Buscar

Nicotina e seus efeitos farmacológicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Nicotina e seus efeitos farmacológicos
.
A nicotina tem importância clínica significativa devido a seus efeitos tóxicos, sua presença no tabaco e tendência a causar dependência nos usuários. A nicotina é um dos poucos alcaloides naturais líquidos. É uma base volátil (pK. = 8,5) e incolor que adquire coloração marrom e tem o odor do tabaco ao ser exposta ao ar.
Mecanismo de ação
Além das ações da nicotina em uma variedade de locais neuroefetores e quimiossensíveis, o alcaloide também estimula e dessensibiliza receptores, tornando os efeitos da nicotina complexos e imprevisíveis. A resposta final em qualquer sistema representa o somatório dos efeitos estimulantes e inibitórios da nicotina. A nicotina pode aumentar a frequência cardíaca por estimulação de gânglios simpáticos ou por paralisia de gânglios cardíacos parassimpáticos e pode diminuir a frequência cardíaca por paralisia dos gânglios simpáticos ou estimulação dos gânglios cardíacos parassimpáticos. Os efeitos da nicotina nos quimiorreceptores dos corpos carotídeos e aórticos e em regiões do SNC podem também influenciar a frequência cardíaca, do mesmo modo como os reflexos barorreceptores compensatórios resultantes das alterações da pressão arterial causadas pela nicotina. Por fim, a nicotina estimula a secreção de epinefrina da medula suprarrenal, o que acelera a frequência cardíaca e aumenta a pressão arterial.
Ação nos sistemas
.
Sistema nervoso periférico
 A principal ação da nicotina consiste em estimulação transitória e, então, uma depressão mais persistente de todos os gânglios autônomos. Doses pequenas de nicotina estimulam diretamente as células ganglionares e podem facilitar a transmissão dos impulsos nervosos. Com dosagens maiores, a estimulação inicial é seguida por um bloqueio da transmissão. Enquanto a estimulação das células ganglionares coincide com sua despolarização, a depressão da transmissão por doses adequadas de nicotina ocorre tanto durante a despolarização quanto depois da sua regressão. A nicotina possuí também uma ação bifásica na medula suprarrenal: doses pequenas provocam descarga de catecolaminas; doses maiores impedem a liberação desses neurotransmissores em resposta à estimulação do nervo esplâncnico.
Os efeitos de doses altas de nicotina na junção neuromuscular são semelhantes aos observados nos gânglios. Contudo, a fase de estimulação é amplamente obscurecida pelo desenvolvimento rápido de paralisia. No último estágio, a nicotina também produz bloqueio neuromuscular por dessensibilização dos receptores.
Em concentrações mais baixas, como as normalmente alcançadas no uso recreativo do tabaco (cerca de 200 nM), os efeitos da nicotina refletem sua maior afinidade pelos receptores nicotínicos neuronais (α4β2) do que pelos receptores da junção neuromuscular (a1, b1); os receptores térmicos da pele e da língua; e os receptores da dor.
A administração prévia de hexametônio impede a estimulação dos receptores sensoriais pela nicotina, mas tem pouco ou nenhum efeito na ativação dos receptores sensoriais pelos estímulos fisiológicos.
Sistema nervoso central
A nicotina estimula significativamente o SNC. Doses baixas produzem analgesia suave, doses mais altas causam tremores, levando a convulsões com doses tóxicas. A estimulação da respiração é uma ação notável da nicotina: doses altas atuam diretamente no bulbo, enquanto as doses mais baixas aumentam reflexamente a respiração por excitação dos quimiorreceptores dos corpos carotídeos e aórticas. A estimulação do SNC com doses elevadas é seguida de depressão e a morte resulta de insuficiência respiratória causada por paralisia central e bloqueio periférico do diafragma e dos músculos intercostais que facilitam a respiração.
A nicotina causa êmese por ações periféricas e centrais. O componente central da resposta emética é a estimulação da zona desencadeante quimiorreceptora do vômito que está localizada na área postrema do bulbo. Além disso, a nicotina ativa os nervos aferentes vagais e espinais que geram os estímulos sensoriais das vias reflexas envolvidas na ação de vomitar. O local primário de ação da nicotina no SNC é pré-juncional, causando a liberação de transmissores. As ações estimulantes e geradoras de prazer da nicotina parecem resultar da Liberação de aminoácidos excitatórias, dopamina e outras aminas biogênicas por vários centros do SNC. A exposição crônica à nicotina em vários sistemas causa um aumento acentuado da densidade ou do número de receptores nicotínicos, o que possivelmente contribui para a tolerância e a dependência. Considera-se que a nicotina atue como uma chaperona farmacológica intracelular; ela é neutra no pH fisiológico e permeia facilmente a membrana celular. No interior da célula, ela aumenta a expressão dos receptores, estabilizando as subunidades nascentes em pentâmeros no retículo endoplasmático. 
Sistema cardiovascular
 
As respostas cardiovasculares à nicotina geralmente são decorrentes da estimulação dos gânglios simpáticos e da medula suprarrenal, combinado com a liberação das catecolaminas pelas terminações nervosas simpáticas. Outra ação que contribui para a resposta simpatomimética à nicotina é a ativação dos quimiorreceptores dos corpos carotídeos e aórticos, que causa vasoconstrição, taquicardia e aumento da pressão arterial por mecanismos reflexos.
@lore_marinaa

Outros materiais