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UNIVERSIDADE PAULISTA 
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
DISCIPLINA: PROJETO TÉCNICO CIENTÍFICO 
DOCENTE: FELIPE MIRANDA MARTINS 
DISCENTES: BENILTON MAIA DOS SANTOS 
YASMIN JAMILLY SANTOS NEVES 
 
 
 
 
 
OS EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO EM PORTADORES DE ACIDENTE 
VASCULAR CEREBRAL (AVC): uma revisão sistemática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM, PA 
2021
 
 
BENILTON MAIA DOS SANTOS 
YASMIN JAMILLY SANTOS NEVES 
 
 
 
 
 
 
OS EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO EM PORTADORES DE ACIDENTE 
VASCULAR CEREBRAL (AVC): uma revisão sistemática 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina Projeto 
Técnico Científico, da Universidade Paulista – 
UNIP, como requisito parcial para a elaboração 
do Artigo Científico de Conclusão do Curso de 
Bacharelado em Educação Física. 
 
Orientador: Prof. Felipe Miranda Martins. 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM, PA 
2021
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................ 4 
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 4 
1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................... 5 
1.3.1 Geral .................................................................................................................. 5 
1.3.2 Específicos ........................................................................................................ 5 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 6 
2.1 EXERCÍCIO FÍSICO E TREINAMENTO RESISTIDO ..................................... 6 
2.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) .................................................. 8 
2.3 BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO RESISTIDO PARA PESSOAS COM 
AVC...... ........................................................................................................................ 10 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 12 
4 CRONOGRAMA................................................................................................. 13 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 14 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Sabe-se que a prática de exercício físico regular é de fundamental 
importância para a promoção da saúde e qualidade de vida, auxiliando na 
manutenção do peso, gerando mais energia, melhorando o humor e reduzindo o 
risco de desenvolvimento de doenças crônicas (AZEVEDO, 2017). 
Neste contexto entende-se que o exercício físico traz inúmeros benefícios 
para a saúde de quem o pratica, melhorando a capacidade funcional, fisiológica, 
muscular e esquelética, além de contribuir com a prevenção e tratamento de 
doenças. 
Segundo Rosa et al (2016), as doenças que mais matam pessoas em todo o 
mundo são as doenças cardíacas, responsáveis por 32% do total de óbitos no Brasil 
e por mais de um milhão de internações por ano no Sistema Único de Saúde (SUS), 
tendo a hipertensão arterial como um de seus principais fatores de risco. 
Estudos epidemiológicos apontam para vários fatores de risco que aumentam 
a probabilidade de doenças cardiovasculares, como o Acidente Vascular Cerebral 
(AVC). Existem os fatores modificáveis, onde o indivíduo pode exercer controle, 
como alterar um estilo de vida, um hábito pessoal ou usar um medicamento, e os 
fatores não modificáveis, como o sexo (homens são mais propensos a desenvolver 
doenças cardiorrespiratórias em uma idade mais precoce que as mulheres), a raça 
(a incidência mais elevada de cardiopatias são em afrodescendentes comparados a 
brancos), a idade crescente e o histórico familiar de doenças cardiovasculares 
(SOUZA et al., 2013). 
Tendo-se que as doenças cardiovasculares tem caráter multifatorial seu 
tratamento é baseado em mudanças de estilo de vida e pode ou não ser 
farmacológico. Assim, como modalidade coadjuvante, Compacta (2013) relata que o 
exercício físico regular deve ser encorajado para pacientes portadores de AVC que 
não tenham limitações físicas, devido ao seu baixo custo e risco, além de seus 
resultados benéficos. 
Uma prática recomendada para prevenir ou ajudar no tratamento do AVC e 
que será abordada neste estudo é o Treinamento Resistido, que consiste na 
realização de exercícios com contrações voluntárias da musculatura esquelética, 
buscando vencer uma resistência, que pode ser desde equipamentos, pesos livres, 
4 
 
implementos ou o próprio peso corporal, resultando em melhoria na saúde e na 
qualidade de vida. 
Chagas e Lima (2018) comentam que o Treinamento Resistido tem sido 
utilizado como um meio para a melhora da qualidade de vida, fortalecimento 
muscular, melhora da densidade óssea e saúde em geral, além de retardar o 
aparecimento de certas disfunções ocasionadas pelo envelhecimento. 
Levando em consideração que a maioria dos estudos que relacionam 
exercício físico e doenças cardiovasculares faz referência e recomendam o 
Treinamento Resistido como modalidade coadjuvante no seu tratamento e controle, 
optou-se pela realização de uma revisão de literatura que verificasse a influência 
dessa prática na vida de pessoas com AVC. 
 
 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 
 
Quais os efeitos e benefícios do Treinamento Resistido em portadores de 
Acidente Vascular Cerebral (AVC)? 
 
 
1.2 JUSTIFICATIVA 
 
As doenças cardiovasculares afetam de forma negativa a qualidade de vida 
de muitas pessoas, impossibilitando-as na realização de muitas atividades do 
cotidiano, dificultando assim o seu modo de viver e seu estilo de vida. 
A prática regular de exercícios físicos é uma das alternativas mais evidentes e 
benéficas na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, possibilitando 
uma melhora na qualidade de vida (ROSA et al., 2016). 
Quanto ao exercício físico entende-se que este desempenha um papel 
fundamental como uma ferramenta não medicamentosa na prevenção e tratamento 
de acidente vascular cerebral. Sua prática inclui não só a melhora na saúde, mas 
também a prevenção de outras doenças. 
De acordo com Carvalho (2011), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre 
quando há um entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao 
cérebro, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação 
5 
 
sanguínea adequada e pode causar desde a perda de movimentos de um dos 
hemisférios do corpo (hemiparesia) até mesmo o óbito. Além do AVC isquêmico, 
onde ocorre o entupimento dos vasos, há o AVC hemorrágico que é o rompimento 
dos vasos provocando sangramento no cérebro. 
Ressalta-se que as sequelas deixadas por um AVC são variadas e podem ser 
sensitivas, motoras e/ou cognitivas, gerando déficits na capacidade funcional, na 
independência e na qualidade de vida dos indivíduos. 
Arthur et al (2010) esclarecem que os déficits motores e sensitivos 
provocados pelo AVC ocorrem no hemisfério contralateral (lado oposto ao que 
ocorreu a lesão cerebral) e acabam levando o paciente a compensar com o uso do 
membro que não foi afetado pela paralisia (não parético), o que dificulta a função 
motora. 
De acordo com Nunes et al (2011), o treinamento resistido passou a fazer 
parte dos programas de prevenção e reabilitação em pacientes com AVC, ajudando 
a melhorar a resistência muscular, a função cardiovascular, o metabolismo, os 
fatores de risco coronariano e o bem- estar geral. 
Importante comentar que a prescrição do treinamento resistido deve respeitar 
a individualidade biológica, ou seja, levar em consideração as limitações de cada 
indivíduo ou comorbidades (respiratória, ortopédica, neurológica entre outras). 
Dado o exposto, este trabalho justifica-sepela necessidade de investigar 
como o Treinamento Resistido influencia na prevenção e tratamento de acidente 
vascular cerebral e qual sua relevância no âmbito social, científico e profissional. 
 
 
1.3 OBJETIVOS 
 
1.3.1 Geral 
 
Realizar uma revisão sistemática de literatura sobre a relação entre o 
Treinamento Resistido e o Acidente Vascular Cerebral. 
 
1.3.2 Específicos 
• Caracterizar Exercício Físico e Treinamento Resistido; 
6 
 
• Identificar as principais características do Acidente Vascular Cerebral 
(AVC) e suas consequências para a qualidade de vida e saúde do 
indivíduo; 
• Apresentar os benefícios do Treinamento Resistido na prevenção e 
tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e melhora da saúde e 
qualidade de vida. 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 EXERCÍCIO FÍSICO E TREINAMENTO RESISTIDO 
 
As facilidades proporcionadas pela vida moderna vêm modificando o estilo de 
vida da população em todo o mundo, estimulando o corpo a ter o mínimo de 
movimento, o que predispõe o indivíduo à inatividade física e seus inúmeros 
prejuízos. 
Azevedo (2017) conceitua o exercício físico como uma forma de atividade 
física planejada, estruturada e repetitiva, realizada com o intuito de melhorar a saúde 
ou a aptidão física. 
Sobre seus benefícios muito se tem discutido, destacando-se o controle da 
pressão arterial, o aumento da expectativa de vida, o fortalecimento muscular, a 
diminuição de doenças crônicas, a redução da ansiedade e depressão, além da 
melhora do sono e aumento da autoestima. 
Segundo Coromano (2016), os efeitos positivos à saúde ocorrem mesmo 
quando a prática de exercício físico é iniciada em uma fase tardia de vida, por 
sujeitos sedentários, sendo benéfica inclusive para portadores de doenças crônicas, 
como também prevenindo principalmente as doenças associadas ao sedentarismo. 
Neste contexto a prática de exercícios físicos regularmente é uma importante aliada 
na manutenção da saúde e qualidade de vida. 
Conforme se constata em várias literaturas, o exercício físico define-se de 
inúmeras formas, porém todas envolvem os objetivos de quem o procura e pratica. 
Auxilia no bem estar geral, pode ser de maneira localizada, em busca de hipertrofia 
muscular ou definição, condicionamento físico e desempenho, entre outras 
classificações. 
7 
 
A prática do exercício físico e da atividade física colabora em todos os 
aspectos da vida, promovendo relações interpessoais, aliviando o estresse e dores 
constantes, aumentando o bem-estar e a satisfação, melhorando a saúde e 
qualidade de vida (GUIMARÃES et al., 2014). 
Sobre a prática do exercício físico para pessoas com doenças 
cardiovasculares Caspersen et al (2015) relatam que esta pode ser utilizada tanto na 
prevenção do aparecimento das doenças em indivíduos que têm um ou mais fatores 
de risco – prevenção primária (antes do evento coronariano) – como também na 
prevenção das manifestações clínicas dessas doenças em pacientes cardiopatas – 
prevenção secundária (após o evento coronariano) . 
O treinamento resistido, também conhecido como treinamento de força ou 
com pesos, tornou-se uma das formas mais populares de exercício para melhorar a 
aptidão física, saúde e qualidade de vida, prevenindo e auxiliando no tratamento de 
doenças cardiovasculares. 
Para Benedet et al (2013), o treinamento resistido é definido como aquele em 
que se utilizam meios de resistência que visam elevar a capacidade de exercer ou 
resistir à força, podendo-se valer de pesos livres, o próprio peso do corpo do 
praticante, máquinas, bandas elásticas ou, ainda, outros instrumentos de resistência, 
para realizar este treinamento. 
De acordo com os conceitos mais atuais, o treinamento resistido é 
considerado o mais completo entre todas as formas de treinamento físico, com 
amplos benefícios para a saúde, cujos efeitos podem desenvolver a força, 
resistência, flexibilidade, mobilidade articular, autonomia funcional, coordenação 
motora, entre outros. 
Ressalta-se que o treinamento resistido, quando bem orientado, pode ser 
realizado por qualquer indivíduo saudável ou mesmo com problemas de saúde. 
Komi (2016) completa que as adaptações cardiovasculares em repouso e durante o 
treinamento de força têm interessado ainda pela relação com a saúde 
cardiovascular. 
As variáveis do treinamento precisam ser analisadas conforme a necessidade 
de cada pessoa, como a carga utilizada, a velocidade e amplitude de execução, 
intervalos de descanso entre séries, e outros fatores que influenciam o treinamento. 
Dentre os inúmeros benefícios do Treinamento Resistido Soares (2015) 
destaca: melhora da composição corporal, resistência cardiovascular, força 
8 
 
muscular, resistência muscular, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, potência, tempo de 
reação e coordenação motora. Outros resultados de eficiência significativa para 
manutenção da saúde é o retardo do envelhecimento e redução dos índices de 
doenças causadas pelo sedentarismo. 
Evidências científicas apontam que indivíduos que realizam 30 minutos ou 
mais de Treinamento Resistido por sessão podem apresentar um risco reduzido em 
23% para infarto agudo do miocárdio (IAM) e doenças cardiovasculares fatais, 
quando comparados aos que não realizam esse tipo de exercício. 
Duarte et al (2013) completam que os benefícios potenciais do treinamento 
resistido incluem não só melhora na saúde e controle de fatores de risco para 
doenças cardiovasculares como hipertensão arterial e dislipidemia, mas também 
auxilia na melhora da força e resistência muscular, do metabolismo, da função 
cardiovascular, evidenciada a partir de aumento do consumo máximo de oxigênio e 
melhora do débito cardíaco, e significante redução da percepção do esforço para 
atividades submáximas. 
 
 
2.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) 
 
Sabe-se atualmente que as doenças cardiovasculares estão geralmente 
ligadas entre si, pois um único tipo de patologia pode desencadear uma série de 
outras se não for tratado de forma correta. 
Segundo Nahas (2013), as cardiopatias são doenças relacionadas com os 
prejuízos da função cardíaca pelo fluxo sanguíneo inadequado para as 
necessidades do coração, que é causada por alterações obstrutivas na circulação 
coronária. Ou seja, nas artérias, nas veias e nos capilares, que tem a função de 
distribuir os nutrientes para o organismo, irrigando e removendo substancias que 
não são necessárias para o funcionamento do corpo. 
As doenças cardiovasculares são entendidas como aquelas que 
comprometem a funcionalidade do sistema circulatório e do coração, estando 
geralmente relacionadas ao processo da aterosclerose, cujo desenvolvimento é 
influenciado por algumas condições clínicas tidas como fatores de risco e podem ser 
caracterizadas como alterações crônicas e degenerativas desenvolve. 
9 
 
De acordo com Komi (2016), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é 
considerado hoje a maior causa de morbidade em grande parte dos países 
ocidentais, onde aproximadamente 80% dos indivíduos que são vítimas de AVC 
sobrevivem à fase aguda. 
É definido por Ferraz, Norton e Silveira (2013), como um evento de origem 
vascular com sinais e sintomas súbitos, promovendo déficits cognitivo e/ou sensório-
motor, com duração igual ou superior a 24 horas. 
Este evento é causado pela obstrução do fluxo sanguíneo cerebral, e pode 
ser classificado em: isquêmico, quando ocorre a obstrução de um vaso sanguíneo, e 
hemorrágico, quando ocorre a ruptura de um vaso sanguíneo e consequente 
extravasamento sanguíneo intraparenquimatoso ou subaracnóideo. 
O AVC, também conhecido como derrame, é o comprometimento súbito da 
circulação cerebral em um ou mais vasos sanguíneos, interrompendo ou diminuindo 
o suprimento de oxigênio, e com frequência provoca lesão séria ou necrose nos 
tecidos cerebrais (SOUZA et al., 2013). 
Relata-se que os sinais clínicos do AVC estão relacionados diretamente coma localização e extensão da lesão, assim como a presença de irrigação colateral. 
Dentre as manifestações clínicas os autores citam os prejuízos das funções 
sensitivas, motoras, de equilíbrio e de marcha, além do déficit cognitivo e de 
linguagem. Nas alterações motoras destacam-se a hemiplegia, caracterizada pela 
perda de força muscular no dimidio contralateral à lesão encefálica. 
Esses prejuízos resultam, de acordo com Scalzo et al (2010), em limitação na 
realização das atividades de vida diária, restrições na participação social e, 
consequentemente, piora da qualidade de vida. O AVC constitui também uma das 
causas mais importantes de morbidade e mortalidade, ocupando o primeiro lugar em 
óbitos dentro das doenças cerebrovasculares, sendo responsável por cerca de 1/3 
das mortes. 
Noventa por cento dos sobreviventes de AVC evoluem com déficit residual e 
trinta por cento ficam incapacitados. Possui maior frequência em indivíduos idosos, 
aumentando o risco de ocorrer quando se soma com as alterações cardiovasculares 
e metabólicas relacionadas à idade (SILVA; LIMA; CARDOSO, 2014). 
Comenta-se que portadores de acidente vascular cerebral normalmente são 
vítimas de um processo de enfraquecimento muscular que contribui para a 
10 
 
incapacidade funcional, que pode ser consequência da falta de controle supra-
espinhal sobre os motoneurônios alfa e a imobilidade na fase inicial. 
Sobre os fatores de risco que podem levar o indivíduo a desenvolver AVC 
Duarte et al (2013) comentam que estes podem ser o sedentarismo, o tabagismo, o 
alcoolismo, a intolerância à glicose, a hipertensão, indivíduos com irritabilidade, 
impacientes e impulsivos, estresse, a idade, sexo e hereditariedade. 
Destacar-se-á que a hereditariedade tem fundamental importância no 
surgimento de AVC em jovens adultos, homens ou mulheres, ou seja, quando 
alguém da família é cardiopata a propensão de desenvolver a doença é maior. 
Afirma Soares (2015) que a hiperlipidemia (índices de colesterol e 
triglicerídeos elevados) também deve ser analisada, pois o aumento nos níveis de 
lipídeos no sangue pode levar ao acidente vascular cerebral. Altos níveis de 
estresse também contribuem para o desenvolvimento e evolução da doença. 
Na busca por uma melhoria da condição motora e consequentemente, de 
uma melhor condição de vida do indivíduo, há evidências de um impacto positivo em 
pessoas portadoras de AVC, quando elevadas a uma condição de treinamento de 
força que abrange não só o músculo esquelético, mas também a excitação 
neuromotora, proporcionando inclusive sensação de bem estar. 
Neste cenário Ferraz, Norton e Silveira (2013) voltam sua atenção para a 
modalidade de exercício resistido e seus efeitos, uma vez que os benefícios obtidos 
sobre a saúde de pessoas com AVC são significativos ao incluir uma quantidade 
moderada de exercício físico e, em alguns casos, todos os dias da semana. Mas, 
ressaltam que a qualidade de vida da pessoa pós-AVC deve ir além do caráter 
biológico, psicológico e social e possibilitar que o paciente seja incluído no meio 
autônomo para ser uma pessoa capaz de reagir diante de uma sociedade em 
mudanças. 
 
 
2.3 BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO RESISTIDO PARA PESSOAS COM AVC 
 
A prática da atividade física regular constitui a melhor intervenção contra o 
desenvolvimento de doenças, distúrbios e indisposições, tendo efeitos na prevenção 
de doenças, mortes prematuras e manutenção de uma melhor qualidade de vida, 
trazendo benefícios para a saúde física e mental. 
11 
 
A prática do Treinamento Resistido desenvolve o sistema 
musculoesquelético, além de melhorar os níveis de saúde e de força física, 
desempenho atlético ou para prevenção e reabilitação ortopédicas, possibilitando a 
autonomia funcional do corpo. Também pode ser utilizado na reabilitação cardíaca, 
já que com o aumento da força proporcionado pelo treino as atividades diárias ficam 
mais fáceis, ocasionando assim um menor esforço para o coração, protegendo-o 
(SANTARÉM, 2018). 
Segundo comentam Aguiar et al (2014), o Treinamento Resistido tem sido 
proposto como possível estratégia para prevenção e reabilitação cardiovascular, 
especialmente em relação ao acidente vascular cerebral. Diante disso, os efeitos 
cardiovasculares mediados por esse tipo de intervenção, bem como o incremento 
tanto na força muscular quanto da capacidade para realização de tarefas do dia a 
dia, são benefícios bem caracterizados ante esse tipo de treinamento. 
Assim, a inclusão do treinamento de força em programas de reabilitação do 
AVC produz efeitos favoráveis ao bem-estar geral do paciente, pois auxilia na 
melhora da força e resistência muscular, do metabolismo e da função 
cardiovascular, evidenciada a partir de aumento do consumo máximo de oxigênio e 
melhora do débito cardíaco. 
Para Souza et al (2013), alguns benefícios oriundos da prática do 
Treinamento Resistido já foram comprovados em pacientes com AVC, tais como: 
redução da frequência e da gravidade de reinfarto; benefícios psicológicos como 
autoconfiança e sensação de bem estar; aumento da capacidade funcional do 
sistema cardiovascular; aumento da tolerância de esforço; diminuição dos sintomas 
e da quantidade de medicamentos; retorno dos pacientes a uma vida social próxima 
aos níveis normais. 
Importante comentar que os exercícios de fortalecimento muscular objetivam 
preservar e aumentar a força e a potência musculares, tendo se mostrado seguro e 
eficiente em inúmeras cardiopatas, inclusive o AVC, melhorando 
a endurance muscular, a função cardiovascular e o metabolismo, reduzindo os 
fatores de risco coronarianos e melhorando o bem-estar geral. 
Scalzo et al (2010) submeteram pacientes de AVC com espasticidade 
muscular ao treinamento com exercícios resistidos e observaram uma melhora na 
velocidade e cadência da marcha nas atividades diárias, constatando que o 
12 
 
fortalecimento foi estimulante e de fácil execução, podendo ser utilizado para 
prevenir e tratar as adaptações decorrentes da espasticidade. 
No estudo realizado por Silva, Lima e Cardoso (2014) alguns pacientes foram 
submetidos a treinamento isocinético sem carga e não houve ganho de força 
significativo se comparados com o grupo de treinamento de força. Já nos de Ferraz, 
Norton e Silveira (2013) o treinamento de força foi feito em conjunto ao treinamento 
aeróbio e, apesar de ter havido aumento de força, não foi feito teste isolado de força. 
O treinamento resistido quando realizado de forma programada, 
acompanhado por profissionais e com a intensidade adequada, produz as seguintes 
modificações: aumenta o tamanho das artérias epicárdicas, a circulação colateral, a 
eficiência miocárdica, o retorno venoso, a capacidade fibrinolítica do plasma, os 
níveis de fibrilógeno, o HDL-colesterol, a produção de hormônios somatotrófico e a 
tolerância ao estresse. 
Guimarães et al (2014) definem ainda duas adaptações do sistema 
cardiovascular ao treinamento resistido: adaptações agudas - estas estão ligadas 
aos ajustes sofridos para suprir os índices de necessidade de oxigênio durante o 
exercício; e as adaptações crônicas – alterações estruturais e funcionais no sistema 
cardiovascular que dependem do tipo e da qualidade do treinamento e da 
regularidade da frequência. 
Entre outros exemplos ligados a adaptação crônica e ao treinamento resistido 
está a diminuição da frequência cardíaca em repouso, melhoria da irrigação 
sanguínea no miocárdio, melhora do fluxo sanguíneo, redução da hipertensão, da 
sensação de fadiga, do colesterol total, da dislipidemia e mortalidade e elevação da 
potência aeróbia, tolerância ao esforço, sensibilidade a insulina, HDL colesterol. 
A exposição constante ao treinamento resistido, segundo Soares (2015), 
causa ainda o aumento do número de capilares do músculo esquelético, diminuindo 
a resistência ao fluxo sanguíneo e melhorando a regulação neural dos vasos 
sanguíneos, quetambém reduzirão a resistência periférica e o trabalho do coração 
no repouso e durante o exercício. 
 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
13 
 
O presente trabalho caracteriza-se como uma revisão bibliográfica de caráter 
exploratório e descritivo, baseada em dados e informações presentes em artigos e 
trabalhos científicos encontrados nas bases de dados online Scielo e Google 
Acadêmico. 
Segundo Trentini e Paim (2012), a revisão bibliográfica é a análise crítica e 
ampla de publicações correntes em uma determinada área do conhecimento, 
buscando explicar e discutir um tema com base em referências teóricas publicadas 
em livros, revistas, periódicos e outros. 
Severino (2017) caracteriza a pesquisa exploratória como aquela que busca 
apenas levantar informações sobre determinado objeto, delimitando assim um 
campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto. 
A Natureza da abordagem desta pesquisa é classificada como qualitativa, de 
forma descritiva e se dá através da revisão sistemática. Segundo Galvão e Pereira 
(2014), a pesquisa sistemática “trata-se de um tipo de investigação focada em 
questão bem definida, que visa identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as 
evidências relevantes disponíveis”. 
Como critérios de inclusão das referências bibliográficas foram utilizados 
trabalhos publicados nas bases de dados online SCIELO (Scientific Eletronic Library 
Online) e Google Acadêmico, nos anos de 2011 a 2019, utilizando-se dos 
descritores: “exercício físico”, “treinamento resistido”, “cardiopatias”, “acidente 
vascular cerebral”, “exercício físico e treinamento resistido”, “treinamento resistido e 
acidente vascular cerebral”. 
 
 
4 CRONOGRAMA 
 
As atividades desenvolvidas durante a elaboração deste trabalho incluem a 
escolha do tema do projeto de pesquisa, definição de objetivos e metodologia, 
leitura, análise e interpretação do referencial teórico, redação do projeto e escrita do 
texto científico. 
 
ATIVIDADES 
MÊS/2021 
JAN FEV MAR ABR MAI 
14 
 
Escolha do Tema da Pesquisa X 
Definição dos objetivos da 
pesquisa 
X 
 
Determinação da metodologia 
da pesquisa 
X 
 
Leitura, análise e interpretação 
do Referencial Teórico 
 
X X 
Redação do Projeto de 
Pesquisa 
 
 X X 
Redação do Artigo Científico X X 
Revisão e Entrega Final do 
Artigo Científico 
 
 X 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Convergente - Assistencial (Série Enfermagem- REPENSUL). Florianópolis: 
Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. 162 p. 
	1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
	1.2 JUSTIFICATIVA
	1.3 OBJETIVOS
	1.3.1 Geral
	1.3.2 Específicos
	2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
	4 CRONOGRAMA
	REFERÊNCIAS

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