estima; mostra-se reservado em relacionamentos íntimos em razão do medo de ser envergonhado ou ridicularizado; preocupação com críticas ou rejeição em situações sociais; inibição em novas situações interpessoais em virtude de sentimentos de inadequação; vê a si próprio como socialmente inepto, sem atrativos pessoais ou inferior; extraordinariamente reticente em assumir riscos pessoais ou envolver-se em quaisquer novas atividades porque estas poderiam ser embaraçosas. Transtorno de personalidade dependente (o apegado) A. Uma necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso e aderente, além de temores de separação, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, indicado por pelo menos cinco dos seguintes critérios dificuldade em tomar decisões do dia a dia sem uma quantidade excessiva deconselhos e reasseguramento da parte de outras pessoas; necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida; dificuldade em expressar discordância de outros, pelo medo de perder o apoio ou aprovação (Nota: não incluir temores realistas de retaliação); dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (em vista da falta de autoconfiança em seu julgamento ou capacidades, não por falta de motivação ou energia); vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis; sente desconforto ou desamparo quando só em razão de temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si próprio; busca urgentemente um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo quando um relacionamento íntimo é rompido; preocupação irrealista com temores de ser abandonado à própria sorte. Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva ou anancástica A. Um padrão invasivo de preocupação com organização, perfeccionismo, controle mental e interpessoal, à custa da flexibilidade, abertura e eficiência, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, indicado por pelo menos quatro dos seguintes critérios. preocupação tão extensa com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, que o ponto principal da atividade é perdido; perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (por exemplo, é incapaz de completar um projeto porque não consegue atingir seus próprios padrões demasiadamente rígidos); devotamento excessivo ao trabalho e à produtividade, em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade econômica); excessiva conscienciosidade, escrúpulos e inflexibilidade em assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicados por identificação cultural ou religiosa); incapacidade de desfazer-se de objetos usados ou inúteis, mesmo quando não têm valor sentimental; relutância em delegar tarefas ou ao trabalho em conjunto com outras pessoas, a menos que estas se submetam a seu modo exato de fazer as coisas; adoção de um estilo miserável quanto a gastos pessoais e com outras pessoas; o dinheiro é visto como algo que deve ser reservado para catástrofes futuras; rigidez e teimosia.
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