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67 CAPÍTULO VI PRODUTO MISTO A operação produto misto será definida para vetores de V3 , em relação a base ortonormal positiva E = ( i , j , k ). 6. PRODUTO MISTO Sejam os vetores 1 2 3( , , )u u u u , 1 2 3( , , )v v v v e 1 2 3( , , )w w w w . O produto misto dos vetores u , v e w é o número real 1 2 3 1 2 3 1 2 3 u u u v v vu v w w w w Notações: u v w e , ,u v w ( lê-se: produto misto de u , v e w ). Exemplificando: Dados os vetores u = (2,0,1) , v = (3,1,2) e (2, 3, 0)w , pede u v w . Solução: 2 0 1 3 1 2 2 3 0 u v w = (0 + 0 + 9) – (2 + 12 + 0) = –5 . Observação 6.1: 1) O produto misto, indicado por u v w , é o número real obtido pelo produto escalar dos vetores (u v ) e w . Temos que: 2 3 3 1 1 2 2 3 3 1 1 2 u u u u u u u v i j k v v v v v v e 1 2 3w w i w j w k . Logo, ( )u v w 2 3 3 1 1 2 2 3 3 1 1 2 u u u u u u i j k v v v v v v 1 2 3( )w i w j w k = = 2 3 3 1 1 21 2 3 2 3 3 1 1 2 u u u u u u w w w v v v v v v e, pela regra de Laplace, = 1 2 3 1 2 3 1 2 3 u u u v v v w w w . 68 2) Não é necessário utilizar parênteses para indicar o produto vetorial u v quando se apresenta u v w ou w u v , pois ele (produto vetorial) é realizado primeiro. 3) A expressão ( )u v w não representa produto misto de vetores, pois ( )v w não é vetor e, neste caso, não é possível realizar o produto vetorial de u com ele. 6.1. PROPRIEDADES DO PRODUTO MISTO Sejam 1 2 3( , , )u u u u , 1 2 3( , , )v v v v e 1 2 3( , , )w w w w vetores de V3 em relação a base ortonormal positiva E = ( i , j , k ) e . 6.1.1. , ,u v w = , ,v w u = , ,w u v O produto misto é um determinante e o seu valor se mantém inalterado quando se permuta suas linhas em número par de vezes. Observe que o segundo produto misto, indicado acima, tem em sua terceira linha as coordenadas do vetor u , igual ao da primeira linha do primeiro produto misto. O terceiro produto misto tem em sua primeira linha as coordenadas de w , igual ao da terceira linha do primeiro produto misto. Houve dupla permutação de linhas em relação ao primeiro determinante em ambos os casos e, por isso, são iguais. O determinante troca o sinal quando se permutam suas linhas em número ímpar de vezes. Assim, , ,u v w = , ,v u w . Houve permutação da primeira linha pela segunda, portanto, uma só permutação. O exposto acima nos permite entender que: , ,v u w = , ,w v u = , ,u w v Nota: O ciclo ao lado nos ajuda memorizar os produtos mistos de mesmo valor. Basta considerar os produtos que têm os seus vetores seguindo a ordem horária ou anti-horária. Um produto de ordem horária tem sinal contrário ao de ordem anti-horária. Uma conseqüência da propriedade é que: ( )u v w = w (u v ), pois o pro- duto vetorial é realizado em primeiro lugar e, depois, o produto escalar que é comutativo. 6.1.2. . , ,u v w = , ,u v w Utilizando o fato “Um determinante fica multiplicado por real se apenas uma de suas linhas for multiplicada pelo ”, a propriedade fica provada. w v u Fig.6.1 69 6.1.3. , ,u t v w = , ,u v w + , ,t v w Temos que , ,u t v w = ( )u t v w = ( )u v t v w = = u v w t v w = , ,u v w + , ,t v w . Interpretação geométrica do produto misto: Consideremos três vetores não coplanares u , v e w (formam conjunto LI). (u v ) w H v u Fig. 6.2 ( u v ) Vemos construído, a partir dos vetores, um paralelepípedo. Queremos o seu volume: O volume de um paralelepípedo é dado pelo produto da área da base pela respectiva altura. Se u e v são os vetores do paralelogramo da base, então sua área é A = u v . A altura H, distância entre as bases, é a medida da projeção de w na direção de u v : H = ( ) proj ( ) ( ).( )u v u v w w u v u v u v 2 ( )u v w u v u v u v w u v ou H = , ,u v w u v . Então, V = A . H = u v . u v w u v = u v w . O volume de um paralelepípedo determinado pelos vetores u , v e w é igual ao valor absoluto do produto misto dos três vetores. 70 O volume de um prisma de base triangular determinado pelos vetores u , v e w é a metade do volume do paralelepípedo determinado pelos mesmos vetores. Daí, w H v Fig. 6.3 u O volume de uma pirâmide triangular determinado pelos vetores u , v e w é 1/3 do volume do prisma de base triangular e, portanto, 1/6 do volume do paralelepípedo determinado pelos mesmos vetores. Daí, w H v Fig. 6.4 u Nota: As alturas do tetraedro podem ter medidas diferentes, dependendo da base de vetores escolhida. H1 = u v w u v se a base é formada com u e v . H2 = u v w u w se a base é formada com u e w . H3 = u v w v w se a base é formada com v e w .H4 = ( ) ( ) u v w v u w u se a base é formada com ( )v u e ( )w u . Se u v w = 0 , então u , v e w são coplanares e, daí, V = u v w = 0. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- TV = 2 u v w e TH = u v w u v TeV = 6 u v w e TeH = u v w u v 71 EXEMPLO 6.1 1) Dados os vetores u = (2,1, 1) , v = (0, 2, 1) e (2, 3, 0)w , pede u v w e discutir a posição relativa dos vetores. Solução: 2 1 1 0 2 1 2 3 0 u v w = 0. Os vetores u , v e w são coplanares, sendo w u v . 2) Dados os pontos A(1, 2, 0), B(1, 3, 1), C(3,1,2) e D(0,2,3), determinar o volume do paralelepípedo que tem arestas AB , AC e AD . Solução: Temos: u = AB = (0, 1, 1) , v = AC = (2, 1, 2) e w = AD = (1, 0, 3). 0 1 1 2 1 2 1 0 3 u v w = 9. Os vetores não são coplanares, pois u v w 0. Portanto, V = u v w = 9 = 9 uv. 3) Os pontos A(2, 1, 5), B(3, 1, 3), C(0, 2, 4) e D(1, 3, 2) são vértices de um tetraedro. Determine: a) O volume do tetraedro ABCD. Temos: u = AB = (1, 2, 2) , v = AC = (2, 1, 1) e w = AD = (1, 4, 3). 1 2 2 2 1 1 1 4 3 u v w = 15. Portanto, VTe = 6 u v w = 15 6 = 15 6 uv. b) A altura do tetraedro ABCD relativa à base ABC. 1 2 2 2 1 1 i j k u v = (4, 5, 3) e, daí, u v = 2 2 24 5 ( 3) = 5 2 . Portanto, 1T H = u v w u v = 15 5 2 = 3 2 2 uc. c) A altura do tetraedro ABCD relativa a base ABD. 1 2 2 1 4 3 i j k u w = (2, 5, 6) e, daí, u w = 2 2 2( 2) 5 ( 6) = 65 . 72 Portanto, 2T H = u v w u w = 15 65 = 15 65 = 3 65 13 uc. d) A altura do tetraedro ABCD relativa a base BCD. Temos que BC 3, 3, 1v u e BD 2, 2, 1w u . BC BD 3 3 1 2 2 1 i j k = (1,5, 12) e, daí, BC BD = 2 2 2( 1) ( 5) 12 = 170 . Portanto, 3T H = BC BD u v w = 15 170 = 15 170 = 15 170 170 = 3 170 34 uc. Fica confirmado, no exemplo, que as alturas relativas a cada uma das bases têm valores diferentes. 4) Os pontos X, Y e Z são distintos não colineares e estão no plano e A não pertence a . Utilize a interpretação geométrica do produto misto para mostrar que a distância do ponto A ao plano é igual a XY XZ XA XY XZ . Solução: Considerar que o ponto X é fixo em . Tomemos os vetores XY e XZ . Queremos calcular a altura H (distância de A até : A,d ) do paralelepípedo que tem os pontos X, Y e Z em sua base. A área da base do paralelepípedo é baseA = XY XZ . O volume do paralelepípedo é ParalelepipedoV = (XY XZ) XA . Altura do paralelepípedo A,d = H = Paralelepipedo base V A = XY XZ XA XY XZ . 5) Calcule a distância de A(0,0,0) ao plano que tem os pontos (1,0,0), (0,1,0) e (0,0,1). Solução: Consideremos o plano contendo o conjunto dos pontos X(1, 0, 0), Y(0,1, 0) e Z(0, 0, 1). O ponto X é fixo em . O ponto A(0, 0, 0) não pertence a . Tomemos os vetores XY = (1, 1, 0) e XZ = (1, 0, 1) e XA = (1, 0, 0). Queremos calcular a altura (distância de A até ) do paralelepípedo que tem os pontos X, Y e Z em sua base. Temos que XY XZ = 1 1 0 1 0 1 i j k = (1, 1, 1) e ( XY XZ ) XA = 1. 73 A área da base do paralelepípedo é baseA = XY XZ = 2 2 21 1 1 = 3 uc. O volume do paralelepípedo é ParalelepipedoV = (XY XZ) XA = 1 = 1. Altura do paralelepípedo d = H = Paralelepipedo base V A = XY XZ XA XY XZ = 1 3 = 3 3 . 6) Supondo que 0u , mostre que é verdadeira a sentença: “Se u v u w e u v u w , então v w ”. Solução: Temos, da hipótese, que 0u e: 1º) u v u w , logo, 0u v u w e, daí, ( ) 0u v w . Assim, ( )u v w (I) 2º) u v u w , logo, 0u v u w , daí, ( ) 0u v w . Assim, //( )u v w (II) Comparando (I) e (II), verificamos que ( )v w é ortogonal e, também, paralelo a u . Nestas condições, entende-se que ( ) 0v w e, daí, segue que v w . 7) Apresente uma interpretação geométrica que justifique a conclusão do exercício acima. Solução: Temos, do exercício acima, que ( )u v w e, também, que u v u w . Esta última relação nos informa que os vetores ( )u v e ( )u w têm mesma direção e sentido. Logo, os vetores u , v e w são coplanares. Vê-se, também, que u v u w e, daí, que as áreas dos paralelogramos formados a partir dos vetores u e v e dos vetores u e w são iguais. w v w H v h u Os paralelogramos possuem mesma base com medida u e alturas H e h, respectiva- mente, onde H = h + v w . O fato das áreas e das bases serem iguais, impõe que H = h. Portanto, v w =0 e, daí, 0v w . Então, segue que v w . Prof Aguinaldo diz: “Aprendi com o Prof. Dr. Paul G. Ledergerber” ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 74 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 6.1 Resolva, em relação à base ortonormal positiva E = ( i , j , k ), as seguintes questões: 1) Determinar o produto misto dos vetores u , v e w : a) u = (1, 1, 4) v = (2, 1, 2) w = (0, 2, 3) R. a) 3 b) u = (4, 2, 3) v = (5, 0, 1) w = (8, 4, 6) R. b) 0 c) u = (5, 1, 2) v = (2, 1, 0) w = (3, 1, 1) R. c) 9 2) Verifique se os pontos A(3, 1, 2), B(1, 0, 1), C(2, 1, 3) e D(5, 2, 7) são coplanares. R. Sim 3) Determinar o volume do paralelepípedo que tem as arestas AB , AC e AD , onde A(3, 1, 2), B(1, 1, 1), C(2, 1, 3), D(2, 3, 5).R. 2 4) Determinar o volume do prisma triangular de base ABC e D o vértice da base oposta, sendo A(2, 1, 0), B(1, 3, 1), C(1, 0, 1), D(3, 1, 0). R. 3/2 5) Determinar o volume do tetraedro de vértices A(0, 0, 1), B(3,1, 2), C(1,1,1), D(3,1,0). R. 1 6) Determinar o volume do tetraedro de vértices A(0, 2, 1), B(1,0, 1), C(1,1,2), D(0,3,2). R. 0 (não temos um tetraedro) 7) Dados os pontos A(0, 0, 1), B(1, 3, 1), C(0, 1, 1), D(2, 1, 1), determinar a altura do: a) paralelepípedo que tem as arestas AB , AC e AD , relativa ao vértice D. b) tetraedro ABCD, relativa à base ABC. R. a) 2 b) 2 8) Dados os pontos A(0, 2, 1), B(1,0, 1), C(1,1,2), D(3,2,1), determinar: a) o volume do paralelepípedo que tem as arestas AB , AC e AD . b) volume do prisma de base triangular ABC e arestas AB , AC e AD . c) volume do tetraedro ABCD. d) altura do tetraedro ABCD, relativa ao vértice D. R. a) 6 b) 3 c) 1 d) 6 9) Calcule a distância de O(0,0,0) ao plano que tem os pontos (1,0,0), (0,2,0) e (0,0,3). R. 6/7 uc 10) Utilizando coordenadas, mostre que ( )u v w = ( )u v w (comutam sinais). 11) Considere os pontos O(0,0,0), I(1,0,0), J(0,1,0) e K(0,0,1). Calcule: a) as distâncias entre O e I, O e J e O e K. b) as áreas das faces do tetraedro OIJK c) o volume do tetraedro determinado pelos pontos OIJK. d) centro do tetraedro OIJK. e) verifique se 2 2 2 2IJK OIJ OJK OKJA A A A . R. a) 1 uc, 1uc e 1uc b) base IJK = 3 2 ua e as demais iguais a 1/2 ua c) 1/6 uv d) C(½, ½, ½) e) É verdadeiro.
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