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Dietoterapia no Perioperatório • Período de tempo que vai desde que o cirurgião decide indicar a operação e comunica ao paciente até que este último retorne, depois da alta hospitalar, às atividades normais • Necessário avaliar o risco de complicações relacionadas às intervenções cirúrgicas Fases do Perioperatório 1. PRÉ OPERATÓRIO: engloba a avaliação pré-operatória na qual é avaliado o risco de complicações frente ao estado de saúde do paciente; 2. INTRA OPERATÓRIO: consiste na intervenção propriamente dita, realizada dentro do centro cirúrgico; 3. PÓS OPERATÓRIO: compreende o período entre a saída do centro cirúrgico e o retorno do paciente às atividades normais. Muitas das complicações acontecem nesta fase e a vigilância da equipe de saúde deve ser tão mais intensa quanto maior o risco de complicações estimado na avaliação pré-operatória. • ESTADO NUTRICIONAL → fator independente que mais influencia nos resultados pós- operatórios em cirurgias eletivas -- A intervenção nutricional adequada modifica favoravelmente o pré-operatório para uma boa evolução no pós-operatório Perioperatório X Desnutrição • Desnutrição pré-operatória → risco de maior morbimortalidade pós-operatórias: – Reduz composição corporal (massa magra) – Imunodepressão celular – Retarda cicatrização das feridas Terapia Nutricional • Indicada para o paciente cirúrgico → objetivo de prevenir a desnutrição ou minimizar seus efeitos -- Diminuição de morbidade pós-operatória Terapia Nutricional – Quais Pacientes? • Com risco nutricional ou • Desnutridos moderados ou graves (ASG-B ou C) e candidatos a cirurgias de grande porte • Risco nutricional grave quando existir, pelo menos, um destes quatro: 1) Perda de peso > 10% em 6 meses, 2) IMC<18,5kg/m2, 3) ASG- C, ou 4) Albumina sérica < 3mg/dL • Mesmo os pacientes considerados bem nutridos (ASG-A), quando candidatos a cirurgias de grande porte podem se beneficiar ao receber suplementação nutricional pré- operatória Terapia Nutricional Pré-Operatória Objetivos • Não é recuperar totalmente o estado nutricional • Sim: preparar o paciente para o ato operatório proposto → período de 7 a 14 dias -- Modulação da resposta imune-inflamatória consequente da má nutrição, repercutindo em menores taxas de complicações pós-operatórias Qual o tipo de fórmula para ser usado? • Na maioria dos casos → fórmula polimérica padrão • Em pacientes com câncer de cabeça e pescoço e do tubo digestivo → fórmulas contendo imunonutrientes (arginina, ácidos graxos n-3 e nucleotídeos) Terapia Nutricional Quantidade calórica sugerida: 500 a 1000 kcal/dia no período pré operatório → atenuar a resposta inflamatória sistêmica, modular a resposta imune e reduzir as complicações no pós- operatório Dieta de Preparo • Varia conforme o tipo de cirurgia a que o paciente for submetido • Paciente com afecções secundárias (diabete, doenças cardíacas, doenças renais) → dieta de preparo modificada segundo as necessidades • Dieta sem resíduos: – reduzir ao mínimo o conteúdo intestinal durante a cirurgia – evitar formação de gases nos primeiro dias depois de sua realização • Diabetes: – seguir a dieta de rotina para o pré- operatório, porém com restrição de açúcar • Restrição de proteínas: – seguir a dieta de rotina para o pré-operatório, restringindo a ingestão de proteínas • Restrição de sódio: – seguir a dieta de rotina para o pré-operatório, sem sal ou com pouco sal, conforme orientação médica • Restrição hídrica: – seguir a dieta de rotina para o pré-operatório e distribuir a quantidade de líquidos permitida nas refeições do dia Pós Operatório Período durante o qual se observa e se assiste a recuperação de pacientes em pós anestésico e pós "stress" cirúrgico Objetivos • Equipe multidisciplinar: –manutenção do equilíbrio dos sistemas orgânicos – alívio da dor e do desconforto – prevenção de complicações pós-operatórias – plano adequado de alta e orientações • Benéfico para o paciente: retornar a dieta normal o mais precoce possível após a cirurgia • Dieta normal → retorno precoce da função gastrintestinal Favorece cicatrização da ferida cirúrgica e diminui o risco de translocação bacteriana Mucosa intestinal renovada constantemente -- Afetada pela disponibilidade de nutrientes e pelo fluxo sanguíneo intestinal • Durante as primeiras 24 a 36 horas pós- cirurgia muitos pacientes podem apresentar náuseas e vômitos Pode ser necessário uma sonda nasogástrica para drenagem • Peristaltismo normal: primeiras 48 a 72 horas após a cirurgia • Importante: verificar evacuações no período pós-operatório!!! ➢Função intestinal prejudicada pela imobilidade, manipulação dos órgãos abdominais, anestesia e uso de medicamentos para dor • Cirurgia → jejum • Realimentação → vias gastrintestinais em condições de voltar a aceitar os alimentos: – peristaltismo audível, – Abdômen flácido com passagem de matéria fecal, muco ou gases pelo reto Anestesia geral: • Iniciar a realimentação por via oral, com dieta líquida (de acordo com a aceitação), passa-se para dieta leve, branda e geral, nos dias subsequentes Líquida → Leve → Branda → Geral Anestesia local: • Iniciar com dieta leve, evoluir para dieta branda e geral Leve → Branda → Geral Sempre que houver necessidades da dieta sem resíduo levar em conta o objetivo: • Diminuir a formação de gases e de acúmulo fecais: – Dieta com menor teor de carboidratos – Evitar concentração de açúcar > a 10% – Evitar lactose e fibras(hemorroidectomia) • Evitar irritação mecânica: – Diminuir a ingestão de alimentos ricos em fibra → tudo muito bem cozido Ex.: Cirurgia de Esôfago, Estômago, etc. SEM RESÍDUOS (ou BAIXO RESÍDUOS): Líquida ou Leve sem resíduos -- Branda sem resíduos -- Geral Condutas Nutricionais em Pós Operatórios Verificar sempre ao passar de uma dieta para outra a aceitação e evolução do paciente Modelo de Evolução: • Varia de acordo com a cirurgia e a tolerância de cada paciente • Observar aceitação • Não havendo vômitos nem distensão abdominal → evoluir a dieta: Dieta Hídrica (ou dieta de prova) → Dieta Líquida → Dieta Líquido-pastosa→ Dieta Leve → Dieta Pastosa → Dieta Branda → Dieta Geral OBS: Algumas cirurgias mais simples não necessitam que a dieta passe por todo esse processo Critérios Gerais Antes de realimentar o paciente no pós operatório → conhecer dados anatômicos da cirurgia realizada, considerando: 1. Há anastomoses de risco? 2. Os sinais de trânsito intestinal estão presentes? 3. Houve abertura ou ressecção de intestino delgado ou cólon? 4. Houve extensa manipulação de intestino delgado/cólon ou o tempo cirúrgico foi prolongado? 5. Há limitações impostas pela cirurgia quanto à ingestão de determinadas fórmulas ou consistências de alimento? 1. Anastomose de Risco Depende do EN do paciente, idade e doenças associadas Requerem um período mínimo de jejum oral -- com suplementação ou não, com dieta enteral ou parenteral -- independentemente do trânsito intestinal Anastomose • Comunicação, natural ou resultante de processo cirúrgico, entre tubos, vasos sanguíneos ou nervos da mesma natureza • É uma operação cirúrgica que promove a união de dois vasos sanguíneos, duas partes do tubo digestivo, etc. Ex. de Anastomose cirúrgica: gastroenterostomia: ligação, ou conexão entre o estômago e um segmento intestinal 2. Sinais de Trânsito Intestinal Os sinais que indicam o funcionamento do trânsito intestinal são: • Fome; • Débito de SNG (A) (<100 – 200 mL/24h) • Ausência de distensão abdominal; • Ruídos hidroaéreos; • Flatos 3. Abertura ou Ressecção de Intestino Delgado ou Cólon • Verificar presença dos sinais de trânsito intestinal (desde que não envolva anastomose de risco) • Cirurgias que envolvem abertura ou ressecção de ID ou cólon: – Ileostomias e colostomias; – Colectomias (total, parcial); – Gastrectomias parciais; – Cistectomia; – Duodenopancreatectomia; – Retossigmoidectomia 4. Extensa Manipulação do ID/Cólon ou Tempo Cirúrgico Prolongado • Aguardar sinais de trânsito • A progressão da dieta pode ser mais rápida • Início: Dieta de prova(Hídrica) → Se boa tolerância: Líquida → Leve → Branda ou Geral • Ex: Hepatectomias, linfadenectomias, citorreduções* (TUs de testítulo, ovário, sarcomas retroperitoneais) 5. Limitações Impostas pela Cirurgia quanto à Ingestão de Determinadas Formas ou Consistências de Alimento Alguns tipos de cirurgia de Cabeça e Pescoço: • Alto risco de broncoaspiração • Dificuldades de aceitação para alimentos sólidos • Preferência: Dietas pastosas por longo período Ex: Laringectomias, faringolaringectomias, glossectomias