Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação METABOLISMO DOS NUTRIENTES Meu nome é Márcio Henrique Gomes de Méllo. Sou Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto, graduado em Química Industrial pela Universidade de Ribeirão Preto, especialista em docência no Ensino Superior pela Universidade de Ribeirão Preto, pós-graduado em Pedagogia pela Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Taquaritinga, graduado em Tecnologia de Processos Gerenciais pela Universidade de Franca. Atuo como docente há 23 anos e também como perito judicial na área de Toxologia. Sou docente no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Aprovado em concurso público, atuo em diversas áreas do conhecimento. Trabalho desde 2005 nos cursos de Graduação e Pós-Graduação (presencial e EaD) da área da Saúde no Claretiano – Centro Universitário, na Universidade de Ribeirão Preto e na Universidade de Araraquara. E-mail: marciomello@claretiano.edu.br Meu nome é Juliana Aparecida Damante. Sou professora especialista em Nutrição Esportiva pelo Claretiano – Centro Universitário, graduada em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto. Hoje atuo nas áreas de Nutrição Clínica, Indústria de Alimentos e Desenvolvimento de Produtos Alimentícios. Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais Márcio Henrique Gomes de Méllo Juliana Aparecida Damante Batatais Claretiano 2018 METABOLISMO DOS NUTRIENTES © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 612.39 M486m Méllo, Márcio Henrique Gomes de Metabolismo dos nutrientes / Márcio Henrique Gomes de Méllo, Juliana Aparecida Damante – Batatais, SP : Claretiano, 2018. 96 p. ISBN: 978-85-8377-567-6 1. Água e sua importância no metabolismo; pH. 2. Introdução à química biorgânica. 3. Momenclatura dos compostos orgânicos. 4. Compostos bioquímicos: lipídeos, proteínas e carboidratos. I. Damante, Juliana Aparecida. II. Metabolismo dos nutrientes. CDD 612.39 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Metabolismo dos Nutrientes Versão: dez./2018 Formato: 15x21 cm Páginas: 96 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 9 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 11 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 12 UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 15 2.1. ÁGUA: IMPORTÂNCIA PARA A VIDA E SUAS PROPRIEDADES .............. 16 2.2. EQUILÍBRIO IÔNICO DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM O pH ................. 18 2.3. TAMPÕES DE LÍQUIDOS BIOLÓGICOS ................................................... 21 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 24 3.1. IMPORTÂNCIA DA AGUA E REGULAÇÃO DO pH ................................... 24 3.2. IMPORTÂNCIA DA HIDRATAÇÃO ............................................................ 25 3.3. CONTROLE DO pH NO ORGANISMO ...................................................... 25 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 26 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 27 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 27 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 28 UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 31 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 31 2.1. ESTUDO DO CARBONO ........................................................................... 31 2.2. ESTUDO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS ..................................................... 33 2.3. MACRONUTRIENTES – COMPOSTOS DE FUNÇÃO MISTA .................... 39 2.4. PROTEÍNA................................................................................................. 42 2.5. LIPÍDEOS E MEMBRANAS ....................................................................... 45 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 50 3.1. CARBOIDRATOS ....................................................................................... 50 3.2. PROTEÍNAS ............................................................................................... 50 3.3. LIPÍDEOS .................................................................................................. 51 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 51 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 52 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 53 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 53 UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 57 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 58 2.1. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS ............................................................... 58 2.2. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS ................................................................... 63 2.3. MINERAIS ................................................................................................. 66 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 73 3.1. BIODISPONIBILIDADE DE VITAMINAS ...................................................73 3.2. MINERAIS ................................................................................................. 74 4. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .................................................................. 74 5. 5. CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 76 6. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 76 UNIDADE 4 – METABOLISMO E VIAS METABÓLICAS 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 79 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 80 2.1. METABOLISMO DE CARBOIDRATOS ...................................................... 80 2.2. METABOLISMO DE LIPÍDEOS .................................................................. 88 2.3. METABOLISMO DE PROTEÍNAS .............................................................. 89 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 92 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 93 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 95 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 95 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 96 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Respeitando a missão do Claretiano de valorizar o respeito à pessoa humana, proporcionando ao futuro Nutricionista o conhecimento dos ciclos metabólicos, sínteses de nutrientes e patologias relacionadas e regulação para aplicação na saúde da coletividade e do indivíduo, a disciplina Metabolismo de Nutrientes contempla os estudos dos conhecimentos da química orgânica, na formação e metabolismo dos compostos bioquímicos, como lipídeos, protídeos, carboidratos e micronutrientes; a aplicação dos parâmetros bioquímicos ao Estado Nutricional relacionando o estudo do gasto energético em diversas patologias e esporte assim como a produção de radicais livres suas características e relação com o envelhecimento precoce e doenças degenerativas. Bibliografia Básica CARDOSO, M. A. Nutrição e metabolismo. Rio Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. 3. ed. Barueri: Manole, 2009. NELSON, D. l.; COX, M. M. Princípios da Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Bibliografia Complementar BRINQUES, G. B. Bioquímica humana aplicada à Nutrição. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. BRUICE, P. Y. Química orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 2v. COSTA, N. M. B.; PELUZIO, M. C. G. Nutrição Básica e metabolismo. Viçosa: UFV, 2008. DAU, A. P. A. Bioquímica Humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. E.; RAYMOND, J. L. Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 8 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES CONTEÚDO INTRODUTÓRIO É importante saber: –––––––––––––––––––––––––––––––– Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) Referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9© METABOLISMO DOS NUTRIENTES CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Conhecer o metabolismo de nutrientes é fundamental para o aprendizado da ciência da Nutrição, pois é necessário conhecer a função dos nutrientes, sua interação, absorção e vias metabólicas utilizadas para catabolizar e anabolizar. Na Unidade 1, iniciaremos os estudos com informações básicas sobre a água, como equilíbrio iônico e sua relação com o pH e os sistemas-tampão. Na Unidade 2, vamos conhecer os princípios básicos da Química Orgânica, como ligações e funções associadas a macronutrientes, carboidratos, proteínas e lipídeos, sua importância e fontes, abordando também as membranas. A Unidade 3 versará sobre micronutrientes, vitaminas, minerais, biodisponibilidade, fontes e doenças associadas à sua carência e/ou ao seu excesso. A última unidade é dedicada à abordagem do metabolismo humano, o que inclui as principais vias metabólicas, suas inter- relações e aplicação de parâmetros bioquímicos no estado nutricional, o estudo do gasto energético e a produção de radicais livres. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. 1) Aquaporinas: proteínas presentes nas membranas celulares que formam poros. 10 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 2) Aromáticos: compostos que possuem pelo menos um anel benzênico. 3) ATP: Adenosina Trifosfato. 4) Biodisponibilidade: percentual de aproveitamento de uma substância pelo organismo. 5) Biossíntese: produção de compostos químicos por seres vivos. 6) Carcinogênico: que favorece o desenvolvimento de câncer. 7) Clivagem: divisão ou separação de moléculas. 8) DNA: Ácido Desoxirribonucleico, capaz de expressar as informações genéticas. 9) Escorbuto: doença provocada pela carência de vitamina C. 10) Funções orgânicas: identificam os grupos funcionais de um composto. 11) Gliconeogênese: rota pela qual é produzida a glicose, a partir de não açucares. 12) Hemocromatose: sobrecarga de ferro, principalmente no fígado. 13) Hidrólise: quebra pela água. 14) Hidrogenação catalítica: reação química para saturar parcialmente gorduras. 15) Hipercalcemia: nível elevado de cálcio no sangue. 16) Lipogênese: síntese de ácidos graxos e triglicerídeos. 17) Lipólise: hidrólise de lipídeo, gerando ácidos graxos e sais. 11© METABOLISMO DOS NUTRIENTES CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 18) Pelagra: doença caracterizada por dermatite, distúrbios gastrintestinais e psíquicos. 19) Peroxidação: degradação oxidativa dos lipídeos. 20) pH: potencial hidrogeniônico. 21) Química Orgânica: parte da Química que estuda os compostos do carbono. 22) RNA: Ácido Ribonucleico, essencial para a síntese de proteína. 23) Talassemia: doença caracterizada pela redução do número de glóbulos vermelhos. 24) Tampão: solução formada por um ácido fraco e sua base conjugada, que impede a mudança do pH quando é adicionada uma dada quantidade de ácido ou base no organismo humano (NELSON; COX, 2014). 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Pode-se observar neste Esquema os principais conceitos abordados nesta obra e a rota para construir o conhecimento. Um exemplo de rota a ser construída a partir do Esquema é a seguinte: água é um solvente universal e está em equilíbrio de pH e pOH, e também está associada à absorção dos nutrientes. Os principais macronutrientes e micronutrientes são responsáveis pela construção,pela reconstrução, pela regulação celular, pelo fornecimento de energia, pela regulação e pelo estoque. 12 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Anabolismo Nutrientes Micronutrientes Água Proteínas Carboidratos Lipídeos Regulador solvente pH Reconstrução Catabolismo Energia Funcionalidade Reserva de energia Síntese de hormônios Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Metabolismo dos Nutrientes. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, M. A. Nutrição e metabolismo. Rio Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 3. ed. Barueri: Manole, 2009. NELSON, D. l.; COX, M. M. Princípios da Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 13 UNIDADE 1 ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO Objetivos • Relacionar a composição dos seres vivos e da água. • Reconhecer os compostos bioquímicos e sua importância nos grupos de alimentos. • Avaliar o funcionamento do organismo e as possíveis variações de pH. • Introduzir os conceitos da Biorgânica em relação ao metabolismo. Conteúdos • Água: propriedades físico-químicas, importância e tratamento. • A importância da água, sua composição e suas propriedades para a vida. • O pH do sangue, dos alimentos, do organismo e os sistemas-tampão, e sua importância. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) O estudo do metabolismo de nutrientes está diretamente ligado ao estudo da Química Biorgânica, ao pH, à água e às interações intra e extracelulares, por isso é importante entender o conteúdo abordado. 14 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 3) O estudo da água, de suas interações e da ionização é de extrema importância para a vida, e o mesmo vale para o tamponamento contra mudanças do pH em sistemas biológicos, como o ajuste da concentração no meio aquoso (NELSON; COX, 2014). 15© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 1. INTRODUÇÃO Esta unidade é dedicada ao estudo da água, do pH e dos conceitos básicos de Bioquímica. Iniciamos destacando a importância da água, que é a substância mais abundante da matéria viva, representando cerca de 60% a 70% do peso corpóreo dos seres vivos e podendo variar entre espécies e até mesmo em função da idade, do sexo e dos estados fisiológicos. Os jovens geralmente têm maior quantidade de água no corpo do que os adultos – na espécie humana, a relação é de aproximadamente 70% para jovens e de 60% para idosos. Na água pura, a quantidade de H+ é igual à de OH-; portanto, o pH é neutro. Nos seres vivos, o pH é mantido dentro de uma faixa normal, mesmo sofrendo adição de ácidos ou bases, por meio do sistema-tampão. Considerando esses fatores, o conhecimento das propriedades específicas da água como meio de transporte e troca de nutrientes é importante para o estudo do metabolismo, assim como do equilíbrio do pH. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 16 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 2.1. ÁGUA: IMPORTÂNCIA PARA A VIDA E SUAS PROPRIEDA� DES Além de ser a substância mais presente nos seres vivos, a água também é abundante no Planeta, pois cerca de ¾ da superfície estão cobertos por ela. Toda a vida na Terra está associada à água. A estrutura da água é formada segundo os vértices de um tetraedo (Figura 1), podendo se ligar a outras quatro moléculas por meio de pontes de hidrogênio. Essas pontes são ligações fracas que mantêm a água no estado líquido em condições normais de temperatura e pressão. Essa força de coesão entre as moléculas mantém a tensão superficial. Figura 1 Estrutura da molécula de água. A água possui calor específico muito alto, o que confere equilíbrio da temperatura nos tecidos, evitando mudanças no metabolismo e, como apresenta tensão superficial, permite estabilidade coloidal das células (água e proteínas). Outra característica é servir de meio de transporte, pois os processos metabólicos ocorrem em solução aquosa. A água subdivide-se de três formas no organismo: como líquido intersticial, em que ocorre a troca gasosa e de substâncias entre sangue e células; como intravascular, que se comunica com o intersticial através das membranas capilares; e como 17© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO transcelular, presente no sêmen, nos ossos, na saliva, na urina e outros. A redução da água incapacita o organismo de exercer qualquer tarefa – a redução de cerca de 5% do total diminui de 20% a 30% o exercício das funções orgânicas. Um grama de carboidrato, gordura e proteína correspondem, respectivamente, a 0,60 g, 1,70 g e 0,41 g de água (H20). A porcentagem de água nos alimentos mais comuns é: açúcar (1%), ovo (75%), gelatina (12%), manteiga (20%), pão (36%), carne bovina (66%), batata (80%), leite de vaca (88%) alface (95%). O balanço diário de água é dividido em ingestão e excreção: • Ingestão: a partir de líquidos, de 1.100 ml a 1.400 ml; água dos alimentos, de 800 ml a 1.000 ml; água de oxidação de nutrientes, 300 ml. A ingestão total deve ser de 2.200 ml a 2.700 ml. • Excreção: na urina, de 1.200 ml a 1.500 ml; nas fezes, de 100 ml a 200 ml; pela pele, de 500 ml a 600 ml; pelo pul- mão (ar expirado), 400 ml. Total: de 2.200 ml a 2.700 ml. Portanto, para adultos com peso ideal para a altura, a recomendação é de: 1) Jovem ativo (de 16 a 33 anos): 40 ml por kg de peso. 2) Maioria dos adultos (de 18 a 55 anos): 35 ml por kg de peso. 3) Idosos (de 55 a 75 anos): 30 ml por kg de peso. 4) Idosos (acima de 75 anos): 25 ml por kg de peso. 18 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 5) Crianças (até 10 kg de peso corpóreo): 100 ml por kg de peso. 6) Crianças (até 20 kg de peso corpóreo): 50 ml por kg de peso. A ingestão excessiva de água favorece a diurese e a intoxicação por água é incomum. Quando esta ocorre, significa que a ingestão ultrapassou a capacidade renal, que é de 0,7 ml a 1 l/hora. A água não é apenas um solvente em que ocorrem todas as reações químicas nas células, ela faz parte da formação de ATP e da reação de clivagem. As hidrólises também são responsáveis pela despolimerização de proteínas, carboidratos e ácidos nucleicos, catalisados por hidrolases. A participação da água nas reações biológicas é imprescindível, tanto nas reações de oxidação como nas de redução, condensação e hidrólises. Portanto, os organismos vivos são amplamente adaptados e desenvolveram meios para explorar as propriedades incomuns da água, tendo ela um papel determinante e profundo na evolução da vida (NELSON; COX, 2014). 2.2. EQUILÍBRIO IÔNICO DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM O pH Em água pura: Kw = [H+] = [OH-] As concentrações hidrogeniônica e hidroxiliônica são iguais. O pH é neutro = 7, conforme apresenta a Figura 2. 19© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO Figura 2 Constante de ionização da água. Soluções ácidas O aumento da quantidade de hidrogênio, com o deslocamento para a esquerda, é um processo que consome OH- e, portanto, a solução torna-se ácida (NELSON; COX, 2014). Soluções básicas Nas soluções básicas, ocorre aumento de OH- e o deslocamento para a direita: • Água pura: pH = 7; pOH = 7. • Soluções ácidas: pH < 7; pOH > 7. • Soluçõesbásicas: pH > 7; pOH < 7. • Pode se observar na Figura 3 a escala de pH. Grande parte das reações que ocorrem no organismo apresentam pH = 7; porém, algumas reações, como a quebra 20 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO de proteínas pela pepsina no estômago, apresentam pH de 1,5 a 2,5. No intestino, a tripsina responsável pela degradação de alimentos ocorre em pH de 8,0 a 10,0. A mudança nesses valores tem interferência direta na redução da velocidade dessas reações. Figura 3 Escala de pH. O conhecimento do pH é importante também para a produção de alimentos. Nos solos ácidos, o pH varia de 4,5 a 5,9, e cada cultura exige um pH adequado para produzir. O agricultor utiliza calcário (sal com características básicas) para a correção do pH do solo. Alguns compostos químicos são indicadores de pH, ou seja, sua cor se altera dependendo do pH em que se encontram. Alguns exemplos são: a fenolftaleína, que é incolor com pH de 0 a 8,3 e vermelha com pH de 10 a 14; o azul de bromotimol é amarelo com pH de 0 a 6 e azul com pH de 7,6 a 14; o alaranjado de metila é vermelho com pH de 0 a 3,1 e amarelo com pH de 4,4 a 14. Para verificar o pH de uma solução, pode-se utilizar também a mistura de vários indicadores e compará-la com um padrão. Existem alguns aparelhos que, por meio da diferença de potencial, identificam o pH da solução (peagâmetro) (NELSON; COX, 2014). 21© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO Figura 4 Algumas soluções e seu pH. 2.3. TAMPÕES DE LÍQUIDOS BIOLÓGICOS Os tampões são soluções formadas por um ácido fraco (doador de prótons) e sua base conjugada (aceptor de prótons). Dessa forma, se for adicionada uma dada quantidade de ácido ou de base, não ocorrem mudanças significativas de pH dentro da região de tamponamento. Os líquidos intra ou extracelulares, nos organismos multicelulares, têm pH quase constante. Qualquer variação pode ocasionar ineficiência ou falência destes, como representados no Quadro 1. Os sistemas tampões são uma linha de defesa contra alterações de pH. O sangue é um líquido bastante tamponado, com um pH entre 7,3 e 7,5. O plasma sanguíneo é muito bem tamponado pelo sistema bicarbonato (H2CO3) controlado pelo cérebro por meio do sistema respiratório e da filtração renal, mesmo quando ocorre adição de ácidos ou bases que podem ter sua origem na alimentação ou em algum tipo de reação metabólica. 22 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO O pH baixo determina a condição ácida do organismo e o pH alto, a condição básica, primordial para a manutenção da constância em níveis normais. Os pulmões, por meio da ventilação alveolar, alterando a profundidade e velocidade da respiração, promovem a estabilidade da concentração de CO2, levando à formação de ácido carbônico, que faz parte do tampão bicarbonato. Os rins, por meio da excreção dos túbulos renais, podem também aumentar ou diminuir o pH, secretando H+ ou NH3+ e regulando a concentração ácido-básica. O desequilíbrio de pH pode acontecer em decorrência de algumas doenças ou em uma intervenção cirúrgica e deve ser corrigido, ou poderá causar a morte do indivíduo. As alterações desse equilíbrio podem ser detectadas pelo exame de sangue na maior parte das situações, servindo como parâmetro do estado ácido-básico do organismo. Situações em que o pH do sangue está abaixo de 7,3 são consideradas acidoses. A acidose metabólica pode ser causada pelo acúmulo de ácidos ou pela perda excessiva de bicarbonato pelos rins ou intestino, causada por diarreia ou colite, problemas renais e diabete. O uso de medicamentos e doenças como a depressão podem excitar o centro respiratório, levando ao desequilíbrio de concentração de ácidos e álcalis. Situações em que o pH do sangue está acima de 7,5 são consideradas alcaloses. A alcalose metabólica ocorre pelo acúmulo de bicarbonato ou pela perda excessiva de ácidos ou líquidos extracelulares como úlcera péptica, vômitos constantes 23© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO e uso de diuréticos por períodos prolongados (NELSON; COX, 2014). Quadro 1 Distúrbios causados por acidose e alcalose. DISTÚRBIO MEIOS REGULATÓRIOS DIABETES Acidose metabólica Acidose respiratória (hiperventilação pulmonar) OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES Acidose respiratória Alcalose metabólica (excreção de íons H+) USO CONSTANTE DE BICARBONATO DE SÓDIO Alcalose metabólica Acidose respiratória (Hipoventilação pulmonar) EXCITAÇÃO DO CENTRO RESPIRATÓRIO Alcalose respiratória Acidose metabólica (aumento na excreção de HCO3 pelos rins) Fonte: adaptado de Nelson e Cox (2014). Para aprofundar-se em conceitos sobre a água, o equilíbrio ácido-básico e seu papel na nutrição, leia a obra de Nelson e Cox (2014). Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas e assistir aos vídeos indicados no Tópico 3 que se refere ao estudo do pH e tampões biológicos. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Tópicos Gerais para Metabolismo de Nutrientes – Vídeos Complementares – Complementar 1. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 24 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. A seguir, estão indicados alguns sites acadêmicos e obras que podem ser acessadas na biblioteca virtual para aprofundar os estudos. É importante que você acesse o material aprimorar o conteúdo. 3.1. IMPORTÂNCIA DA AGUA E REGULAÇÃO DO pH • ROSSI, L.; REIS, V. A. B.; AZEVEDO, C. O. E. Desidratação e recomendações para a reposição hídrica em crianças fisicamente ativas. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 28, n. 3, set. 2010. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 05822010000300013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 12 maio 2018. • FURONI, R. M. et al. Distúrbios do equilíbrio ácido- básico. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 12, n. 1, p. 5-12, 2010. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index. php/RFCMS/article/viewFile/2407/pdf>. Acesso em 12 maio 2018. • FONSECA, F. Assessment of acid-base balance portuguese. Journal of Nephrology & Hypertension, Lisboa, v. 29, n. 2, jun. 2015. Disponível em: <http:// www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_ serial&lng=pt&pid=0872-0169>. Acesso em: 04 jun. 2018. 25© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 3.2. IMPORTÂNCIA DA HIDRATAÇÃO A água é um solvente polar e dissolve a maioria das biomoléculas, funciona com meio de transporte de substâncias e também é responsável pelo controle de temperatura dos organismos. Sua influência na evolução da vida é absolutamente indispensável, a ponto de só haver vida semelhante à terrestre por causa da presença da água no estado líquido. Assista ao vídeo Importância da água para o corpo humano para um melhor entendimento sobre o assunto. • SARDINHA, V. Importância da água para o corpo humano. Brasil Escola, 2017. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=8lUcNUiiQ6I>. Acesso em: 2 abr. 2018. 3.3. CONTROLE DO pH NO ORGANISMO Quase todos as reações biológicas são dependentes do pH. Qualquer variação pode interferir no processo de forma negativa,as enzimas necessitam de pH ótimo para catalisar as reações, portanto, a compreensão do pH, de seus efeitos e mecanismos de controle é muito importante. Para tanto, assista ao vídeo a seguir: • UNIVESP. Introdução à Bioquímica - Aula 3 - Parte 1 - pH e tampões biológicos. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=BYm9VbbTmmI>. Acesso em: 04 jun. 2018. 26 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) A água constitui cerca de 60% a 70% do peso corpóreo dos organismos vi- vos. Em um mesmo indivíduo na mesma etapa de desenvolvimento, o teor de água pode variar de tecido para tecido. Essa substância tão comum é muito especial para a vida por possuir as seguintes características: a) Calor específico muito alto, tensão superficial grande e alto poder de dissolução. b) Atua no equilíbrio da temperatura dentro da célula, impedindo mu- danças bruscas de temperatura que afetam o metabolismo celular. c) As moléculas com cargas aderem-se fortemente às moléculas de água, o que permite a manutenção e a estabilidade coloidal (água + proteínas). d) É um solvente universal, pois todas as reações químicas celulares ocor- rem em solução. e) Todas as afirmativas estão corretas. 2) O pH sanguíneo é mantido dentro de uma faixa normal, apesar da adição de ácidos e álcalis provenientes da dieta. É correto afirmar que: a) O pH do organismo é mantido constante por meio de uma dieta equi- librada em alimentos que possuem pH neutro. b) O pH do organismo é mantido constante por meio de solução tampão proveniente da dieta. c) O pH do organismo é mantido constante porque existem mecanismos fisiológicos que produzem solução tampão, impedindo sua variação. d) O pH do organismo é mantido constante por meio de uma reação de neutralização que ocorre entre os ácidos do estômago e as enzimas do intestino. e) Todas as alternativas estão corretas. 27© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) e. 2) c. 5. CONSIDERAÇÕES Esta unidade apresentou alguns aspectos básicos sobre a água, sua relação com a vida e as propriedades peculiares relacionadas a sua estrutura molecular, que estabelecem sua capacidade de dissolver a maioria dos compostos bioquímicos, tornando-se, dessa forma, um solvente universal dentro dos sistemas biológicos imprescindíveis à vida. Também foram abordadas a concentração hidrogeniônica e hidroxiliônica e sua relação com os processos metabólicos e sistemas biológicos regulatórios. O ideal é que você complemente seus estudos por meio das referências bibliográficas citadas e das sugestões de leitura e de vídeos feitas no decorrer da unidade e no Conteúdo Digital Integrador. Dando continuidade ao tema, a próxima unidade tratará dos compostos orgânicos e bioquímicos. 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Estrutura da molécula de água. Disponível em: <http://brasilescola.uol. com.br/quimica/relacao-entre-polaridade-solubilidade-das-substancias. htm>. Acesso em: 2 abr. 2018. 28 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 1 – ÁGUA, PH E SUA IMPORTÂNCIA NO METABOLISMO Figura 2 Constante de ionização da água. Disponível em: <https://image.slidesharecdn. com/equilbrioparte2-131015115924-phpapp01/95/equilbrio-parte2-33-638. jpg?cb=1381838477>. Acesso em: 23 abr. 2018. Figura 3 Escala de pH. Disponível em: <http://andre-godinho-cfq-8a.blogspot. com.br/2012/12/escala-de-ph.html>. Acesso em: 2 abr. 2018. Figura 4 Algumas soluções e seu pH. Disponível em: <http://andre-godinho-cfq-8a. blogspot.com.br/2012/12/escala-de-ph.html/>. Acesso em: 2 abr. 2018. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FONSECA, M. R. M. Quimica volume 3. São Paulo: ed. FTD, 2007. NELSON, D. l.; COX, M. M. Princípios da Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 29 UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Objetivos • Conhecer os princípios básicos da Química Orgânica. • Compreender a importância das principais funções orgânicas. • Relacionar os compostos bioquímicos e sua importância nutricional. Conteúdos • Ligações químicas. • Funções da Química Orgânica. • Macronutrientes: importância e fontes. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) O estudo do metabolismo de nutrientes está relacionado à biodisponibilidade e aos processos de absorção. Portanto, é necessário conhecer sua natureza química e as características moleculares dessas substâncias. Aprofunde seu conhecimento com a leitura das obras indicadas nas referências bibliográficas. UNIDADE 2 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES 31© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 1. INTRODUÇÃO A Química Orgânica é a parte da Química que estuda o carbono e os compostos deste elemento, os tipos de ligações, os tipos de cadeia e a fórmula estrutural em que os compostos se organizam. Conhecer seus princípios básicos é muito importante, porque a forma estrutural e a composição têm papel relevante no metabolismo e nas funções biológicas. O estudo dos compostos bioquímicos é indispensável no estudo do metabolismo de nutrientes devido à diversidade de compostos presentes neles e às reações enzimáticas necessárias para a sua assimilação. Os macronutrientes são reduzidos em frações menores para que ocorra o processo de absorção, tornando-se necessário conhecer todos os monômeros que os compõem e suas interações metabólicas. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. ESTUDO DO CARBONO O emprego de compostos orgânicos na alimentação modificados bioquimicamente pelo homem, data de aproximadamente 1.500 a.C., na forma de vinhos, fórmulas medicinais e alimentos. 32 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS A Química Orgânica é a parte da Química que estuda os compostos do carbono, porém nem todos os compostos são orgânicos. É importante conhecê-la, pois está presente em nossas vidas. Para enxergar, por exemplo, o nosso corpo usa o cis retinal, que converte a luz em impulso nervoso; por meio da conversão de glicose em energia, convertemos ligações químicas em energia para as células; os impulsos nervosos são transmitidos entre os neurônios por intermediação de moléculas orgânicas, daí a importância da compreensão para o aprendizado de metabolismo. Os princípios básicos para o estudo da Química Orgânica são três postulados lançados entre 1858 e 1861 por August Kekulé, Archibald Scott Couper e Aleksandr M. Butlerov. O primeiro postulado afirma que o carbono é tetravalente e faz quatro ligações, podendo ser quatro ligações (simples) σ ou três ligações σ e uma π (dupla) ou duas ligações π e duas σ ou três σ e uma π (tripla), como demonstrado na Figura 1. É importante conhecer essas ligações, pois as ligações duplas π caracterizam um composto e o processo de clivagem é biologicamente específico. Figura 1 Tipos de ligações do carbono. 33© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS O segundo postulado define que as quatro ligações simples de um carbono são iguais. E o terceiro postulado determina queo carbono é capaz de formar ligações químicas sucessivas, formando cadeias, originando um número muito grande de compostos (BRUICE, 2006). 2.2. ESTUDO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS As funções orgânicas são divididas em grupos funcionais e, pela nomenclatura, deve ser possível identificar o composto pelo nome, e vice-versa. Hidrocarbonetos São compostos químicos formados apenas por carbono e hidrogênio, destacando-se os alcanos de cadeia aberta e saturada (apresentam apenas ligações simples entre carbonos e por isso são saturados); os alcenos de cadeia aberta, que possuem uma ligação dupla entre os átomos de carbono (insaturados); os alcadienos de cadeia aberta, que possuem duas ligações duplas entre carbonos; os alcinos de cadeia aberta, que possuem uma ligação tripla entre carbonos e os ciclanos de cadeia fechada, que possuem apenas ligações simples entre os carbonos. Pode-se observar, nas Figuras 2 e 3, como é montada a nomenclatura dos compostos – o número de carbonos é o prefixo, a presença ou não de insaturações é o infixo e a terminação é a função a que pertence (BRUICE,2006). 34 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Figura 2 Nomenclatura e forma estrutural de hidrocarbonetos. Figura 3 Fórmula estrutural de hidrocarbonetos. Aromáticos Os compostos aromáticos apresentam na molécula pelo menos um anel de benzeno, como representado na Figura 4 (BRUICE, 2006). Figura 4 Compostos aromáticos. 35© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Álcoois Os álcoois apresentam na molécula uma ou mais hidroxilas, podendo ser classificados como monoálcool ou poliálcool, conforme Figura 5 (BRUICE,2006). Figura 5 Classificação de álcoois. A nomenclatura oficial utiliza a terminação “-ol”, conforme Figura 6. Figura 6 Exemplos de álcoois. Os álcoois de cadeia curta são solúveis em água. Os monoálcoois mais importantes são metanol e etanol. O metanol é tóxico, podendo causar cegueira e até a morte quando ingerido. O etanol, pouco tóxico, é utilizado como combustível e como bebida alcoólica (BRUICE, 2006). 36 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Quadro 1 Nomenclatura do álcool. FUNÇÃO GRUPO FUNCIONAL FÓRMULA GERAL TERMINAÇÃO EXEMPLO Álcool - OH R - OH ...OL metanol Fonte: adaptado de Fonseca (2007). Aldeídos Os aldeídos são compostos bastante reativos, alguns possuem cheiro forte e os que têm cadeia longa apresentam aroma agradável e são constituintes de diversas essências, como a de amêndoa e a vanilina. A nomenclatura oficial é definida pela terminação “-al”, e o grupo funcional que os caracteriza está representado no Quadro 2. Quadro 2 Nomenclatura do aldeído. FUNÇÃO FÓRMULA GERAL TERMINAÇÃO EXEMPLO Aldeído RC=O ...aL metanal Fonte: adaptado de Fonseca (2007). Cetonas As cetonas possuem cheiro agradável e são constituintes de óleos essenciais encontrados em flores, frutas e sementes vegetais. A nomenclatura oficial é caracterizada pela terminação “-ona”, representada no Quadro 3 (BRUICE, 2006). Quadro 3 Nomenclatura de cetonas. FUNÇÃO FÓRMULA GERAL TERMINAÇÃO EXEMPLO Cetonas R-CO-R ...ona Propanona Fonte: adaptado de Bruice (2006). 37© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Ácido carboxílico Os ácidos carboxílicos são compostos importantes no estudo do metabolismo, pois eles atribuem características nutricionais diferenciadas aos lipídeos, dependendo do tamanho da cadeia, posição e quantidade de duplas ligações, são compostos que apresentam uma ou duas carboxilas. A nomenclatura oficial utiliza a terminação “-oico” representada no Quadro 4 – por exemplo: “benzoico”, “etanoico”, “hexanodioico” (BRUICE, 2006). Quadro 4 Nomenclatura do ácido carboxílico. FUNÇÃO GRUPO FUNCIONAL FÓRMULA GERAL TERMINAÇÃO EXEMPLO Ácido carboxílico R-COOH Ácido ...oico Ácido Metanoico Fonte: adaptado de Bruice (2006). Ésteres São obtidos pela reação entre um ácido carboxílico e um álcool, possuem aroma agradável e são utilizados na fabricação de doces, balas, refrescos e perfumes. A nomenclatura é composta pelo nome do ácido de origem, conforme representado no Quadro 5. Substitui-se a terminação “-oico” por “-ato”, seguida do radical ligado ao oxigênio. Exemplo: essência de morango (butanoato de etila), essência de laranja (etanoato de n-octila), essência de abacaxi (hexanoato de etila). 38 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Quadro 5 Nomenclatura de ésteres. FUNÇÃO GRUPO FUNCIONAL FÓRMULA GERAL TERMINAÇÃO EXEMPLO Ésteres R-COO-R ...ato de ... Metanoato de metila Fonte: adaptado de Fonseca (2007). Aminas As aminas são formadas pela substituição dos hidrogênios do NH3 por radicais orgânicos, como demonstrado no Quadro 6. Na indústria de alimentos, são utilizadas na fabricação de corantes. Para dar nome a uma amina, considera-se uma cadeia de hidrocarbonetos ligada a um radical amino (grupo-NH3) (BRUICE, 2006). Quadro 6 Nomenclatura de aminas. FUNÇÃO GRUPO FUNCIONAL FÓRMULA GERAL TERMINAÇÃO EXEMPLO Aminas Amina Primária HNH-R Secundária R-N-R Terciária R-N=R2 NH-R Radical...amina metanamina Fonte: adaptado de Bruice (2006). 39© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 2.3. MACRONUTRIENTES – COMPOSTOS DE FUNÇÃO MISTA Carboidratos São chamados carboidratos os compostos de função mista poliálcool–aldeído ou poliálcool–cetona ou os compostos que, ao sofrerem hidrólise, formam um composto com essas características. Constituindo a principal fonte de energia utilizada pelos seres vivos (produção de ATP), fonte primária de combustível produzido pelas plantas por meio da fotossíntese, a glicose é a base para a síntese de formas mais complexas de carboidratos e de energia para a vida vegetal e animal. Carboidratos fornecem de 50% a 60% das calorias totais diárias da dieta dos indivíduos, além de representar um papel importante na manutenção da integridade do trato digestório (por meio de alimentos ricos em fibras) e no fornecimento de energia para o cérebro e o sistema nervoso. Cada grama de carboidrato fornece 4 kcal. São compostos orgânicos formados por moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio, com exceção dos oligossacarídeos, polissacarídeos e álcoois do açúcar (sorbitol, manitol, maltitol, galactitol e lactitol). Possuem razão molecular C:H:O de 1:2:3. A classificação dos carboidratos se dá conforme a capacidade de serem hidrolisados. Carboidratos simples incluem monossacarídeos (glicose, galactose e frutose), dissacarídeos (maltose, sacarose e lactose) e oligossacarídeos (rafinose e estaquiose), e os complexos incluem os polissacarídeos (amido, glicogênio, pectinas, celuloses e gomas). 40 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Monossacarídeos Os monossacarídeos possuem estrutura química mais simples e podem ser subdivididos conforme o número de átomos de carbonos, como a glicose (aldose) e a frutose (cetose), que são compostas por uma única ose. Figura 7 Fórmula estrutural da glicose e da frutose. Glicose é o monossacarídeo do sangue e funciona como combustível metabólico principal, também conhecido como dextrose. É também encontrada nas frutas e nos vegetais e pode ser produzida industrialmente a partir da hidrolise ácida do amido. Ligada a outro monossacarídeo, é componente de todos os açúcares e também estrutura básica do amido e da celulose. A frutose, também conhecida como o açúcar das frutas ou levulose (pois está presente nas frutas, nas verduras e no mel), apresenta um teor de doçura maior que os outros monossacarídeos e, combinada à glicose, forma a sacarose. A galactose, encontrada no leite, obtida pela hidrólise da lactose e menos solúvel em água que a glicose, é formada pela secreção das glândulas mamárias. 41© METABOLISMO DOS NUTRIENTESUNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Dissacarídeos Os dissacarídeos são carboidratos constituídos por duas moléculas de monossacarídeos. Os mais comuns são a sacarose, a lactose e a maltose. Quadro 7 Composição de fontes de carboidratos. AÇÚCAR COMPOSIÇÃO FONTE Sacarose Glicose + Frutose Cana-de-açúcar, beterraba açucareira Lactose Glicose + Galactose Leite Maltose Glicose + Glicose Amido Fonte: adaptado de Cozzolino (2009). Polissacarídeos Os polissacarídeos constituem uma eficiente forma de estocagem de energia pelas plantas. São formados por monossacarídeos de, geralmente, 10 a 10.000 unidades e sua fórmula geral é (C6H10O5)n. O amido é uma reserva vegetal de glicídeos, presente nas sementes, nas raízes e nos tubérculos. É formado pela união de glicoses, possui amilose em sua estrutura não ramificada e amilopectina na estrutura ramificada. A celulose, também conhecidas como fibras alimentares, constitui a estrutura das plantas e está presente no caule, nas folhas e na cobertura externa das sementes. Não sofre ação das enzimas digestivas humanas; com isso, fornece massa necessária para uma ação peristáltica eficiente e não confere valor calórico aos alimentos. 42 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS As fibras são classificadas segundo a sua solubilidade em água como solúveis (pectina e gomas) e insolúveis (celulose, hemicelulose e lignina). A maioria dos alimentos contém os dois tipos de fibras em diferentes proporções. As fibras solúveis encontradas em polpas de frutas, aveia e leguminosas, em contato com a água, adquirem uma consistência viscosa, promovendo a sensação de saciedade, retardando o esvaziamento gástrico e auxiliando no controle da ingestão dos alimentos. Além disso, a velocidade da absorção da glicose é reduzida na presença das fibras solúveis no intestino delgado, resultando em menor pico glicêmico pós-prandial. Vale também mencionar que elas reagem com os sais biliares, aumentando a excreção nas fezes e atuando indiretamente na redução da concentração plasmática do colesterol. As fibras insolúveis são encontradas principalmente em legumes, vegetais folhosos, farelos e cereais integrais e contribuem para a formação do bolo fecal (COZZOLINO, 2009). 2.4. PROTEÍNA As proteínas são macromoléculas formadas por cadeias longas de aminoácidos. Os aminoácidos apresentam um grupo amina ligado a um ácido carboxílico, conforme a Figura 8. Fonte: adaptado de Nelson e Cox (2014). Figura 8 Estrutura química do aminoácido. 43© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS Os aminoácidos primários foram inicialmente classificados em essenciais e não essenciais. Os nove aminoácidos essenciais são aqueles não sintetizados pelo organismo humano e, por isso, devem ser obtidos pela dieta. Atualmente, essa classificação sofreu modificações para essenciais, não essenciais e semiessenciais, conforme demonstrado no Quadro 8. Quadro 8 Aminoácidos. ESSENCIAIS NÃO ESSENCIAIS SEMIESSENCIAIS PRECURSORES DOS AMINOÁCIDOS SEMIESSENCIAIS Histidina Ácido aspártico Arginina Glutamina/ glutamato, aspartato Isoleucina Asparagina Cisteína Metionina, serina Lisina Ácido Glutâmico Glutamina Ácido glutâmico/ amônia Leucina Serina Glicina Serina, colina Triptofano Prolina Glutamato Treonina Tirosina Fenilalanina Metionina Fenilalanina Valina Fonte: adaptado de Cozzolino (2009). As ligações peptídicas ligam os grupamentos amina de um aminoácido ao grupo carboxila de outros aminoácidos, ocorrendo a remoção de uma molécula de água. Ligações sucessivas formam 44 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS grandes cadeias. As proteínas são macromoléculas formadas por, no mínimo, cem ligações peptídicas. Os compostos que possuem entre duas e cem ligações peptídicas são considerados polipeptídios. A única exceção é a insulina, que possui 51 ligações e é secretada pelas células β pancreáticas. As proteínas são classificadas quanto à forma e à composição. As fibrosas são formadas por uma longa cadeia, formando fibras globulares encontradas no sangue e apresentam a cadeia polipeptídica dobrada. Quanto à composição, são consideradas simples quando são formadas por um único aminoácido e conjugadas quando há presença de uma parte não proteica, como as fosfoproteínas, as cromoproteínas, as glucoproteínas e as glicoproteínas. As proteínas diferem na forma de organização elaborada por fator genético e influenciada pelo meio ambiente. Portanto, cada proteína é diferente da outra por sua estrutura primária. A secundária é o dobramento da estrutura primária sobre ela mesma, formando hélices unidas por pontes de hidrogênio. A terciária é o dobramento da secundária, causando o enovelamento e, para manter essa estrutura além das pontes de hidrogênio, também as pontes de dissulfeto entram em ação, conferindo a atividade biológica da proteína. A estrutura quaternária é a união de mais unidades que passam a ter função somente quando estão ligadas, como acontece com a hemoglobina (MAHAN; ESCOTT- STUMP; RAYMOND, 2014). 45© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 2.5. LIPÍDEOS E MEMBRANAS Lipídeos que contêm ácidos graxos em sua estrutura química Os lipídeos são ésteres de ácidos graxos formados por condensação com álcool. Figura 9 Estrutura da molécula de triglicerídeo. São compostos importantes da dieta, fontes de energia, formadores de membranas celulares, fazem parte da síntese hormonal, antioxidantes e carreadores das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Os lipídeos são classificados quanto à composição química e à presença de insaturações. Segundo a composição química dos lipídeos, há lipídeos simples ou ternários, que pertencem ao grupo dos cerídeos e dos glicerídeos; e há também lipídeos complexos, que contêm fósforo e enxofre na molécula, como os fosfatídeos, cerebrosídeos e esteroides (COZZOLINO, 2009). Os glicerídeos podem ser sólidos ou líquidos: • Gorduras comumente se mantêm no estado sólido na temperatura ambiente, e geralmente são de origem animal, predominando nos ácidos graxos saturados somente ligações simples (σ) entre carbonos. 46 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS • Óleos são líquidos na temperatura ambiente, geralmente de origem vegetal, em que predominam ácidos graxos insaturados com uma ou mais ligações duplas entre carbonos (π). Os cerídeos estão presentes em vegetais, revestindo as folhas para evitar perda de água, ou em animais, revestindo as penas de aves. Os lipídeos complexos dividem-se em: • Fosfolipídeos: formados por ácidos graxos, ácido fosfórico e aminoálcool, presentes na gema do ovo, no azeite de soja e no cérebro. • Cerebrosídeos: formados por ácidos graxos, galactose e aminoálcoois. Ocorrem nas células do sistema nervoso. • Esteroides: estão presentes em animais e plantas e são derivados do colesterol, componente estrutural das membranas celulares e precursor da vitamina D, testosterona e estradiol (COZZOLINO, 2009). Há dois principais ácidos presentes em alimentos e fontes: 1) Ácidos graxos saturados: presentes na manteiga, nas carnes, nos queijos, no creme de leite, no óleo de palma e coco, no cacau, no dendê, no sebo e na banha,como demonstrado no Quadro 9. Quadro 9 Principais ácidos graxos saturados presentes em alimentos. NOME USUAL NOME OFICIAL Ácido butírico Ácido butanoico Ácido caproico Ácido hexanoico Ácido caprílico Ácido octanoico Ácido cáprico Ácido decanoico 47© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS NOME USUAL NOME OFICIAL Ácido láurico Ácido duodecanoico Ácido merístico Ácido tetradecanoico Ácido palmítico Ácido hexadecanoico Ácido esteárico Ácido octadecanoico Ácido melíssico Ácido untriacontanoico Fonte: adaptado de Mahan, Escott-Stump e Raymond (2014).1) Ácidos graxos insaturados: são ácidos que apresentam de 4 a 36 átomos de carbono na molécula com uma ou mais duplas ligações. Na natureza, estão na posição CIS, como demonstrado na Figura 10. a) Monoinsaturados: oleicos com apenas uma ligação dupla, estão presentes no amendoim, nas nozes, nas castanhas, no azeite de oliva, no óleo de canola. b) Poli-insaturados: linoleicos (duas duplas), presentes nos óleos vegetais (soja, linhaça, milho, algodão e gi- rassol), e linolênicos (três duplas), presentes nos peixes marinhos de regiões geladas e profundas – bacalhau, salmão e sardinhas (NELSON; COX, 2014). Quadro 10 Principais ácidos graxos insaturados. ÁCIDO POSIÇÃO Ácido oleico, 18 carbonos, 1 dupla ligação ϖ- 9 Ácido linoleico, 18 carbonos, 2 duplas ligações ϖ- 6 Ácido linolênico, 18 carbonos, 3 duplas ligações ϖ- 3 Fonte: adaptado de Mahan, Escott-Stump e Raymond (2014). Hidrogenação catalítica O processo de hidrogenação consiste em modificar o óleo vegetal por meio de reação com o hidrogênio. É realizado pela 48 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS indústria alimentícia com o objetivo de atribuir consistência desejada ao óleo (passa para o estado sólido), aumentar a vida de prateleira e melhorar a palatabilidade e também evitar os processos oxidativos, porque se torna parcialmente saturado. O inconveniente do processo é a formação de gorduras trans. Apesar de ainda apresentar insaturações em sua estrutura, comportam-se como gordura saturada (NELSON; COX, 2014). Figura 10 Fórmula estrutural Cis/Trans. Membranas As membranas possuem um arranjo de proteínas e lipídeos específicos, variando de acordo com o tipo e a função biológica. As células têm mecanismos que controlam os tipos e as quantidades de lipídeos que elas sintetizam. Membranas plasmáticas são ricas em colesterol, membranas mitocondriais contêm muito pouco colesterol, mas contêm fosfatidiglicerol. Quanto à composição proteica, esta reflete uma especialização funcional. Por exemplo, na glicoproteína da membrana plasmática do eritrócito, 60% de sua massa é formada por oligassacarídeos complexos. Algumas proteínas de membranas são covalentes e ligadas a um ou mais lipídeos, 49© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS funcionando como fixadoras de proteínas na membrana. As membranas definem os limites celulares, organizando sequências de reações complexas. Os lipídeos e as proteínas são inseridos em bicamada, portanto, as membranas são estruturais. Na membrana, ocorre movimento de compostos por difusão passiva, por diferença de concentração ou pelo transporte de solutos por meio de uma fonte de energia metabólica. Esse transporte pode ser passivo ou ativo – o ativo é movido por ATP e o ativo secundário, movido pelo fluxo a favor do seu gradiente. A água atravessa a membrana pelas aquaporinas reguladas. Algumas delas também transportam glicerol e ureia. As membranas, além de proteger as células, são a base para a seletividade do filtro e das mutações que possam ocorrer (NELSON; COX,2014). Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve assistir aos vídeos propostos no Tópico 3 sobre os carboidratos, proteínas e lipídeos. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Tópicos Gerais para Metabolismo de Nutrientes – Vídeos Complementares – Complementar 2. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 50 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. CARBOIDRATOS Os carboidratos são biomoléculas muito abundantes, convertidas por meio da fotossíntese e são muito importantes na dieta, pois, além de terem como principal função fornecer energia para o organismo, também têm função reguladora. Assista ao vídeo para aprofundar seus conhecimentos. • MORAES, G. Carboidratos parte 3 – Metabolismo. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=56b8IxGLsKY>. Acesso em: 10 abr. 2018. 3.2. PROTEÍNAS Consideradas como nutriente essencial para o organismo, as proteínas são formadas por uma combinação de 20 aminoácidos e cumprem funções estruturais e funcionais. Os aminoácidos representam a unidade básica da proteína, que é formada por, no mínimo, 100 unidades. As quantidades de aminoácidos devem ser supridas por uma dieta balanceada para manutenção da vida e da saúde. Para entender melhor o conteúdo, assista ao seguinte vídeo: • UNIVESP. Introdução à Bioquímica – Aula 4 – Parte 1 – Aminoácidos, peptídeos e proteínas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xWAuzGvD9Gg>. Acesso em: 04 jun. 2018. 51© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 3.3. LIPÍDEOS Os lipídeos são substâncias formadas por ácidos graxos e álcool, podendo ser mono, di ou triésteres. Suas funções biológicas são diversas e são ótimas reservas de energia, além de fazer parte das membranas celulares. Para aprofundar o assunto e compreendê-lo a fundo, assista ao vídeo indicado a seguir: • RITA CASTRO Nutricionista. Aula – Parte 2. Gorduras – Digestão e absorção. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=0qa6BF3drV4&t=7s>. Acesso em: 04 jun. 2018. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) (UFS/2008) As proteínas são substâncias que estão presentes em todos os seres vivos. As proteínas são formadas por unidades menores, denominadas: a) ácidos nucleicos. b) aminoácidos. c) monossacarídeos. d) enzimas. e) ligações peptídicas. 2) (UCPel/2006) Os lipídeos são moléculas apolares que não se dissolvem em solventes polares como a água. Com relação aos lipídeos, podemos afirmar que: I - São moléculas ideais para o armazenamento de energia por longos períodos. 52 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS II - Importantes componentes de todas as membranas celulares. III - Estão diretamente ligados à síntese de proteínas. IV - Servem como fonte primária de energia. V - A cutina, a suberina e a celulose são exemplos de lipídeos. A(s) alternativa(s) correta(s) é(são): a) I, IV e V. b) I e III. c) II e IV. d) II e V. e) I e II. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) b. 2) e. 5. CONSIDERAÇÕES Esta unidade apresentou alguns aspectos básicos envolvendo Química Orgânica e Bioquímica, com destaque aos compostos químicos e bioquímicos necessários para o estudo das ciências nutricionais. O tema é extremamente amplo e, portanto, o ideal é que você complemente seus estudos por meio das referências bibliográficas citadas e das sugestões de leitura feitas no decorrer da unidade e dos vídeos indicados no Conteúdo Digital Integrador. Como continuação do assunto, a próxima unidade tratará dos micronutrientes e da biodisponibilidade de nutrientes. 53© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Tipos de ligações do carbono. Disponível em: <https://image.slidesharecdn. com/265-131022125050-phpapp02/95/265-5-638.jpg?cb=1382446315>. Acesso em: 23 abr. 2018.Figura 2 Nomenclatura e forma estrutural de hidrocarbonetos. Disponível em: <http:// www.antoniolima.web.br.com/arquivos/hidrocarboneto.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 3 Fórmula estrutural de hidrocarbonetos. Disponível em: <https://educacao.uol. com.br/disciplinas/quimica/compostos-organicos-formulas-estruturais-e-principais- classes.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 4 Compostos aromáticos. Disponível em: <http://www.oocities.org/vienna/ choir/9201/aromaticos.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 5 Classificação de álcoois. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com. br/quimica/alcoois.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 6 Exemplos de álcoois. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/ nomenclatura-oficial-dos-alcoois.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 7 Fórmula estrutural da glicose e da frutose. Disponível em: <http://www.klickeducacao.com.br/simulados/simulados_ mostra/0,7562,POR-13051-47-828-2006,00.html>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 9 Estrutura da molécula de triglicerídeo. Disponível em: <http:// quimicafisiologicaufrrj.blogspot.com.br/2017/04/digestao-e-absorcao-dos-lipidios. html>. Acesso em: 5 abr. 2018. Figura 10 Fórmula estrutural Cis/Trans. Disponível em: <http://bioquimicadocolesterol. blogspot.com.br/2010/07/gordura-trans.html>. Acesso em: 5 abr. 2018. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUICE, P. Y. Química orgânica. 4. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2006. v. 1. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. 3. ed. Barueri: Manole, 2009. FONSECA, M. R.M. Quimica volume 3 .São Paulo: FTD, 2007. 54 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 2 – QUÍMICA DO CARBONO E COMPOSTOS BIOQUÍMICOS MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. E.; RAYMOND, J. L. Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. NELSON, D. I.; COX, M. M. Princípios da Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 55 VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE Objetivos • Compreender a importância das vitaminas hidrossolúveis. • Evidenciar as funções e as necessidades das vitaminas lipossolúveis. • Identificar as fontes e as funções dos minerais. • Estabelecer a proporção de substâncias ativas, de acordo com a biodisponibilidade. Conteúdos • Vitaminas hidrossolúveis. • Vitaminas lipossolúveis. • Minerais. • Biodisponibilidade. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em si- tes confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pes- soal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) O estudo dos micronutrientes é importante para identificar suas funciona- lidades e necessidades nutricionais. Por isso, indicamos a leitura do livro: Biodisponibilidade de nutrientes (COZZOLINO, 2009). UNIDADE 3 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES 57© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE 1. INTRODUÇÃO O conhecimento da composição dos alimentos é de extrema importância para estabelecer sua ligação com uma alimentação equilibrada. As ciências nutricionais, por meio do estudo da composição química dos alimentos, identificou sua importância e as necessidades que temos deles. Aprender os conceitos e as fontes das vitaminas e minerais, assim como sua biodisponibilidade, é indispensável para estabelecer a proporção de uma substância ativa e absorvida pelo organismo, garantindo seu aproveitamento e suas concentrações. O estudo da biodisponibilidade de nutrientes determina quantitativamente o seu papel metabólico para suprir as funções fisiológicas, indicando, então a quantidade que deve ser ingerida. Portanto, devem ser considerados a relação e os hábitos alimentares dos indivíduos. A determinação da biodisponibilidade vai ao encontro da prevenção dos estados de desnutrição e de doenças relacionadas. A biodisponibilidade é definida pela sua acessibilidade aos processos metabólicos e fisiológicos normais. Com isso, deve-se considerar a toxidade da ingestão em excesso. Existem interações entre nutrientes, o que pode causar desequilíbrio e interferir na excreção, no transporte ou no acúmulo de um determinado composto. Então, faz-se necessário entender os processos de absorção e acúmulo de micronutrientes. 58 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS A seguir, vamos tratar individualmente das vitaminas hidrossolúveis. Confira. Vitamina C Também conhecida como ácido ascórbico, está presente em frutas cítricas, frutas silvestres e na maior parte dos vegetais. A vitamina C ficou em evidência porque sua deficiência pode causar a doença escorbuto. No processo de cocção dos alimentos, ocorrem grandes perdas de vitamina C. Portanto, alimentos ingeridos crus têm maior disponibilidade dessa vitamina, e a estocagem também reduz os níveis desta. Atualmente, evidencia-se sua importância também pelo seu potencial antioxidante. Está envolvida na biossíntese do colágeno, da carnitina e de outras funções enzimáticas. A vitamina C também está ligada à conversão de colesterol em ácidos biliares. É a primeira linha de defesa do organismo contra agentes oxidantes e atua também no metabolismo do ferro. 59© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE Seu potencial antioxidante também tem efeito anticarcinogênico, reduzindo os radicais livres superóxidos e evitando danos ao DNA. Também fortalece as paredes dos vasos sanguíneos, acelera a cicatrização, controla o colesterol e previne aterosclerose. A absorção ocorre de forma rápida e eficiente na mucosa intestinal, ou seja, de 80% a 95% são absorvidos em até 100 mg de vitamina C. A biodisponibilidade da vitamina C é determinada medindo-se o aumento da concentração do plasma após uma dose oral. Sua excreção é realizada por meio da urina. A vitamina C não pode ser armazenada. Sinais de deficiência só aparecem de quatro a seis meses depois de se ingerir menos de 10 mg/dia. Os primeiros sintomas são equimoses e petéquias; já a depressão, a fadiga e a letargia são sintomas mais tardios (COZZOLINO, 2009). Vitamina B1 Também conhecida como tiamina, sua ingestão previne a doença beribéri. Está presente em vários alimentos, tanto de origem animal como vegetal, tem uma função metabólica definida como coenzima e sua carência resulta em lesões no Sistema Nervoso Central. A absorção ocorre no duodeno e jejuno. Sua assimilação pode ser prejudicada pelo alcoolismo. Em adultos, a recomendação dessa vitamina é de 1,2 mg/dia (COZZOLINO, 2009). 60 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE Vitamina B2 Também conhecida como riboflavina, está presente em grandes quantidades no leite e nos ovos. É absorvida no intestino delgado, sendo essencial para a formação de células vermelhas do sangue, além de regular as enzimas tireoidianas. A quantidade mínima recomendada é de 1,3 mg/dia para adultos. Sua carência não está relacionada a uma doença, porém podem ocorrer lesões no canto da boca, lábios, língua, dermatite, seborreias na pele ao redor da vulva e do ânus (COZZOLINO, 2009). Vitamina B3 Conhecida como niacina, é comum associar a doença pelagra à sua deficiência. Suas principais fontes são carne vermelha, fígado bovino, legumes, leite, ovos, peixes, cereais e leveduras. A carne vermelha é a sua melhor fonte. As recomendações diárias para o adulto são de 16 mg/dia (COZZOLINO, 2009). Vitamina B6 Apresenta-se na forma de piridoxina, está relacionada à metabolização de aminoácidos e é um cofatorde outras enzimas. Está presente na maioria dos alimentos, porém as perdas são altas no processo de cozimento. Em uma dieta mista, pode se alcançar um índice de 75% de biodisponibilidade. Sua deficiência pode incluir dermatite, seborreia, anemia, convulsões e depressão. Os humanos não a metabolizam, 61© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE portanto, deve advir de alimentos ou com a síntese bacteriana no intestino. A recomendação para adultos é de 1,5 mg/dia (COZZOLINO, 2009). Ácido fólico Embora ocorra em vários alimentos, sua deficiência é comum, pois alguns medicamentos podem causar depleção. Encontra se em alimentos de origem vegetal e animal que são fontes de folato. A recomendação diária para adultos é de 400 µg/dia e para gestantes, de 600 µg/dia. Defeito do tubo neural de recém-nascidos foi associado à baixa ingestão do folato, ou seja, a suplementação na gestação tem efeito protetor (COZZOLINO, 2009). Cobalamina Conhecida como vitamina B12, é encontrada apenas em alimentos de origem animal, carnes, peixes e ovos. A deficiência em sua ingestão pode causar várias complicações, como a anemia perniciosa e/ou sua deficiência na absorção pode causar a anemia megaloblástica e neuropatias. Dietas restritas em alimentos de origem animal podem levar à deficiência dessa vitamina; portanto, a suplementação é recomendada. Sua absorção está associada a um fator intrínseco, requerendo apenas que se apresentem condições normais no estômago, nas enzimas pancreáticas e no íleo terminal do intestino delgado. 62 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE A recomendação para adultos é de 2,4 µg/dia (COZZOLINO, 2009). Biotina Não é sintetizada pelo organismo humano. A maior fonte dessa vitamina é o fígado bovino, o leite humano, o de vaca e a gema do ovo. Sua deficiência é rara e, quando ocorre, pode causar dermatite e alopecia. É absorvida no intestino delgado, circula no sangue, é filtrada e reabsorvida nos rins, está envolvida na gliconeogênese, na síntese de ácidos graxos e no catabolismo proteico. As recomendações para adultos são cerca de 30 mg/dia (COZZOLINO, 2009). Ácido pantotênico Também conhecida como vitamina B5, tem um papel fundamental na produção de energia, na síntese de ácidos graxos e na porção funcional da coenzima A. As principais fontes são cereais integrais, carne de vaca e de frango, tomate, fígado e vísceras, gema de ovo e brócolis. Sua deficiência causa problemas neuromotores, fraqueza muscular, falta de reflexo, depressão, problemas gastrintestinais, aumento da sensibilidade à insulina, diminuição do colesterol, tendências de aumento no número de infecções no trato respiratório. Sua absorção ocorre na mucosa intestinal. A recomendação para adultos é de 5 mg/dia (COZZOLINO, 2009). 63© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE Colina A importância da colina refere-se a um dos fatores que garantem a integridade estrutural das membranas celulares, a neurotransmissão e o transporte de lipídeos no fígado. Essa vitamina é indispensável para a biossíntese dos fosfolipídeos, que compõem a estrutura de membranas. É encontrada em cerveja, ovos, leite integral e leveduras. A recomendação para adultos é de 550 mg/dia. É absorvida ao longo do intestino delgado e sua biodisponibilidade depende da eficiência do processo (COZZOLINO, 2009). 2.2. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS Passemos agora à discussão das vitaminas lipossolúveis. Vejamos cada uma em detalhe. Vitamina A É muito conhecida pela prevenção da cegueira noturna, pois participa da síntese das proteínas sensíveis à luz na retina, é indispensável para o crescimento e desenvolvimento celular, mantém saudável a pele, o cabelo, as unhas, as gengivas, as glândulas, os ossos, os dentes e atua na prevenção da carcinogênese. Pode ser encontrada em alimentos de origem vegetal, como cenoura, abóbora, laranja e outros vegetais amarelos, que são fontes de carotenoides e possuem atividade antioxidante. 64 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE Em alimentos de origem animal, é encontrada na forma de retinol, principalmente no fígado de boi, no salmão, na gema de ovo, no leite e nos laticínios. De 70% a 90% do retinol é absorvido e mesmo em altas doses mantém elevada absorção, pois é incorporado em gotículas de lipídeos que estão em emulsão no estômago e por difusão simples é absorvido no intestino. Sua recomendação para adultos é de 900 µg/dia (COZZOLINO, 2009). Vitamina D É sintetizada na pele por ação dos raios UV-B e, quando o indivíduo não é exposto à luz, deve ser fornecida. Sua principal função é a manutenção da concentração de cálcio e fósforo. A absorção desses minerais no intestino é aumentada na presença do calcitriol, reduzindo a excreção do cálcio pelo aumento da reabsorção nos rins e mobilização nos ossos. O calcitriol é um regulador que age no cérebro, coração, pâncreas, linfócitos e pele. Alguns estudiosos o consideram como um pró-hormônio. Quando a vitamina D é ingerida, sua absorção é maior no intestino delgado. Quando sintetizada na pele, sua absorção é direta na circulação sanguínea, pois é formada pela irradiação do 7-deidrocolesterol pelos raios UV-B, gerando um pré-calciferol, que é a pró-vitamina D3. Sua deficiência, observada em indivíduos que não ficam expostos à luz, resulta na fraqueza dos músculos, osteomalácia e osteoporose. Em crianças, pode resultar em raquitismo e estar associada à obesidade. 65© METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE Também se verifica um risco elevado de câncer, diabetes, esclerose múltipla e hipertensão arterial. A recomendação diária para adultos é de um mínimo de 10 µg/dia e um máximo de 50 µg/dia (COZZOLINO, 2009). Vitamina E É um importante antioxidante, capaz de se ligar aos radicais livres e impedir a peroxidação. As principais fontes são ovos, óleos vegetais, nozes, sementes e verduras. A deficiência é rara nos seres humanos, porque existem reservas significativas nos tecidos, mas, quando ocorre, os sintomas são neurológicos, como falta de reflexo e retardo mental. A vitamina E é absorvida pelas células intestinais, principalmente no intestino delgado, por meio de uma secreção pancreática adequada. Sua recomendação para adultos é de 15 mg/dia (COZZOLINO, 2009). Vitamina K Associam-se à vitamina K a coagulação sanguínea e os processos de síntese de proteína que ocorrem no fígado. Também é essencial para a formação óssea, porque as proteínas (Gla) são catalisadas pela vitamina K. Sua deficiência acarreta prolongamento do tempo de protrombina, diminuindo a coagulação do sangue. Embora a osteocalcina também seja prejudicada, o problema da coagulação sanguínea é o mais grave. O uso de antibióticos de 66 © METABOLISMO DOS NUTRIENTES UNIDADE 3 – VITAMINAS, MINERAIS E BIODISPONIBILIDADE forma prolongada também é um fator da redução da absorção, por provocar a redução da flora intestinal, pela qual é absorvida (jejuno, íleo). Doenças hepáticas, alcoolismo, carcinogênese e alimentação inadequada são outras causas dessas deficiências. Observa-se que a biodisponibilidade está relacionada à origem da vitamina e que as filoquinonas (de origem vegetal) são mais biodisponíveis que as menaquinonas (de origem animal). As principais fontes são verduras de folhas verde-escuras como couve de bruxelas, brócolis, couve-flor, acelga, espinafre e, de origem animal, o leite integral, os ovos e o frango. A recomendação para adultos é de 65 a 120 µg/dia. Não foram observados efeitos indesejáveis com a alta ingestão dessa vitamina por meio de alimentos ou suplementos (COZZOLINO, 2009). 2.3. MINERAIS Passemos agora à discussão dos minerais. Vejamos cada uma em detalhe. Cálcio Cerca de 99% do cálcio presente no organismo humano está nos ossos e dentes e representa
Compartilhar