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3 HISTORICO DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA

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POLÍTICA 
EDUCACIONAL
Alex Ribeiro Nunes
Histórico da legislação 
educacional brasileira
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Estimar os momentos importantes da história da legislação educacional.
 � Identificar seus efeitos para a legislação atual.
 � Analisar criticamente a história da política educacional. 
Introdução
A legislação educacional brasileira configura-se como um direito eviden-
ciado e assegurado pela Constituição Federal. Devido a sua abrangência, a 
legislação educacional é percebida como norteadora da prática educativa, 
tanto para a educação pública quanto para a privada. Essa legislação é 
considerada como o corpo ou o conjunto de leis referentes à educação, 
seja ele estritamente voltado aos processos de ensino-aprendizagem 
ou às questões relativas às políticas educacionais, tais como a profissão 
e as atribuições docentes, a democratização do ensino e os currículos 
escolares. 
Ao falarmos sobre o percurso histórico da legislação educacional brasi-
leira, estamos aludindo às mudanças e transformações sobre a educação 
escolar, em todos os seus níveis e modalidades, no decorrer da história 
da educação brasileira, abarcando a educação básica (educação infantil, 
ensino fundamental e ensino médio) e também o ensino superior.
Neste capítulo, você estudará o percurso histórico da legislação educa-
cional brasileira, avaliando os reflexos de desenvolvimentos do passado na 
conformação legislativa atual. Com isso, será capaz de avaliar criticamente 
nossa história pelo viés das políticas educacionais.
Momentos importantes da história da 
legislação educacional
De acordo com Cruz Sobrinho (2011), a legislação educacional brasileira nasce 
a partir da legislação de ensino portuguesa, introduzida no Brasil pelos Jesuítas 
em 1549. Esta legislação determina a forma do ensino durante o Brasil Colônia, 
operando até seu final, com a Reforma Pombalina de 1759. Contudo, observa-se 
que, mesmo com algumas mudanças no intuito de buscar a emancipação do 
Brasil, como a criação de faculdades (1808), a educação se manteve voltada 
para um grupo seleto, ou seja, era direcionada para a formação das elites e, 
raramente, para a formação de alguns trabalhadores braçais.
A partir da promulgação da Carta Constitucional de 1823, surge o primeiro 
projeto para que cada vila ou cidade tivesse uma escola pública. Vale ressaltar 
que esse projeto foi ineficaz porque a legislação não previa obrigatoriedade 
nem formas legais de forçar as autoridades a garantirem a educação pública 
e gratuita.
Cruz Sobrinho (2011) aponta ainda que, somente a partir de 1920, inicia-se 
uma série de reformas políticas e administrativas do ensino. Nesse cenário, 
despontam ilustres educadores como Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira 
e Lourenço Filho. Assistimos, assim, ao início da fundamentação teórica da 
Escola Nova, movimento que originou uma das principais teorias da pedagogia 
latino-americana.
Para o autor, a grande novidade, significativa para a educação, se dá na 
Segunda República (1930/1985), com a Revolução de 1930 e a criação do 
Ministério de Educação e Saúde Pública. De 1932 a 1936 ocorre uma grande 
expansão nas redes escolares municipais e estaduais.
Nesse período, a Reforma de Francisco Campos, com o Decreto n. 19.890/1931, 
reorganizou os ensinos secundários e superior, cujo objetivo principal não era 
apenas o acesso ao ensino superior mas, nas palavras de Francisco Campos, 
“a formação do homem para todos os grandes setores da atividade nacional, 
construindo no seu espírito todo um sistema de hábitos, atitudes e comporta-
mentos, que o habilitem a viver por si mesmo e a tomar, em qualquer situação, 
as decisões mais convenientes e mais seguras” (CRUZ SOBRINHO, 2011, 
documento on-line). 
De acordo com Ramos (2011), a Constituição de 1937 marcou algumas 
alterações na maneira de conceber a educação brasileira. Uma das principais 
mudanças foi efetivada pelo artigo 130, o qual mantinha o ensino primário 
como obrigatório e gratuito, mas relativizava a gratuidade, pois exigia da 
Histórico da legislação educacional brasileira2
família do educando uma declaração alegando escassez de recursos. Em caso 
contrário, exigia-se “[...] uma contribuição módica e mensal para o caixa 
escolar” (RAMOS, 2011, documento on-line).
No entanto, um avanço foi registrado por meio do artigo 129, pelo qual ficou 
instituído que, nos locais onde não houvesse escolas particulares, passaria a 
ser “dever da Nação, dos Estados e dos Municípios assegurar, pela fundação 
de instituições públicas (...) ensino em todos os graus”, inclusive acesso ao 
superior”. Outro detalhe interessante é que a nova Constituição, no artigo 
131, tornou obrigatória “a educação física, o ensino cívico e o de trabalhos 
manuais (...) nas escolas primárias, normais e secundárias” (RAMOS, 2011, 
documento on-line).
Ramos (2011) aponta os seguintes acontecimentos a partir de 1942:
 � A escola secundária passou a englobar novamente o ginásio, com du-
ração de quatro anos, e o colegial, com duração de três anos. Este 
último foi dividido em clássico e científico, o primeiro enfatizando as 
humanidades e o segundo, as exatas e biológicas.
 � A lei recomendava encaminhar as meninas para estabelecimentos de 
ensino exclusivamente femininos.
 � A carência de mão de obra nas indústrias fez a legislação favorecer o 
ensino técnico profissionalizante, com a criação do SENAI (Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial) em 1942.
 � Após a queda do presidente Getúlio Vargas, em 1946, foi fundado 
também o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). 
 � Igualmente em 1946, foi instituído o ensino supletivo de dois anos, ten-
tando diminuir o elevado índice de analfabetismo entre jovens e adultos. 
 � Foi criada a Escola Normal, equivalente ao ensino médio contemporâneo 
e ao que foi o magistério, com duração de três anos, destinada a formar 
professores para o primário. 
Foi no ano de 1946 que o Brasil teve sua quinta Constituição promulgada, 
marcada pela redemocratização e o conceito de cidadania, acarretando em 
significativas melhorias na conquista de liberdades individuais. A Carta 
Magna voltou a definir o Ensino Primário como obrigatório e gratuito, sem 
condicionar a qualquer fator. No artigo 168 (Incisos I e II), abriu uma bre-
cha para o oferecimento de ensino secundário (ginásio e médio) gratuito, ao 
afirmar que “[...] o ensino oficial ulterior ao primário sê-lo-á [seria oferecido] 
3Histórico da legislação educacional brasileira
para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos” (BRASIL, 1946, 
documento on-line).
A partir da promulgação da Lei. 4.024/1961 que o Brasil passa a ter a 
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional voltada para todos 
os níveis de ensino.
Ramos (2011) argumenta que o Golpe Militar de 1964, que depôs o Presi-
dente João Goulart, deu início aos chamados “Anos de Chumbo”, um período 
caracterizado por forte repressão à liberdade de expressão, o que influenciou 
diretamente a legislação educacional. Em dezembro de 1968, o Ato Institucio-
nal Nº 5 (AI-5) retirou todas as garantias individuais, instaurando a censura 
também em sala de aula, com a proibição velada de livros, temas e conteúdos. 
Em fevereiro de 1966, o decreto 477 proibiu os professores, alunos e funcio-
nários das escolas de participarem de toda e qualquer manifestação de caráter 
político. Dessa forma, elitizou-se, ainda mais, o acesso ao ensino superior. 
Conforme aponta Moacir Gadotti (1986), a política econômica implantada 
começa, a partir de 1965, a exercer pressões sobre a universidade para atrelá-la 
ao modelo de desenvolvimento imposto. Inaugura-se, então, uma nova política 
educacional no Brasil. A reforma universitária deu-se durante o governo militar, 
que buscava submeter todo o ensino ao capitalismo dependente, representando 
abertamente as intenções da burguesia. O objetivo da reforma do ensino 
superior (1968), bem comoa do ensino médio (1971) era conter o crescente 
contingente de jovens das camadas médias que buscavam, por meio do ensino 
superior, um requisito cada vez mais necessário, embora não suficiente, para 
a ascensão nas burocracias ocupacionais.
Ramos (2011) pontua ainda que as grandes modificações estruturais foram 
efetivadas pela Lei nº 5692/71, quando a educação foi dividida no ensino de 
1º e 2º Graus.
O primário foi agregado ao ginásio, cada qual com quatro anos, compondo o 
1º. Grau; enquanto o ensino médio, com duração de três anos, sendo chamado 
de 2º. Grau; já que o ensino superior passou a ser considerado o 3º. Grau. A 
LDBEN fixou como 180 dias o mínimo para compor o ano letivo, excetuando 
períodos de provas e 90 dias de trabalho escolar. Assim como determinou a 
frequência mínima em 75%, minimizando as disciplinas de humanas, extin-
guindo filosofia e sociologia do 2º. Grau, introduzindo como obrigatórias: 
educação física, educação moral e cívica, educação artística e programa de 
saúde. O fomento ao estabelecimento do ensino supletivo e profissionalizante 
foi garantido por diversos artigos, inclusive sendo permitido mediante utili-
zação de meios de comunicação de massa como rádio e T.V. Os municípios 
ficaram incumbidos de responder prioritariamente pelo 1º. Grau e os Estados 
pelos 2º. Grau. Assinada pelo general Médici, a LDBEN de 1971 simples-
Histórico da legislação educacional brasileira4
mente esvaziou os conteúdos, tencionando formar seres passivos ao invés de 
questionadores. O resultado foi uma elevação da taxa de analfabetismo, que 
chegou a 33% da população brasileira (RAMOS, 2011, documento on-line). 
Vale ressaltar que o Estado tende a desobrigar-se cada vez mais de sua 
função de oferecer ensino de nível superior, instituindo a valorização do ensino 
pago. O governo militar também objetivava diminuir o potencial crítico da 
universidade, eliminando toda pesquisa engajada em evidenciar as reais ne-
cessidades da população. Além disso, o governo criou medidas para reduzir as 
verbas da educação no que diz respeito aos demais níveis de ensino: primário, 
médio e profissionalizante. O objetivo era repassar recursos para projetos que 
garantissem maior retorno do ponto de vista político.
Em sequência a todos estes acontecimentos, a Constituição Federal de 
1988 tornou-se, sem dúvida, um grande marco no que se refere às conquistas 
e avanços na legislação educacional: 
Art. 205 — A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, documento on-line).
Constitui, portanto, dever da família, da sociedade e do Estado assegurar 
à criança e ao adolescente, dentre outros direitos diversos, a educação. Isso é 
uma forma de garantia da dignidade.
Nesse mesmo viés, o artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente 
ECA — Lei nº 8.069/90 (BRASIL, 1990, documento on-line), dispõe que “[...] 
nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma 
da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.
Com base nos princípios e fins constitucionais, promulgou-se a Lei n.º 
9.394, de 20/12/1996, atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
que tem por objetivo uma educação mais igualitária, abrangente e democrática. 
A LDBEN 9394/96 aponta que: 
[...] a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida 
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e 
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais (BRASIL, 1996, documento on-line). 
5Histórico da legislação educacional brasileira
Vale ressaltar que a LDBEN disciplina apenas a educação formal, que se 
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias 
(públicas e privadas).
No que diz respeito ao dever do Estado, a legislação determina que este 
deve garantir (BRASIL, 1996, documento on-line): 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, organizada da seguinte forma: 
a) pré-escola; 
b) ensino fundamental; 
c) ensino médio;
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferen-
cialmente na rede regular de ensino;
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos 
os que não os concluíram na idade própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com caracte-
rísticas e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, 
garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e perma-
nência na escola;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por 
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde;
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e 
quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento 
do processo de ensino-aprendizagem.
Vale ressaltar que, no que se refere a LDB de 1961, podemos afirmar que 
a política educacional instituída adaptou o sistema educacional ao atendi-
mento dos interesses do governo militar. Havia uma meta de crescimento 
econômico para o país, devendo ser cumprida custasse o que custasse, fosse 
reprimindo os opositores ou formando homens para o mercado de trabalho 
e para a produção. Não havia o interesse em formar pessoas para o mundo 
social. Já com relação à LDBEN de 1971, observa-se o início de um período 
marcado ainda pela supervalorização do homem como máquina para o tra-
balho. A ideia era acelerar esse processo; para tanto, reforçou-se a questão 
dos ensinos técnicos e profissionalizantes. Quanto às universidades, poucos 
tinham oportunidade de frequentar. 
Histórico da legislação educacional brasileira6
A promulgação da nova LDBEN 9394/96, em 20 de dezembro de 1996, 
estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional. A partir dessa lei, teve 
início uma tradição diferente relativamente à legislatura educacional brasileira. 
Permitiu-se a descentralização e a autonomia das escolas e universidades e, 
ainda, a criação de um processo regular de avaliação do ensino brasileiro. Essa 
LDBEN promoveu também a autonomia dos sistemas de ensino e a valorização 
do professor e do magistério, pelo menos em teoria. 
De acordo com Soares e Bernardo (2016), a LDBEN de 1996 veio para 
substituir sua versão anterior, de 1971, e ampliar os direitos educacionais, a 
autonomia de ação das redes públicas, das escolas e dos professores, deixando 
mais claras as atribuições do trabalho docente. As discussões sobre uma nova 
lei que orientasse a educação brasileira tiveram início ainda em 1988, durante 
o processo de aprovação da Constituição Federal — que deu aos municípios 
a atribuição de oferecer o ensino básico à população.
Em suma, o processo histórico da legislação educacional brasileira nos 
mostra os diferentes aspectos e os diversos movimentos realizados para que a 
concepção da proposta educacional fosse transformada e chegasse onde chegou. 
Conceber a legislação educacional na atualidade significa compreendê-la 
como algo além de um simples documento. Ela institui direitos e contribui 
fortemente com a cidadania. Todo o processo histórico de mudanças e avanços 
refletiu-se, certamente, na construção da legislação atual.
Sobre a educação infantilVocê sabia que, em 2016, as crianças de 4 e 5 anos passaram a ser obrigatoriamente 
matriculadas na escola? Foi mais uma importante mudança em nossa legislação 
educacional. Por determinação da LDBEN, toda criança de 4 e 5 anos (completos até a 
data de 30 de junho de 2016) teve que ser matriculada em uma das unidades escolares 
de educação infantil das redes municipais, conveniadas ou privadas de ensino. Para 
organizar o atendimento dessas crianças, no ano letivo de 2016, as Secretarias Muni-
cipais de Educação iniciaram um mutirão para realizar o cadastro de toda população 
que estava nessa faixa etária. Na ocasião, os familiares ou responsáveis deveriam 
comparecer a uma escola próxima de sua residência e levar os documentos exigidos 
para realizar o cadastro.  
7Histórico da legislação educacional brasileira
Os efeitos da história na legislação educacional 
atual
Para pensar e identificar os efeitos dos acontecimentos decorridos na história 
da legislação educacional como marcadores para a legislação atual é essencial 
retornarmos à LDBEN nº 9.394/1996, que estabelece, em seu artigo 1º, o que 
é e quais as finalidades da educação:
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na 
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se 
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. 
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática 
social (BRASIL, 1996, documento on-line).
A LDBEN reconhece o direito à educação básica como direito público 
subjetivo, o que facilita a busca por sua exigência e concretização, vejamos o 
que dispõe o seu artigo 5º, in verbis: 
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, poden-
do qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização 
sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério 
Público, acionar o poder público para exigi-lo (BRASIL, 1996, documento on-line). 
Considerando, portanto, o artigo 1º, pode-se afirmar de antemão que o 
percurso histórico da legislação educacional — mudanças, ampliações, direitos, 
deveres — resulta na compreensão da educação como uma política pública a 
ser garantida pelo Estado. Fica, assim, garantida a todas as crianças e a todos os 
adolescentes o direito de estudar, entendido como direito humano fundamental.
Hoje, a legislação educacional norteia o sistema escolar brasileiro e é res-
ponsável por sua organização e funcionamento. Isso quer dizer que o sucesso 
ou fracasso da instituição escolar depende dos regulamentos desta legislação.
Nessa perspectiva, a legislação educacional interfere fortemente no coti-
diano da comunidade escolar, tendo como finalidade o sucesso escolar de seu 
grupo. Promove, também, um espaço cômodo para a construção reflexiva e 
significativa do saber, de forma conjunta com a sociedade. Considerando as 
transformações acarretadas no percurso histórico e a partir das regulações 
da legislação educacional, pode-se almejar, atualmente, uma educação cidadã 
e democrática.
Histórico da legislação educacional brasileira8
Alguns aspectos denotam os efeitos da legislação educacional, no decorrer 
da história, como propulsora para importantes mudanças na legislação atual:
 � Em relação ao Ensino Fundamental, a LDBEN 9.394/96 preocupa-se 
fundamentalmente com a capacidade de aprender. Para o Ensino Médio, 
a preocupação maior é que o aluno continue aprendendo, de modo a ser 
capaz de se adaptar com flexibilidade às novas condições de ocupação 
ou aperfeiçoamento posteriores.
 � Para a Educação de Jovens e Adultos, destacam-se os conhecimentos 
e habilidades adquiridos por meios informais, que serão aferidos e 
reconhecidos por meio de exames. O Ensino Superior deve suscitar o 
desejo fundamental de aperfeiçoamento cultural e profissional.
 � Na Educação Especial, não se fala em avaliação, mas em currículo, 
métodos, técnicas, recursos educativos e organizações específicas. 
Nessa atividade educativa de extremo esmero qualitativo está incluído 
o processo avaliativo.
São ainda características da legislação:
 � a garantia dos direitos dos professores e alunos;
 � a garantia do fornecimento de merenda escolar;
 � a possibilidade de existência de um conselho escolar;
 � a reafirmação a importância da gestão democrática;
 � a garantia do direito de todos à educação, inclusive pessoas com de-
ficiência. A legislação normatiza a acessibilidade, a necessidade de 
professores-apoio, as adequações pedagógicas, etc.;
 � o reforço da importância da formação continuada e do aperfeiçoamento 
dos professores;
 � o estabelecimento e a elaboração do currículo escolar. O currículo 
escolar deve ser formulado com o intuito principal de atender às neces-
sidades básicas dos alunos; a decisão de reformulação deve ser tomada 
de forma linear e não hierárquica.
Para Chancharulo (2012), diversos outros componentes podem ser realçados 
como importantes avanços que demarcam, hoje, a legislação educacional: 
 � A perspectiva de nível superior para os docentes que atuam em educação 
básica, reforçado com graduação plena.
 � A progressiva extensão da obrigatoriedade à educação média.
9Histórico da legislação educacional brasileira
 � O atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos.
 � A oferta de educação para jovens e adultos, inclusive regular.
 � O acesso ao ensino fundamental como ‘direito público’ subjetivo em 
qualquer idade, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, asso-
ciação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra 
legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público acionar o poder 
público para exigi-lo. Todos devem cuidar para que todas as crianças 
que estejam em idade escolar frequentando a escola.
 � Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
da escola, bem como em projetos equivalentes.
 � Progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão 
financeira.
 � Avanço na concepção da educação básica, sendo compreendida como 
sistema de “educação”, e não de “ensino”.
Em suma, considerando os apontamentos realizados no primeiro subcapítulo 
deste texto, no que se refere aos diferentes momentos históricos que revelaram 
reformulações e ampliações da legislação educacional, chega-se aqui ao ponto 
de compreender os reflexos e contribuições destas transformações para a 
legislação atual. Vale ressaltar que a legislação favoreceu grandes avanços e 
progressos notáveis nas teorias e práticas de aprendizagem. Passou-se a tratar 
o professor como o eixo central da qualidade de educação; valorizou-se o 
profissional da educação por meio do aperfeiçoamento profissional continuado; 
contribui-se, por fim, ao cenário da educação brasileira, de modo a promover 
a democracia, assegurar direitos e propor deveres: aspectos que transformam, 
possibilitando uma educação significativa para todos(as).
Acesse o link a seguir para aprofundar seu conhecimento 
sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
— Lei nº 9394/96. Essa lei estabelece as diretrizes e as 
bases da educação nacional. Neste link você pode, ainda, 
ampliar seus conhecimentos a partir de outras legislações 
e decisões que envolvem a educação no Brasil.
https://goo.gl/CfhWgW
Histórico da legislação educacional brasileira10
Para se ter uma ideia do impacto causado pela legislação, no início dos anos 1990, 
nada menos do que 39% dos brasileiros com mais de 10 anos tinham menos de três 
anos de instrução e 14% tinham estudado por mais de 11 anos. Passadas duas décadas, 
a situação se inverteu. 39% têm mais de 11 anos de estudo e menos de 19% ficaram 
menos de três anos na escola (CHANCHARULO, 2012). 
História da política educacional
Ao longo da história, a educação vai redefinindo seu perfil de inovaçãoou 
manutenção das relações sociais, adaptando-se aos modos de formação téc-
nica e comportamental, de acordo com a produção/reprodução das formas de 
organização do trabalho e da vida em sociedade. Falar em política educacional 
implica, portanto, em uma articulação ao projeto de sociedade que se pretende 
implantar ou que está em curso a cada momento histórico e conjuntura polí-
tica. Isso torna-se evidente uma vez que tenhamos em conta que o processo 
educativo forma aptidões e comportamentos que são necessários ao modelo 
social e econômico em vigor (AZEVEDO, 2004).
Para Giron (2013), na história do Brasil, pode-se dizer que raramente 
existiu uma proposta educacional articulada e de longo prazo. Isso porque os 
governos ocupantes do poder e seus respectivos representantes na educação, 
na maioria das vezes, propuseram políticas que privilegiavam visões pessoais 
e de grupos que tinham interesses particulares sobre como conduzir o nosso 
sistema educativo. Assim, as várias reformas implementadas, ao longo da 
história da educação brasileira, pouco ou nada influenciaram nas atividades 
pedagógicas dos professores. Estes continuavam trabalhando como sempre 
fizeram, utilizando os conhecimentos acadêmicos e profissionais adquiridos 
ao longo de sua trajetória pessoal e docente. Os grandes fins ou modificações 
propostos para a educação reduziam-se a declarações em forma de leis ou 
decretos, sem muita aplicabilidade na prática.
A alternância do poder, sem uma maior preocupação com a continuidade 
das propostas educacionais, e o desejo em defender interesses particulares e 
partidários acima dos interesses expressos pela coletividade, tem dificultado e 
algumas vezes até impedido a consolidação de uma educação com qualidade 
para todos brasileiros. Para que se possa construir uma proposta de educacional 
coerente com as nossas necessidades é fundamental que se criem mecanismos 
11Histórico da legislação educacional brasileira
políticos que deem continuidade às políticas educacionais, isto é, projetos de 
Estado e não de governo, sob pena de a população brasileira ficar subjugada 
a um eterno recomeçar, algo extremamente desgastante e prejudicial para a 
construção da soberania nacional (GIRON, 2013, documento on-line).
De acordo com a autora, nesse sentido, para que uma política possa ul-
trapassar governos e tornar-se plurigestional, ela deve ser formulada com a 
participação da equipe técnica do Ministério e das Secretarias de Educação. 
Igualmente, deve contar com a participação coletiva de educadores e gestores 
que atuam diretamente no espaço escolar. Somente dessa forma será possível 
expressar as aspirações da maioria dos envolvidos no processo educativo, e 
não somente as intenções dos agentes políticos que ocupam cargos de poder 
momentâneos.
Nessa perspectiva, Leão (2005) diz que a legislação e a política educacional 
deveriam contribuir com a melhoria da vida humana, como uma conquista 
gradual da cultura, do desenvolvimento crítico e do aproveitamento das poten-
cialidades do ser humano. Isso, contudo, requer o redimensionamento político 
dos processos educativos. Nestes residem as possibilidades de construção 
de uma sociedade menos desigual. Deve-se objetivar, ainda, que o nível de 
interrelações transcorra num sentido de horizontalidade, no qual grupos ou 
classes sociais não se sobreponham uns aos outros.
Vale ressaltar que tem sido no confronto cotidiano de pensar as novas 
possibilidades educativas, em detrimento às velhas práticas arraigadas, que 
emergem as possibilidades de transformação. A legislação está posta, mas 
não é necessariamente definitiva. Leão (2005) argumenta ainda que à polí-
tica educacional é dada a complexa tarefa de construir novas possibilidades 
educativas a partir das peculiaridades sociais. É preciso que fiquemos atentos 
para o fato de que uma proposta pedagógica é um caminho, não é “o lugar”: é 
construída nesse caminhar e tem uma história que precisa ser contada. Nasce 
de uma realidade que pergunta e é também a busca de uma resposta. 
Leão (2005) afirma que toda proposta é situada e traz consigo o lugar de 
onde fala e a gama de valores que a constitui, isto é, sua historicidade. Neste 
sentido, Giron (2013) aponta que para a elaboração de um documento básico de 
orientação sobre políticas educacionais que dê sustentabilidade às propostas, 
é necessário que se considere alguns aspectos importantes:
Histórico da legislação educacional brasileira12
 � Ter clareza de que tipo de cidadão se deseja formar por meio do ensino. 
A cada modelo de Estado corresponde uma proposta de educação, uma 
vez que todo projeto educativo veicula uma imagem de homem, uma 
visão do homem que se pretende construir.
 � Saber de que forma (democrática ou autoritária) o processo educativo 
será conduzido. É a partir disso que será possível determinar a organi-
zação e o desenvolvimento do trabalho escolar, bem como a formação 
e o regime de trabalho dos professores, os currículos e as práticas 
didáticas, a articulação dos recursos financeiros, a manutenção e a 
expansão dos vários cursos, o controle externo da burocracia sobre as 
escolas, e demais aspectos ligados à educação.
Para a autora, cabe salientar que a ampliação dos espaços e dos processos 
de discussão na formulação das políticas públicas, no caso as educacionais, 
não garante que os interesses de todos os envolvidos sejam contemplados. 
Segundo Shiroma, Moraes e Evangelista (2011), uma política educacional, 
mesmo tendo um caráter humanitário, carrega consigo as contradições da so-
ciedade. Dessa forma, a educação se redefine ora como reprodutora, ora como 
inovadora da sociabilidade humana. Se tais políticas influenciam o processo 
educativo e formativo das pessoas, a escola é um dos seus locus privilegiados.
AZEVEDO, J. M. L. A educação como política pública: polêmicas do nosso tempo. 3. ed. 
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gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm>. Acesso em: 25 out. 2018.
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1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso 
em: 25 out. 2018. 
13Histórico da legislação educacional brasileira
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Leitura recomendada
ALMEIDA, R. V. 10 aspectos que as políticas educacionais devem considerar. 2017. Dispo-
nível em: <https://www.politize.com.br/politicas-educacionais-aspectos/>. Acesso 
em: 25 out. 2018.
Histórico da legislação educacional brasileira14
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